Guerra da Crimeia

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Guerra da Crimeia
guerras russo-turcas e guerras otomanas na Europa

Zuavos franceses e soldados russos enfrentam-se na torre Malakoff durante a Batalha de Sevastopol.
Data outubro de 1853fevereiro de 1856
Local Crimeia, Cáucaso, Balcãs, Mar Negro, Mar Báltico, Mar branco, Extremo Oriente
Desfecho Vitória aliada, Tratado de Paris
Beligerantes
França Império Francês
Império Otomano Império Otomano
Reino Unido Reino Unido
Itália Reino da Sardenha
 Império Russo
Comandantes
França Napoleão III
França Jacques Leroy de Saint Arnaud
França Maréchal Canrobert
França Aimable Pélissier
França François Achille Bazaine
França Patrice de Mac-Mahon
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Rainha Vitória
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Conde de Aberdeen
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Lord Raglan
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Sir James Simpson
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Sir William Codrington
Império Otomano Omar Paxá
Império Otomano İskender Paxá
Itália Vítor Emanuel II
Itália Alfonso La Màrmora
Rússia Nicolau I
Império Russo Alexandre II
Império Russo Píncipe Menshikov
Império Russo Pavel Nakhimov
Império Russo Vasily Zavoyko
Império Russo Nikolay Muravyov
Império Russo Yevfimy Putyatin
Império Russo Vladimir Istomin
Império Russo Conde Tolstoy
Forças
Total: 1 000 000 combatentes Total: 720 000 combatentes
Baixas
Total: 300 000 – 375 000 mortos[1] Total: 130 000 – 220 000 mortos[2]

A Guerra da Crimeia foi um conflito que se estendeu de 1853 a 1856, na península da Crimeia (no mar Negro), no sul da Rússia e nos Bálcãs. Envolveu, de um lado o Império Russo e, de outro, uma coligação integrada pelo Reino Unido, a França, o Reino da Sardenha - formando a Aliança Anglo-Franco-Sarda - e o Império Otomano (atual Turquia). Esta coligação, que contou ainda com o apoio do Império Austríaco, foi formada como reação às pretensões expansionistas da Rússia.

Nessa guerra, foi importante o papel da marinha de corso, pela França e Reino Unido. [3]

A guerra

Desde o fim do século XVIII, os russos tentavam aumentar a sua influência na península dos Balcãs, região entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo. Em 1853, o czar Nicolau I invocou o direito de proteger os lugares santos dos cristãos em Jerusalém, então parte do Império Otomano. Sob esse pretexto, as suas tropas invadiram os principados otomanos do Rio Danúbio (Moldávia e Valáquia, na atual Roménia). O sultão otomano, contando com o apoio da Grã-Bretanha e da França, rejeitou as pretensões do czar, declarando guerra à Rússia. Mediante a declaração de guerra, a frota russa destruiu a frota turca na Batalha de Sinop.

O Reino Unido, sob a rainha Vitória, temia que uma possível queda da cidade de Constantinopla diante das tropas russas lhe pudesse retirar o controle estratégico dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, cortando-lhe as comunicações com a Índia. Por outro lado, Napoleão III de França mostrava-se ansioso para mostrar que era o legítimo sucessor de seu tio, Napoleão I. Mediante a derrota naval dos turcos, ambas declararam guerra à Rússia no ano seguinte, seguidos pelo Reino da Sardenha (governado por Vítor Emanuel II e o seu primeiro-ministro Cavour). Em troca, os turcos permitiriam a entrada de capitais ocidentais no Império.

O conflito iniciou-se efectivamente em março de 1854. Em agosto, os turcos, com o auxílio de seus aliados, já haviam expulsado os invasores dos Balcãs. De forma a encerrar definitivamente o conflito, as frotas dos aliados convergiram sobre a península da Crimeia, desembarcando tropas a 16 de setembro de 1854, iniciando o bloqueio naval e o cerco terrestre à cidade portuária fortificada de Sebastopol, sede da frota russa no mar Negro. Embora a Rússia tenha sido vencida em batalhas como a de Balaclava e em Inkerman, o conflito arrastou-se com sua recusa em aceitar os termos de paz. Entre as principais batalhas desta fase da campanha registam-se:

Durante o cerco a Sebastopol, a doença cobrou um pesado tributo às tropas britânicas e francesas, tendo se destacado o heroico esforço de Florence Nightingale dirigindo o atendimento hospitalar de campanha. A praça-forte, em ruínas, só caiu um ano mais tarde, em setembro de 1855.

O Tratado de Paris

Fronteiras do Império Otomano nos Bálcãs.
Depois do tratado de Paris de 1856 (linha azul clara); e
Depois do Tratado de Berlim de 1878 (linha vermelha).
Ver artigo principal: Tratado de Paris (1856)

A guerra terminou com a assinatura do tratado de Paris de 30 de março de 1856. Pelos seus termos, o novo czar, Alexandre II da Rússia, devolvia o sul da Bessarábia e a embocadura do rio Danúbio para o Império Otomano e para a Moldávia, renunciava a qualquer pretensão sobre os Balcãs e ficava proibido de manter bases ou forças navais no mar Negro.

Por outro lado, o Império Otomano, representado por Aali-pachà ou Meliemet Emin era admitido na comunidade das potências europeias, tendo o sultão se comprometido a tratar seus súditos cristãos de acordo com as leis europeias. A Valáquia e a Sérvia passaram a estar sob protecção internacional.

Novas hostilidades

Na Conferência de Londres (1875), a Rússia obteve o direito de livre trânsito nos estreitos de Bósforo e Dardanelos. Em 1877, iniciou nova guerra contra a Turquia, invadindo os Balcãs em consequência da repressão turca a revoltas de eslavos balcânicos. Diante da oposição das grandes potências, os russos recuaram outra vez. O Congresso de Berlim (1878), consagrou a independência dos Estados balcânicos e as perdas turcas da ilha de Chipre, para o Reino Unido, da Arménia e parte do território asiático para a Rússia e da Bósnia e Herzegovina para o Império Austro-Húngaro. Em 1895, o Reino Unido apresentou um plano de partilha da Turquia, rechaçado pela Alemanha, que preferia garantir para si concessões ferroviárias. Nos Bálcãs, no início do século XX, o crescente nacionalismo eslavo contra a presença turca levou a região à primeira das Guerras Balcânicas. Esta política russofóbica iria perdurar até a Entente anglo-russa de 1907 quando começa a emergir o Império Alemão na política europeia.[5]

Ver também


Referências

  1. John Sweetman, Crimean War, Essential Histories 2, Osprey Publishing, 2001, ISBN 1-84176-186-9, p.89
  2. Зайончковский А. М. Восточная война 1853–1856. СПб:Полигон, 2002
  3. Vasconcellos, J.S. (1939). Princípios de defesa militar. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército 
  4. «Центральный военно-морской музей» (em russo). Consultado em 06 de maio de 2012  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. F. William Engdahl, A Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order, Londres, Pluto Press, 2004, pp. 29-30.

Ligações externas

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