José Padilha

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José Padilha
José Padilha
José Padilha em 2013
Nascimento 1 de agosto de 1967 (56 anos)
Rio de Janeiro, RJ,  Brasil
Ocupação Cineasta, roteirista, produtor e documentarista
Atividade 2000-presente
Emmys
Melhor Documentário
2005 - Ônibus 174
Festival de Berlim
Urso de Ouro
Melhor Filme
2008 - Tropa de Elite

José Bastos Padilha Neto[1] (Rio de Janeiro, 1º de agosto de 1967) é um cineasta, roteirista, documentarista e produtor cinematográfico brasileiro. Graduado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Fundou em 1997, com o fotógrafo e diretor Marcos Prado, a Zazen Produções. Seu primeiro roteiro produzido foi o documentário para a televisão Os carvoeiros, em 1999. Sua estreia como diretor de cinema foi no premiado documentário Ônibus 174, de 2002. Seu primeiro longa de ficção foi o sucesso Tropa de Elite, em 2007.

Em 2008, Padilha foi incluído na lista 10 Directors to Watch da revista Variety.[2]

Ao lado de Fernando Meirelles, foi o primeiro diretor anunciado no projeto Rio, Eu Te Amo, da franquia Cities of Love.

Início de vida[editar | editar código-fonte]

José Padilha nasceu em 1º de agosto de 1967, na cidade do Rio de Janeiro. Formou-se em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,[3][4] é neto de José Bastos Padilha, presidente do Clube de Regatas do Flamengo entre 1933 e 1937, falecido durante a construção do estádio que leva o seu nome o Estádio da Gávea.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Produtor e roteirista (1987-2000)[editar | editar código-fonte]

Esteve envolvido na produção do filme Tanga: Deu no New York Times (1987), dirigido por Henfil, e trabalhou na viabilização financeira de Boca de Ouro, de Walter Avancini. Escreveu e produziu o documentário Os Carvoeiros (1999), dirigido por Nigel Noble. Dirigiu e produziu ainda o documentário para TV, Os Pantaneiros.

Produziu Estamira, documentário dirigido por Marcos Prado, sobre uma mulher esquizofrênica que, por mais de duas décadas, trabalhou e viveu no lixão do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro.

Documentarista (2002-2005)[editar | editar código-fonte]

Seu primeiro longa-metragem como diretor, Ônibus 174 (2002) tenta reconstituir um episódio violento do Rio de Janeiro, o sequestro de um ônibus que terminou em tragédia.[5]

Em 2005, iniciou a preparação de Fome, documentário sobre a trajetória de uma família mineira que mostra de que forma os indivíduos lidam com a fome no cotidiano.

Tropa de Elite (2006-2010)[editar | editar código-fonte]

Em 2007, foi lançado Tropa de Elite, sua primeira ficção.[5] O filme, que foi pirateado quase dois meses antes da estreia, ganhou grande repercussão e estima-se que 11 milhões de pessoas tenham assistido ao DVD pirata. Nos cinemas, o filme conquistou o maior número de espectadores no Ranking Nacional de 2007. Em 15 de fevereiro de 2008 ganhou o Urso de Ouro, em Berlim, por Tropa de Elite.[6]

Em 2009, filmou Segredos da Tribo, em inglês Secrets of the Tribe, aonde Padilha expõe a guerra entre antropólogos por causa dos ianomâmi. O documentário apresenta um debate interessante sobre a comunidade científica e seus efeitos sobre os grupos que estuda ou uma visão superficial e reducionista da produção desses cientistas. O filme teve sua première no Sundance Festival de 2010.[7]

Em 2010, lançou Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro. O filme teve o maior público da história do cinema brasileiro para um filme nacional, com mais de 11 milhões de espectadores, batendo Dona Flor e Seus Dois Maridos.[8]

Atualidade (2011-2021)[editar | editar código-fonte]

Em 2014, Padilha dirigiu RoboCop, remake do filme homônimo de 1987.[9] No ano de 2012, José desmentiu afirmações feitas por seu amigo e também diretor Fernando Meirelles, que disse que as filmagens do remake de RoboCop estariam sendo a pior experiência de sua vida, porque o estúdio estaria lhe dando pouca liberdade criativa.[10]

Em 2015, Padilha dirigiu a série Narcos da Netflix, que conta sobre a ascensão de Pablo Escobar, o maior traficante da Colômbia, e dos esforços das DEA para derrubar seu cartel. Em 2018, preparou também para o serviço online uma série sobre a Operação Lava Jato, denominada "O Mecanismo", em parceria com Elena Soares, roteirista de Xingu, baseado no livro "Lava Jato: O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil", do jornalista Vladimir Netto,[11] publicado em 21 de junho de 2016.[12] A série foi alvo de críticas por setores de esquerda, ligados, na opinião de Padilha, ao Partido dos Trabalhadores, incluindo mídias outrora supostamente financiadas pelo governo Dilma e denunciados em delação premiada.[13] Entre outras acusações, está a de atribuir ao personagem Higino, baseado no ex-presidente Lula, a uma fala do senador Romero Jucá, numa conversa gravada onde planejava os detalhes do impeachment de Dilma Rousseff, "é preciso estancar essa sangria", que na série é posta como se fosse contra a operação Lava-Jato. Embora o próprio ex-presidente já tenha falado contra a operação, reclamando de tribunais e políticos acovardados diante da "República de Curitiba".[14] Padilha afirma que Lula também já insinuou que a Operação Lava Jato é danosa ao país, inclusive dizendo que a mesma ajudou a quebrar o Estado do Rio de Janeiro. Padilha também rebateu as criticas afirmando, primeiramente "'O Mecanismo' é uma obra-comentário. Na abertura de cada capítulo está escrito que os fatos estão dramatizados, se a Dilma soubesse ler, não estaríamos com esse problema", em segundo lugar disse que não dirigiu nem roteirizou o episódio especifico da fala em questão, além de a frase polêmica não ser propriedade de Jucá e portanto os roteiristas são livres para usa-la. Por último, chamou o debate de "boboca", afirmando que "se a principal reclamação é o uso desta expressão, pode-se imaginar que o público petista está achando difícil negar todo o resto. Nada a dizer quanto aos roubos e desvios de verba públicas praticados por Higino e Tames com os empreiteiros?" Também disse que "...bandidos entram na sua casa, estupram sua esposa, matam seu filho, e roubam tudo o que você tem. Na saída surrupiam um isqueiro. A esquerda quer debater a cor do isqueiro".[15]

O mais recente trabalho audiovisual de José Padilha, aborda romance, crime organizado e esquemas ilícitos. O cineasta brasileiro assinou o clipe da faixa "Let Me" do Zayn, da boyband britânica One Direction.

Em artigo publicado em 14 de abril de 2019 no jornal Folha de S. Paulo, o cineasta mostra-se arrependido e decepcionado consigo mesmo e com a figura de Sérgio Moro, que ele diz estar "favorecendo as milícias".[16] Tempos depois, assumiu que julgou mal o Ministro Sergio Moro.

Cinema[editar | editar código-fonte]

Ano Titulo Creditado como Notas
2000 Os Carvoeiros Roteirista e produtor Documentário
2002 Ônibus 174
2003 Brazil's Vanishing Cowboys Diretor e produtor
2004 Estamira Produtor
2007 Tropa de Elite Diretor e produtor
2009 Garapa Diretor Documentário
2010 Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro Diretor, roteirista e produtor
Segredos da Tribo Diretor Documentário de televisão
2011 Paraísos Artificiais Produtor
2014 RoboCop Diretor
Rio, Eu Te Amo
2016 Curumim,O Homem Que Queria Voar Produtor Documentário
2018 7 Days in Entebbe Diretor

Televisão[editar | editar código-fonte]

Ano Titulo Creditado como Notas
2015 Narcos Diretor e produtor executivo Serie Netflix
2018 O Mecanismo

Referências

  1. «Padilha, cenas da vida real no sertão». Consultado em 19 de junho de 2016. Arquivado do original em 14 de junho de 2016 
  2. 10 Directors to Watch 2008. Variety, 16 de janeiro de 2008, por Marcelo Cajueiro.
  3. «José Padilha». UOL. Folha 
  4. «José Padilha». AdoroCinema. Consultado em 25 de setembro de 2014 
  5. a b «Folha Uol - Após "Ônibus 174", Padilha filma roteiro de PM». Consultado em 2 de maio de 2009 
  6. Folha Online (16 de fevereiro de 2008). «"Tropa de Elite" conquista o Urso de Ouro do Festival de Berlim». Folha de S. Paulo. Consultado em 20 de junho de 2013 
  7. «José Padilha mostra antropólogos como vilões no documentário Segredos da Tribo» 
  8. Francisco Russo. «Curiosidades, bastidores, novidades, e até segredos escondidos de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e das filmagens!». AdoroCinema. Consultado em 20 de junho de 2013 
  9. «Folha Ilustrada - José Padilha confirma que vai dirigir novo "Robocop"». Consultado em 18 de março de 2011 
  10. «Meirelles diz que Padilha definiu como "um inferno" trabalhar em "RoboCop"». UOL. Consultado em 27 de agosto de 2012 
  11. «Netflix exibirá série sobre Lava-Jato de José Padilha». O Globo. 15 de abril de 2016. Consultado em 29 de julho de 2021 
  12. «Repórter da Globo, Vladimir Netto revela bastidores da Lava Jato em livro». Terra 
  13. «Dilma e site de esquerda citado na Lava Jato acusam Netflix e Padilha de deturparem fatos em série - Notícias - Política». Política 
  14. «Em série da Lava Jato, 'Lula' diz frase de Jucá». BR 18 
  15. Umpieres, Rodrigo Tolotti. «Dilma critica série "O Mecanismo" e Padilha responde: "se soubesse ler, não estaríamos com esse problema"». www.infomoney.com.br. Consultado em 29 de março de 2018 
  16. «José Padilha: O ministro antiFalcone». Folha de S.Paulo. 16 de abril de 2019. Consultado em 16 de abril de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]