Revolução de Julho
Revolução de Julho | |||||||||||
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Parte de Monarquia de Julho e Revoluções de 1830 | |||||||||||
A Liberdade guiando o povo, quadro no qual Delacroix mostra a revolta da população parisiense, que, mobilizada pelas ideias liberais, em 1830, sai às ruas para pôr fim ao absolutismo. | |||||||||||
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Participantes do conflito | |||||||||||
Reino de França | Liberais Orleanistas Bonapartistas | ||||||||||
Líderes | |||||||||||
Carlos X Luís de Angolema Auguste de Marmont |
La Fayette Maurice Gérard Jacques Laffitte | ||||||||||
Forças | |||||||||||
8 000 | 20 000 |
A Revolução de Julho de 1830, também conhecida como as Três Gloriosas (em francês: Les Trois Glorieuses), é a designação dada aos acontecimentos dos dias 27, 28 e 29 de julho de 1830, conhecidos como os três dias gloriosos, durante os quais o povo de Paris e as sociedades secretas republicanas, liderados pela burguesia liberal, realizaram uma série de levantes contra Carlos X que culminaram com a sua abdicação e o fim do período conhecido como Restauração Francesa.[1][2]
O movimento alastrou-se por toda a Europa, dando origem a uma complexa cadeia de movimentos insurreccionais conhecida como as Revoluções de 1830.[3]
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Após a derrota e rendição do Império Napoleônico em 30 de maio de 1814, a Europa continental — e a própria França em particular — encontravam-se em estado de desordem social e grave crise econômica. O Congresso de Viena reuniu-se para redesenhar o mapa político do continente.[4] Diversos países europeus compareceram ao Congresso, mas a tomada de decisões foi controlada por quatro grandes potências: o Império Austríaco, representado pelo Chanceler de Estado Príncipe Metternich; o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, representado por seu Secretário de Relações Exteriores, Visconde Castlereagh; o Império Russo, representado pelo Imperador Alexandre I; e a Prússia, representada pelo Rei Frederico Guilherme III.[5][6]
Embora a França fosse considerada o Estado adversário derrotado, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Charles Maurice de Talleyrand também participou do Congresso alegando que havia sido coagido a cooperar com Napoleão Bonaparte. Talleyrand sugeriu que a França restaurasse suas fronteiras e governos "legítimos" (ou seja, suas estruturas anteriores ao período napoleônico) — um plano que, com algumas adaptações, foi aceito pelas principais demais potências.[7] A França foi poupada de grandes anexações e restaurou suas fronteiras tal como em 1791.[8] A Casa de Bourbon, deposta pela Revolução Francesa, foi restaurada ao trono na pessoa de Luís XVIII. O Congresso, no entanto, pressionou Luís XVIII a promulgar uma nova constituição, que viria a ser a chamada Carta de 1814.[9]
Contexto e consequências
[editar | editar código-fonte]Durante aqueles dias levantaram-se barricadas na capital francesa e generalizou-se a luta civil. As revoltas populares sucederam-se e ampliaram-se a ponto de a própria Guarda Nacional as apoiar, aderindo à sedição. Após os três dias de lutas (os Três Gloriosos) nas ruas de Paris, o último rei da Casa de Bourbon é obrigado a partir para o exílio, já no começo de agosto. O clima da revolução perpassa as páginas de Os Miseráveis, de Victor Hugo.
Temerosa do radicalismo das classes que haviam feito a revolução (pequena burguesia e proletariado urbano), a alta burguesia instalou no poder o primo do rei, Luís Filipe, o "Rei Burguês", monarca constitucional, liberal, oriundo da Casa de Orléans. "De agora em diante, os banqueiros reinarão na França", como afirmou Jacques Lafitte, banqueiro e político que participou das manobras para colocar Luís Filipe no trono. Ele tinha razão. Todas as facções da burguesia, como industriais e comerciantes, haviam participado da luta contra o poder real e a velha aristocracia, mas quem assumiu o poder na Monarquia de Julho foi apenas uma parcela da burguesia — a do capital financeiro, representada por banqueiros como Casimire Pérere —, contando com o apoio de ministros como Thiers e Guizot.
Referências
- ↑ Mansel 2001, p. 198.
- ↑ Hobsbawm 1962, p. 187.
- ↑ Hobsbawm 1962, p. 84.
- ↑ Gomes 2007, p. 13.
- ↑ Nicolson 1970, p. 75.
- ↑ Gomes 2007, p. 192.
- ↑ Controversial concordats. [S.l.]: Catholic University of America Press. 1999. ISBN 9780813209203
- ↑ «Frontières et places fortes sous Louis XIV». L'Histoire. Consultado em 8 de fevereiro de 2022
- ↑ «La Charte constitutionnelle du 4 juin 1814». Senado da França. Consultado em 8 de fevereiro de 2022
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Mansel, Philip (2001). Paris Between Empires: Monarchy and Revolution 1814-1852. [S.l.]: St. Martin's Press. ISBN 9780312308575
- Nicolson, Harold (1970). The Congress of Vienna: A Study of Allied Unity: 1812-1822. [S.l.]: Mariner Books. ISBN 9780156220613
- Hobsbawm, Eric J. (1962). A Era das Revoluções: Europa 1789–1848. [S.l.]: Weidenfeld & Nicolson. ISBN 9788577530991
- Gomes, Laurentino (2007). 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. [S.l.]: Planeta. ISBN 9788576653202