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Construir significados envolve os mais diversos aspectos (experiência corporal, a cognição, contexto histórico e sociocultural, entre tantos outros), estes são abordados por modelos teóricos específicos no campo da [http://www.inf.unioeste.br/~jorge/MESTRADOS/LETRAS%20-%20MECANISMOS%20DO%20FUNCIONAMENTO%20DA%20LINGUAGEM%20-%20PROCESSAMENTO%20DA%20LINGUAGEM%20NATURAL/ARTIGOS%20INTERESSANTES/Lingu%EDstica%20Cognitiva.pdf Linguística Cognitiva] . Para esta área da linguística, a categorização é um importante elemento na [http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2009/12/artigo35.pdf construção de sentidos] acerca do mundo em que estamos inseridos, principalmente quando se trata sobre os estudos da linguagem. A categorização é o processo pelo qual ideias e objetos são reconhecidos, diferenciados e classificados, ela consiste em organizar os objetos de um dado universo em grupos ou categorias, com um propósito específico. É um mecanismo fundamental para a razão, a comunicação e a significação humana, estabelecendo bases para muitos dos mais importantes processos mentais, tais como a percepção, a representação, a linguagem, e a aprendizagem.
Construir significados envolve os mais diversos aspectos (experiência corporal, a cognição, contexto histórico e sociocultural, entre tantos outros), estes são abordados por modelos teóricos específicos no campo da [http://www.inf.unioeste.br/~jorge/MESTRADOS/LETRAS%20-%20MECANISMOS%20DO%20FUNCIONAMENTO%20DA%20LINGUAGEM%20-%20PROCESSAMENTO%20DA%20LINGUAGEM%20NATURAL/ARTIGOS%20INTERESSANTES/Lingu%EDstica%20Cognitiva.pdf Linguística Cognitiva]<ref>{{citar periódico|ultimo=Silva|primeiro=Augusto Soares da|data=1997|titulo=A linguística Cognitiva: uma breve introdução a um novo paradigma em linguística.|url=http://www.inf.unioeste.br/~jorge/MESTRADOS/LETRAS%20-%20MECANISMOS%20DO%20FUNCIONAMENTO%20DA%20LINGUAGEM%20-%20PROCESSAMENTO%20DA%20LINGUAGEM%20NATURAL/ARTIGOS%20INTERESSANTES/Lingu%EDstica%20Cognitiva.pdf|jornal=Revista Portuguesa de Humanidades 1|acessodata=05/12/2018}}</ref> . Para esta área da linguística, a categorização é um importante elemento na [http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2009/12/artigo35.pdf construção de sentidos] acerca do mundo em que estamos inseridos, principalmente quando se trata sobre os estudos da linguagem. A categorização é o processo pelo qual ideias e objetos são reconhecidos, diferenciados e classificados, ela consiste em organizar os objetos de um dado universo em grupos ou categorias, com um propósito específico. É um mecanismo fundamental para a razão, a comunicação e a significação humana, estabelecendo bases para muitos dos mais importantes processos mentais, tais como a percepção, a representação, a linguagem, e a aprendizagem.


= Categorização clássica =
= Categorização clássica =
Para Ferrari (2016), no campo da linguagem, o processo da categorização é essencial. Pois, para falarmos do mundo que nos cerca, buscamos agrupar conjunto de objetos, atividades ou qualidades em classes específicas, ou seja, a um determinado conjunto de objetos semelhantes (mas não necessariamente idênticos) fazem parte de uma mesma categoria, esta apresenta um modelo prototípico, ou seja, o elemento que apresenta as características essenciais daquela classe.
Para Ferrari (2016)<ref>{{citar livro|título=Introdução à Linguística Cognitiva|ultimo=FERRARI|primeiro=Lilian|editora=Contexto|ano=2016|local=São Paulo|páginas=171 páginas|acessodata=01/11/2018}}</ref>, no campo da linguagem, o processo da categorização é essencial. Pois, para falarmos do mundo que nos cerca, buscamos agrupar conjunto de objetos, atividades ou qualidades em classes específicas, ou seja, a um determinado conjunto de objetos semelhantes (mas não necessariamente idênticos) fazem parte de uma mesma categoria, esta apresenta um modelo prototípico, ou seja, o elemento que apresenta as características essenciais daquela classe.


Pensemos, por exemplo, na categoria "ave" (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés, possui penas), e levando em consideração o modelo prototípico ideal, pertencem a essa classe os seres que apresentam essas características como é o caso do sabiá, da andorinha, do pato, do pinguim, entre outros.
Pensemos, por exemplo, na categoria "ave" (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés, possui penas), e levando em consideração o modelo prototípico ideal, pertencem a essa classe os seres que apresentam essas características como é o caso do sabiá, da andorinha, do pato, do pinguim, entre outros.


No entanto, se levarmos em consideração a noção de [[Periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/download/8298/7179|categorização clássica e objetivista]], não podemos enquadrar alguns dos exemplos citados anteriormente, como o caso do pinguim, como ave, porque a visão clássica da categorização nos estudos filosóficos como, por exemplo, os de Aristóteles levavam em consideração apenas os traços essenciais, pois seriam esses traços que atestariam ou não o pertencimento de um elemento a uma determinada classe, ratificando a visão dicotômica pertence ou não pertence.
No entanto, se levarmos em consideração a noção de [[Periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/download/8298/7179|categorização clássica e objetivista]]<ref>{{citar periódico|ultimo=Souza; Carvalho|primeiro=Mariléia; Maria de Lourdes Guimarães|data=2013|titulo=Categorização/Classificação|url=http://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/8298|jornal=Cadernos CesPuc|acessodata=02/12/2018}}</ref>, não podemos enquadrar alguns dos exemplos citados anteriormente, como o caso do pinguim, como ave, porque a visão clássica da categorização nos estudos filosóficos como, por exemplo, os de Aristóteles levavam em consideração apenas os traços essenciais, pois seriam esses traços que atestariam ou não o pertencimento de um elemento a uma determinada classe, ratificando a visão dicotômica pertence ou não pertence.


Para Santos (2010), a visão clássica de categorização apresenta uma ideia de verdade universal e seriam as nossas capacidades lógicas as responsáveis pelo nosso entendimento das coisas e, muitas categorias que usamos na construção de sentidos seriam preenchidas apenas pelos elementos possuidores dos traços essenciais e caso não os possuíssem, não seriam mais pertencentes a tal categoria.
Para Santos (2010)<ref>{{citar periódico|ultimo=Santos|primeiro=Ricardo Yamashita|data=2010|titulo=WITTGENSTEIN E A TEORIA DOS PROTÓTIPOS SOB A ÓTICA DA LINGUÍSTICA SOCIOCOGNITIVA|url=http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao14/art_10.php|jornal=Linguasagem|acessodata=09/10/2018}}</ref>, a visão clássica de categorização apresenta uma ideia de verdade universal e seriam as nossas capacidades lógicas as responsáveis pelo nosso entendimento das coisas e, muitas categorias que usamos na construção de sentidos seriam preenchidas apenas pelos elementos possuidores dos traços essenciais e caso não os possuíssem, não seriam mais pertencentes a tal categoria.


= A revisão dos estudos sobre categorização e a teoria dos protótipos =
= A revisão dos estudos sobre categorização e a teoria dos protótipos =
A visão clássica foi questionada e reformulada por muitos estudiosos como Wittgenstein (1953) e Eleanor Rosch (1970), por exemplo. Para Wittgenstein os [http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao14/art_10_ed14.pdf limites das categorias não são previsíveis] e, por isso, as categorias não podem ser fechadas. Pensemos, por exemplo, a baleia ser categorizada como mamífero causa estranheza para alguns por não apresentar as características essenciais da classe de mamíferos e, ainda por cima, viver debaixo d’água, possuir nadadeiras, entre outros aspectos  que a faz parecer mais um ‘tipo de peixe”. Porém, ela possui o que o referido estudioso chama de características familiares dos mamíferos (parem, amamentam). Para Wittgenstein “a metáfora das semelhanças familiares destaca que os membros de uma categoria apresentam as mesmas relações de semelhança observadas entre os membros de uma família” (FERRARI, 2016, p. 33).
A visão clássica foi questionada e reformulada por muitos estudiosos como Wittgenstein (1953) e Eleanor Rosch (1970), por exemplo. Para Wittgenstein os [http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao14/art_10_ed14.pdf limites das categorias não são previsíveis] e, por isso, as categorias não podem ser fechadas. Pensemos, por exemplo, a baleia ser categorizada como mamífero causa estranheza para alguns por não apresentar as características essenciais da classe de mamíferos e, ainda por cima, viver debaixo d’água, possuir nadadeiras, entre outros aspectos  que a faz parecer mais um ‘tipo de peixe”. Porém, ela possui o que o referido estudioso chama de características familiares dos mamíferos (parem, amamentam). Para Wittgenstein “a metáfora das semelhanças familiares destaca que os membros de uma categoria apresentam as mesmas relações de semelhança observadas entre os membros de uma família” (FERRARI, 2016, p. 33).


Já Eleanor Rosch (1970), psicóloga norte-americana, também reformulou a ideia clássica de categorização, adotando a ideia de protótipo dentro da categoria. “Esse trabalho foi iniciado com a pesquisa das cores, que foi chamado de estudo das cores básicas, evidenciando que as cores têm um foco central primário e nossa percepção cognitiva capta o ponto mais salutar da cor, ou seja, o ponto prototípico” (SANTOS, 2010, p. 05). Isso, aplicado à [http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v11/v11a13.pdf noção de categorização], leva-nos à percepção de que dentro de uma mesma classe  há elementos mais prototípicos, ou seja, apresentam maior número de características relacionadas à classe, e outros elementos mais periféricos, isto é, apresentam menor número de características condizentes à classe a que pertencem.
Já Eleanor Rosch (1970), psicóloga norte-americana, também reformulou a ideia clássica de categorização, adotando a ideia de protótipo dentro da categoria. “Esse trabalho foi iniciado com a pesquisa das cores, que foi chamado de estudo das cores básicas, evidenciando que as cores têm um foco central primário e nossa percepção cognitiva capta o ponto mais salutar da cor, ou seja, o ponto prototípico” (SANTOS, 2010, p. 05). Isso, aplicado à [http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v11/v11a13.pdf noção de categorização]<ref>{{citar periódico|ultimo=Lima|primeiro=Gerciana Ângela Borém|data=2007|titulo=Categorização como um processo cognitivo|url=http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v11/v11a13.pdf|jornal=Ciências & Cognição|acessodata=06/12/2018}}</ref>, leva-nos à percepção de que dentro de uma mesma classe  há elementos mais prototípicos, ou seja, apresentam maior número de características relacionadas à classe, e outros elementos mais periféricos, isto é, apresentam menor número de características condizentes à classe a que pertencem.


Retomemos o exemplo de ave novamente, segundo a ideia de protitipicidade de Rosch(1970): “ave” (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés, possui penas). Dentre os elementos citados anteriormente, numa escala de mais prototípico ao periférico temos:
Retomemos o exemplo de ave novamente, segundo a ideia de protitipicidade de Rosch(1970): “ave” (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés, possui penas). Dentre os elementos citados anteriormente, numa escala de mais prototípico ao periférico temos:
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* Pato (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés que servem de nadadeiras, possui penas, nada, voa) é um modelo mais intermediário de ave;
* Pato (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés que servem de nadadeiras, possui penas, nada, voa) é um modelo mais intermediário de ave;
* Pinguim (tem bico, duas asas atrofiadas, põe ovos, tem dois pés, não voa), é um modelo mais periférico da categoria ave.
* Pinguim (tem bico, duas asas atrofiadas, põe ovos, tem dois pés, não voa), é um modelo mais periférico da categoria ave.
Além de levar em consideração a questão prototípica e periférica dentro de uma mesma classe, o contexto também deve ser levado em consideração, pois como preza a Linguística Cognitiva, uma ideia experiencialista e de mente corporificada, a partir das nossas experiências psicológicas e sensório motoras com o mundo que podemos construir e inferir sentidos na e através da linguagem.


Além de levar em consideração a questão prototípica e periférica dentro de uma mesma classe, o contexto também deve ser levado em consideração, pois como preza a Linguística Cognitiva, uma ideia experiencialista e de mente corporificada, a partir das nossas experiências psicológicas e sensório motoras com o mundo que podemos [http://www.revistas.uneb.br/index.php/pontosdeint/article/viewFile/2686/1816 construir e inferir sentidos]na e através da linguagem.
= Referências bibliográficas =
CARVALHO, Maria de Lourdes Guimarães de; SOUZA, Mariléia de. Categorização/Classificação. In: Cadernos CesPUC. Belo Horizonte. Nº. 23, 2013. P. 13-18.
Ferrari, Lílian. ''Introdução à Linguística Cognitiva''. 1 ed., 2ª reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2016.


<br />
LIMA, Gercina Ângela Borém. Categorização como um processo cognitivo. In: Ciências e Cognição, 2007. Vol. 11. P. 156-167. Disponível em: http://cienciasecognicao.org> acesso em 07 de dezembro de 2018, às 21h00.


= Lista de Referências =
ROSCH, E. & LLOYD, B. 1976. ''Cognition and categorization''. Hillsdale: Lawrence Erlbaum.
<references /><br />

SANTOS, Ricardo Yamashita. Wittgenstein e a teoria dos protótipos sob a ótica da Linguística Cognitiva. Disponível em: <nowiki>http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao14/art_10_ed14.pdf</nowiki> > acesso em: 23 de setembro de 2018, às 15h00min.

SILVA, SOARES DA, A. A linguística cognitiva: uma breve introdução a um novo paradigma em linguística. In: ''Revista portuguesa de humanidades 1'', 1997. p. 59-101.


= Para se aprofundar um pouco mais... =


* http://www.prohpor.org/semantica-apresentacao
* http://www.letras.ufmg.br/site/e-livros/Met%C3%A1foras%20do%20Cotidiano.pdf
* http://www.scielo.br/pdf/tinf/v30n1/2318-0889-tinf-30-1-0081.pdf
* https://revistas.ufrj.br/index.php/rl/issue/view/407/showToc
* https://periodicos.ufpe.br/revistas/INV/article/view/1618/1425
* https://revistas.ufpr.br/revistax/article/viewFile/32733/21399<br />





Revisão das 12h43min de 7 de dezembro de 2018

Construir significados envolve os mais diversos aspectos (experiência corporal, a cognição, contexto histórico e sociocultural, entre tantos outros), estes são abordados por modelos teóricos específicos no campo da Linguística Cognitiva[1] . Para esta área da linguística, a categorização é um importante elemento na construção de sentidos acerca do mundo em que estamos inseridos, principalmente quando se trata sobre os estudos da linguagem. A categorização é o processo pelo qual ideias e objetos são reconhecidos, diferenciados e classificados, ela consiste em organizar os objetos de um dado universo em grupos ou categorias, com um propósito específico. É um mecanismo fundamental para a razão, a comunicação e a significação humana, estabelecendo bases para muitos dos mais importantes processos mentais, tais como a percepção, a representação, a linguagem, e a aprendizagem.

Categorização clássica

Para Ferrari (2016)[2], no campo da linguagem, o processo da categorização é essencial. Pois, para falarmos do mundo que nos cerca, buscamos agrupar conjunto de objetos, atividades ou qualidades em classes específicas, ou seja, a um determinado conjunto de objetos semelhantes (mas não necessariamente idênticos) fazem parte de uma mesma categoria, esta apresenta um modelo prototípico, ou seja, o elemento que apresenta as características essenciais daquela classe.

Pensemos, por exemplo, na categoria "ave" (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés, possui penas), e levando em consideração o modelo prototípico ideal, pertencem a essa classe os seres que apresentam essas características como é o caso do sabiá, da andorinha, do pato, do pinguim, entre outros.

No entanto, se levarmos em consideração a noção de categorização clássica e objetivista[3], não podemos enquadrar alguns dos exemplos citados anteriormente, como o caso do pinguim, como ave, porque a visão clássica da categorização nos estudos filosóficos como, por exemplo, os de Aristóteles levavam em consideração apenas os traços essenciais, pois seriam esses traços que atestariam ou não o pertencimento de um elemento a uma determinada classe, ratificando a visão dicotômica pertence ou não pertence.

Para Santos (2010)[4], a visão clássica de categorização apresenta uma ideia de verdade universal e seriam as nossas capacidades lógicas as responsáveis pelo nosso entendimento das coisas e, muitas categorias que usamos na construção de sentidos seriam preenchidas apenas pelos elementos possuidores dos traços essenciais e caso não os possuíssem, não seriam mais pertencentes a tal categoria.

A revisão dos estudos sobre categorização e a teoria dos protótipos

A visão clássica foi questionada e reformulada por muitos estudiosos como Wittgenstein (1953) e Eleanor Rosch (1970), por exemplo. Para Wittgenstein os limites das categorias não são previsíveis e, por isso, as categorias não podem ser fechadas. Pensemos, por exemplo, a baleia ser categorizada como mamífero causa estranheza para alguns por não apresentar as características essenciais da classe de mamíferos e, ainda por cima, viver debaixo d’água, possuir nadadeiras, entre outros aspectos  que a faz parecer mais um ‘tipo de peixe”. Porém, ela possui o que o referido estudioso chama de características familiares dos mamíferos (parem, amamentam). Para Wittgenstein “a metáfora das semelhanças familiares destaca que os membros de uma categoria apresentam as mesmas relações de semelhança observadas entre os membros de uma família” (FERRARI, 2016, p. 33).

Já Eleanor Rosch (1970), psicóloga norte-americana, também reformulou a ideia clássica de categorização, adotando a ideia de protótipo dentro da categoria. “Esse trabalho foi iniciado com a pesquisa das cores, que foi chamado de estudo das cores básicas, evidenciando que as cores têm um foco central primário e nossa percepção cognitiva capta o ponto mais salutar da cor, ou seja, o ponto prototípico” (SANTOS, 2010, p. 05). Isso, aplicado à noção de categorização[5], leva-nos à percepção de que dentro de uma mesma classe  há elementos mais prototípicos, ou seja, apresentam maior número de características relacionadas à classe, e outros elementos mais periféricos, isto é, apresentam menor número de características condizentes à classe a que pertencem.

Retomemos o exemplo de ave novamente, segundo a ideia de protitipicidade de Rosch(1970): “ave” (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés, possui penas). Dentre os elementos citados anteriormente, numa escala de mais prototípico ao periférico temos:

  • Andorinha (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés, possui penas, voa), ou seja, é um modelo prototípico de ave;
  • Pato (tem bico, duas asas, põe ovos, tem dois pés que servem de nadadeiras, possui penas, nada, voa) é um modelo mais intermediário de ave;
  • Pinguim (tem bico, duas asas atrofiadas, põe ovos, tem dois pés, não voa), é um modelo mais periférico da categoria ave.

Além de levar em consideração a questão prototípica e periférica dentro de uma mesma classe, o contexto também deve ser levado em consideração, pois como preza a Linguística Cognitiva, uma ideia experiencialista e de mente corporificada, a partir das nossas experiências psicológicas e sensório motoras com o mundo que podemos construir e inferir sentidosna e através da linguagem.


Lista de Referências

  1. Silva, Augusto Soares da (1997). «A linguística Cognitiva: uma breve introdução a um novo paradigma em linguística.» (PDF). Revista Portuguesa de Humanidades 1. Consultado em 5 de dezembro de 2018 
  2. FERRARI, Lilian (2016). Introdução à Linguística Cognitiva. São Paulo: Contexto. pp. 171 páginas 
  3. Souza; Carvalho, Mariléia; Maria de Lourdes Guimarães (2013). «Categorização/Classificação». Cadernos CesPuc. Consultado em 2 de dezembro de 2018 
  4. Santos, Ricardo Yamashita (2010). «WITTGENSTEIN E A TEORIA DOS PROTÓTIPOS SOB A ÓTICA DA LINGUÍSTICA SOCIOCOGNITIVA». Linguasagem. Consultado em 9 de outubro de 2018 
  5. Lima, Gerciana Ângela Borém (2007). «Categorização como um processo cognitivo» (PDF). Ciências & Cognição. Consultado em 6 de dezembro de 2018 


Para se aprofundar um pouco mais...