Aquecimento global: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Andrellenz (discussão | contribs)
Andrellenz (discussão | contribs)
Linha 73: Linha 73:
Um gás tem o maior efeito se ele absorve em uma "janela" de comprimentos de onda, através da qual a atmosfera é bastante transparente. A dependência do GWP como uma função do comprimento de onda é encontrado empiricamente, expresso e publicado como um gráfico. <ref>[http://www.chem.tamu.edu/rgroup/north/ITS%20GWP%20Data.xls Matthew Elrod, "Greenhouse Warming Potential Model." Based on Journal of Chemical Education, Vol 76, pp. 1702–1705, December 1999]</ref>
Um gás tem o maior efeito se ele absorve em uma "janela" de comprimentos de onda, através da qual a atmosfera é bastante transparente. A dependência do GWP como uma função do comprimento de onda é encontrado empiricamente, expresso e publicado como um gráfico. <ref>[http://www.chem.tamu.edu/rgroup/north/ITS%20GWP%20Data.xls Matthew Elrod, "Greenhouse Warming Potential Model." Based on Journal of Chemical Education, Vol 76, pp. 1702–1705, December 1999]</ref>


Porque o GWP de um gás de efeito estufa depende diretamente de seu [[espectro infravermelho]], o uso de [[espectroscopia]] de [[infravermelho]] para estudar gases de efeito estufa é centralmente importante no esforço de compreender o impacto das atividades humanas sobre as mudanças climáticas globais.
Porque o GWP de um gás de efeito estufa depende diretamente de seu #espectro infravermelho [[Espectroscopia de infravermelho]]
, o uso de [[espectroscopia]] de [[infravermelho]] para estudar gases de efeito estufa é centralmente importante no esforço de compreender o impacto das atividades humanas sobre as mudanças climáticas globais.


=== Sensibilidade Climática ===
=== Sensibilidade Climática ===

Revisão das 23h50min de 16 de março de 2013

Mapa do globo mostrando a anomalia térmica mundial entre 2000 e 2009, em relação à média no período de 1951 a 1980. As regiões mais aquecidas estão no Hemisfério Norte, próximas ao Ártico e nas zonas temperadas. No Hemisfério Sul as mudanças mais importantes são limitadas à Península Antártica

O aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra que ocorre desde meados do século XIX e que deverá continuar no século XXI, causado pelas emissões humanas de gases do efeito estufa, e amplificado por respostas naturais a esta perturbação inicial, em efeitos que se auto-reforçam em realimentação positiva.[1][2]

Segundo o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2007, elaborado sob os auspícios da Organização Meteorológica Mundial e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e que representa a síntese científica mais ampla e atual sobre o assunto, a temperatura na superfície terrestre aumentou em média 0,76°C entre 1850 e 2005, com uma faixa de variação regional entre 0,57ºC e 0,96ºC.[3]

A maior parte do aumento de temperatura observado foi causada por concentrações crescentes de gases do efeito estufa, emitidos por atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis e a desflorestação. Esses gases atuam obstruindo a dissipação do calor terrestre no espaço.[4] O escurecimento global, uma consequência do aumento das concentrações de aerossois atmosféricos, que bloqueiam parte da radiação solar antes que esta atinja a superfície da Terra, mascarou parcialmente os efeitos do aquecimento induzido pelos gases do efeito de estufa.[5]

Modelos climáticos referenciados pelo IPCC projetam que as temperaturas globais de superfície provavelmente aumentarão de 1,1 a 4,6°C até o ano 2100. A variação dos valores reflete o uso de diferentes cenários de emissão futura de gases estufa e resultados de modelos com diferenças na sensibilidade climática. Apesar de a maioria dos estudos ter seu foco no período até 2100, o aquecimento e suas consequências devem continuar por vários séculos, mesmo que as concentrações de gases estufa se estabilizem nos níveis atuais.[5]

O aumento nas temperaturas globais desencadeia outras alterações nos sistemas da Terra, incluindo a subida do nível do mar, mudanças em padrões de precipitação resultando em enchentes e secas. Espera-se que o aquecimento seja mais intenso no Ártico, estando associado ao recuo das geleiras de montanha, do permafrost e do gelo marinho. Outros efeitos prováveis incluem alterações na frequência ou na intensidade de ciclones tropicais e outros eventos meteorológicos extremos, extinção de grande número de espécies e perturbações na produção de alimentos. O aquecimento e as suas consequências serão diferentes de região para região, mas a natureza destas variações regionais ainda é incerta.[5] Outra ocorrência global concomitante, que já se verifica e que se prevê continuar no futuro, é a acidificação oceânica, que é também resultado do aumento contemporâneo da concentração de dióxido de carbono atmosférico, um dos gases estufa. Ao mesmo tempo, as concentrações de oxigênio estão a diminuir em vários mares. Prevê-se uma importante alteração futura, mas ainda bastante indeterminada, em todos os ecossistemas marítimos, com impactos prováveis na sociedade humana em larga escala.[6][7]

Embora a imprensa ainda alimente muitas controvérsias, frequentemente mal informadas, tendenciosas ou distorcidas, e haja grande pressão política e econômica para se negar ou minimizar as fortes evidências já reunidas,[8][9][10][11][12][13][14] o consenso científico é de que o aquecimento global está a acontecer inequivocamente.[5][14][15][16] O Protocolo de Quioto, bem como inúmeras outras políticas e ações nacionais e internacionais, visam a estabilização da concentração de gases de efeito estufa para evitar uma interferência antropogênica perigosa.[17] Em novembro de 2009 eram 187 os Estados que assinaram e ratificaram o protocolo.[18]

Terminologia

O termo "aquecimento global" é um exemplo específico de mudança climática à escala global. O termo "mudança climática" também pode se referir ao esfriamento global. No uso comum, o termo se refere ao aquecimento ocorrido nas décadas recentes e subentende-se uma influência humana.[19] A Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima usa o termo "mudança climática" para mudanças causadas pelo homem, e "variabilidade climática" para outras mudanças.[20] O termo "alteração climática antropogênica" equivale às mudanças causadas pelo homem.

História do clima

Comparação de 10 curvas procurando estimar a variação de temperatura na Terra nos últimos 2000 anos. O IPCC faz notar que os valores anteriores a 1860 são muito incertos porque os dados referentes ao Hemisfério Sul são insuficientes.
Variação de temperatura na Terra de 1860 até 2004.

A Terra, em sua longa história, já sofreu muitas mudanças climáticas globais de grande amplitude. Isso é demonstrado por uma série de evidências físicas e por reconstruções teóricas. Já houve épocas em que o clima era muito mais quente do que o de hoje, com vários graus centígrados acima da média atual, tão quente que em certos períodos o planeta deve ter ficado completamente livre de gelo. Entretanto, isso aconteceu há milhões de anos, e suas causas foram naturais. Também ocorreram vários ciclos de resfriamento importante, conduzindo às glaciações, igualmente por causas naturais. Entre essas causas, tanto para aquecimentos como para resfriamentos, podem ser citadas mudanças na atividade vulcânica, na circulação marítima, na atividade solar, no posicionamento dos polos e na órbita planetária. A mudança significativa mais recente foi a última glaciação, que terminou em torno de 11 mil anos atrás, e projeta-se que outra não aconteça antes de 30 mil anos.[21]

Este último período pós-glacial, chamado Holoceno, também sofreu várias mudanças notáveis e às vezes abruptas, mas as evidências levam a crer que foram localizadas, e acredita-se que a temperatura média global tenha permanecido relativamente estável durante os 1000 anos que antecederam 1850, com flutuações regionais, como o período de calor medieval ou a pequena idade do gelo, que são melhor explicadas por causas naturais. Muitas dessas mudanças, especificamente os períodos de aquecimento, são em alguns aspectos comparáveis e até mais intensas do que as que hoje se verificam, mas em outros aspectos o aquecimento contemporâneo é distinto, e, se as projeções de aumento de cerca de 5ºC até 2100 se confirmarem, será uma alteração inédita nos últimos 50 milhões de anos da história do planeta, em particular no que diz respeito à velocidade do aquecimento.[22]

As temperaturas globais aumentaram em média 0,76°C entre 1850 e 2005, com uma faixa de variação entre 0,57ºC e 0,96ºC.[3] Esse aumento não pode ser explicado satisfatoriamente sem levarmos em conta a influência humana.[23] Desde 1979, as temperaturas em terra aumentaram quase duas vezes mais rápido que as temperaturas no oceano (0,25 °C por década contra 0,13°C por década. As temperaturas na troposfera mais baixa aumentaram entre 0,12 e 0,22°C por década desde 1979, de acordo com medições de temperatura via satélite.[24] As variações registradas para o período 1979-2005 foram:

  • global: 0,163 ± 0,046 °C/ década, CRU/UKMO (Brohan et al., 2006),[25]
  • global: 0,174 ± 0,051 °C/ década, NCDC (Smith and Reynolds, 2005),[26]
  • global: 0,170 ± 0,047 °C/ década, GISS (Hansen et al., 2001).[27]
  • Hemisfério Sul, 0,092 ± 0,038 °C/ década, CRU/UKMO (Brohan et al., 2006),[25]
  • Hemisfério Sul, 0,096 ± 0,038 °C/ década, NCDC (Smith and Reynolds, 2005)[26]
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,328 ± 0,087 °C/ década, CRU/UKMO (Brohan et al., 2006),[25]
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,344 ± 0,096 °C/ década, NCDC (Smith and Reynolds, 2005),[26]
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,294 ± 0,074 °C/ década, GISS (Hansen et al., 2001),[27]
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,301 ± 0,075 °C/ década, (Lugina et al., 2006).[28][29]

Emissões antropogênicas de outros poluentes - em especial aerossóis de sulfato – podem gerar um efeito refrigerativo através do aumento do reflexo da luz incidente. Isso explica em parte o resfriamento observado no meio do século XX, apesar de que o resfriamento pode ter sido em parte devido à variabilidade natural.

O paleoclimatologista William Ruddiman argumentou que a influência humana no clima global iniciou-se por volta de 8.000 anos atrás, com o início do desmatamento florestal para o plantio e 5.000 anos atrás com o início da irrigação de arroz asiática. A interpretação que Ruddiman deu ao registro histórico com respeito aos dados de metano tem sido disputado.

Bases técnicas para medição e avaliação do aquecimento

Determinação da temperatura global à superfície

A determinação da temperatura global à superfície é feita a partir de dados recolhidos em terra, sobretudo em estações de medição de temperatura em cidades, e nos oceanos, por meio de navios e batitermógrafos. É feita uma seleção das estações a considerar, que são as tidas como mais confiáveis, e é feita uma correção no caso de estas se encontrarem perto de urbanizações, a fim de compensar o efeito de "ilha de calor" criado nas cidades. As tendências de todas as seções são então combinadas para se chegar a uma anomalia de temperatura global – o desvio apurado a partir de uma determinada temperatura média de referência.[30]

O método de cálculo varia segundo os procedimentos de cada instituição de pesquisa. Por exemplo, no Met Office do Reino Unido, o globo é dividido em seções (por ex., quadriláteros de 5º latitude por 5º longitude) e é calculada uma média ponderada da temperatura mensal média das estações escolhidas em cada seção. As seções para as quais não existem dados são deixadas em branco, sem as estimar a partir das seções vizinhas, e não entram nos cálculos. A média obtida é então comparada com a referência para o período de 1961-1990, obtendo-se o valor da anomalia para cada mês. A partir desses valores é então calculada uma média pesada correspondente à anomalia anual média global para cada Hemisfério e, a partir destas, a anomalia global. Às vezes a acurácia e a confiabilidade dessas medições são contestadas, ou se diz que há poucos dados, mas segundo o Met Office, existem imprecisões, certamente, mas elas são pequenas. Mesmo utilizando-se de métodos diferentes, as várias instituições de pesquisa que calculam este dado regularmente encontram valores similares.[30]

Desde janeiro de 1979, os satélites da NASA passaram a medir a temperatura da troposfera inferior (de 1000m a 8000m de altitude) através da monitoração das emissões de microondas por parte das moléculas de oxigénio (O2) na atmosfera. O seu comprimento de onda está diretamente relacionado com a temperatura (estima-se uma precisão de medida da ordem dos 0.01°C). Não são, portanto, diretamente comparáveis à temperatura de superfície, mas a tendência de aquecimento apresentado por nas séries históricas de temperatura por satélite são bastante similares àquelas medidas por termômetros na superfície: enquanto os dados de superfície da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) mostram aquecimento de 0,154ºC por década, os dados da Universidade de Huntsville, Alabama, tomados a partir dos satélites da NASA, indicam 0,142ºC no mesmo período entre 1979 e 2012.[31][32]

Potencial de Aquecimento Global (PAG)

O Potencial de aquecimento global (PAG ou, internacionalmente, GWP, acrônimo do termo em Inglês "Global-warming potential") é uma medida relativa da quantidade de calor que um gás de efeito estufa carrega na atmosfera. Ele compara a quantidade de calor carregado por uma determinada massa de um certo gás, em relação à quantidade de calor causado pela mesma massa de dióxido de carbono (CO2). Assim, o GWP é expresso como um fator relativo ao CO2 (cujo GWP é padronizado para valor 1).

O GWP é calculado ao longo de um determinado intervalo de tempo, geralmente 20, 100 ou 500 anos. Por exemplo, o potencial de aquecimento global de 20 anos de metano é 72, o que significa que, se a mesma massa de metano e de CO2 forem introduzidos na atmosfera, ela irá reter o calor do metano 72 vezes mais do que o calor do dióxido de carbono ao longo daqueles 20 anos.[33]

As substâncias químicas sujeitas às restrições no âmbito do protocolo de Quioto, o estão por um, ou ambos, dos seguintes motivos:

O GWP depende dos seguintes três fatores:

Assim, um GWP elevado correlaciona-se com uma grande absorção de infravermelhos e um longo tempo de vida na atmosférica.

Já, a dependência do GWP no comprimento de onda de absorção é mais complicado: Mesmo se um gás absorve a radiação de forma eficiente a um determinado comprimento de onda, isto pode não afetar muito o seu GWP, se a atmosfera já absorve mais radiação sob aquele mesmo comprimento de onda.

Um gás tem o maior efeito se ele absorve em uma "janela" de comprimentos de onda, através da qual a atmosfera é bastante transparente. A dependência do GWP como uma função do comprimento de onda é encontrado empiricamente, expresso e publicado como um gráfico. [34]

Porque o GWP de um gás de efeito estufa depende diretamente de seu #espectro infravermelho Espectroscopia de infravermelho , o uso de espectroscopia de infravermelho para estudar gases de efeito estufa é centralmente importante no esforço de compreender o impacto das atividades humanas sobre as mudanças climáticas globais.

Sensibilidade Climática

Várias estimativas de sensibilidade climática, a partir de diferentes abordagens. O círculo representa o valor mais provável de cada estimativa. A faixa representa a margem de incerteza abrangendo mais de 66% da probabilidade.

A sensibilidade climática é uma medida de quanto a temperatura do sistema climático responde a uma variação da forçante radiativa. Em outras palavras, é quanto a temperatura do clima varia quando se muda a quantidade de energia nele aplicada, na forma de luz visível, infravermelha ou ultravioleta. Por exemplo, um grande erupção vulcânica causa maior reflexão da luz solar de volta ao espaço, provocando resfriamento do sistema climático.[5]

Vários estudos se dedicaram a quantificar a variação da temperatura em resposta à mudança da forçante radiativa causada pela variação da concentração de gases estufa, em particular o dióxido de carbono (CO2). Estas investigações incluem não só os efeitos diretos do CO2, como também outras consequências que aumentem ou diminuam a perturbação inicial, na forma de feedbacks, como o aumento do vapor d'água ou a diminuição da calota polar ártica.[5]

O primeiro estudo desse tipo data de 1896, feito pelo sueco Svante Arrhenius.[35] Daí em diante, inúmeros outros foram feitos, a partir de diversos conjuntos de dados e abordagens metodológicas, em países e épocas diferentes. Neles incluem-se tanto levantamentos empíricos, realizados a partir de dados paleoclimáticos ou medições instrumentais recentes, quanto cálculos teóricos baseados em simulações de computador – os modelos climáticos.[36] Tanto nas estimativas calculadas quanto naquelas baseadas em observações, os resultados encontrados nas últimas décadas convergem para uma sensibilidade climática entre 2 e 4,5ºC, sendo a estimativa mais provável a de 3ºC de aquecimento, se a concentração de CO2 subir para o dobro dos níveis pré-industriais, isto é, de 280 ppm para 560 ppm. Valores mais altos do que 4,5ºC não estão excluídos, e valores abaixo de 1,5ºC são muito improváveis.[5][37] Em janeiro de 2013, esta concentração atingiu 395 ppm.[38] Projeções conservadoras apontam para mais de 700 ppm até 2100. A evolução das emissões, mantidas como vêm se mostrando até aqui, sugerem mais de 1000 ppm até o final do século.[39]

Nenhum dos efeitos produzidos pelas forçantes climáticas é instantâneo. Devido à inércia térmica dos oceanos terrestres e à lenta resposta de outros efeitos indiretos, o sistema climático da Terra leva mais de três décadas para se estabilizar.[40] Estudos de comprometimento climático indicam que, por esse motivo, ainda que os gases estufa se estabilizassem nos níveis do ano 2000, um aquecimento adicional de aproximadamente 0,5 °C ainda ocorreria.[41]

Modelos climáticos

Um modelo climático é uma representação matemática de cinco componentes do sistema climático: atmosfera, hidrosfera, criosfera, superfície continental e biosfera.[42] Estes modelos se baseiam em princípios físicos que incluem dinâmica de fluidos, termodinâmica e teoria de transporte radiativo. Podem incluir componentes que representam o movimento do ar, sua temperatura, nuvens, e outras propriedades atmosféricas; temperatura oceânica, salinidade, e circulação; cobertura de gelo continental e oceânica; a transferência de calor e umidade do solo e vegetação para a atmosfera; processos químicos e biológicos; entre outros.

Apesar dos pesquisadores procurarem incluir tantos processos quanto possível, simplificações do sistema climático real são inevitáveis, uma vez que há limitações quanto à capacidade de processamento e disponibilidade de dados. Resultados dos modelos podem variar devido a diferentes projeções de emissões de gases, bem como à sensibilidade climática do modelo. Por exemplo, a margem de erro nas projeções do Quarto Relatório do IPCC de 2007 deve-se a (1) o uso de diversos modelos com diferentes sensibilidades à concentração de gases estufa,[43] (2) o uso de diferentes estimativas das emissões humanas futuras de gases estufa,[44] e (3) outras emissões provindas de feedbacks climáticos que não foram incluídas nos modelos do IPCC, como a liberação de metano quando derrete o permafrost.[45].

Os modelos não tomam o aquecimento como premissa, mas calculam, segundo as leis da física conhecidas, como os gases estufa vão interagir quanto ao transporte radiativo e outros processos físicos. Apesar de haver divergências quanto à atribuição de causas do aquecimento ocorrido na primeira metade do século XX, eles convergem no tocante ao aquecimento recente, a partir da década de 70, ter sido causado por emissões humanas de gases estufa. O realismo físico dos modelos é testado através da simulação do clima presente e passado, a partir dos dados conhecidos.[46][47]

De fato, as principais projeções do IPCC, quando comparadas às observações subsequentes, mostram-se precisas. Em alguns casos, como o aumento do nível do mar[48] e a retração da calota polar Ártica,[49] estas projeções mostraram-se conservadoras demais, com os eventos observados ocorrendo em ritmo bem mais rápido que o previsto.

As primeiras projeções e as observações subsequentes

A expressão "aquecimento global" não era conhecida até a década de 1970; ela só foi cunhada em 1975, num artigo do geoquímico Wallace Broecker publicado na revista Science.[50] Nesta altura ainda não havia sido despertada a atenção geral para o fenômeno que a expressão descreve, e embora os cientistas desde o século XIX já soubessem que o homem poderia teoricamente afetar as condições climáticas do planeta, e que certos gases como o dióxido de carbono deviam estar envolvidos num efeito estufa, não se podia discernir exatamente como as mudanças aconteceriam.[51] O primeiro trabalho que enfocou claramente o problema foi publicado em 1979 pela National Academy of Science dos Estados Unidos, conhecido como o Relatório Charney, onde declarou-se que "se o dióxido de carbono continuar a se elevar, não há razão para duvidar que resultarão mudanças climáticas, e não há razão para acreditar que elas serão desprezíveis".[50]

Nuvem de poluição sobre Kuala Lumpur. Além de causarem a maior parte do aquecimento global, as emissões gasosas derivadas da combustão de combustíveis fósseis, usados por exemplo em automóveis, indústrias e usinas termoelétricas, são uma das maiores causas da poluição atmosférica.[52]

Nos anos 80, foram feitos outros estudos dos impactos das emissões humanas de gases estufa em projeções futuras de temperatura. Dois destes trabalhos[53][54] foram realizados em 1981 e 1988 por James Hansen, da NASA, um dos principais climatologistas do mundo. Além das limitações da época quanto aos dados e capacidade computacional disponíveis, havia incertezas quanto à própria sensibilidade climática, bem como à evolução das emissões humanas de gases estufa. Mesmo assim, ambos os trabalhos, quando comparados às observações subsequentes, mostram bastante precisão. O primeiro deles projetou evolução de temperatura ligeiramente inferior ao observado, e se baseou em cálculos que incluíam uma sensibilidade climática de 2,8ºC. O segundo, por sua vez, superestimou o aumento de temperatura, se baseando em uma sensibilidade climática de 4,2ºC. Tais resultados corroboram o consenso em torno da sensibilidade climática de cerca de 3ºC.[55][56]

Em 1988 Hansen levou seus resultados a uma audiência com o congresso dos Estados Unidos, marcando a primeira tentativa da comunidade científica de alertar o poder público da necessidade de ação para limitar emissões de gases estufa.[57][50] Sua representação recebeu larga divulgação na imprensa e o tema se tornou imediatamente popular, mas até a data havia grande cautela entre os cientistas na associação da elevação da temperatura com as atividades humanas. Desde então as pesquisas se multiplicaram, e a referida associação ganhou crescente grau de certeza com a compilação de numerosas evidências adicionais, embora ao mesmo tempo se levantasse grande polêmica sobre a confiabilidade dos achados e das previsões científicas.[50][9][58][16]

A partir de 1990 o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organizado sob a chancela da Organização Meteorológica Mundial e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e coordenando uma equipe científica vasta composta de vários milhares dos melhores especialistas de todo o mundo, passou a publicar seus relatórios. O IPCC não produz pesquisa original, mas sintetiza o estado da arte sobre o assunto.[9][58][59] O relatório de 1990 já declarou que o efeito estufa já mantinha a Terra mais quente do que deveria, e previu que as emissões de gases estufa resultantes das atividades humanas, entre outras consequências, "vão amplificar o efeito estufa, resultando em média num aumento adicional na temperatura da superfície terrestre. O principal gás estufa, o vapor d'água, vai aumentar em resposta ao aquecimento global e fazer com que este também aumente".[60] Em 2007 veio à luz o Quarto Relatório, apresentando a mais ampla e atualizada síntese do conhecimento científico sobre o aquecimento global, confirmando, com muito elevado grau de confiança, que o homem é responsável pelo aquecimento presente, e detalhando com profundidade as evidências disponíveis e as condições atuais nos vários ecossistemas e na vida humana, bem como os impactos potenciais futuros sob diferentes cenários de emissão, sugerindo adicionalmente formas de combate às origens e efeitos do problema.[58]

O aquecimento global

Evidências

Recuo do Glaciar McCarty entre 1909 e 2004

Entre as evidências do aquecimento global, recolhidas através de estações meteorológicas, registros de paleoclima, batitermógrafos, satélites, entre outros métodos de medição, incluem-se:

  • Mudança na ocorrência geográfica de muitas espécies animais e vegetais de climas mais quentes em direção aos pólos, ou a altitudes mais elevadas;[5][67][68][1]
  • O adiantamento da ocorrência de eventos associados à primavera, como as cheias de rios e lagos decorrentes de degelo, brotamento de plantas e migrações de animais.[5]

Distribuição geográfica

O aquecimento verificado não foi globalmente uniforme, o que era previsto em teoria já desde o trabalho seminal de Arrhenius em 1896.[35] Os modelos climáticos esperavam que as regiões polares fossem as mais afetadas,[71][5] que os continentes aqueceriam mais do que os oceanos, e que o Hemisfério Norte aqueceria mais que o Sul. O Hemisfério Norte tem muito mais terras firmes do que o Sul, que absorvem mais calor do que o mar.[63][68][72] Os registros confirmam a previsão e indicam que a região próxima do Ártico aumentou suas temperaturas duas vezes mais rápido do que a média mundial nos últimos 100 anos.[5] Algumas partes do Ártico já se aqueceram de 4 a 5ºC desde 1950, enquanto a média mundial elevou-se menos de 1ºC em todo o século XX.[73] Projeções teóricas esperam que ele continue a experimentar os maiores índices de aquecimento.[68][73][73] Das causas para essa diferença regional a mais importante é a redução da cobertura perene de neve e gelo, reduzindo o albedo terrestre, mas também influem as mudanças na cobertura de nuvens e alterações na circulação marítima. Todos esses efeitos podem ser potencializados pela grande estabilidade da baixa troposfera sobre o Ártico (a chamada inversão ártica), que tende a concentrar o calor junto à superfície, embora o real papel da inversão seja disputado.[68][74][75][76][73]

Uma rápida elevação na temperatura também é observada no sul do globo, em trechos da Antártida, especialmente no centro-oeste e na Península Antártica, embora nestas regiões o fenômeno seja muito menos compreendido e muito mais polêmico pela menor disponibilidade de dados confiáveis e por estudos que trazem conclusões conflitantes. A causa do aquecimento antártico é incerta, mas foi atribuída a um aumento na potência dos ventos, originada por sua vez por alterações na camada de ozônio.[77][78][79][80] Também é possível que haja influência da maior concentração de gases estufa e aerosóis.[78]

Atribuição de causas

Em tese, vários fatores poderiam ser responsáveis por um aquecimento do sistema climático terrestre. No que diz respeito ao aquecimento rápido observado desde a segunda metade do século XIX, no entanto, as evidências observadas, sintetizadas principalmente no Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, apontam que o aquecimento é uma realidade inequívoca e que, com grau de confiança "muito alto" (equivalente a pelo menos 90% de certeza), sua origem deriva principalmente do efeito estufa intensificado pela atividade humana.[5][62] O relatório também considera "extremamente improvável" (menos de 5% de chance) que essas mudanças sejam explicáveis sem qualquer interferência humana, especialmente considerando que nos últimos 50 anos a tendência das causas naturais sozinhas teria sido provavelmente resfriar o planeta.[23]

Por efeito estufa entende-se a retenção de calor pela atmosfera, impedindo-o de se dissipar no espaço. O efeito estufa é um mecanismo natural fundamental para a preservação da vida no mundo e para a regulação e suavização do clima global, que oscilaria entre extremos diariamente se ele não existisse. Vários gases obstruem a perda de calor da atmosfera,[5][81][62] dos quais os mais importantes atualmente são o gás carbônico (dióxido de carbono ou CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (NO2), o ozônio (O3) e o vapor d'água, chamados em conjunto gases do efeito estufa ou, abreviadamente, gases estufa.[82] O diferencial contemporâneo é que o efeito estufa está sendo amplificado pelo homem.[83] A responsabilização das atividades humanas por esta amplificação é apoiada através de várias evidências:

Concentração na atmosfera (ppm) de cinco gases responsáveis por 97% do efeito estufa antropogênico (período 1976-2003).
  • A concentração do CO2 atmosférico está aumentando, e sua composição isotópica indica que ele tem origem fóssil, como a maioria de nossos combustíveis. A quantidade de O2 também tem diminuído de forma consistente com a liberação de CO2 por meio de combustão.[84][62] Nos últimos 800 mil anos a concentração de CO2 atmosférico manteve-se relativamente estável, variando de 170 a 300 ppm (partes por milhão). Contudo, desde a Revolução Industrial, iniciada em meados do século XVIII, a concentração atmosférica aumentou aproximadamente 35%,[62] atingindo o nível de 379 ppm em 2005[5] e 395 ppm em janeiro de 2013.[38] Nas últimas décadas, cerca de 80% desse aumento deriva da queima de combustíveis fósseis, e cerca de 20% advém do desmatamento e de mudanças nas práticas agrícolas.[62] O CO2 é o maior componente antropogênico do efeito estufa,[85] mas outros gases também estão elevando seus níveis atmosféricos, o que muito provavelmente também se deve à atividade humana. A elevação do metano se origina no uso de combustíveis fósseis e na agricultura, tendo passado de aproximadamente 715 ppb (partes por bilhão) pré-industrial para 1.774 ppb em 2005. A elevação do óxido nitroso, devida principalmente ao uso de fertilizantes, variou de 270 ppb pré-industrial para 319 ppb em 2005,[5] e os níveis de ozônio aumentaram de 25 para 34 ppb no mesmo período.[86]
  • Menos calor está escapando para o espaço. Num planeta em aquecimento, este fato é consistente apenas com um efeito estufa intensificado, pois analogamente a um cobertor (embora por mecanismos diferentes), ele retém o calor na atmosfera. Além disso, este calor é retido nas faixas de frequência correspondentes aos gases estufa, como o CO2 e CH4.[87]
  • Mais calor está retornando da atmosfera de volta à superfície.[88] Esta evidência é o outro lado da moeda da evidência anterior, pois o calor que deixa de ser liberado ao espaço acaba retornando para a superfície. Também nesse caso, observam-se os padrões no espectro de frequência que indicam a ação dos gases estufa.
  • O padrão de aquecimento nas diferentes profundidades dos oceanos é consistente com o que se esperaria com o aumento do efeito estufa.[89]
  • A forma com que têm se aquecido as diferentes camadas da atmosfera é consistente com o padrão provocado pelo aquecimento por aumento do efeito estufa.[90]
  • As temperaturas noturnas têm aumentado mais do que as diurnas. Os invernos têm apresentado maior aquecimento do que os verões.[91][92]

No seu conjunto, as evidências acima são consistentes apenas com a intensificação do efeito estufa causada pela atividade humana.

Análise de hipótese alternativa

Por exemplo, uma explicação "alternativa" popular é que o aquecimento recente poderia ser originado por maior atividade solar. À luz das evidências, entretanto, esta hipótese não se confirma: Neste caso, as temperaturas subiriam mais quando o sol está mais presente: durante o verão, e durante o dia; não haveria aumento de retenção de energia na atmosfera nas faixas de frequência dos gases estufa; e teria de haver aumento da atividade solar que justificasse, quantitativamente, o aquecimento observado. Ao contrário, não há tendência de aumento dessa atividade pelo menos nos últimos 60 anos. É certo que, na história geológica de nosso planeta, variações de irradiância solar tiveram consequências climáticas importantes. Todavia, o aquecimento das últimas décadas não pode ser atribuído a isso.[93][94][62]

Consequências

Projeção do aquecimento global até meados do século XXI
Projeção das mudanças no regime de chuvas anual até o fim do século XXI

Devido aos seus efeitos amplificados sobre a saúde humana, economia e meio ambiente, o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Importantes mudanças ambientais têm sido observadas e foram ligadas ao aquecimento global com grande nível de certeza.[5] Os exemplos de evidências secundárias citadas abaixo (diminuição da cobertura de gelo, aumento do nível do mar, mudanças dos padrões climáticos) são exemplos das consequências do aquecimento global que podem influenciar não somente as atividades humanas, mas também os ecossistemas de todo o mundo. O aumento da temperatura global induz à mudança nas condições que mantém estáveis os ecossistemas; algumas espécies podem ser forçadas a sair dos seus habitats, com risco de extinção, enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas.[1][95][68][5]

O aquecimento da superfície favorecerá um aumento da evaporação dos oceanos, o que fará com que a atmosfera seja mais saturada de vapor d'água, aumentando cada vez mais o efeito de estufa porque o vapor d'água é o gás estufa mais importante, sobretudo porque ele existe em grande quantidade na nossa atmosfera naturalmente.[61] Podemos, nesse caso, esperar um aquecimento médio de 4 a 6°C na superfície.

Mas mais umidade (vapor de água) no ar pode também significar uma presença de mais nuvens na atmosfera o que se pensa que, em média, poderá causar um efeito de arrefecimento. As nuvens têm de fato um papel importante no equilíbrio energético porque controlam a energia que entra e que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra, ao refletirem a luz solar para o espaço, e podem aquecê-la por absorção da radiação infravermelha radiada pela superfície, de um modo análogo ao dos gases associados ao efeito de estufa. Variações regionais são esperadas e o efeito dominante depende de muitos fatores, entre eles a altitude e do tamanho das nuvens e das suas gotículas. Pesquisas recentes mostram que as nuvens interagem também com muitas outras alterações físicas e biológicas da Terra, por exemplo o aumento nos níveis de aerosois antropogênicos, o aumento na umidade troposférica e as emissões imprevisíveis por vulcanismo, e teoriza-se que possam sofrer influências tão distantes quanto dos raios cósmicos, que poderiam ser capazes de afetar a formação dos núcleos primários de condensação das gotículas da chuva. Efeitos combinados de mudanças no tipo ou quantidade de nuvens, maior umidade e temperatura também devem afetar a produção de precursores biológicos do ozônio atmosférico, mas todo o papel das nuvens no aquecimento ainda é incerto.[68][96]

Por outro lado, espera-se que o aquecimento provoque uma alteração significativa mas desigual no regime de chuvas em todo o mundo, provavelmente afetando a agricultura, as pastagens e a produção de alimentos de modo negativo, potencializando a escalada da pobreza e da fome, e implicando o uso mais intenso de recursos tecnológicos, pesticidas e adubos nas plantações, o que eleva os custos de produção, contamina o ambiente e causa dano à saúde dos consumidores;[6][7][97][98] Consequências previstas disso são a redução dos mananciais de água potável,[7] e a desertificação das áreas subtropicais, reduzindo as áreas férteis necessárias às lavouras e fazendo desaparecer florestas, de onde o homem obtém madeira e vários outros produtos naturais valiosos, e que são responsáveis por boa parte da produção de oxigênio e da redução dos níveis de gás carbônico. Com a diminuição da capacidade da natureza de reciclar o gás carbônico, o efeito estufa se realimenta.[6][7][97][99][98]

Declínio na quantidade de gelo flutuante no oceano Ártico entre 2012 e 1984
Tufões Parma e Melor em 2009. O aumento da ocorrência ou intensidade de fenômenos de clima extremo como esses é uma consequência provável do aquecimento global

Na região do Ártico, a que mais deve se aquecer,[68] já foi observada uma migração de espécies exóticas arbóreas e arbustivas perenes para uma faixa de 4 a 7º de latitude em direção ao norte nos últimos 30 anos, equivalendo a 9 milhões de km², invadindo sistemas de tundra e redefinindo as características e a biodiversidade de toda essa região. Dos 26 milhões de km² de área vegetada do Ártico, de 32 a 39% já sofreram um aumento nos índices de crescimento de vegetais no mesmo período. Prevê-se que uma faixa adicional de 20º possa ser invadida até o fim do século por causa do aquecimento global, se a tendência continuar. Além da colonização por novas espécies, a região pode experimentar secura de lagos e fontes, maior frequência de incêndios e pragas, redução do solo congelado permanentemente (permafrost), redução na área coberta por neve e gelo, e outros efeitos, inclusive com impacto econômico negativo para as comunidades que lá vivem. O derretimento do permafrost deve liberar grandes quantidades de gás carbônico e metano fixados no solo congelado, amplificando o efeito estufa.[1][95][2][100][68] Dados da NASA, em 2012, revelam que o gelo terrestre total perdido da Groenlândia, Antártida e das geleiras da Terra e calotas polares entre 2003 e 2010 totalizou cerca de 4,3 trilhões de toneladas, adicionando cerca de 12 milímetros ao nível do mar.[101]

Também estão previstas a mudança no padrão dos ventos e o aumento na ocorrência ou na intensidade dos episódios de tempo severo, como as ondas de calor ou frio extremos e os ciclones tropicais.que frequentemente resultam em perdas de vidas, impactos ambientais adicionais ou destruições significativas.[99][7][102][103] Os ciclones tropicais são as catástrofes naturais que mais causam prejuízos nos países desenvolvidos, e são a maior causa de fatalidades e ferimentos também decorrentes de catástrofes naturais nos países em desenvolvimento.[104]

O aumento no número de mortos, desabrigados e perdas econômicas previstas devido ao clima severo atribuído ao aquecimento global pode ser piorado pelas densidades crescentes de população em áreas afetadas, apesar de ser previsto que as regiões temperadas tenham alguns benefícios menores, tais como poucas mortes devido à exposição ao frio. Um sumário dos prováveis efeitos e conhecimentos atuais pode ser encontrado no relatório feito para o Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC pelo Grupo de Trabalho 2. Já o resumo do mais recente, Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, informa que há evidências observáveis de um aumento no número de ciclones tropicais no Atlântico Norte desde por volta de 1970, em relação com o aumento da temperatura da superfície do mar, mas que a detecção de tendências a longo prazo é difícil pela qualidade dos registros antes das observações rotineiras dos satélites. O resumo também diz que não há uma tendência clara do número de ciclones tropicais no mundo.[105]

Outras repercussões antecipadas incluem reduções na camada de ozônio e aumento na incidência e mudanças na distribuição geográfica de várias doenças, especialmente as cardiorrespiratórias, as infecciosas e as ligadas à má nutrição, elevando significativamente os custos com a assistência médica e social.[99][7]

Esses efeitos têm um grande impacto potencial, e em muitos aspectos já verificado, em uma vasta população humana, e prejudicam diretamente a biodiversidade ao interferirem no equilíbrio dos ecossistemas, provocando um aumento no ritmo já acelerado de novas extinções de espécies inteiras. Com o progressivo declínio da biodiversidade, as cadeias alimentares se rompem, o ciclo dos componentes inorgânicos se perturba, o processo entrópico se auto-reforça e, além de certo ponto, os ecossistemas tendem a entrar em colapso irreversível.[99][7][106] Um estudo prevê que 18% a 35% de 1103 espécies de plantas e animais serão extintas até 2050, baseado nas projeções do clima no futuro.[107]

Entretanto, o aquecimento global também pode ter efeitos positivos, uma vez que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem aprimorar a produtividade do ecossistema. Observações de satélites mostram que a produtividade do hemisfério Norte aumentou desde 1982. Por outro lado é fato de que o total da quantidade de biomassa produzida não é necessariamente muito boa, uma vez que a biodiversidade pode no silêncio diminuir apesar de um pequeno número de espécies estar florescendo.

Efeitos sobre o mar

Mapa indicando as variações regionais no nível do mar entre 1993 e 2010
Elevação recente do nível médio dos oceanos.

Uma outra causa de grande preocupação é a subida do nível do mar. O nível dos mares é sujeito a muitas variáveis naturais e, ao contrário do que se poderia imaginar, é bastante desigual nas diferentes regiões oceânicas. Sua medição é muito complexa, mas encontrou-se que entre 1961 e 2003 o nível médio aumentou 1,8 (±0,5) milímetros por ano, e entre 1993 e 2003 o ritmo foi de 3,1 (±0,7) mm por ano.[108] Foi preciso ter em conta muitos fatores para se chegar a uma estimativa do aumento do nível do mar no passado. Mas diferentes investigadores, usando métodos diferentes, acabaram por confirmar o mesmo resultado. O cálculo que levou à conclusão não foi simples de fazer. Na Escandinávia, por exemplo, as medidas realizadas parecem indicar que o nível das águas do mar está a descer cerca de 4 milímetros por ano. No norte das Ilhas Britânicas, o nível das águas do mar está também a descer, enquanto no sul se está a elevar. Isso deve-se ao fato da Fennoscandia (o conjunto da Escandinávia, da Finlândia e da Dinamarca) estar ainda a subir, depois de ter sido pressionada por glaciares de grande massa durante a última era glacial. Demora muito tempo a subir porque é só muito lentamente que o magma consegue fluir para debaixo dela; e esse magma tem que vir de algum lado próximo, como os Países Baixos e o sul das Ilhas Britânicas, que se estão lentamente a afundar. Em Bangkok, por causa do grande incremento na extração de água para uso doméstico, o solo está a afundar-se e os dados parecem indicar que o nível das águas do mar subiu cerca de 1 metro nos últimos 30 anos.

O aquecimento global provoca subida dos mares principalmente por causa da expansão térmica das águas, e calcula-se que seja responsável por pelo menos 0,4 (±0,1) mm da elevação anual. O segundo fator mais importante é o derretimento de calotas polares e camadas de gelo sobre as montanhas, que são muito mais afetados pelas mudanças climáticas do que as camadas de gelo da Gronelândia e Antártica, que não se espera que contribuam significativamente para o aumento do nível do mar nas próximas décadas, por estarem em climas frios, com baixas taxas de precipitação e derretimento. O conhecimento da dinâmica marinha ainda é muito incompleto, mas já existe um consenso de que o nível do mar vai continuar a se elevar pelos séculos à frente, mesmo com a estabilização imediata das emissões de gases estufa.[99][108]

Alguns cientistas estão preocupados que no futuro a camada de gelo polar e os glaciares possam derreter significativamente. Se isso acontecesse, poderia haver um aumento do nível das águas em muitos metros. No entanto, os cientistas não esperam um maior derretimento nos próximos 100 anos e prevê-se um aumento do nível das águas entre 18 e 59cm até o fim deste século, conforme o modelo utilizado, o que já pode desencadear consequências importantes.[108][109]

Muitas ilhas e regiões litorâneas baixas, onde se concentra uma parte expressiva da população mundial e onde hoje florescem muitas megacidades, como Hong Kong, Nova Iorque, Rio de Janeiro, Buenos Aires, podem vir a ser inundadas em graus variáveis, o que causará perdas materiais e culturais incalculáveis e migrações em massa para regiões mais elevadas.[99][7] Os ecossistemas costeiros também vão ser afetados, causando sua degradação ou erradicação, com perdas importantes de biodiversidade.[7]

A combinação de aquecimento, derretimento dos gelos e elevação do nível do mar também tem o efeito de modificar a circulação termoalina e as correntes marinhas.[110] A Corrente do Atlântico Norte, por exemplo, é provocada por diferenças de temperatura entre os mares. E aparentemente ela está enfraquecendo à medida que a temperatura média global aumenta. Isso significa que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas pela corrente poderão apresentar climas mais frios a despeito do aumento do aquecimento global.

Esses efeitos sobre o mar se complicam com outros. Já existem vários indícios de que a salinidade está diminuindo em vários mares do mundo, com impacto potencial mas indeterminado sobre a bioquímica marinha. Embora as evidências não sejam suficientes para indicar uma causa com segurança, parece provável a influência das mudanças climáticas globais, especialmente o degelo de glaciares e banquisas polares e mudanças nas chuvas e na umidade atmosférica.[111]

Animais mortos por desoxigenação no fundo do mar Báltico, 2006.

Com mais certeza já se sabe que também os gases atmosféricos em alteração estão mudando a composição química dos oceanos, já que eles se dissolvem nas águas a partir da atmosfera e voltam para o ar em um processo ininterrupto de intercâmbio e equilíbrio mútuo. Todos os ecossistemas marinhos dependem fortemente das condições do mar próximas da superfície, onde as águas são mais sujeitas à influência da atmosfera. O efeito é potencializado pelo aumento das temperaturas oceânicas e está relacionado a muitos outros efeitos secundários físicos e biológicos que por sua vez influem de volta sobre a atmosfera, sendo importantes reguladores naturais do clima. Os oceanos são os maiores sequestradores de CO2 atmosférico, mas sua capacidade de absorção parece estar sendo sendo saturada.[112] Ao mesmo tempo em que aumentam as concentrações de CO2, fazendo com que as águas se tornem mais ácidas, baixam as de O2 (oxigênio), que é vital para o sustento dos organismos. O conhecimento científico destes aspectos ainda precisa ser muito aprofundado, mas vários estudos sugerem que deve haver mudanças biológicas em larga escala. Observações mais pontuais já indicaram que a biologia de vários grupos de criaturas aquáticas já foi afetada em alguma medida em várias regiões oceânicas, desde o plâncton, que está na base da cadeia alimentar, passando por corais e moluscos de concha, até grandes peixes, fazendo com que apresentem distúrbios de comportamento e de crescimento, ou diminuam suas populações.[112][113][114][115][116][117] Acrescentando-se a isso o aumento da poluição marítima por outros contaminantes antropogênicos, como agrotóxicos e fertilizantes, descarregados no mar pelos rios e pelas chuvas, espera-se que as mudanças sejam severas e venham a afetar virtualmente toda a vida marinha no longo prazo.[114][118][117][112][119] Já foram identificadas mais de 400 "zonas mortas" em mares de todo o mundo.[118] Para o homem, a consequência potencial disso tudo é o sério comprometimento dos estoques de peixes, moluscos e crustáceos para consumo, que constituem alimento básico ou importante para grande parte da população mundial.[6][7] Segundo estudo publicado pela Royal Society, mesmo que a poluição química dos mares cesse imediatamente, a acidificação precisará de milênios para ser revertida por processos naturais, e não foi provado que o homem poderá revertê-la artificialmente.[114]

Possíveis impactos na Amazônia

Analisando quantitativamente as prováveis alterações e redistribuições dos grandes biomas brasileiros em resposta a cenários de mudanças climáticas projetadas por seis diferentes modelos climáticos globais avaliados pelo IPCC para o final do Século XXI, temos resultados diferentes para cada projeção de modelo climático. Resultado das projeções convergirem para o estudo do aumento da temperatura.

Com uma média das projeções, obtemos um aumento da áreas de savana na América do sul tropical, dentre esses modelos alguns indicam diminuição das chuvas na Amazônia, outros não indicam alteração, enquanto um deles chega projetar aumento das chuvas.

Alguns estudos sobre resposta das espécies da flora e da fauna Amazônica e do Cerrado indicam que para um aumento de 2 a 3 °C na temperatura média até 25% das árvores do cerrado e até cerca de 40% de árvores da Amazônia poderiam desaparecer até o final deste Século.[120]

O consenso científico e a controvérsia popular

Os principais aspectos do aquecimento global estão bem estabelecidos na ciência, como a propriedade dos gases estufa de reterem radiação infravermelha, o aumento de temperatura decorrente da maior concentração destes gases, a causa humana em sua acumulação, e a importância deste aquecimento no clima. De fato, o consenso do meio científico a este respeito é virtualmente unânime, e foi expresso enfaticamente pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o principal fórum internacional de discussões de alto nível a respeito do tema.[59] O Painel, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho sobre o aquecimento global,[121] já produziu quatro relatórios principais e muitos outros documentos subsidiários, elaborados por milhares de cientistas de todas as partes do mundo. O 4º relatório apenas, teve a participação de mais de 3.500 pesquisadores,[59] sendo considerado pelo International Council for Science o mais vasto levantamento científico jamais realizado em qualquer área do conhecimento, representando "o conhecimento coletivo mais atual sobre o sistema do clima, sua evolução e seu desenvolvimento futuro".[58] Segundo Boykoff & Boykoff, "com crescente certeza, o Painel vem afirmando que o aquecimento global é um problema sério que sofre influência humana, e deve ser enfrentado imediatamente".[9]

Ficheiro:"Stop Global Warming", Greenpeace.jpg
Balão em forma de boneco de neve em protesto do Greenpeace contra o aquecimento global durante a Cúpula do G8 em 2007

O Painel recebeu também o apoio de muitas organizações científicas influentes, entre elas a Royal Meteorological Society do Reino Unido,[122] a Network of African Science Academies, com a participação de academias nacionais de 13 países africanos,[123] o Relatório Conjunto das academias científicas de 11 países,[124] a National Oceanic and Atmospheric Administration dos Estados Unidos,[125] a European Geosciences Union,[126] e o já citado International Council for Science, representando 119 organizações científicas nacionais e 30 organizações internacionais.[58] Outra importante síntese científica internacional, a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, realizada e revista por mais de 2.000 pesquisadores, aceitou as conclusões gerais do Painel, afirmando que o homem é o responsável por várias atividades que têm como consequência a emissão de gases estufa e o aquecimento global, e que isso terá repercussões potencialmente muito graves e de longo prazo sobre o mundo inteiro se medidas suficientes em contrário não forem tomadas.[127]

Reforçando este consenso, um levantamento realizado em periódicos científicos pela historiadora da ciência Naomi Oreskes analisou os 928 artigos publicados entre 1993 e 2003 a respeito de mudanças climáticas, e não encontrou um único estudo que rejeitasse a posição de consenso.[14] De acordo com The National Academies, uma reunião de academias científicas nacionais dos Estados Unidos, as principais dúvidas ainda existentes dizem respeito apenas à velocidade de aumento na taxa deste aquecimento e a que níveis ele vai chegar, bem como ainda não se sabe exatamente como e em que extensão as diversas regiões do mundo serão afetadas localmente.[16]

Em contraste, a mídia não-científica, numa enganosa busca por equilíbrio e imparcialidade, com frequência procura apresentar "os dois lados" da questão. Como o grande público obtém suas informações principalmente da mídia, essa divergência de interpretações tem sido apontada como um importante fator para a pouca importância que o público dá ao problema, o que se reflete na presente dificuldade de se adotar em larga escala medidas preventivas e mitigadoras do aquecimento. Uma pesquisa feita com alguns grandes e influentes jornais dos Estados Unidos, analisando 3.543 artigos que trataram do aquecimento no período de 1988 a 2002, encontrou que 52,65% dos artigos dava peso igual a quem negava e a quem afirmava que a atividade humana tem impacto sobre o clima. Discutindo o que deveria ser feito, apenas 10,6% acatavam o consenso científico e enfatizavam a necessidade de ação internacional urgente e compulsória, enquanto 78,2% apresentavam um texto "equilibrado", induzindo a opinião pública a tirar conclusões equivocadas. Analisando cronologicamente o impacto do problema entre o público, a mesma pesquisa mostrou que entre 1988 e 1989, quando o aquecimento começou a chamar grande atenção internacional, os jornais diziam praticamente o mesmo que os cientistas, mas que desde então vêm sendo impostas ao público dúvidas artificiais e a distância entre a opinião científica e a popular vem se alargando.[9]

Esta discrepância é corroborada por outro estudo, em que entrevistados respondiam se 1) as temperaturas globais eram maiores hoje que no século XIX e 2) se a ação humana tinha um papel significativo nisso. Apenas 47% do público em geral respondeu afirmativamente às duas questões. A proporção tornou-se gradativamente maior quanto mais o segmento pesquisado tinha conhecimento na área de climatologia, chegando a 97% de concordância entre os climatólogos em atividade, que publicavam estudos neste campo.[128] Levantamento independente posterior encontrou os mesmos resultados.[129]

Também há muitas evidências de que grandes corporações comerciais, cujos interesses podem ser prejudicados por medidas contra o aquecimento, exercem pressão sobre instituições, grupos, governos e políticos, e financiam campanhas e pesquisas fraudulentas, com o intuito de confundir propositalmente a opinião pública e induzi-la a acreditar que os problemas não são reais ou importantes, dificultando a implementação de leis e ações contra o aquecimento. Várias denúncias já foram feitas na imprensa e mesmo por academias científicas.[10][11][130][131][132][12][9] Numa atitude sem precedentes, em 2006 a Royal Society, a mais destacada associação científica do Reino Unido, solicitou à ExxonMobil, a maior companhia petrolífera do mundo e uma grande lobista, que parasse de financiar grupos e pesquisas que negassem ou minimizassem as evidências sólidas já acumuladas sobre a realidade do aquecimento global, acusando-a de ter gasto, somente em 2005, quase 3 milhões de dólares nesta atividade.[10] Nos Estados Unidos, um dos poucos países que não ratificaram o Protocolo de Quioto, cientistas ligados a sete organizações científicas governamentais relataram pressões para eliminar as palavras "mudanças climáticas", "aquecimento global" ou similares de suas comunicações para não enfraquecer a política de ceticismo do governo Bush. Um relatório apresentado ao Congresso dos Estados Unidos referiu que metade dos climatologistas entrevistados disseram ter percebido ou pessoalmente sofrido essa pressão, e dois quintos deles afirmaram que já tiveram relatórios seus modificados, alterando suas conclusões.[13][133]

A pesquisadora Caren Cooper, da Universidade de Cornell, analisando os problemas gerados pelas dúvidas e incertezas que ainda circulam popularmente sobre a realidade ou a gravidade do aquecimento global, advertiu que se o grande público não adquirir uma sólida confiança na ciência e acatar suas recomendações, os governos democráticos não conseguirão enfrentar com sucesso o problema, porque sua base de apoio popular está dividida e insegura ou não se importa com a questão. Além disso, como antes foi mencionado, a força das mídias e dos grupos de pressão política e econômica é imensa, conduzindo os debates públicos e a criação de leis muitas vezes de acordo com seus interesses exclusivos. Ainda segundo Cooper, esses agentes que negam as mudanças climáticas têm sido formadores de opinião muito mais eficientes do que os cientistas e professores, porque suas mensagens criam nas pessoas a impressão de que o que a imprensa divulga é o bastante para capacitá-las a participar legitimamente do debate científico de alto nível e criticar suas conclusões, uma impressão que, ela enfatiza, é profundamente equivocada.[8] Outra pesquisadora, Naomi Oreskes, em artigo publicado na revista Science, resumiu a questão da seguinte maneira:

"Os políticos e a mídia, especialmente nos Estados Unidos, frequentemente afirmam que a ciência do clima é altamente incerta. Alguns têm usado este argumento contra a adoção de medidas fortes para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.... Algumas corporações, cujos lucros poderiam ser afetados negativamente pelo controle das emissões de gás carbônico, também têm alegado que a ciência padece de graves incertezas. Tais declarações sugerem que poderia persistir uma controvérsia significativa dentro da comunidade científica sobre a realidade da mudança climática causada pelo homem. Mas isso não é verdade. O consenso científico é claramente expresso nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.... O Painel não está sozinho em suas conclusões. Nos anos recentes, todos os principais corpos científicos nos Estados Unidos cujos membros são peritos no assunto têm publicado declarações semelhantes.... Certamente, os autores que avaliaram os impactos, desenvolveram métodos ou estudaram as mudanças paleoclimáticas poderiam acreditar que a mudança é natural. Contudo, nenhum deles considerou essa hipótese.... Muitos detalhes sobre as interações do clima não são bem entendidos, e há muito espaço para mais pesquisas que forneçam uma base mais sólida para nosso entendimento da dinâmica do clima. Mas há um consenso sobre a realidade da causa humana na mudança climática. Os cientistas têm reiteradamente tentado deixar isso claro. É hora de o resto de nós ouvir o que eles dizem".[14]

Adaptação e mitigação

Ficheiro:Earthhourkm.jpg
Divulgação da campanha internacional Hora do Planeta contra o aquecimento global e para o mundo repensar seu estilo de vida.[134]
Discurso de Ban Ki-moon, Secretário-geral das Nações Unidas, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2010, em Cancún, México.
Protesto contra o uso do carvão, um combustível fóssil, diante do prédio do Legislativo de Olympia, nos Estados Unidos.

O amplo consenso entre os cientistas do clima de que as temperaturas globais continuarão a aumentar tem levado nações, estados, empresas e cidadãos a implementar ações para tentar reduzir o aquecimento global ou ajustar-se a ele. Os permanentes estudos e o grande número de ações civis poderão um dia resultar em uma mudança cultural e meios economicamente viáveis de enfrentar de forma eficaz ações antrópicas que emitem gases-estufa. Um exemplo é o projeto Fábrica Verde que já foi realizado na cidade universitária em São Paulo-SP, onde, por meio da compostagem, evita-se a disposição de resíduos orgânicos em aterros sanitários. Muitos grupos ambientais encorajam ações individuais contra o aquecimento global, frequentemente por parte dos consumidores, mas também através de organizações comunitárias e regionais. Outros têm sugerido o estabelecimento de um limite máximo para a produção de combustíveis fósseis, citando uma relação direta entre a produção de combustíveis fósseis e as emissões de CO2.[135][136]

Também têm ocorrido ações de negócios sobre a mudança climática, incluindo esforços no aumento da eficiência energética e uso de fontes alternativas. Uma importante inovação tem sido o desenvolvimento de um comércio de emissões dos gases do efeito estufa através do qual empresas, em conjunto com os governos, concordam em limitar suas emissões ou comprar créditos daqueles que emitiram menos do que as suas quotas.

O principal acordo mundial para combater o aquecimento global é o Protocolo de Quioto, uma emenda à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, negociado em 1997. O protocolo abrange mais de 160 países e mais de 55% das emissões de gases do efeito estufa.[137] Apenas os Estados Unidos, historicamente o maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, e o Cazaquistão, recusaram-se a ratificar o tratado. A China e a Índia, dois outros grande emissores, ratificaram o tratado, mas como países em desenvolvimento, estão isentos de algumas cláusulas. Segundo alguns estudos a China poderá ter já ultrapassado os Estados Unidos como maior emissor de gases de efeito estufa. O líder chinês Wen Jiabao exortou a nação a redobrar os seus esforços no combate à poluição e ao aquecimento global.[138] Este tratado expira em 2012, e debates internacionais iniciaram-se em maio de 2007 sobre um novo tratado para suceder ao vigente.[139]

O aumento das descobertas científicas sobre o aquecimento global tem resultado em debates políticos e econômicos. Regiões pobres, em particular a África, têm grandes chances de sofrerem a maior parte dos efeitos do aquecimento global, enquanto suas emissões são desprezíveis em relação às emissões dos países desenvolvidos.[140] Ao mesmo tempo, isenções de países em desenvolvimento de algumas cláusulas do Protocolo de Quioto têm sido criticadas pelos Estados Unidos e estão sendo usadas como sua justificativa para não ratificar o protocolo.[141] No ocidente, a ideia da influência humana no clima e os esforços para combatê-lo ganharam maior aceitação na Europa que nos Estados Unidos.[142][143]

Este problema acendeu debates nos Estados Unidos sobre os benefícios em limitar as emissões industriais de gases do efeito estufa para reduzir os impactos no clima versus os efeitos que isso causaria na atividade econômica. Há também discussões em diversos países sobre o custo de adotar fontes de energia alternativas e mais limpas para reduzir as emissões.

O debate passa também pela questão de saber em que medida é que países recém-industrializados, como China e Índia, deverão ter o privilégio de aumentar suas emissões industriais, especialmente a China, uma vez que se espera que ela ultrapasse os Estados Unidos na emissão de gases do efeito estufa até 2010.[144]

Outro problema levantado diz respeito aos efeitos da mitigação do aquecimento global serem tão nefastos para algumas populações indígenas como o próprio aquecimento global. Segundo algumas organizações de defesa de direitos indígenas, como a Survival International e a Amazon Watch, estas populações, que são já as mais afectadas pelas consequências dos efeitos do aquecimento global, enfrentam efeitos devastadores face a programas classificados "verdes" como a indústria hidroeléctrica e os biocombustíveis.[145][146][147]

A União Europeia pretende, até 2050, reduzir entre 60% e 80% as emissões de gases estufa, aumentar em 30% a eficiência energética, e aumentar para 60% a percentagem de energias renováveis, face ao consumo energético total da UE.[148]

Referências

  1. a b c d Myneni, Ranga. "Amplified Greenhouse Effect Shaping North into South". EurekAlert,, 10/03/2013
  2. a b Hansen, Kathryn. "Amplified Greenhouse Effect Shifts North's Growing Seasons". NASA Headquarters Press Release, 10/03/2013
  3. a b IPCC (2007a) [Solomon, S., D. Qin, M. Manning, Z. Chen, M. Marquis, K.B. Averyt, M. Tignor and H.L. Miller (eds.)]. Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press, 2007, p. 5
  4. United States National Academy of Sciences. "Understanding and Responding to Climate Change", 2008.
  5. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v IPCC (2007b) [Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007
  6. a b c d Lu, Jian; Vechhi, Gabriel A.; Reichler, Thomas. "Expansion of the Hadley cell under global warming". In: Geophysical Research Letters, 2007; 34(6):L06805
  7. a b c d e f g h i j Nellemann, C. et alii (Eds). "The environmental food crisis – The environment’s role in averting future food crises". UNEP Rapid Response Assessment Series. United Nations Environment Programme, GRID-Arendal
  8. a b Cooper, Caren B. "Media literacy as a key strategy toward improving public acceptance of climate change science". Resumo. In: BioScience, 2011; 61(03):231-237.
  9. a b c d e f Boykoff, Maxwell T. & Boykoff, Jules M. "Balance as Bias: global warming and the U.S. prestige press". In: Global Environmental Change, 2004; 14:125–136
  10. a b c Adam, David. "Royal Society tells Exxon: stop funding climate change denial". The Guardian, 20/09/2006
  11. a b Begley, Sharon. "The Truth About Denial". Newsweek Magazine, 13/08/2007
  12. a b Sandell, Clayton. "Report: Big Money Confusing Public on Global Warming". ABC News, 03/01/2007
  13. a b "US climate scientists pressured on climate change". NewScientist, 31/01/2007
  14. a b c d Oreskes, Naomi. "Beyond the Ivory Tower: The Scientific Consensus on Climate Change". In: Science, dez/2004; 306(5702):1686
  15. "Joint Science Academies' Statement: Global response to climate change". The National Academies, 07/06/2005
  16. a b c The National Academies. "Understanding and Responding to Climate Change". Highlights of National Academies Reports, 2008
  17. United Nations. "Article 2". In: The United Nations Framework Convention on Climate Change. 09/05/1992
  18. United Nations Framework Convention on Climate Change. "Kyoto Protocol: Status of Ratification". 14/01/2009
  19. United States Environmental Protection Agency. "Climate Change Basics", 14/06/2012.
  20. United Nations. United Nations Framework Convention on Climate Change.
  21. IPCC (2007a), pp. 449-454
  22. IPCC (2007a), pp. 244; 460-469
  23. a b IPCC (2007a), p. 665
  24. IPCC (2007a), pp. 244; 466–478
  25. a b c Brohan, P., et al. "Uncertainty estimates in regional and global observed temperature changes: A new dataset from 1850". In: J. Geophys. Res., 2006; 111, D12106, doi:10.1029/2005JD006548
  26. a b c Smith, T.M., & R.W. Reynolds. "A global merged land and sea surface temperature reconstruction based on historical observations (1880–1997)". In: J. Clim., 2005; 18:2021–2036.
  27. a b Hansen, J., et al. "A closer look at United States and global surface temperature change". In: J. Geophys. Res., 2001; 106:23947–23963.
  28. K.M. Lugina et al. "Monthly surface air temperature time series area-averaged over the 30-degree latitudinal belts of the globe, 1881-2005". In: Trends: A Compendium of Data on Global Change. Carbon Dioxide Information Analysis Center. Oak Ridge National Laboratory, U.S. Department of Energy, 2006
  29. IPPC (2007a), p. 243
  30. a b Met Office. "Frequently Asked Questions". Met Office, Hadley Center Observations Dataset, 19/01/2011
  31. National Oceanic and Atmospheric Administration. "Upper Atmospheric Temperatures", 21/12/2011
  32. National Oceanic and Atmospheric Administration. "Global Surface Temperature Anomalies", 17/09/2012
  33. IPCC Fourth Assessment Report: Climate Change 2007: Working Group I: The Physical Science Basis
  34. Matthew Elrod, "Greenhouse Warming Potential Model." Based on Journal of Chemical Education, Vol 76, pp. 1702–1705, December 1999
  35. a b Arrhenius, Svante."On the Influence of Carbonic Acid in the Air upon the Temperature of the Ground". In: "'The London, Edinburgh and Dublin Philosophical Magazine and Journal of Science, V Series, abril de 1896
  36. Levenson, Paul B. "Estimates of Climate Sensitivity", edição do autor, 07/16/2007, atualizado em 02/05/2011
  37. Knutti, R. & Hegerl, G. "The Equilibrium Sensitivity of the Earth’s Temperature to Radiation Changes". In: Nature Geoscience, 26/10/2008; 1:735-743
  38. a b National Oceanic and Atmospheric Administration [Dlugokencky, Ed & Tans, Pieter.]. "Trends in Atmospheric Carbon Dioxide", 27/10/2012
  39. IPCC (2007a), p. 790
  40. Royce, B.S.H., Lam, S. H. "The Earth’s Climate Sensitivity and Thermal Inertia". Department of Mechanical and Aerospace Engineering, Princeton University, 03/02/2011
  41. Meehl, Gerald A. et al. "How Much More Global Warming and Sea Level Rise". In: Science, 18/03/2005; 307(5716): 1769–1772. doi=10.1126/science.1106663
  42. IPCC. "Climate Change 2007: Synthesis Report: Glossary A-D". In: IPCC Fourth Assessment Report: Climate Change, 2007
  43. "Global Climate Change". U.S. Global Change Research Program, 30/09/2012
  44. IPCC (2007a), p. vii
  45. Schaefer, K. et al."Amount and timing of permafrost carbon release in response to climate warming". In: Tellus B, 04/2011; 63:165–180.
  46. Hansen, James. "Climatic Change: Understanding Global Warming". In: Robert Lanza. One World: The Health & Survival of the Human Species in the 21st century. Health Press, 2000. pp. 173–190
  47. IPCC (2007a), pp. 683-691
  48. Rahmstorf, S. et al. "Recent Climate Projections Compared to Observations". In: Science, 04/05/2007; 316(5825):709
  49. Stroeve, J. et al. "Arctic Sea Ice Decline: Faster than Forecast". In: Geophysical Research Letters, 04/05/2007; 34(09):501
  50. a b c d Conway, Erik. What's in a Name? Global Warming vs. Climate Change. NASA, acesso em 13/03/2013
  51. IPCC (2007a), pp. 103-106
  52. Emissions Inventory and Analysis Group, The United States Environmental Protection Agency. "Air Emission Sources: Basic Information", 09/09/2011
  53. Hansen, J. et al. "Climate Impact of Increasing Atmospheric Carbon Dioxide". In: Science, 28/08/1981; 213(4511)
  54. Hansen, J. et al."Global Climate Changes as Forecast by Goddard Institute for Space Studies Three Dimensional Model". In: Journal of Geophysical Research. 20/08/1988; 93(D8):9341-9364.
  55. Hansen, J. et al. "Global Temperature Change". In: Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 26/09/2006; 103(39): 14288–14293
  56. Schmidt, G."Evaluating a 1981 temperature projection". Real Climate, 02/04/2012
  57. Schabecoff, W. "Global Warming Has Begun, Expert Tells Senate". The New York Times, 24/06/1988
  58. a b c d e International Council for Science. Controversy around the 4th IPCC Assessment, fevereiro de 2010
  59. a b c IPCC. Understanding Climate Change: 22 years of IPCC assessment, 2010.
  60. [http://www.ipcc.ch/ipccreports/1992%20IPCC%20Supplement/IPCC_1990_and_1992_Assessments/English/ipcc_90_92_assessments_far_overview.pdf
  61. a b c d e f g Met Office. Evidence: The state of the climate, 2010
  62. a b c d e f g h i j National Oceanic and Atmospheric Administration. "Global Climate Change indicators", 2011.
  63. a b NASA. "GISS Surface Temperature Analisys (GISTEMP)", acesso em 11/11/2012
  64. World Glacier Monitoring Service. "Global Glacier Changes: facts and figures", 2008
  65. National Snow and Ice Data Center. Northerns Hemisphere Snow, 2008
  66. Arctic Climate Research. "Global Sea Ice Area". University of Illinois, acesso em 16/11/2012
  67. Parmesan, Camille & Yohe, Gary. "A globally coherent fingerprint of climate change impacts across natural systems". In: Nature, 2003; 421(6918):37-42.
  68. a b c d e f g h Kaplan, Jed O. & New, Mark. "Arctic climate change with a 2ºC global warming: Timing, climate patterns and vegetation change". In: Climatic Change, 2006; 79:213–241
  69. Colorado Center for Astrodynamics Research. "Global Mean Sea Level Time Series". University of Colorado at Boulder, 22/08/2012
  70. Murphy, D. et al. "An observationally based energy balance for the Earth since 1950". In: Journal of Geophysical Research, 2009; 114(D17):D17107.
  71. Gillett, Nathan P. et al. "Attribution of polar warming to human influence". In: Nature Geoscience, 2008; 1:750-754
  72. Goddard Institute for Space Studies. "GISS Surface Temperature Analysis". NASA, 2013
  73. a b c d Center for Climate and Energy Solutions. Global Warming and the Arctic FAQs, acesso em 12/03/2013.
  74. Bintanja, R.; Graversen, R. G. & Hazeleger, W. "Arctic winter warming amplified by the thermal inversion and consequent low infrared cooling to space". In: Nature Geoscience, 2011; 4:758–761
  75. Pithan, F.; Mauritsen, T. "On the relation between Arctic Amplification, the Arctic inversion and the lapse-rate feedback". EGU General Assembly 2012, 22 a 27 de abril de 2012
  76. Medeiros, Brian et al. Arctic inversion strength in climate models. National Center for Atmospheric Research, Boulder, Colorado, 14/01/2011
  77. Bromwich, David H. et al. "Central West Antarctica among the most rapidly warming regions on Earth". In: Nature Geoscience, 2013; 6:139–145
  78. a b Chapman, William L. & Walsh, John E. "A Synthesis of Antarctic Temperatures". In: Journal of Climate, 2007; 20(16):4096–4117
  79. Steig, Eric J. et al. "Warming of the Antarctic ice-sheet surface since the 1957 International Geophysical Year". In: Nature, 2009; 457(7228):459-462.
  80. Comiso, Josefino C. "Variability and Trends in Antarctic Surface Temperatures from In Situ and Satellite Infrared Measurements". In: Journal of Climate, 2000; 13(10):1674–1696.
  81. Kushnir, Yochanan. "Solar Radiation and the Earth's Energy Balance". Palestra. In: Schlosser, Peter et al. The Climate System. Department of Earth and Environmental Science, Columbia University in the City of New York, 2000.
  82. Kiehl, J.T.; Trenberth, Kevin E. "Earth's annual global mean energy budget". In: Bulletin of the American Meteorological Society, 1997; 78(2):197–208
  83. IPCC (2007a), p. 105
  84. Manning, A. & Keeling, R. "Global oceanic and land biotic carbon sinks from the Scripps atmospheric oxygen flask sampling network". In: Tellus B, 2006; 58(02):95-116.
  85. IPCC (2007a), p. 2
  86. Blasing, T. J. Recent Greenhouse Gas Concentrations. The Carbon Dioxide Information Analysis Center, fev/2013
  87. Harries, E. "Increases in greenhouse forcing inferred from the outgoing longwave radiation spectra of the Earth in 1970 and 1997". In: Nature, 2001; 410(6826):355-357
  88. Wang, K. & Liang, S. "Global atmospheric downward longwave radiation over land surface under all-sky conditions from 1973 to 2008". In: Journal of Geophysical Research, 2009; 114(D19):101.
  89. Barnett, T. et al."Penetration of Human-Induced Warming into the World's Oceans". In: Science, 2005; 309(5732):284-287.
  90. Jones, Gareth S., Tett, Simon F. B., Stott, Peter A. "Causes of atmospheric temperature change 1960–2000: A combined attribution analysis". In: Geophysical Research Letters, 2003; 30(05):1228.
  91. Alexander, L."Global observed changes in daily climate extremes of temperature and precipitation". In: Journal of Geophysical Research, 2006; 111(D05109):22.
  92. Braganza, K. et al. "Simple indices of global climate variability and change Part II: attribution of climate change during the twentieth century". In: Climate Dynamics, 2004; 22:823–838
  93. Krivova, N. "Solar Variability and Climate". Max Planck Institute for Solar System Research, 28/10/2003
  94. Earth Observatory. "Solar Radiation and Climate Experiment". NASA, consulta em 11/11/2012
  95. a b Xu, L. et al. "Temperature and vegetation seasonality diminishment over northern lands". In: Nature Climate Change, 10/03/2013; 1836
  96. IPCC (2007a), pp. 21-108
  97. a b IEA. World Energy Outlook 2008. Paris, OECD/IEA, 2008; UNFPA. State of the World Population: Unleashing the Potential of Urban Growth. New York, NY: United Nations Population Fund, 2007; United Nations. National Accounts Main Aggregates Database. New York, NY: United Nations, Statistics Divison, 2011
  98. a b Leal, Georla Cristina Souza de Gois; Farias, Maria Sallydelandia Sobral de; Araujo, Aline de Farias. "O Processo de Industrialização e seus Impactos no Meio Ambiente". In: Qualit@s, 2008; 07(01) online
  99. a b c d e f IPCC. "Synthesis Report Summary for Policymakers". In: IPCC Fourth Assessment Report: Climate Change 2007.
  100. Climate and Vegetation Research Group. "How much has Plant Growth Increased?". Department of Geography, Boston University, 2013
  101. Buis, Alan & Cole, Steve. "NASA Mission Takes Stock of Earth's Melting Land Ice". NASA, Jet Propulsion Laboratory, California Institute of Technology, 08/02/2012
  102. United Nations Environment Programme. Disasters and Conflicts: The UNEP response to environmental crises across the globe. Biannual Progress Report, julho-dezembro de 2012
  103. Trenberth, Kevin. "Uncertainty in Hurricanes and Global Warming". In: Science, 17/07/2005; 308: 1753-1754
  104. Emanuel, Jerry; Sundararajan, Ragoth; Williams, John. "Huricanes and Global Warming: Results from Downscaling IPCC AR4 Simulations". In: Bulletin of the American Meteorological Society, 2008; 89:347–367
  105. IPCC. "Summary for Policymakers". In: Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Intergovernmental Panel on Climate Change, 05/02/2007
  106. ONU. Harmony with Nature. Report of the Secretary-General. United Nations General Assembly A/67/317, Sixty-seventh session, Item 20 (h) of the provisional agenda: Sustainable development, 17/08/2012
  107. Thomas, Chris D. et al. "Extinction risk from climate change". In: Nature, 08/01/2004; 427(6970): 145-138. DOI:10.1038
  108. a b c IPCC (2007a), 5; 10:10E
  109. Board on Atmospheric Sciences and Climate, Division on Earth and Life Studies, National Research Council of the National Academies. "7 Sea Level Rise and the Coastal Environment". America’s Climate Choices: Panel on Advancing the Science of Climate Change. The National Academies Press. 2010, p. 245
  110. Why do glaciers matter?. Extreme Ice Survey
  111. IPCC (2007a), pp. 393-394
  112. a b c IPCC (2007a), pp. 403-533
  113. "Cuts in carbon dioxide emissions vital to stem rising acidity of oceans". The Royal Society News, 30/06/2005
  114. a b c The Royal Society. [Raven, John, et al.]. "Ocean acidification due to increasing atmospheric carbon dioxide. Policy document 12/05", June 2005.
  115. Cheung, William W. L. et al. "Shrinking of fishes exacerbates impacts of global ocean changes on marine ecosystems". In: Nature Climate Change, 2013; 3:254–258.
  116. Kroeker, Kristy J.; Micheli, Fiorenza & Gambi, Maria Cristina. "Ocean acidification causes ecosystem shifts via altered competitive interactions". In: Nature Climate Change, 2013; 3:156–159
  117. a b International Council for Science. Scientific Committee on Oceanic Research, Biological Observatories Workshop. Report of the Ocean Acidification and Oxygen Working Group. Veneza, setembro de 2009
  118. a b Perlman, David. "Scientists alarmed by ocean dead-zone growth". SFGate, 15/08/2008
  119. United Nations Environment Programme, GRID-Arendal [Nellemann, C. et al. (eds)]. "The environmental food crisis – The environment’s role in averting future food crises". UNEP Rapid Response Assessment Series.
  120. Mudanças Ambientais Globais. CPTEC-INPE
  121. The Official Web Site of the Nobel Prize. "The Nobel Peace Prize for 2007", 12/10/2007.
  122. Royal Meteorological Society. [Paul Hardaker, Chief Executive]. Statement on the Inter-Governmental Panel on Climate Change’s (IPCC) Fourth Assessment Report: The Royal Meteorological Society’s statement on the Inter-Governmental Panel on Climate Change’s Fourth Assessment Report, 14/02/2007
  123. Network of African Science Academies. Joint statement by the Network of African Science Academies (NASAC) to the G8 on sustainability, energy efficiency and climate change, 2007.
  124. Joint science academies' statement: Global response to climate change, 07/06/2005, disponível em The National Academies
  125. National Oceanic and Atmospheric Administration. "Global Warming: Frequently Asked Questions", 20/08/2008
  126. European Geosciences Union, Divisions of Atmospheric and Climate Sciences. EGU Position Statement on Climate Change and Recent Letters from the Chairman of the U.S. House of Representatives Committee on Energy and Commerce, 07/07/2005
  127. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and Human Well-being: Synthesis. Island Press, 2005.
  128. Doran, Peter T. & Zimmermann, Maggie K. "Examining the Scientific Consensus on Climate Change". In: Eos - Transactions of the American Geophysical Union, 20/01/2009; 90(03):22-23
  129. Anderegg, W. et al. "Expert Credibility in Climate Change". In: Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 09/04/2010; 107(27):12107–12109
  130. Wilson, John K. "The Influence of Lobby Groups on Public Opinion: The Case of Environmental Policy". In: European Association of Environmental and Resource Economists. 14th Annual Conference, Bremen, Alemanha, 23-26 de junho de 2005, pp. 1-6
  131. Tjernshaugen, Andreas. "Global change, national movement: The case of Norwegian climate change activism". In: Research Network on Social Movements. ESA Fifth European Conference of Sociology. Universidade de Helsinki, Finlândia, de 28 de agosto a 1º de setembro de 2001.
  132. Beder, Sharon. "Ecological Double Agents". In: Australian Science, 02-1998;19 (01):19-22.
  133. "Groups Say Scientists Pressured On Warming". CBS News, 30/01/2007.
  134. "WWF: Hora do Planeta leva o mundo a repensar estilo de vida". Terra Notícias, 30/03/2012
  135. "Climate Control: a proposal for controlling global greenhouse gas emissions". Sustento Institute, 2007
  136. Monbiot, George. "Rigged - The climate talks are a stitch-up, as no one is talking about supply". The Guardian, 11/12/2007
  137. "Kyoto Protocol Status of Ratification". United Nations Framework Convention on Climate Change, 10/07/2006-07-10
  138. "Wen Urges Greater China Effort to Fight Pollution". OneIndia News, 09/07/2007
  139. Max, Arthur. "Climate talks face international hurdles". USA Today, 05/14/07.
  140. Revkin, Andrew. "Poor Nations to Bear Brunt as World Warms". The New York Times, 01/04/2007
  141. Brahic, Catherine. "China's emissions may surpass the US in 2007". New Scientist, 25/04/2006
  142. Crampton, Thomas. "More in Europe worry about climate than in U.S., poll shows". International Herald Tribune, 04/01/2007
  143. "Summary of Findings. Little Consensus on Global Warming. Partisanship Drives Opinion". Pew Research Center, 12/07/2006
  144. Angleys, Emmanuel. "China, India, Brazil hold up climate change talks". Agence France-Presse, 02/05/2007
  145. Sevier, Laura. "Protecting forests AND the rights of forest peoples". The Ecologist, 08/12/2009
  146. Browne, Pete. "Green Business and Indigenous Rights". The New York Times, 24/11/2009
  147. Then, Stephen. "International NGO sees red over 'green projects' ". The Star, 28/11/2009
  148. "De que tipo de energia precisamos?" Parlamento Europeu, 25/03/2009

Ver também

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikiquote Citações no Wikiquote
Commons Imagens e media no Commons
Wikinotícias Notícias no Wikinotícias

Ligações externas

Predefinição:Bom interwiki Predefinição:Bom interwiki Predefinição:Bom interwiki Predefinição:Bom interwiki Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA Predefinição:Link FA