Heráldica: diferenças entre revisões

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No entanto, apesar da aceitação das regras gerais, houve sempre muitas variações regionais e cronológicas em seu uso, e em certos países essa regulamentação teve, por muito tempo, pouca efetividade.<ref name="Davies"/> Na Germânia e nos Países Baixos, por exemplo, na [[Idade Média]] o principal controle oficial parece ter sido no sentido de impedir usurpações de insígnias já existentes, e mesmo camponeses podiam criar e adotar um brasão para si e suas famílias, tornando-se um costume de ampla penetração social. Já na França, Itália e algumas outras regiões o uso de brasões entre plebeus foi bem mais raro, mas a heráldica em si conhecia a mesma popularidade: era uma língua franca continental. Diz Nogueira que "no início do século XIII o uso de brasões já se encontrava disseminado pelo continente europeu".
No entanto, apesar da aceitação das regras gerais, houve sempre muitas variações regionais e cronológicas em seu uso, e em certos países essa regulamentação teve, por muito tempo, pouca efetividade.<ref name="Davies"/> Na Germânia e nos Países Baixos, por exemplo, na [[Idade Média]] o principal controle oficial parece ter sido no sentido de impedir usurpações de insígnias já existentes, e mesmo camponeses podiam criar e adotar um brasão para si e suas famílias, tornando-se um costume de ampla penetração social. Já na França, Itália e algumas outras regiões o uso de brasões entre plebeus foi bem mais raro, mas a heráldica em si conhecia a mesma popularidade: era uma língua franca continental. Diz Nogueira que "no início do século XIII o uso de brasões já se encontrava disseminado pelo continente europeu. Se inicialmente o brasão pertencia a alguns grupos militarizados, em menos de um século, o seu uso propagou-se por todos os estratos sociais. Os brasões tornaram-se hereditários, como um bem de família, 'sem falar dos municípios, das igrejas e de [[Corporações de ofício|diversas corporações]] [que] utilizavam esta distinção' (Labitte, 1872 : 2). Por volta de 1350 toda a sociedade ocidental, incluindo as classes agrícolas, os utilizava e a partir do século XV os brasões invadem o quotidiano como símbolos de identificação".<ref name="Nogueira"/>

Se inicialmente o brasão pertencia a alguns grupos militarizados, em menos de um século, o seu uso propagou-se por todos os estratos sociais. Os brasões tornaram-se hereditários, como um bem de família, 'sem falar dos municípios, das igrejas e de [[Corporações de ofício|diversas corporações]] [que] utilizavam esta distinção' (Labitte, 1872 : 2). Por volta de 1350 toda a sociedade ocidental, incluindo as classes agrícolas, os utilizava e a partir do século XV os brasões invadem o quotidiano como símbolos de identificação".<ref name="Nogueira" />
[[File:LDAM (f. 004v) Carlos Magno, Imperador.jpg|thumb|[[Carlos Magno]] e suas armas no ''Livro do Armeiro-Mor'']]
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Revisão das 02h20min de 14 de julho de 2019

Brasões do Livro da Nobreza e Perfeiçam das Armas, famoso armorial português.

A heráldica refere-se simultaneamente à ciência e à arte de descrever os brasões de armas ou escudos. As origens da heráldica remontam aos tempos em que era imperativo distinguir os participantes das batalhas e dos torneios, assim como descrever os serviços por eles prestados e que eram pintados nos seus escudos. No entanto, é importante notar que um brasão de armas é definido não visualmente, mas antes pela sua descrição escrita, a qual é dada numa linguagem própria – a linguagem heráldica.

Ao ato de desenhar um brasão dá-se o nome de brasonar. Para termos a certeza de que os heraldistas, após a leitura das descrições, estão a brasonar corretamente, criando brasões precisos e semelhantes entre si, a arte de brasonar segue uma série de regras mais ou menos estritas.

A primeira coisa que é descrita num escudo é o esmalte (cor) do campo (fundo); seguem-se a posição e esmaltes das diferentes figuras (objectos) existentes no escudo. Estas cargas são descritas de cima para baixo, e da direita (dextra) para a esquerda (sinistra). Na verdade, a dextra (do latim dextra, -æ, «direita») refere-se ao lado esquerdo do escudo, e a sinistra (do latim sinistra, -æ, «esquerda») ao lado direito, tal como este é visto pelo observador. A razão porque isto sucede prende-se com o facto de a descrição se referir ao ponto de vista do portador do escudo, e não do seu observador.

Embora a palavra escudo seja comumente utilizada para se referir ao brasão de armas no seu todo, na realidade, o escudo é apenas um dos elementos que compõem um brasão de armas. Numa descrição completa, o escudo pode ser acompanhado por outros elementos, como suportes, coronéis, listéis com motes (ou lemas).

No entanto, muitos escudos apresentam por vezes duas formas distintas: uma complexa, e outra simplificada, reduzida ao escudo propriamente dito (o que sucede por vezes quando há pouco espaço para inserir o brasão de armas maior). Inúmeros países apresentam assim as chamadas armas maiores e armas menores (veja-se o caso de Portugal).

História e significado

Origens

Emblemas em escudos romanos, registrados na Notitia Dignitatum
Cópia medieval de um documento romano
O Crisântemo Dourado é o emblema da Casa Imperial do Japão.

As origens da heráldica se perdem no tempo e são hoje bastante controversas, mas um panorama evolutivo geral foi bem estabelecido. Desde a pré-história a humanidade dedicou-se a criar imagens simbólicas, que transmitissem informações através de formas plásticas. Isso se revela no mundo da arte, e também na heráldica. Primeiro, acredita-se, surgiram sinais simples, mais tarde evoluindo para composições complexas, abstratas ou figurativas, ou mesclando elementos de ambas.[1][2][3]

O uso desses elementos na Antiguidade foi amplamente disseminado. Escudos de guerreiros, estandartes processionais e emblemas encontrados no Egito, na Pérsia, na Grécia e Roma, entre outros lugares, costumavam apresentar desenhos identificadores. O falcão de Hórus, protetor dos faraós, o leão de Judá, identificador da tribo hebraica, e a águia de Roma, representando o poder imperial, são exemplos famosos, mas pouco se sabe sobre as regras de aplicação dessas decorações e seus significados precisos.[1][3]

A prática da Antiguidade não pode ser caracterizada como heráldica no senso mais estrito da palavra, embora esteja em sua raiz e em essência almeje os mesmos objetivos. Como hoje é conhecida, a heráldica se articulou lentamente na Europa medieval, consolidando-se em torno do século XII, padronizando usos regionais diferenciados através de uma série de regras que no geral ainda se mantém em vigor, servindo como um identificador de pessoas, famílias, lugares, nações, e expondo publicamente conquistas, ideologias, valores, dignidades, pertencimentos e ligações de parentesco.[1][2][3][4] Da mesma forma, povos indígenas de várias partes do mundo, bem como culturas muito antigas e sofisticadas como a japonesa e a árabe, desenvolveram sistemas de simbolismos visuais que de muitas maneiras são comparáveis à heráldica europeia, tanto nas formas de codificação da linguagem como no uso e na ampla difusão, mas produzindo emblemas e signos que para os ocidentais parecem decididamente exóticos e não familiares.[1]

Tradicionalmente considerava-se que teria se originado da necessidade dos guerreiros serem identificados facilmente em campo de batalha, mas essa opinião foi em parte desacreditada, uma vez que os escudos pintados só podem ser lidos claramente a uma distância pequena. Além disso, registros primitivos apontam que em seus inícios os mesmos guerreiros podiam usar, conforme a ocasião, diferentes emblemas em seus escudos e bandeiras. Isso é bem exemplificado na Tapeçaria de Bayeux (c. 1070), que retrata a conquista normanda da Inglaterra, onde os guerreiros trazem seus escudos com vários símbolos heráldicos, mas seu uso não é consistente e não foram herdados pelos descendentes daqueles personagens. Ao que parece, em vez, é que os brasões tinham uso mais eficiente não nas guerras, mas nos torneios e justas de cavalaria, realizados dentro de um espaço limitado e bem ao alcance da leitura pelo público, espetáculos vibrantes e cheios de cerimônia, onde os extravagantes desenhos e as cores vivas das armas, aplicadas não só nos escudos e bandeiras, mas também nas roupas e mantos e nos apetrechos dos cavalos, acrescentavam brilhantismo ao cenário.[1][2][3]

Consolidação

Godofredo de Anjou com suas armas

Uma das primeiras representações conhecidas a empregar símbolos heraldicamente está na tumba de Godofredo V, Conde de Anjou, que carrega um escudo de campo azul com leões rampantes, que teria sido concedido por Henrique I em 1128, e depois herdado pela descendência do conde.[1] Outra representação primitiva é o selo de Canuto VI da Dinamarca, depois usado como símbolo da Casa de Estridsen.[5] Em Portugal estão entre os primeiros exemplos os escudos da linhagem dos Sousões encontrados no Claustro de Dom Dinis do Mosteiro de Alcobaça.[2]

Com a aceitação em larga escala das regras de heráldica, com sua associação principal com a elite (onde se incluíam a nobreza e o alto clero), as instituições e os Estados, e com sua importância em termos de hereditariedade, prestígio e estatuto social — brasões foram e são considerados parte do patrimônio do ente contemplado e parte de sua imagem pública —, surgiu a necessidade de legalizar e controlar os brasões concedidos e eliminar as repetições ou usurpações. Assim começaram a aparecer os reis de armas, arautos ou heraldos, altos funcionários régios que se responsabilizavam pelo registro dos brasões em listas ou catálogos oficiais e pelo desenho de novas armas.[1][3]

O termo heráldica provém dos próprios heraldos, que na Idade Média desempenhavam também, entre outras, a função de diplomata. Nas palavras de Gabriel Eysenbach, os arautos de armas "ocupavam-se de tudo o que estivesse relacionado com a heráldica, à qual deram o seu nome; participavam nas cerimônias de casamento, coroação e funeral dos reis; entregavam as declarações de guerra; estabeleceram as formalidades dos torneios e das batalhas, além de fazerem os avisos aos comandantes das cidades sitiadas".[4]

Brasão de uma guilda de barbeiros.

No entanto, apesar da aceitação das regras gerais, houve sempre muitas variações regionais e cronológicas em seu uso, e em certos países essa regulamentação teve, por muito tempo, pouca efetividade.[1] Na Germânia e nos Países Baixos, por exemplo, na Idade Média o principal controle oficial parece ter sido no sentido de impedir usurpações de insígnias já existentes, e mesmo camponeses podiam criar e adotar um brasão para si e suas famílias, tornando-se um costume de ampla penetração social. Já na França, Itália e algumas outras regiões o uso de brasões entre plebeus foi bem mais raro, mas a heráldica em si conhecia a mesma popularidade: era uma língua franca continental. Diz Nogueira que "no início do século XIII o uso de brasões já se encontrava disseminado pelo continente europeu. Se inicialmente o brasão pertencia a alguns grupos militarizados, em menos de um século, o seu uso propagou-se por todos os estratos sociais. Os brasões tornaram-se hereditários, como um bem de família, 'sem falar dos municípios, das igrejas e de diversas corporações [que] utilizavam esta distinção' (Labitte, 1872 : 2). Por volta de 1350 toda a sociedade ocidental, incluindo as classes agrícolas, os utilizava e a partir do século XV os brasões invadem o quotidiano como símbolos de identificação".[4]

Carlos Magno e suas armas no Livro do Armeiro-Mor

A heráldica tornou-se um elemento típico da cultura europeia, e enquanto a monarquia foi a forma de governo predominante, adquiriu grande importância política e social. Possuir um brasão era a confirmação simbólica do prestígio e poder da família ou do indivíduo, e não admira, desta forma, que em muitos países houvesse extensa legislação para proteger e controlar a concessão e exibição pública de armas. Em seu apogeu, que perdurou até o século XIX, os heraldistas se multiplicaram e passaram a competir em erudição, escrevendo extensos tratados sobre variados aspectos contidos nos brasões. Neste processo, foram atribuídas armas imaginárias até mesmo a personagens da Antiguidade, como Adão, Júlio César e Jesus, que não as tinham, e nem a heráldica naquele tempo remoto existia. Também foram produzidos neste período florescente numerosos e importantes catálogos de brasões, os armoriais ou blasonários, alguns deles com ilustrações da mais alta qualidade estética, a exemplo do Livro do Armeiro-Mor e do Livro da Nobreza e Perfeiçam das Armas, portugueses.[2][3][6] Contudo, como antigamente os critérios de pesquisa histórica eram outros, foram cometidos muitos erros nesses armoriais. Segundo Fox-Davies, os autores antigos foram por muito tempo considerados autoridades quase infalíveis, uma crença que os estudiosos do século XIX, empenhados em uma abordagem mais científica, começaram a mostrar ser desprovida de fundamento.[1]

Atualmente

Brasão da cidade de Camapuã.

Na virada do século XIX para o século XX, período em que muitas monarquias europeias foram extintas, as pompas e símbolos associados à nobreza caíram em desuso e se tornaram até certo ponto objeto de ridículo. Por outro lado, em alguns domínios a heráldica sobreviveu sem grandes traumas às transformações republicanas, como na armaria eclesiástica, cívico-estatal e institucional, que de fato ganharam um novo impulso no século XX, disseminando-se por todo o mundo.[2][3][6]

Ao mesmo tempo, nas décadas recentes a heráldica verdadeiramente se popularizou junto ao cidadão comum, ocorrendo uma forte onda de revivalismo e a multiplicação exponencial de novos brasões, entrando com força na cultura de massa e associando-se à nova cultura do logotipo, da sinalização e da marca registrada comercial. Na esteira deste fenômeno, muitas vezes não são observadas as regras tradicionais, que têm uma significativa complexidade, ou sequer essas regras são conhecidas pelo público leigo, que tem adotado brasões desenhados de todas as formas imagináveis. Inexistindo alçadas regulamentadoras do uso de armas em países republicanos, qualquer pessoa pode adotar um brasão, e a diversidade e irregularidade têm sido a tônica, mas nas atuais monarquias há instituições que fiscalizam este campo. Paralelamente a isso, proliferam pseudo-autoridades, instituições e websites que prometem pesquisas e levantamentos "científicos" mas na verdade enganam seus clientes com dados falsificados ou fantasiosos, enquanto estudiosos sérios lutam para revalorizar corretamente esta antiga arte.[2][4]

Valor

Exibição cerimonial de armas na corte de Munique. Ilustração do Wappencodex zu München, do século XV, de Konrad Grünenberg.
Vários exemplos de aplicação dos símbolos heráldicos, na panóplia fúnebre de sir John Spencer, 1599/1600.

A heráldica floresceu por longos séculos com imenso prestígio, e depois de um período de declínio, recentemente voltou a ser popular. Analisando o caso do Reino Unido, cuja heráldica nobiliárquica é famosa em todo o mundo e ainda é sujeita ao controle oficial, disse Fox-Davies: "Seria uma tolice e um erro afirmar que a posse de um brasão de armas nos dias de hoje tenha perdido toda a dignidade que lhe foi associada nos dias de antigamente". Isso porque foi sempre associada a prestígio, poder e status, um costume que tem raízes muito antigas e solidamente cravadas no imaginário e na cultura da nação, que se formou sobre os fundamentos do feudalismo, um sistema de domínio e servidão.[1]

Nestes reinos muitas foram as leis emitidas regulando a concessão e uso dos brasões, mas seu fascínio e seu apelo à vaidade eram tantos que a população plebeia não podia evitar adotar os seus próprios. Periodicamente novos decretos mandatavam buscas pelo interior para verificar se alguma pessoa não autorizada oficialmente estava usando armas em público. Em muitos outros países a sociedade se organizou da mesma maneira, desenvolvendo costumes similares.[1] Fox-Davies complementa:

"A glória de descender de uma antiga linhagem de ancestrais armígeros, a glória e o orgulho racial inseparavelmente entrelaçados com a herança de um sobrenome famoso, o fato de que algumas armas foram concedidas para comemorar algum feito heroico, o fato de que a exibição de um brasão tem sido o método pelo qual a sociedade mostra ao mundo que tal sujeito pertence à elite ou a uma família que gerou herois, o fato de que as próprias armas são uma prova material de uma descendência ou de um status particular, [...] e justamente porque eram prerrogativas e sinais da aristocracia, eram tão cobiçosamente desejadas, e por conseguinte, tão frequentemente adotadas sem direito".[1]

Mais do que um sinal de separação e distinção social em culturas elitistas, mais do que uma arte e uma antiga tradição, a heráldica é hoje considerada academicamente uma valiosa auxiliar da ciência, e seu estudo permite desvendar importante conhecimento sobre costumes, sociedade, política, história, iconografia, genealogia e outros campos do saber.[2][3] Definida tradicionalmente como "a arte dos brasões", é bem mais larga do que isso e tem muitas definições entre os estudiosos. Joel Serrão, por exemplo, no Dicionário de História de Portugal, a descreve como "uma ciência e uma arte que estuda, ordena e elabora os símbolos ou ‘marcas’ da personalidade singular ou colectiva, moral ou territorial". Sónia Patrícia Nogueira ofereceu uma abrangente descrição:

"A importância da heráldica é evidente. Nas áreas da identificação e da cronologia é um precioso auxiliar de investigação. Como núcleo de símbolos gráficos é um contributo irrefutável para a história, os estudos da simbólica e a história da arte. Eysenbach (1848 : 2) afirma que a heráldica é realmente 'uma ciência com grande importância social, que tinha as suas leis designadas leis de armas [exigindo-se] dos reis [...] o exercício público desta ciência. De linguagem misteriosa, [...] de utilização universal, [...] ela era a pedra basilar do edifício feudal'. A sua simbologia detém uma concepção religiosa e guerreira, evidente na Idade Média considerando o objectivo dos escudos, e uma função social, patente na questão da identificação, quase sempre relacionada com a linhagem e a importância civil. Mas embora a heráldica de família seja a heráldica propriamente dita, ela estendeu-se, ao longo do tempo, a outros campos, como a heráldica eclesiástica, real, de corporação militar, de domínio, comercial, desportiva, entre muitas outras áreas, sendo amplo o seu campo de acção e múltiplas as suas subdivisões. [...]
"Hoje em dia, os brasões são frequentemente os únicos elementos de que se dispõe para situar objectos, monumentos e documentos no espaço e no tempo. Embora a tradição heráldica ainda se mantenha viva em muitos países, como a Inglaterra, a Escócia ou a Suíça, ela é sobretudo notável pela quantidade de códigos a que deu origem e que regem grande parte da história simbólica social, das bandeiras às fardas, das etiquetas de produtos alimentares e vitivinícolas, passando pelos símbolos de partidos políticos ou de clubes de futebol".[4]

As regras da Heráldica

Escudo e lisonja

Ver artigo principal: Brasão
Bandeira com escudo do estado de Connecticut

O foco da heráldica moderna é o brasão, ou cota de armas, cujo elemento central é o escudo.[7] É no escudo que se apresentam os principais símbolos identificadores da pessoa, família ou instituição. Também é ele que carrega modificações derivadas de diferentes graus de parentesco, aumentos ou honras adicionais recebidas, e partições derivadas de herança de outras famílias ou casamentos. Em geral, a forma do escudo empregado numa cota de armas é irrelevante, porque essas formas se modificaram através dos séculos acompanhando a evolução das correntes estéticas dominantes e os usos locais.[1]

Mas é claro que há ocasiões em que um brasão especifica um formato particular de escudo. Estas especificações ocorrem principalmente fora do contexto europeu, como na cota de armas de Nunavut (imagem disponível em en:Coat of arms of Nunavut)[8] e na antiga República de Bophuthatswana,[9] com o exemplo ainda mais insólito da Dakota do Norte,[10] enquanto o Estado de Connecticut especifica um escudo "rococó".[11] — a maioria fora do contexto europeu, mas não todos: costam dos registros públicos escoceses um escudo oval, da Lanarkshire Master Plumbers' and Domestic Engineers' (Employers') Association, e um escudo quadrado, da organização Anglo Leasing.

Tradicionalmente, como as mulheres não iam à guerra, elas não carregavam escudos; em vez disso, as cotas de armas femininas eram ostentadas numa lisonja — um losango apoiado num de seus ângulos agudos.[1] Ainda é desse modo na maior parte do mundo, embora algumas autoridades da Heráldica (como as escocesas, cujas armas femininas são ovais) façam exceções.[12] No Canadá, a restrição contra mulheres ostentarem armas num escudo foi eliminada. O clero não combatente também fez uso da lisonja e de escudos ovais. São as seguintes as formas tradicionais dos escudos:

Formas dos escudos
  1. Escudo clássico ou francês antigo
  2. Escudo francês moderno, somático ou samnítico
  3. Escudo oval ou do clero
  4. Escudo em losango, feminino ou lisonja
  5. Escudo de torneio ou de bandeira
  6. Escudo italiano ou de cabeça de cavalo
  7. Escudo suíço
  8. Escudo inglês
  9. Escudo alemão
  10. Escudo polaco
  11. Escudo espanhol, ibérico, peninsular, português ou flamengo

Organização do escudo ou partes do escudo

Para localizar-se no escudo, este foi dividido em nove zonas, chamadas pontos ou partes do escudo. Estes pontos são identificados com nomes, que variam segundo o autor, com exceção do ponto central, chamado de "coração", "abismo" ou "centro"[13]

Dois outros pontos, citados por todos, são o "ponto de honra" (A) e o "umbigo" (Ω).[13] Mas se para alguns, trata-se de área equivalente aos primeiros, posta sobre duas zonas, para outros trata-se de pontos em sentido geométrico, situados no centros das fronteiras 2-5 e 5-8.

Quaisquer que sejam os autores, há simetria de denominações entre 1 e 3, 4 e 6, 7 e 9 nos quais direita para 1, 4 e 7 corresponde a esquerda para 3, 6 e 9. — Em heráldica, esquerda e direita são aquelas de quem porta o escudo.

Definições dos pontos:[13]

  • Ponto 1: cantão direito do chefe (Duhoux D'Argicourt o chama "ângulo direito do chefe" que designa segundo outros autores o ângulo material do escudo);
  • Ponto 2: centro do chefe (numerosos autores o chamam simplesmente "chefe" mas não confirmam tal denominação na sua definição de "chefe");
  • Ponto 3: cantão esquerdo do chefe;
  • Ponto 4: flanco direito (mesma observação feita para o chefe);
  • Ponto 5: centro, abismo ou coração;
  • Ponto 6: flanco esquerdo (mesma observação feita para o chefe);
  • Ponto 7: cantão direito da ponta (Duhoux D'Argicourt como em 1, fala em "ângulo");
  • Ponto 8: centro da ponta. A maior parte dos autores usam só ponta (mas se encontra mais frequentemente confirmação da definição de ponta). Às vezes, encontra-se ;
  • Ponto 9: cantão esquerdo da ponta.

Esmaltes

Ver artigo principal: Esmalte (heráldica)
Cores principais Metais principais Peles principais
Blau ou Azure
Gules
Sable
Sinopla ou Vert
Purpure
Jalde ou Or
Argento
Arminho
Veiro

Esmaltes são as cores usadas na heráldica, embora haja certos padrões, chamados peles, e representações de figuras em suas cores naturais, ou da sua cor (distintas das cores representáveis), que também são tratados como esmaltes. Como a heráldica é, em sua essência, um sistema de identificação, a convenção heráldica mais importante é a regra da contrariedade das cores (fr:Règle de contrariété des couleurs, en:Rule of tincture): em prol do contraste e da visibilidade, metais (que geralmente são esmaltes mais claros) nunca devem ser postos sobre metais, e cores (que geralmente são esmaltes mais escuros) nunca devem ser postos sobre cores. Quando uma figura sobrepõe uma parte do fundo do escudo, a regra não se aplica. Há também outras exceções — sendo a mais famosa a das armas do Reino de Jerusalém, que consistem numa cruz de ouro em fundo prata.[14]

Os nomes usados na brasonaria lusófona para as cores e metais provêm principalmente do francês. Os mais comuns são Jalde ou Or (ouro), Argento (prata), Blau ou Azure (azul), Gules (vermelho), Sable (preto), Sinopla ou Vert (verde) e Purpure (púrpura). Outras cores são utilizadas ocasionalmente, normalmente para finalidades especiais.[15]

Certos padrões chamados peles podem aparecer num brasão, e são (de modo um tanto arbitrário) classificados como esmaltes. As duas peles comuns são o Arminho e o Veiro. O Arminho representa a pelagem hibernal do arminho (branca com a cauda preta). O veiro representa um tipo de esquilo que tem o dorso azulado e o ventre branco. Costuradas lado a lado, formam um padrão alternado de formas azuis e brancas.[16]

Figuras heráldicas podem ser representadas em suas cores naturais. Muitos objetos da natureza, como plantas e animais, são descritos como de sua cor neste caso. Figuras de sua própria cor são muito frequentes como timbres e suportes. O abuso do esmalte de sua cor é visto como uma prática viciosa e decadente.

Partições do escudo

Ver artigo principal: Partições do campo (heráldica)
Partições do escudo

O campo de um escudo, na heráldica, pode ser dividido em mais de um esmalte; do mesmo modo as várias figuras do escudo. Muitas cotas de armas consistem simplesmente de uma divisão do escudo em dois esmaltes contrastantes. Como estas são consideradas partições do escudo, a regra da contrariedade das cores pode ser ignorada. Por exemplo, um escudo dividido em partições azure e goles seria perfeitamente aceitável. A linha que divide o escudo em partições pode ser reta ou seguir padrões — serrilhados, ondulados, dentados, ou diversos outros.[17]

As variações de pintura seguem certos padrões de esmaltes, bem como as partições do escudo. As partições mais comuns resultam num escudo:

  1. Cortado (dividido na horizontal)
  2. Partido (dividido na vertical)
  3. Fendido (dividido diagonalmente a partir do canto direito)
  4. Talhado (dividido diagonalmente a partir do canto esquerdo)
  5. Franchado (fendido e talhado)
  6. Esquartelado (cortado e partido)
  7. em Asna (dividido por um "V" invertido)
  8. Terciado (dividido em três partes). Pode ser:
    1. Em pala (três partes verticais)
    2. Em faixa (três partes horizontais)
    3. Em banda (três partes, a do meio diagonal a partir do canto esquerdo)
    4. Em barra (três partes, a do meio diagonal a partir do canto direito)
    5. Em mantel (como duas cortinas que se abrem da parte superior central da partição)

Peças

Ver artigo principal: Peças do escudo (heráldica)

Nos primórdios da Heráldica, formas retilíneas muito simples e com traço grosso eram pintadas nos escudos. Estas poderiam ser facilmente reconhecidas à distância e lembradas. Assim, serviam ao propósito-mor da Heráldica: identificação.[18] À medida que escudos mais complexos passaram a ser usados, estas formas grossas foram separadas numa categoria à parte, as peças. Elas funcionam como figuras, e sempre são descritas primeiro na brasonaria. A menos que seja expressamente especificado de outra forma, elas se estendem de borda a borda do campo. Existem peças de primeira ordem (oras chamadas honrarias, embora este vocábulo seja por vezes usado como sinônimo de peça) e segunda ordem (ordinárias).

Embora esta classificação não seja unânime, algumas normalmente são classificadas como de primeira ordem: estas incluem a cruz, a faixa, a pala, a banda e a aspa, soter ou sautor.[19]

Entre as que normalmente são classificadas como de segunda ordem estão a bordura, o chefe, os flancos e o cantão.[20]

As peças podem aparecer em séries paralelas; nestes casos, embora a brasonaria inglesa nomeie-os no diminutivo plural, a francesa não faz tal distinção. Salvo ressalva expressa, uma peça é desenhada com linhas retas, mas também podem seguir padrões serrilhados, ondulados, dentados, ou diversos outros.[21]

Figuras

Ver artigo principal: Figuras (heráldica)

Uma figura é um objeto aposto num escudo heráldico ou em qualquer outro objeto de uma composição armorial.[22] Qualquer coisa encontrada na natureza ou na tecnologia pode aparecer num armorial como uma figura heráldica. Figuras podem ser animais, objetos ou formas geométricas. As figuras mais frequentes são a cruz, com suas centenas de variações, o leão e a águia. Outros animais comuns são o alce, o javali, a merleta e o peixe. Dragões, morcegos, unicórnios, grifos e criaturas ainda mais exóticas aparecem tanto como figuras quanto como suportes.

Animais são encontrados em posições estereotipadas, ou atitudes. Quadrúpedes frequentemente são encontrados rampantes — sobre as patas traseiras. Outra atitude frequente é a passante, do animal andando, como os leões das Armas Reais da Inglaterra. Águias quase sempre estão com as asas espraiadas.

Na heráldica inglesa, símbolos como o crescente, a moleta (em inglês), a merleta, o anelete (em inglês), a flor-de-lis e a rosa (em inglês) podem ser adicionados a um escudo para brisurá-lo. Estas brisuras são mostradas em tamanho menor do que figuras comuns, e mesmo assim não é certo que um escudo contendo uma figura assim pertença a um ramo familiar. Todas essas figuras ocorrem freqüentemente em cotas de armas basicamente indistintas.[23]

Elmo e timbre

Ver artigo principal: Timbre (heráldica)
Duas probóscides emplumadas e um coelho no timbre de Helias Haimschwanger, burguês de Passau.
Brasão de Bento XVI, com a tiara recuperada

A palavra timbre é usada para se referir a toda uma categoria de adornos heráldicos. O uso técnico do termo heráldico timbre refere-se a apenas um componente de todo um conjunto. O timbre jaz no topo de um elmo que, por sua vez, apoia-se sobre a parte mais importante do conjunto: o escudo.

O timbre moderno evoluiu da figura tridimensional colocada sobre os elmos dos cavaleiros como meios adicionais de identificação. Na maioria das tradições heráldicas as mulheres não ostentam timbres, embora esta tradição venha sendo relaxada em algumas jurisdições heráldicas, e a cota de Lady Marion Fraser, apresentada numa lisonja, tinha um elmo, um timbre e um mote.

O timbre geralmente é encontrado num virol, algumas vezes dentro de um coronel. Timbres-coronéis geralmente são mais simples do que os coronéis de nobreza, mas existem formas especializadas variadas: por exemplo, no Canadá, descendentes dos Lealistas do Império Britânico (em inglês) têm o direito de usar o coronel lealista militar (os descendentes de membros dos regimentos Lealistas) ou o coronel lealista civil (os outros).

Quando o elmo e o timbre são ostentados, costumam ser acompanhados de um lambrequim. Originalmente, tratava-se de um tecido usado sobre o fundo do capacete como proteção parcial contra o aquecimento provocado pelo sol. Hoje, sua forma é de uma capa estilizada pendendo do elmo.[24] Na heráldica britânica, é típico que a superfície externa do lambrequim seja da cor principal do escudo, e a superfície interna, do principal metal — embora os pares no Reino Unido usem colorações padronizadas, a despeito da posição nobiliárquica ou das cores de suas armas. O lambrequim por vezes é ilustrado com as bordas rasgadas, como se houvesse sofrido dano em combate, embora as bordas de muitos seja simplesmente decorada à vontade do brasonador.

O clero costuma evitar ostentar elmos ou timbres em suas cotas de armas. Membros do clero podem mostrar a indumentária apropriada — geralmente, um chapéu de copa baixa e abas largas, chamado "galero" fora da heráldica, cujas cores e borlas indicam hierarquia. Ou, no caso das armas papais, utilizava-se uma coroa tripla elaborada, conhecida como tiara papal, pelo menos até o papa Bento XVI ser eleito em 2005. Bento XVI, por sugestão do arcebispo Piero Marini, havia quebrado a tradição milenar ao substituir a tiara pela mitra em suas armas. Porém, a 10 de outubro de 2010, o papa Bento XVI mandou inserir a tiara em seu brasão, conforme projeto de Pietro Siffi, da "Ars Regia", uma firma especializada da cidade de Ferrara, recuperando a heráldica tradicional dos papas.[25][26]

O clero ortodoxo e presbiteriano às vezes adota indumentária capital diferente em suas armas.

Na tradição anglicana, membros do clero podem passar timbres para sua descendência, mas raramente os ostentam em seus próprios escudos.

Motes

O mote, lema ou divisa armorial é a frase ou conjunto de palavras que descreve a motivação ou intenção da pessoa ou corporação detentora das armas. Não é ignorada a possibilidade de formar um trocadilho com o nome da família, como no lema de Thomas Nevile (em inglês) — "Ne vile velis" —. Motes geralmente são modificados à vontade e não são parte integrante do patrimônio heráldico. Motes podem ser encontrados tipicamente em um pergaminho sob o escudo, chamado listel. Na heráldica escocesa, em que o mote é garantido como parte do brasão, ele costuma ser mostrado em um listel acima do timbre, e não pode ser modificado à vontade. Um mote pode ser escrito em qualquer idioma.

Suportes e outras insígnias

Ver artigo principal: Suporte (heráldica)
Tenentes (selvagem e cavaleiro medieval) nas armas da província prussiana do Brandemburgo

Suportes ou tenentes são figuras de humanos ou animais, ou, muito raramente, de objetos inanimados, normalmente colocados de cada lado de uma cota de armas, como se a estivessem suportando. Em muitas tradições, o uso de suportes passou a seguir padrões estritos, que o limitavam a certas classes sociais. No continente europeu, costuma haver menos restrições ao uso de suportes.[27] No Reino Unido, apenas os pares do reino, uns poucos baronetes, os membros sênior de ordens de cavalaria e algumas corporações têm o direito de usar suportes. Estes freqüentemente têm um significado local ou uma ligação histórica com o detentor da cota de armas.

Se o detentor das armas tiver o título de barão, cavaleiro hereditário ou maior, ele pode ostentar um coronel de nobreza em seu escudo. Enquanto no Reino Unido ele aparece entre o escudo e o elmo, na heráldica continental costuma estar aboletado acima do timbre.

Outra adição que pode ser feita a uma cota de armas é a insígnia de um baronete ou de uma ordem de cavalaria. Esta geralmente é representada por um colar ou faixa similar ao redor do escudo. Quando as armas do cavaleiro e de sua esposa são mostradas numa única apresentação, a insígnia de cavalaria cerca apenas as armas do marido, e as da esposa são costumeiramente cercadas tão-somente por uma guirlanda ornamental de folhas, sem significado heráldico, tão-somente pelo equilíbrio estético.[28]

Diferenciação e brisuras

Ver artigo principal: Brisura

Como as armas passam de pais para filhos, e a maioria dos casais têm mais de um filho, é necessário distinguir as armas dos irmãos e outros familiares das armas originais, passadas de primogênito a primogênito. Várias tentativas foram feitas pelos tempos; veja brisura.

Ver também

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Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n Fox-Davies, Arthur Charles. A Complete Guide to Heraldry. T. C. & E. C. Jack, 1909
  2. a b c d e f g h O Marquês de Abrantes. Introdução ao Estudo da Heráldica. Série Biblioteca Breve, vol. 27. Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1992
  3. a b c d e f g h Campos, Nuno C. J. Património e Simbologia: os casos de Silves e Faro. Dissertação de Mestrado. Universidade Aberta, 2007, p. 4-23
  4. a b c d e Nogueira, Sónia Patrícia Marques. Tradição e Inovação na Identidade Visual dos Municípios Portugueses: Do Brasão à Marca. Dissertação. Universidade da Beira Interior, 2012
  5. Bartholdy, Nils G. Danmarks Våben og Krone. Kultur Ministeriet, 1995, p. 16
  6. a b Seixas, Miguel Metelo de. "As insígnias municipais e os primeiros armoriais portugueses: razões de uma ausência". In: Ler História, 2010 (58):155-179
  7. Whitmore, William. The Elements of Heraldry. New York: Weathervane Books, 1968, p. 9
  8. Governo de Nunavut. n.d. About the Flag and Coat of Arms. Governo de Nunavut, Iqaluit, NU, Canada. Accessado em 05 de Maio de 2009. Disponível aqui Arquivado janeiro 25, 2012 no WebCite
  9. Hartemink R. 1996. Heráldica cívica da África do Sul - Bophuthatswana. Ralf Hartemink, Países Baixos. Accessado em 05 de Maio de 2009. Disponível aqui
  10. Registro Heráldico Norte-Americano (em inglês)
  11. «Sociedade Americana de Heráldica - Armas de Connecticut (em inglês)». Consultado em 6 de maio de 2009. Arquivado do original em 22 de julho de 2012 
  12. Slater, Stephen. The Complete Book of Heraldry. New York: Hermes House, 2003, p. 56.
  13. a b c «Heráldica - Genealogias». heraldica.genealogias.org. Consultado em 26 de maio de 2015 
  14. Bruno Heim. Or and Argent (Gerrards Cross, Buckingham: 1994).
  15. Michel Pastoureau. Heraldry: An Introduction to a Noble Tradition. (Henry N Abrams, London: 1997), 47.
  16. Thomas Innes of Learney. Scots Heraldry (Johnston & Bacon, London: 1978), 28.
  17. Stephen Friar and John Ferguson. Basic Heraldry. (W.W. Norton & Company, New York: 1993), 148.
  18. Carl-Alexander von Volborth. Heraldry: Customs, Rules, and Styles. (Blandford Press, Dorset: 1981), 18.
  19. Stephen Friar, Ed. A Dictionary of Heraldry. (Harmony Books, New York: 1987), 259.
  20. Stephen Friar, Ed. A Dictionary of Heraldry. (Harmony Books, New York: 1987), 330.
  21. Woodcock, Thomas & John Martin Robinson. The Oxford Guide to Heraldry. (Oxford University Press, New York: 1988), 60.
  22. John Brooke-Little. Boutell's Heraldry. (Frederick Warne & Company, London: 1973), 311.
  23. Iain Moncreiffe of that Ilk and Don Pottinger. Simple Heraldry, Cheerfully Illustrated. (Thomas Nelson and Sons, London: 1953), 20.
  24. Peter Gwynn-Jones. The Art of Heraldry. (Parkgate Books, London: 1998), 124.
  25. «Inserida a Tiara Papal no Brasão de Bento XVI» 
  26. «Le retour de la Tiare». Consultado em 24 de novembro de 2010. Arquivado do original em 14 de junho de 2013 
  27. Ottfried Neubecker. Heraldry: Sources, Symbols, and Meaning. (Tiger Books International, London: 1997), 186.
  28. Julian Franklyn. Shield and Crest. (MacGibbon & Kee, London: 1960), 358.

Ligações externas