Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior

O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) é um programa do Ministério da Educação do Brasil, criado em 1999[1], destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas.[2][3] Podem recorrer ao financiamento os estudantes matriculados em cursos superiores que tenham avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação.[2]
Histórico[editar | editar código-fonte]
Foi criado em 1975 o Programa de Crédito Educativo (CREDUC) pelo Governo Ernesto Geisel.[4][5] Em 1999, durante o Governo Fernando Henrique Cardoso, foi amplamente reformulado e passou a se chamar FIES. Ampliado posteriormente no Governo Lula em 2010, teve sua taxa de juros ajustada de 6,5% para 3,4% a.a. (abaixo da SELIC).[6] Também foi estabelecido um prazo de carência de 18 meses após a conclusão do curso para o início dos pagamentos por parte do estudante beneficiado. Entretanto, atualmente encontra-se em tramitação no Congresso Nacional um novo projeto de lei que visa ampliar o prazo de carência para 36 meses (3 anos).[7] Ainda no mesmo ano de 2010, o prazo para quitação foi ampliado para até três vezes ao tempo de duração do curso.[6]
Em 2014, 26% dos estudantes matriculados nas instituições de Ensino Superior privadas foram beneficiados pelo FIES. Isso significa um investimento de cerca de R$ 13 bilhões por parte do governo federal, sendo que 26% das vagas de Ensino Superior são ofertadas por instituições públicas e 74% são ofertadas por instituições particulares. Em dezembro de 2014 e no início de 2015, o governo federal implementou mudanças nos critérios de concessão do financiamento, passando não só a limitar o índice de reajuste anual do valor das mensalidades, mas também a exigir que o aluno alcançasse um mínimo de 450 pontos e que não tivesse zerado a prova de redação no Exame Nacional do Ensino Médio.[8] A partir do início de 2016, o programa sofreu um corte de R$ 2 bilhões (16% em relação ao orçamento do ano de 2015), além de alterações nas regras e restrição no acesso.[9][10]
Em 2018, o Ministério da Educação divulgou novidades para o FIES. A principal delas foi a ampliação no valor máximo da mensalidade financiada, agora aceitando cursos que cobram até R$ 7 mil/ mês. Além disso, o MEC destacou que 100 mil estudantes poderão financiar o curso com juros zero, desde que ele pertença ao grupo com renda familiar de até três salários mínimos. O critério de classificação para este benefício será a nota do ENEM divulgada pelo Ministério da Educação.
Requisitos[editar | editar código-fonte]
O candidato que deseja participar do processo seletivo tem que atender aos pré-requisitos abaixo:[11][12]
- Não concluiu curso superior;
- Possui renda familiar mensal bruta, por pessoa, de até 3 salários mínimos;
- Participou de alguma das edições do Enem a partir de 2010;
- Obteve, pelo menos, 450 pontos na média das provas e nota acima de zero na redação.
Além disso, a partir de 2015, cursos com conceitos 5 e 4 no Sinaes terão prioridade de oferta, assim como cursos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, à exceção do Distrito Federal. Por fim, estudantes financiados pelo Fies terão concessão de desconto de 5% no valor das mensalidades, através das instituições.[13]
Para conseguir o FIES, é necessário que o candidato tenha realizado o Enem a partir de 2010, exceto nas seguintes casos:[14]
- É professor da rede pública de ensino, em exercício do magistério da educação básica
- É integrante do quadro de pessoal permanente de instituição pública
- Está regularmente matriculado em cursos de licenciatura, normal superior ou pedagogia
Processo seletivo[editar | editar código-fonte]
O Fies possui um processo seletivo que pré-seleciona e então classifica os candidatos. A segunda etapa envolve a apresentação dos requisitos mínimos que o Fies espera de seus candidatos.[15]
Se o candidato não for pré-selecionado, ainda há chance de classificação através da Lista de Espera.[16]
Aditamento[editar | editar código-fonte]
O aditamento, isto é, a renovação do financiamento[17], pode ser classificado de duas formas. O aditamento simplificado não prevê nenhuma mudança nas cláusulas contratuais do financiamento, enquanto no aditamento não simplificado ocorrem mudanças no contrato.[18]
Suspensão temporária[editar | editar código-fonte]
A suspensão temporária do contrato do Fies ocorrerá quando:[19]
- O estudante solicitar a suspensão temporária do contrato através do Sistema Informatizado do Fies (SisFies), até o 15º (décimo quinto) dia dos meses de janeiro a maio, para o 1º semestre, e de julho a novembro, para o 2º semestre. Nesse caso, a suspensão só terá validade no primeiro dia do mês seguinte ao qual o pedido foi feito.
- Caso o estudante queira fazer a suspensão temporária do semestre para o qual não houve renovação do financiamento, ele poderá solicitá-la em qualquer mês do semestre a ser suspenso.
- É possível suspender o financiamento por até 2 (dois) semestres consecutivos
- A suspensão deve ser aprovada pela CPSA, aquela Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento da instituição de ensino ao qual o estudante está vinculado.
- Em casos específicos, analisados e validados pela CPSA, o estudante pode conseguir a suspensão por mais um semestre; se a instituição de ensino encerrar as atividades com reconhecimento do MEC, o estudante pode conseguir até mais 2 (dois) semestres de suspensão.
- A suspensão pode ser solicitada pelo agente operador, caso não aconteça a renovação semestral do financiamento durante o prazo estabelecido.
Encerramento do contrato[editar | editar código-fonte]
Caso o estudante tenha concluído o período de financiamento, as fases de carência e amortização (isto é, relacionadas ao pagamento do restante da dívida) serão iniciadas automaticamente.[20] Se o estudante desejar pedir um encerramento antecipado, é necessário acessar o Sistema Informatizado do Fies (SisFies) e optar por uma das seguintes opções:[20]
- liquidar o saldo devedor do financiamento no ato da assinatura do Termo de Encerramento;
- permanecer na fase de utilização do financiamento e cumprir as fases de carência e - amortização de acordo com as condições do contrato;
- antecipar a fase de carência do financiamento e cumprir a fase de amortização de acordo com as condições do contrato; ou
- antecipar a fase de amortização do financiamento e efetuar o pagamento das prestações de acordo com as condições do contrato.
Comparação com outros programas[editar | editar código-fonte]
O Prouni oferece bolsas de estudo integrais e parciais de 50% em instituições de ensino superior. Ou seja, caso o candidato seja contemplado com a bolsa integral, ele não pagará nada pelo curso, caso seja contemplado com a bolsa de 50%, ele pagará apenas pelos outros 50% restantes. Enquanto o FIES concede financiamento de graduação de ensino superior, também em instituições privadas.[21] Ou seja, o candidato irá financiar o valor das mensalidades em parcelas menos agressivas, entretanto, o valor será integralmente pago pelo candidato. A vantagem desse programa é a substancial redução dos juros do valor financiado.
Funcionamento[editar | editar código-fonte]
O Fies é operacionalizado pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil. Todas as operações do processo seletivo, da adesão das instituições de ensino e inscrição dos estudantes à divulgação dos resultados e entrevistas, são realizadas pela Internet. Isso traz comodidade e facilidade para os participantes e garante confiabilidade em todo o processo. Os critérios de seleção são impessoais e objetivos.[carece de fontes]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ «BOLETO DO FIES 2019 → Emitir Segunda Via e Fazer Pagamento». Tudo Sobre o Boleto FIES. Consultado em 23 de agosto de 2019
- ↑ a b «FIES - O guia completo!». Stoodi
- ↑ «O que é o Fies?». enem.descomplica.com.br
- ↑ [1]
- ↑ «crédito educativo». www.educabrasil.com.br. Consultado em 25 de outubro de 2018
- ↑ a b «Juros do Fies são reduzidos pela metade». 15 de janeiro de 2010. Consultado em 29 de janeiro de 2018. Arquivado do original em 30 de janeiro de 2018
- ↑ «Proposta aumenta prazo para estudante formado começar a pagar o Fies». Câmara dos Deputados. 29 de agosto de 2014. Consultado em 15 de outubro de 2014
- ↑ Jacir J. Venturi (15 de março de 2015). «Fies: dois meses de incertezas». Jornal Gazeta do Povo. Consultado em 25 de março de 2015
- ↑ «Minha Casa, Pronatec e Fies sofreram cortes de R$ 11 bilhões - Economia - Estadão». Estadão
- ↑ «No ano do lema 'Pátria Educadora', MEC perde R$ 10,5 bi, ou 10% do orçamento - Educação - Estadão». Estadão
- ↑ «Descomplica: Quem pode se inscrever no Fies?». enem.descomplica.com.br
- ↑ «Descomplica: Quem tem direito ao Fies?». enem.descomplica.com.br
- ↑ «Descomplica: O que mudou no Fies?». enem.descomplica.com.br
- ↑ «Descomplica: Fies e Enem - O que tem a ver?». enem.descomplica.com.br
- ↑ «Descomplica: Classificação e pré-seleção - Quando eu sei que deu certo?». enem.descomplica.com.br
- ↑ «Descomplica: Como funciona a lista de espera?». enem.descomplica.com.br
- ↑ «Descomplica: O que é aditamento?». enem.descomplica.com.br. Consultado em 11 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 13 de fevereiro de 2017
- ↑ «Fies: o que é aditamento simplificado e não simplificado?». foconoenem.com. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ «Descomplica: Entendendo os diferentes casos de suspensão temporária do contrato de financiamento estudantil». enem.descomplica.com.br
- ↑ a b «Descomplica: Como é que acontece o encerramento do contrato de financiamento estudantil?». enem.descomplica.com.br
- ↑ «Descomplica: SISU, PROUNI e FIES - Amigos ou rivais??». enem.descomplica.com.br