Jacques Offenbach
Jacques Offenbach | |
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O compositor, em retrato de 1876. | |
Nascimento | Jakob Eberst Offenbach 20 de junho de 1819 Colônia |
Morte | 5 de outubro de 1880 (61 anos) Paris, França |
Sepultamento | Cemitério de Montmartre |
Cidadania | França, Reino da Prússia |
Progenitores |
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Cônjuge | Herminia de Alcain |
Alma mater | |
Ocupação | compositor, violoncelistavioloncelo |
Prêmios |
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Empregador | Théâtre de l'Ambigu-Comique, Théâtre national de l'Opéra-Comique, Théâtre des Bouffes-Parisiens, Comédie-Française, Théâtre des Variétés-Amusantes |
Gênero literário | romantismo |
Obras destacadas | Les contes d'Hoffmann, Orpheus in the Underworld |
Movimento estético | romantismo |
Assinatura | |
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Jacques Offenbach, nascido Jakob Eberst (Colônia, 20 de junho de 1819 — Paris, 5 de outubro de 1880) foi um compositor e violoncelista alemão da Era Romântica, radicado na França. Foi um paladino da opereta e um precursor do teatro musical moderno.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Jakob Offenbach, nasceu em Colônia, em 1819 e aprendeu as primeiros noções de música com seu pai, Isaac Ben-Juda (1779–1850),[1] chazan (cantor) da sinagoga da cidade. Aos doze anos, Jacob era já um exímio violoncelista, razão pela qual sua família decidiu enviá-lo a Paris, onde receberia uma melhor educação musical. Após um ano de estudos, o jovem músico passou a atuar na orquestra do Théâtre national de l'Opéra-Comique, quando desenvolveu parceria musical e uma grande amizade com o pianista e compositor Friedrich von Flotow. O compositor adotou uma nova identidade e trocou seu sobrenome para Offenbach, em homenagem à cidade natal de seu pai, Offenbach am Main.
Considerado pela crítica como o "Liszt do violoncelo", ele não só dedicou-se a compor várias obras para esse instrumento como participou de uma série de concertos nas principais capitais europeias. Na corte londrina, apresentou-se para a Rainha Vitória I e o príncipe Alberto.
Em 1858, Paris começou a viver o período de frivolidade e decadência do Segundo Império. A cidade, administrada pelo Barão Georges-Eugène Haussmann, passava por um moderno processo de urbanização, caracterizado pela abertura de novas e amplas avenidas, chamadas boulevards. Os espetáculos teatrais começaram a explorar humoristicamente o espírito, a inteligência e o divertimento característicos da vida parisiense.
Foi naquela época que estreou a primeira opereta de Offenbach, Orfeu no Inferno, através da qual um de seus temas musicais, o cancan, adquiriu notoriedade internacional. A fama e a popularidade de Offenbach subiram às alturas. Em dez anos ele escreveu noventa operetas, a maioria de grande sucesso, a exemplo de La Belle Hélène, La Vie Parisienne, La Grande-duchesse de Gérolstein e La Princesse de Trébizonde. Segundo Carpeaux, regeu o cancan que as platéias dançavam, sendo um participante embriagado e espectador cínico da orgia.
A derrota dos franceses na guerra franco-prussiana de 1870 e os incêndios da comuna de Paris colocaram um final na temporada de danças, risos e champanhe. Offenbach, apesar de suas raízes alemãs, considerava-se um genuíno parisiense e entrou em profunda depressão após a humilhante derrota sofrida pela França, ante as tropas de Otto von Bismarck. Depois de um malogrado tour pelos Estados Unidos e com sua fortuna dilapidada, Offenbach passou a demonstrar um amargo arrependimento por ter desperdiçado o seu talento, compondo músicas populares e de gosto duvidoso. Atraído pelas histórias fantásticas do escritor e compositor alemão ETA Hoffmann, ele se lançou febrilmente na tarefa de compor uma ópera séria que ficasse para a posteridade. Com 60 anos e muito doente, ele trabalhou com afinco para concluir Os contos de Hoffmann. Mas o famoso criador de operetas não conseguiu realizar o sonho de assistir à montagem de sua primeira grande ópera de sucesso. Ele morreu em Paris, no dia 5 de outubro de 1880, e a estreia de sua joia musical só iria ocorrer cinco meses depois. A ópera foi considerada o maior evento da temporada, atingindo um recorde de 101 apresentações.
Obra[editar | editar código-fonte]
- Principais obras cênicas
- 1855: Ba-ta-clan, chinoiserie musical (livreto de Ludovic Halévy), estreia no Théâtre des Bouffes-Parisiens em 29 de dezembro de 1855
- 1858: Orphée aux Enfers, ópera-bufa (livreto de Ludovic Halévy e Hector Crémieux) — seguida de uma 2ª versão em 1874
- 1864: La Belle Hélène, ópera-bufa (livreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy)
- 1866: Barbe-Bleue, ópera-bufa (livreto de Meilhac e Halévy)
- 1866: La Vie parisienne, ópera-bufa (livreto de Meilhac e Halévy) - seguida de uma 2ª versão em 1873
- 1867: La Grande-duchesse de Gérolstein, ópera-bufa (livreto de Meilhac e Halévy)
- 1867: Robinson Crusoé, opéra-comique (livreto de Eugène Cormon e Hector Crémieux)
- 1868: La Périchole, ópera-bufa (livreto de Meilhac e Halévy) — seguida de uma 2ª versão em 1874
- 1869: Les Brigands, ópera-bufa (livreto de Meilhac e Halévy) — seguida de uma 2ª versão em 1878
- 1869: La Princesse de Trébizonde, ópera-bufa (livreto de Charles Nuitter e Étienne Tréfeu), estreia em julho de 1869 em dois atos, seguida de uma 2ª versão, em três atos, em dezembro de 1869
- 1872: Le Roi Carotte, ópera-bufa féerie (livreto de Victorien Sardou)
- 1875: Le Voyage dans la Lune, ópera féerie (livreto de Eugène Leterrier, Albert Vanloo e Alfred Mortier)[2]
- 1877: Le Docteur Ox, ópera-bufa (livreto de Alfred Mortier e Philippe Gille)
- 1878: Madame Favart, opéra-comique (livreto de Henri Chivot e Alfred Duru)
- 1879: La Fille du tambour-major, opéra-comique (livreto de Henri Chivot e Alfred Duru)
- 1881: Les Contes d'Hoffmann, ópera fantástica (livreto de Jules Barbier) — Op. posth., orquestração inacabada, por Ernest Guiraud
- Melodias
- Espoir en Dieu, sobre poema de Victor Hugo (1851, manuscrito inédito),[3] rearranjada para soprano e coro, posteriormente utilizada numa primeira versão do final de Les Contes d'Hoffmann.
- J'aime la rêverie, com letra da baronesa de Vaux (1839)[4]
- Jalousie!, dedicada a Léonie de Vaux (1839)[4]
- Fables de La Fontaine, sobre seis fábulas de La Fontaine (1842)[4]
- Le Berger et la Mer
- Le Corbeau et le Renard
- La Cigale et la Fourmi
- La Laitière et le Pot au lait
- Le Rat de ville et le Rat des champs
- Le Savetier et le Financier
- Das deutsche Vaterland ou Vaterland's Lied (que tornar-se-ia Rêverie au bord de la mer para violoncelo solo em 1848, sendo depois introduzida no final de Les Fées du Rhin, em 1864)[4]
- Les Voix mystérieuses, seis melodias para voz e piano (1852)
- Música sinfônica
- Grande scène espagnole, op. 22 (1840, manuscrito inédito)
- Concerto pour violoncelle et orchestre, concerto militar (1847–1848)
- Polka des mirlitons para corneta, três mirlitons (tipo de flauta rústica) e orquestra (1857)
- Offenbachiana, pot-pourri (1876)
- Offenbach-Waltz ou American Eagle Waltz para corneta e orquestra (1876)
- Música para violoncelo
- Cours méthodique de duos para violoncelos, op. 49 a 54 (ed. Schoenberger, 1847)
- Fantaisies sur:
- Jean de Paris de Boieldieu, op. 70
- Le Barbier de Séville de Rossini, op. 71 (~1854)[4]
- Les Noces de Figaro de Mozart, op. 72
- Norma de Bellini, op. 73
- Richard Cœur-de-Lion de Grétry, op. 69 (~1855)[4]
- Guillaume Tell ou Grande fantaisie sur des motifs de Guillaume Tell de Rossini (1848)
- La Course en traîneau dedicada a Mme Léon Faucher, para violoncelo e piano (1849)
- Les Chants du crépuscule, op. 29
- Musette, música de ballet do século XVIII para violoncelo e orquestra de cordas, op. 24 (1842)[4]
- Música para piano
- Le Décaméron dramatique, « album du Théâtre-Français », danças para piano dedicadas aos atores da Comédie-Française (1854)[4]
- Les Arabesques (1841–1852)
- Les Roses du Bengale, seis valsas sentimentais (1844)
Referências
- ↑ (em alemão) Isaac Judas Eberst, Katalog der Deutschen Nationalbibliothek].
- ↑ Jean-Claude Yon analisa as relações entre Júlio Verne e Offenbach em "Jules Verne e Jacques Offenbach, destins croisés", Revue Jules Verne 11, 2001, p.95-100.
- ↑ Peça J100 do catálogo FRAD071_J1-1149 Arquivos particulares, pequenos fundos e peças isoladas (J 1 - 1149), Arquivos dos departamentos de Saône e Loire
- ↑ a b c d e f g h YON, Jean-Claude. Jacques Offenbach, col. Biographies, Gallimard, Paris, 2000.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Sophie-Anne Leterrier, «Jean-Claude YON, Jacques Offenbach» (resenha)
- András Batta. Ópera: Compositores. Obras. Intérpretes. ISBN 3-8290-2830-X
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Obras de Jacques Offenbach no International Music Score Library Project
- El Poder de la Palabra (biografia e fragmentos de obras)
- Site da OEK, edição crítica das obras de Offenbach (em francês, inglês e alemão)