Maria Clotilde de Saboia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Maria Clotilde
Princesa de Saboia
Princesa Napoleão
Maria Clotilde de Saboia
Nascimento 2 de março de 1843
  Palácio Real de Turim, Turim, Sardenha
Morte 25 de junho de 1911 (68 anos)
  Castelo de Moncalieri, Moncalieri, Itália
Sepultado em Basílica de Superga, Turim, Itália
Nome completo Luísa Teresa Maria Clotilde
Marido Napoleão José Bonaparte
Descendência Vítor, Príncipe Napoleão
Luís Bonaparte
Maria Letícia Bonaparte
Casa Saboia (por nascimento)
Bonaparte (por casamento)
Pai Vítor Emanuel II da Itália
Mãe Adelaide da Áustria
Religião Catolicismo
Serva de Deus
Maria Clotilde de Saboia
Maria Clotilde de Saboia
Princesa Maria Clotilde de Sabóia, por volta de 1860
Princesa e Leiga
Veneração por Igreja Católica
Principal templo Basílica de Superga, Torino, Itália
Festa litúrgica 25 de junho
Atribuições Traje de princesa
Rosário
Padroeira Itália
Portal dos Santos

Luísa Teresa Maria Clotilde de Saboia (em italiano: Ludovica Teresa Maria Clotilde; Turim, 2 de março de 1843 - Moncalieri, 25 de junho de 1911) foi a filha do rei Vítor Emanuel II da Sardenha, depois rei de Itália, e da sua primeira esposa, a arquiduquesa Adelaide da Áustria. Casou-se com o príncipe Napoleão José Carlos Paulo Bonaparte. É venerada na Igreja Católica, tendo sido declarada Serva de Deus pelo Papa Pio XII.[1]

Família[editar | editar código-fonte]

Clotilde era a filha mais velha do rei Vítor Emanuel II da Itália e da sua primeira esposa, a arquiduquesa Adelaide da Áustria.

Tinha sete irmãos mais novos, o rei Humberto I de Itália, casado com a princesa Margarida de Sabóia, o rei Amadeu I de Espanha, casado primeiro com Maria Vittoria dal Pozzo e depois com a sua filha, a princesa Maria Letícia Bonaparte, o príncipe Otão de Saboia, que morreu jovem, a princesa Maria Pia de Saboia, casada com o rei D. Luís I de Portugal, e mais três irmãos que morreram muito jovens. Tinha também vários meios-irmãos do lado do pai, fruto dos seus vários relacionamentos.

Casamento[editar | editar código-fonte]

Princesa Clotilde e príncipe Napoleão

Maria Clotilde casou-se a 30 de Janeiro de 1859 com o príncipe Napoleão José Carlos Paulo Bonaparte em Turim. O casamento foi infeliz, principalmente porque Clotilde preferia levar uma vida mais calma e preenchida por deveres, que achava ser a ideal para o casal, enquanto Napoleão José preferia o estilo de vida mais frenético e cheio de entretenimento da corte francesa. Outro fator que contribuiu para a infelicidade do casal estava relacionada com as circunstâncias que levaram à sua união. Clotilde tinha apenas quinze anos quando se casou, enquanto o seu marido tinha trinta e sete. A princesa não queria se casar e apenas concordou para cumprir a vontade do pai. A união tinha sido negociada unicamente por razões políticas durante a conferência de Plombières que se realizou em Julho de 1858. Uma vez que, nesta altura, Clotilde era ainda demasiado nova, Napoleão José teve de esperar até ao ano seguinte; foi criticado por muitos por ter levado a sua noiva de Turim demasiado cedo. O casamento era comparado frequentemente com a união de um elefante com uma gazela. O noivo possuía os traços fortes dos Bonaparte (amplo, volumoso e pesado), enquanto a noiva tinha um aspecto frágil, era baixa, tinha cabelo loiro e possuía o nariz característico da Casa de Saboia.[2]

Maria Clotilde com o seu filho mais velho

O seu marido era infiel e ela desempenhava um papel ativo com as caridades. Maria Clotilde era descrita como orgulhosa, fanática e zelosa. Durante uma discussão sobre qual seria a forma mais correta para se vestir, Clotilde assinalou à imperatriz Eugénia que esta não se devia esquecer de que nasceu e foi criada numa corte real. Quando Eugénia se queixou da fatiga da corte francesa em certa ocasião, Clotilde respondeu que "não nos importamos; sabe, nascemos para fazer isto".[3] Também foi descrita como "devota e modesta".[4]

O casamento também não foi popular entre os franceses e os italianos. Principalmente no país natal da princesa, os italianos achavam que a filha do rei tinha sido sacrificada a um membro pouco popular da Casa de Bonaparte e, como consequência, consideravam que esta era uma má aliança.[5] No lado francês, Napoleão José tinha má reputação e todos sabiam que mantinha vários casos amorosos tanto antes como depois do casamento. Quando o casal entrou oficialmente em Paris, a 4 de Fevereiro, foi recebido de forma pouco entusiástica pelos parisienses, não por desrespeito à filha do rei da Sardenha, mas por não gostarem do seu marido.[2] De fato, ao longo da sua vida, a simpatia do público era demonstrada mais a seu favor do que ao do marido; Clotilde era vista de forma carinhosa como uma mulher recatada, generosa e devota que estava presa num casamento infeliz.[6]

Queda do Império Francês[editar | editar código-fonte]

Após a queda do Segundo Império Francês em 1870, Maria Clotilde recusou-se inicialmente a sair de Paris quando os revolucionários entraram na cidade, devido à sua crença de que, como princesa da Casa de Saboia, o seu dever era permanecer no seu posto. Contudo, o casal foi forçado a fugir e, a partir de então, a família passou a viver numa propriedade na vila de Prangins, perto do lago Léman.[7]

Turim[editar | editar código-fonte]

Após a morte do seu pai, o rei Vítor Emanuel, em 1878, Clotilde regressou a Turim sem o marido. Durante este período, a sua filha Maria Letícia viveu consigo no Castelo de Moncalieri, mas os seus dois filhos continuaram a viver com o pai.[8] Na Itália, Clotilde retirou-se da sociedade e passou a dedicar-se à religião e à caridade. Morreu em Moncalieri, com 68 anos de idade e foi enterrada no castelo com honras reais. No funeral, estiveram presentes o rei Vítor Emanuel III, a rainha Helena e outras personalidades.[9]

Causa de beatificação e canonização[editar | editar código-fonte]

Em 1936, a causa de beatificação Maria Clotilde foi apresentada pelo Arcebispo de Turim. Em 10 de julho de 1942 o Papa Pio XII declarou a princesa Serva de Deus e a causa de sua beatificação ainda continua.[10]

Genealogia[editar | editar código-fonte]

Os antepassados de Maria Clotilde de Saboia em três gerações
Maria Clorilde de Saboia Pai:
Vítor Emanuel II da Itália
Avô paterno:
Carlos Alberto da Sardenha
Bisavô paterno:
Carlos Emanuel, Príncipe de Carignano
Bisavó paterna:
Maria Cristina da Saxónia
Avó paterna:
Maria Teresa da Áustria
Bisavô paterno:
Fernando III da Toscana
Bisavó paterna:
Luísa das Duas Sicílias
Mãe:
Adelaide da Áustria
Avô materno:
Rainer José da Áustria
Bisavô materno:
Leopoldo II do Sacro Império Romano-Germânico
Bisavó materna:
Maria Luísa da Espanha
Avó materna:
Isabel de Saboia
Bisavô materno:
Carlos Emanuel, Príncipe de Carignano
Bisavó materna:
Maria Cristina da Saxônia

Referências

  1. Madmonarchist (22 de junho de 2011). «The Mad Monarchist: Servant of God Princess Maria Clotilde of Savoy». The Mad Monarchist. Consultado em 10 de novembro de 2020 
  2. a b Vizetelly, p. 225.
  3. Chase, W.B. (18 de Julho de 1920), "How An Empress Was Snubbed", The New York Times
  4. "The Widow of Plon-Plon", The New York Times, 27 de Junho de 1911
  5. Vizetelly, pp. 225-26.
  6. Vizetelly, p. 226.
  7. Remsen Whitehouse, p. 313.
  8. Remsen Whitehouse, pp. 313-314.
  9. "Dowager Bonaparte Princess Buried", The New York Times (Moncalieri, Itália), 29 de Junho de 1911
  10. «Serva di Dio Maria Clotilde di Savoia su santiebeati.it». Santiebeati.it. Consultado em 10 de novembro de 2020 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]