Vetor (matemática): diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Revertidas edições por 187.79.185.206 para a última versão por Thepalerider2012, de 19h48min de 13 de julho de 2013 (UTC)
Uso do nome das "referências" em vez de duplicá-las; +links internos; +correções automáticas (v0.36/3.1.34), -hack obsoleto desde o mw:MediaWiki 1.19 (ver também rev:104498 e bugzilla:31406#c24), formatação
Linha 2: Linha 2:
[[Imagem:VectorAB.svg|thumb|Representação gráfica de um vector.]]
[[Imagem:VectorAB.svg|thumb|Representação gráfica de um vector.]]


Em [[geometria analítica]], um {{PBPE2|'''vetor'''|'''vector'''}} é uma [[Classe (teoria dos conjuntos)|classe]] de [[equipolência]] de ''[[segmento de recta|segmentos de reta]] orientados'', que possuem todos a mesma intensidade (denominada norma ou [[valor absoluto|módulo]]), mesma direção e mesmo sentido<ref name=santos>[http://www.mat.ufmg.br/~regi/gaalt/gaalt1.pdf SANTOS, Reginaldo J. ''Matrizes, Vetores e Geometria Analítica''. Minas Gerais: UFMG, 2010. 709 págs]. [[ISBN]] 85-7470-014-2. Acesso em 17 jan. 2011.</ref>. Em alguns casos, a expressão '''vetor espacial''' também é utilizada.{{carece de fontes}}
Em [[geometria analítica]], um {{PBPE2|'''vetor'''|'''vector'''}} é uma [[Classe (teoria dos conjuntos)|classe]] de [[equipolência]] de ''[[segmento de recta|segmentos de reta]] orientados'', que possuem todos a mesma intensidade (denominada norma ou [[valor absoluto|módulo]]), mesma direção e mesmo sentido<ref name=santos>[http://www.mat.ufmg.br/~regi/gaalt/gaalt1.pdf SANTOS, Reginaldo J. ''Matrizes, Vetores e Geometria Analítica''. Minas Gerais: UFMG, 2010. 709 págs]. ISBN 85-7470-014-2. Acesso em 17 jan. 2011.</ref>. Em alguns casos, a expressão '''vetor espacial''' também é utilizada.{{Carece de fontes|ciência=sim|data=agosto de 2013}}


Neste contexto, um vetor <math>\mathbf{a}</math> pode ser representado por qualquer segmento de reta <u>orientado</u> que seja membro da classe deste vetor (ou seja: pode ser representado por qualquer segmento de reta orientado que possua mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido de qualquer outro segmento da referida classe). E se o segmento <math>\overline{AB}</math> (segmento de reta orientado do ponto A para o ponto B) for um representante do vetor <math>\mathbf{a}</math>, então podemos dizer que o vetor <math>\mathbf{a}</math> é <u>igual</u> ao vetor <math>\overrightarrow{AB}</math>.
Neste contexto, um vetor <math>\mathbf{a}</math> pode ser representado por qualquer segmento de [[reta]] <u>orientado</u> que seja membro da classe deste vetor (ou seja: pode ser representado por qualquer segmento de reta orientado que possua mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido de qualquer outro segmento da referida classe). E se o segmento <math>\overline{AB}</math> (segmento de reta orientado do ponto A para o ponto B) for um representante do vetor <math>\mathbf{a},</math> então podemos dizer que o vetor <math>\mathbf{a}</math> é <u>igual</u> ao vetor <math>\overrightarrow{AB}.</math>


De maneira mais formal, um vetor é definido como sendo uma classe de [[equipolência]] de segmentos de reta orientados de <math>\mathbb{V}^n</math><ref name=cruz>[http://wwwp.fc.unesp.br/~lfcruz/GA_cap_01.pdf CRUZ, Luiz Francisco da. ''Cálculo Vetorial e Geometria Analítica'']. Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da [[UNESP]], Cap. 1, pág. 5. Acesso em 09/05/2011.</ref>, em que <math>\mathbb{V}^n</math> representa um [[espaço vetorial]] de n dimensões. Assim sendo, em um espaço vetorial de 3 dimensões (<math>\mathbb{V}^3</math>), cada vetor será dotado de três coordenadas, comumente denominadas ''x'', ''y'' e ''z''.
De maneira mais formal, um vetor é definido como sendo uma classe de [[equipolência]] de segmentos de reta orientados de <math>\mathbb{V}^n</math><ref name=cruz>[http://wwwp.fc.unesp.br/~lfcruz/GA_cap_01.pdf CRUZ, Luiz Francisco da. ''Cálculo Vetorial e Geometria Analítica'']. Departamento de [[Matemática]] da Faculdade de Ciências da [[UNESP]], Cap. 1, pág. 5. Acesso em 09/05/2011.</ref>, em que <math>\mathbb{V}^n</math> representa um [[espaço vetorial]] de n dimensões. Assim sendo, em um espaço vetorial de 3 dimensões (<math>\mathbb{V}^3</math>), cada vetor será dotado de três coordenadas, comumente denominadas ''x'', ''y'' e ''z''.


Quando falamos em distância geométrica "de A para B", podemos imaginar que o ponto A está sendo "carregado" até chegar ao ponto B{{nota de rodapé|De fato, a palavra [[Latim|latina]] ''[[wikt:vetor#Etimologia|vectore]]'' significa "aquele que carrega".}}
Quando falamos em [[distância]] geométrica "de A para B", podemos imaginar que o ponto A está sendo "carregado" até chegar ao ponto B{{nota de rodapé|De fato, a palavra [[Latim|latina]] ''[[wikt:vetor#Etimologia|vectore]]'' significa "aquele que carrega".}}


Muitas [[Operação (matemática)|operações algébricas]] nos [[Número real|números reais]] possuem formas [[analogia|análogas]] para vetores. Vetores podem ser [[adição|adicionados]], [[subtração|subtraídos]], [[Multiplicação|multiplicados]] por um número e invertidos. Essas operações obedecem às conhecidas leis da álgebra: [[comutatividade]], [[associatividade]] e [[distributividade]]. A soma de dois vetores com o mesmo ponto inicial pode ser encontrada geometricamente usando a [[regra do paralelogramo]]. A multiplicação por um número positivo (comumente chamado ''[[escalar]]''), nesse contexto, se resume a alterar a magnitude do vetor, isto é, alongando ou encurtando-o porém mantendo o seu sentido. A multiplicação por -1 preserva a magnitude mas inverte o sentido. As [[coordenadas cartesianas]] fornecem uma maneira sistemática de descrever e operar vetores.
Muitas [[Operação (matemática)|operações algébricas]] nos [[Número real|números reais]] possuem formas [[analogia|análogas]] para vetores. Vetores podem ser [[adição|adicionados]], [[subtração|subtraídos]], [[Multiplicação|multiplicados]] por um [[número]] e invertidos. Essas operações obedecem às conhecidas leis da [[álgebra]]: [[comutatividade]], [[associatividade]] e [[distributividade]]. A soma de dois vetores com o mesmo ponto inicial pode ser encontrada geometricamente usando a [[regra do paralelogramo]]. A multiplicação por um número positivo (comumente chamado ''[[escalar]]''), nesse contexto, se resume a alterar a magnitude do vetor, isto é, alongando ou encurtando-o porém mantendo o seu sentido. A multiplicação por -1 preserva a magnitude mas inverte o sentido. As [[coordenadas cartesianas]] fornecem uma maneira sistemática de descrever e operar vetores.


Os vetores desempenham um papel importante na [[física]]: [[velocidade]] e [[aceleração]] de um objeto e as [[força]]s que agem sobre ele são descritas por vetores. É importante ressaltar, no entanto, que os componentes de um vetor físico dependem do [[sistema de coordenadas]] usado para descrevê-lo. Outros objetos usados para descrever quantidades físicas são os pseudo-vetores e [[tensor]]es.
Os vetores desempenham um papel importante na [[física]]: [[velocidade]] e [[aceleração]] de um objeto e as [[força]]s que agem sobre ele são descritas por vetores. É importante ressaltar, no entanto, que os componentes de um vetor físico dependem do [[sistema de coordenadas]] usado para descrevê-lo. Outros objetos usados para descrever quantidades físicas são os pseudo-vetores e [[tensor]]es.


Os vetores têm aplicação em várias áreas do conhecimento, tanto técnico quanto científico, como [[física]], [[engenharia]] e [[economia]], por exemplo, sendo os elementos a partir dos quais se constrói o [[Cálculo Vetorial]].
Os vetores têm aplicação em várias áreas do conhecimento, tanto técnico quanto científico, como física, [[engenharia]] e [[economia]], por exemplo, sendo os elementos a partir dos quais se constrói o [[Cálculo Vetorial]].


== Módulo ou norma do vetor - <math>||\mathbf{a}||</math> ==
== Módulo ou norma do vetor - <math>||\mathbf{a}||</math> ==
Módulo do vetor é seu comprimento (na figura acima, seria a distância AB).
Módulo do vetor é seu [[comprimento]] (na figura acima, seria a distância AB).




Fórmula de cálculo (para uma base ortonormal):
Fórmula de cálculo (para uma [[base ortonormal]]):




<math>||\mathbf{a}|| = \sqrt{x^2 + y^2 + z^2}</math> (dedução a partir do [[Pitágoras#Teorema_de_Pit.C3.A1goras|Teorema de Pitágoras]])
<math>||\mathbf{a}|| = \sqrt{x^2 + y^2 + z^2}</math> (dedução a partir do [[Pitágoras#Teorema de Pitágoras|Teorema de Pitágoras]])


== Operações com vetores ==
== Operações com vetores ==
[[Imagem:Vector Addition.svg|thumb|right|Adição vetorial pela regra do paralelogramo.]]
[[Imagem:Vector Addition.svg|thumb|direita|Adição vetorial pela regra do paralelogramo.]]


=== Adição ===
=== Adição ===
Linha 33: Linha 33:
Observemos o gráfico:
Observemos o gráfico:


[[File:Vetor soma.png|thumb|left|250px|Adição de vetores]]
[[Imagem:Vetor soma.png|thumb|esquerda|250px|Adição de vetores]]


Podemos verificar que:
Podemos verificar que:


<math>\vec{w}=\vec{v}+\vec{u} \,\!</math>
<math>\vec{w}=\vec{v}+\vec{u}</math>


e que:
e que:


<math>w_x=v_x+u_x \,\!</math>
<math>w_x=v_x+u_x</math>


assim como:
assim como:


<math>w_y=v_y+u_y \,\!</math>.
<math>w_y=v_y+u_y.</math>


Logo temos que, dados dois vetores:
Logo temos que, dados dois vetores:


<math>\vec{v},\vec{u} \,\!</math>
<math>\vec{v},\vec{u}</math>


a sua adição resulta em:
a sua adição resulta em:


<math>\vec{w}= \langle v_x+u_x,v_y+u_y \rangle \,\!</math>
<math>\vec{w}= \langle v_x+u_x,v_y+u_y \rangle</math>


Expandindo para a forma tridimensional temos:
Expandindo para a forma tridimensional temos:


<math>\vec{w}= \langle v_x+u_x,v_y+u_y,v_z+u_z \rangle \,\!</math>
<math>\vec{w}= \langle v_x+u_x,v_y+u_y,v_z+u_z \rangle</math>


=== Subtração ===
=== Subtração ===
[[Image:Vector subtraction.png|thumb|150px]]
[[Imagem:Vector subtraction.png|thumb|150px]]


Da mesma forma que no caso anterior temos a subtração como já aprendemos, também podemos demonstrar esta propriedade usando a decomposição em triângulos retângulos:
Da mesma forma que no caso anterior temos a subtração como já aprendemos, também podemos demonstrar esta propriedade usando a decomposição em triângulos retângulos:
Linha 66: Linha 66:
Observemos o gráfico:
Observemos o gráfico:


[[File:Vetor subtrac.png|thumb|250px|left|Subtração de vetores]]
[[Imagem:Vetor subtrac.png|thumb|250px|esquerda|Subtração de vetores]]


Podemos verificar que:
Podemos verificar que:


<math>\vec{w}=\vec{v}-\vec{u} \,\!</math>
<math>\vec{w}=\vec{v}-\vec{u}</math>


e que:
e que:


<math>w_x=v_x-u_x \,\!</math>
<math>w_x=v_x-u_x</math>


assim como:
assim como:

<math>w_y=v_y-u_y \,\!</math>.


<math>w_y=v_y-u_y.</math>


Logo temos que, dados dois vetores:
Logo temos que, dados dois vetores:


<math>\vec{v},\vec{u} \,\!</math>
<math>\vec{v},\vec{u}</math>


a sua subtração resulta em:
a sua subtração resulta em:


<math>\vec{w}= \langle v_x-u_x,v_y-u_y \rangle \,\!</math>
<math>\vec{w}= \langle v_x-u_x,v_y-u_y \rangle</math>


Expandindo para a forma tridimensional temos:
Expandindo para a forma tridimensional temos:


<math>\vec{w}= \langle v_x-u_x,v_y-u_y,v_z-u_z \rangle \,\!</math>
<math>\vec{w}= \langle v_x-u_x,v_y-u_y,v_z-u_z \rangle</math>

=== Multiplicação por escalares ===
=== Multiplicação por escalares ===
[[Image:Scalar multiplication of vectors.png|thumb|150px]]
[[Imagem:Scalar multiplication of vectors.png|thumb|150px]]
Definimos que se <math>c \in \R \,\!</math> expressando apenas valor numérico, então o denominamos '''escalar'''.<ref name=Cálculo>[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/C%C3%A1lculo_%28Volume_1%29.pdf João Jeronimo & Marcos Antônio Nunes de Moura. ''Introdução ao Cálculo vol II''. 20 de março de 2013. 158 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0). Acesso em 13 jul. 2013.</ref>
Definimos que se <math>c \in \R</math> expressando apenas valor numérico, então o denominamos '''escalar'''.<ref name="Cálculo">[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/C%C3%A1lculo_%28Volume_1%29.pdf João Jeronimo & Marcos Antônio Nunes de Moura. ''Introdução ao Cálculo vol II''. 20 de março de 2013. 158 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0). Acesso em 13 jul. 2013.</ref>


O produto de um escalar por um vetor é encontrado pela notação:
O produto de um escalar por um vetor é encontrado pela notação:


<math>\vec{w}=c\ \vec{a} \,\!</math>
<math>\vec{w}=c\ \vec{a}</math>


que operamos:
que operamos:


<math>\vec{w}=\langle c\ a_x,c\ a_y,c\ a_z \rangle \,\!</math>
<math>\vec{w}=\langle c\ a_x,c\ a_y,c\ a_z \rangle</math>


onde:
onde:


*<math>\vec{w} \,\!</math> é o vetor resultante;
* <math>\vec{w}</math> é o vetor resultante;
*<math>\vec{a} \,\!</math> é o vetor parâmetro original;
* <math>\vec{a}</math> é o vetor parâmetro original;
*<math>c\ \,\!</math> é o escalar.
* <math>c</math> é o escalar.


Esta operação pode ser observada graficamente ao lado:
Esta operação pode ser observada graficamente ao lado:


Note que todos os vetores gerados pela multiplicação por escalares são paralelos ao original, quando multiplicamos um vetor por <math>(-1) \,\!</math> temos uma inversão de sentido e qualquer valor de escalar diferente de <math>1 \,\!</math> altera a magnitude do vetor.
Note que todos os vetores gerados pela multiplicação por escalares são paralelos ao original, quando multiplicamos um vetor por <math>(-1)</math> temos uma inversão de sentido e qualquer valor de escalar diferente de <math>1</math> altera a magnitude do vetor.


=== Produto escalar ===
=== Produto escalar ===
O produto escalar, também denominado produto interno, é o produto de dois vetores que resulta em um escalar, a operação que define o seu valor definimos abaixo.<ref name=Cálculo>[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/C%C3%A1lculo_%28Volume_1%29.pdf João Jeronimo & Marcos Antônio Nunes de Moura. ''Introdução ao Cálculo vol II''. 20 de março de 2013. 158 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0). Acesso em 13 jul. 2013.</ref>
O [[produto escalar]], também denominado [[produto interno]], é o produto de dois vetores que resulta em um escalar, a operação que define o seu valor definimos abaixo.<ref name="Cálculo"/>


Consideremos dois vetores <math>\vec{v},\vec{u} \,\!</math>, cujos componentes são notados por <math>v_d \,\!</math> e <math>u_d \,\!</math> respectivamente, sendo <math>d \,\!</math> uma das dimensões: <math>\{x,y,z \}\,\!</math>, então o produto escalar é definido como:
Consideremos dois vetores <math>\vec{v},\vec{u},</math> cujos componentes são notados por <math>v_d</math> e <math>u_d</math> respectivamente, sendo <math>d</math> uma das dimensões: <math>\{x,y,z \},</math> então o produto escalar é definido como:


<math>\vec{v}\ \cdot \ \vec{u}=v_x u_x + v_y u_y + v_z u_z \,\!</math>
<math>\vec{v}\ \cdot \ \vec{u}=v_x u_x + v_y u_y + v_z u_z</math>


=== Propriedades do produto escalar ===
=== Propriedades do produto escalar ===
As propriedades do produto escalar são facilmente demonstráveis e estão na tabela abaixo, na mesma convencionamos que:
As propriedades do produto escalar são facilmente demonstráveis e estão na tabela abaixo, na mesma convencionamos que:


*<math>\vec{v},\vec{u},\vec{w} \,\!</math> são vetores em <math>\R^3</math>;
* <math>\vec{v},\vec{u},\vec{w}</math> são vetores em <math>\R^3;</math>
*<math>c \,\!</math> é um escalar.
* <math>c</math> é um escalar.


{|class="wikitable"
{|{{prettytable}}
!Propriedade
!Propriedade
!Operação
!Operação
|-
|-
|Produto nulo
|Produto nulo
|<math>0 \cdot \vec{v}=0 \,\!</math>
|<math>0 \cdot \vec{v}=0</math>
|-
|-
|Comutativa do produto escalar
|Comutativa do produto escalar
|<math>\vec{v} \cdot \vec{u}=\vec{u} \cdot \vec{v} \,\!</math>
|<math>\vec{v} \cdot \vec{u}=\vec{u} \cdot \vec{v}</math>
|-
|-
|Associativa entre produto escalar e produto por escalares
|Associativa entre produto escalar e produto por escalares
|<math>c(\vec{v} \cdot \vec{u})=(c \vec{v}) \cdot \vec{u} \,\!</math>
|<math>c(\vec{v} \cdot \vec{u})=(c \vec{v}) \cdot \vec{u}</math>
|-
|-
|Distributiva
|Distributiva
|<math>(\vec{v} + \vec{u}) \cdot \vec{w}=\vec{v} \cdot \vec{w} + \vec{u} \cdot \vec{w} \,\!</math>
|<math>(\vec{v} + \vec{u}) \cdot \vec{w}=\vec{v} \cdot \vec{w} + \vec{u} \cdot \vec{w}</math>
|-
|-
|Escalar quadrado
|Escalar quadrado
|<math>\vec{v} \cdot \vec{v}= |\vec{v}|^2 \,\!</math>
|<math>\vec{v} \cdot \vec{v}= |\vec{v}|^2</math>
|}
|}


A demonstração das propriedades acima fica como exercício, uma vez que todas são intuitivas, não será difícil conseguir demonstrar cada uma delas, para isto basta efetuar a operação do produto escalar e utilizar regras básicas de operações algébricas.<ref name=Cálculo>[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/C%C3%A1lculo_%28Volume_1%29.pdf João Jeronimo & Marcos Antônio Nunes de Moura. ''Introdução ao Cálculo vol II''. 20 de março de 2013. 158 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0). Acesso em 13 jul. 2013.</ref>
A demonstração das propriedades acima fica como exercício, uma vez que todas são intuitivas, não será difícil conseguir demonstrar cada uma delas, para isto basta efetuar a operação do produto escalar e utilizar regras básicas de operações algébricas.<ref name="Cálculo"/>


===Produto vetorial===
=== Produto vetorial ===


As operações com vetores podem, muitas vezes, parecer estranhas a princípio, porém depois que entendemos a sua finalidade e o conceito do fundamento que está por trás de seu comportamento nos habituamos, podendo aproveitar dos recursos que estas operações podem nos oferecer. Um dos cálculos mais intrigantes dentro do universo dos vetores é o chamado '''produto vetorial''', que é definido pela seguinte operação:
As operações com vetores podem, muitas vezes, parecer estranhas a princípio, porém depois que entendemos a sua finalidade e o conceito do fundamento que está por trás de seu comportamento nos habituamos, podendo aproveitar dos recursos que estas operações podem nos oferecer. Um dos cálculos mais intrigantes dentro do universo dos vetores é o chamado '''[[produto vetorial]]''', que é definido pela seguinte operação:


Sejam os vetores <math>\vec{v}=\langle v_x,v_y,v_z \rangle,\vec{u}= \langle u_x,u_y,u_z \rangle \,\!</math>, o produto vetorial dos mesmos é:
Sejam os vetores <math>\vec{v}=\langle v_x,v_y,v_z \rangle,\vec{u}= \langle u_x,u_y,u_z \rangle,</math> o produto vetorial dos mesmos é:


<math>\vec{v} \times \vec{u} = \langle v_y u_z-u_y v_z,v_x u_z-u_x v_z,v_x u_y-u_x v_y \rangle \,\!</math>
<math>\vec{v} \times \vec{u} = \langle v_y u_z-u_y v_z,v_x u_z-u_x v_z,v_x u_y-u_x v_y \rangle</math>


A razão desta definição está na operação geométrica entre dois vetores, que neste caso, objetiva-se em encontrar um vetor que seja, ao mesmo tempo, perpendicular aos dois vetores operados. Como a operação resulta em um novo vetor, ela é denominada de '''produto vetorial'''.
A razão desta definição está na operação geométrica entre dois vetores, que neste caso, objetiva-se em encontrar um vetor que seja, ao mesmo tempo, perpendicular aos dois vetores operados. Como a operação resulta em um novo vetor, ela é denominada de '''produto vetorial'''.


A operação resume-se em encontrar coordenadas em cada eixo que sejam perpendiculares entre elas e de módulo igual a área formada pelo paralelogramo criado pela imagem dos dois vetores em cada um dos planos primários.
A operação resume-se em encontrar coordenadas em cada eixo que sejam perpendiculares entre elas e de módulo igual a [[área]] formada pelo [[paralelogramo]] criado pela imagem dos dois vetores em cada um dos planos primários.


Podemos observar que cada componente é igual à resultante de um determinante, o que nos habilita representá-los da seguinte forma:
Podemos observar que cada componente é igual à resultante de um [[determinante]], o que nos habilita representá-los da seguinte forma:


<math>\vec{v} \times \vec{u} = \left \langle \begin{vmatrix} v_y & v_z \\ u_y & u_z \end{vmatrix} , \begin{vmatrix} v_x & v_z \\ u_x & u_z \end{vmatrix} , \begin{vmatrix} v_x & v_y \\ u_x & u_y \end{vmatrix} \right \rangle \,\!</math>
<math>\vec{v} \times \vec{u} = \left \langle \begin{vmatrix} v_y & v_z \\ u_y & u_z \end{vmatrix} , \begin{vmatrix} v_x & v_z \\ u_x & u_z \end{vmatrix} , \begin{vmatrix} v_x & v_y \\ u_x & u_y \end{vmatrix} \right \rangle</math>


Como temos um vetor tridimensional, podemos adotar a notação:
Como temos um vetor tridimensional, podemos adotar a notação:


<math>\vec{v} \times \vec{u} = \begin{vmatrix} v_y & v_z \\ u_y & u_z \end{vmatrix} \vec{i} + \begin{vmatrix} v_x & v_z \\ u_x & u_z \end{vmatrix} \vec{j} + \begin{vmatrix} v_x & v_y \\ u_x & u_y \end{vmatrix} \vec{k} \,\!</math>
<math>\vec{v} \times \vec{u} = \begin{vmatrix} v_y & v_z \\ u_y & u_z \end{vmatrix} \vec{i} + \begin{vmatrix} v_x & v_z \\ u_x & u_z \end{vmatrix} \vec{j} + \begin{vmatrix} v_x & v_y \\ u_x & u_y \end{vmatrix} \vec{k}</math>


Que pode ser simplificada ainda mais se adotarmos a notação de determinante com três variáveis:
Que pode ser simplificada ainda mais se adotarmos a notação de determinante com três variáveis:
Linha 176: Linha 176:


==== Propriedades do produto vetorial ====
==== Propriedades do produto vetorial ====

O produto vetorial é basicamente uma operação em forma de determinante, a tabela abaixo introduz as propriedades do mesmo, muitas das quais já conhecemos sob a forma de teoremas de determinantes, porém são introduzidas sob a forma de operações vetoriais:
O produto vetorial é basicamente uma operação em forma de determinante, a tabela abaixo introduz as propriedades do mesmo, muitas das quais já conhecemos sob a forma de teoremas de determinantes, porém são introduzidas sob a forma de operações vetoriais:


*<math>\vec{v},\vec{u},\vec{w} \,\!</math> são vetores em <math>\R^3</math>;
* <math>\vec{v},\vec{u},\vec{w}</math> são vetores em <math>\R^3;</math>
*<math>c \,\!</math> é um escalar.
* <math>c</math> é um escalar.


{|class="wikitable"
{|{{prettytable}}
!Propriedade
!Propriedade
!Operação
!Operação
|-
|-
|Produto vetorial inverso
|Produto vetorial inverso
|<math>\vec{v} \times \vec{u}= - \vec{u} \times \vec{v}\,\!</math>
|<math>\vec{v} \times \vec{u}= - \vec{u} \times \vec{v}</math>
|-
|-
|múltiplo de escalar por produto vetorial
|múltiplo de escalar por produto vetorial
|<math>c(\vec{v} \times \vec{u})=(c \vec{v}) \times \vec{u} = \vec{v} \times (c \vec{u})\,\!</math>
|<math>c(\vec{v} \times \vec{u})=(c \vec{v}) \times \vec{u} = \vec{v} \times (c \vec{u})</math>
|-
|-
|Distributiva a direita
|Distributiva a direita
|<math>\vec{w} \times (\vec{v} + \vec{u})= \vec{w} \times \vec{v} + \vec{w} \times \vec{u} \,\!</math>
|<math>\vec{w} \times (\vec{v} + \vec{u})= \vec{w} \times \vec{v} + \vec{w} \times \vec{u}</math>
|-
|-
|Distributiva a esquerda
|Distributiva a esquerda
|<math>(\vec{v} + \vec{u}) \times \vec{w}=\vec{v} \times \vec{w} + \vec{u} \times \vec{w} \,\!</math>
|<math>(\vec{v} + \vec{u}) \times \vec{w}=\vec{v} \times \vec{w} + \vec{u} \times \vec{w}</math>
|-
|-
|Conversão em vetores com produtos escalares
|Conversão em vetores com produtos escalares
|<math>(\vec{v} \times \vec{u}) \times \vec{w}=(\vec{v} \cdot \vec{w}) \vec{u} - (\vec{v} \cdot \vec{u})\vec{w} \,\!</math>
|<math>(\vec{v} \times \vec{u}) \times \vec{w}=(\vec{v} \cdot \vec{w}) \vec{u} - (\vec{v} \cdot \vec{u})\vec{w}</math>
|}
|}


=== Ângulo entre dois vetores ===
=== Ângulo entre dois vetores ===

Observemos o gráfico:
Observemos o gráfico:


[[Image:Angle between two vectors.svg|300px]]
[[Imagem:Angle between two vectors.svg|300px]]


'''Relação entre o ângulo e o produto escalar de dois vetores'''
'''Relação entre o [[ângulo]] e o produto escalar de dois vetores'''


Dados dois vetores <math>\vec{A},\vec{B} \,\!</math>, é possível demonstrar que o cosseno do ângulo entre os dois vetores é proporcional ao produto interno (escalar), relacionado-se da seguinte forma:
Dados dois vetores <math>\vec{A},\vec{B},</math> é possível demonstrar que o cosseno do ângulo entre os dois vetores é proporcional ao produto interno (escalar), relacionado-se da seguinte forma:


<math>\vec{A} \cdot \vec{B} = |\vec{A}||\vec{B}| \cos(\theta) \,\!</math>
<math>\vec{A} \cdot \vec{B} = |\vec{A}||\vec{B}| \cos(\theta)</math>


'''Demonstração''':
'''Demonstração''':
Linha 218: Linha 216:
Observemos o gráfico abaixo:
Observemos o gráfico abaixo:


[[File:Angulo vetores.png|300px|Calculando o produto escalar]]
[[Imagem:Angulo vetores.png|300px|Calculando o produto escalar]]

O gráfico mostra dois vetores relacionados pelo ângulo <math>\theta \,\!</math>, é importante notar que temos um triângulo, que pode ser generalizado pela lei dos cossenos, o que nos permite fazer a relação entre o ângulo e os dois vetores.
O gráfico mostra dois vetores relacionados pelo ângulo <math>\theta,</math> é importante notar que temos um triângulo, que pode ser generalizado pela lei dos cossenos, o que nos permite fazer a relação entre o ângulo e os dois vetores.


Considerando os vetores na ilustração acima, podemos fazer o cálculo do módulo de sua diferença, utilizando a conhecida relação da lei dos cossenos para o triângulo:
Considerando os vetores na ilustração acima, podemos fazer o cálculo do módulo de sua diferença, utilizando a conhecida relação da lei dos cossenos para o triângulo:
Linha 240: Linha 238:
=== Relação entre produto vetorial e ângulo entre vetores ===
=== Relação entre produto vetorial e ângulo entre vetores ===


Seja os vetores <math>\vec{v} \,\!</math> e <math>\vec{u} \,\!</math> vetores em <math>\R^3 \,\!</math>, é possível provar que o módulo do vetor resultante do produto vetorial destes, é proporcional ao seno do ângulo <math>\theta \,\!</math> entre os dois vetores, relacionado-se da seguinte forma:
Seja os vetores <math>\vec{v}</math> e <math>\vec{u}</math> vetores em <math>\R^3,</math> é possível provar que o módulo do vetor resultante do produto vetorial destes, é proporcional ao seno do ângulo <math>\theta</math> entre os dois vetores, relacionado-se da seguinte forma:



<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}||\vec{u}| \operatorname{sen}(\theta) </math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}||\vec{u}| \operatorname{sen}(\theta) </math>
'''Comprovação''': Façamos a operação conforme indicado na definição para verificar a evolução:


<math>\vec{v} \times \vec{u} = \langle v_y u_z-u_y v_z,v_x u_z-u_x v_z,v_x u_y-u_x v_y \rangle</math>
;Comprovação:

Façamos a operação conforme indicado na definição para verificar a evolução:

<math>\vec{v} \times \vec{u} = \langle v_y u_z-u_y v_z,v_x u_z-u_x v_z,v_x u_y-u_x v_y \rangle \,\!</math>


De onde calculamos o seu módulo:
De onde calculamos o seu módulo:


<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = (v_y u_z-u_y v_z)^2+(v_x u_z-u_x v_z)^2+(v_x u_y-u_x v_y)^2 \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = (v_y u_z-u_y v_z)^2+(v_x u_z-u_x v_z)^2+(v_x u_y-u_x v_y)^2</math>


<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = v_y^2 u_z^2-2 v_y u_z u_y v_z + u_y^2 v_z^2+ v_x^2 u_z^2 - 2 v_x u_z u_x v_z + u_x ^2 v_z^2 + v_x^2 u_y^2 - 2 v_x u_y u_x v_y + u_x^2 v_y^2 \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = v_y^2 u_z^2-2 v_y u_z u_y v_z + u_y^2 v_z^2+ v_x^2 u_z^2 - 2 v_x u_z u_x v_z + u_x ^2 v_z^2 + v_x^2 u_y^2 - 2 v_x u_y u_x v_y + u_x^2 v_y^2</math>


<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = (v_x^2 + v_y^2 + v_z^2)(u_x^2 + u_y^2 + u_z^2) - (v_x u_x + v_y u_y + v_z u_z)^2 \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = (v_x^2 + v_y^2 + v_z^2)(u_x^2 + u_y^2 + u_z^2) - (v_x u_x + v_y u_y + v_z u_z)^2</math>


Como já sabemos, podemos aplicar as propriedades já estudadas para os vetores:
Como já sabemos, podemos aplicar as propriedades já estudadas para os vetores:


<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 - (\vec{v} \cdot \vec{v})^2 \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 - (\vec{v} \cdot \vec{v})^2</math>


<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 - |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 \cos^2(\theta) \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 - |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 \cos^2(\theta)</math>


<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 \left[1 - \cos^2(\theta) \right] \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 \left[1 - \cos^2(\theta) \right]</math>


<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 \operatorname{sen}^2(\theta) \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}|^2 = |\vec{v}|^2 |\vec{u}|^2 \operatorname{sen}^2(\theta)</math>


Lembremos que, se:
Lembremos que, se:


<math>a^2 = \operatorname{sen}^2 (\theta) \,\!</math>,
<math>a^2 = \operatorname{sen}^2 (\theta),</math>


<math>a = \operatorname{sen}(\theta) \,\!</math>
<math>a = \operatorname{sen}(\theta)</math>


Quando <math>0 \le \theta \le \pi \,\!</math>
Quando <math>0 \le \theta \le \pi</math>


logo:
logo:


<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}| |\vec{u}| \operatorname{sen}(\theta) \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}| |\vec{u}| \operatorname{sen}(\theta)</math>


==== Interpretação do produto vetorial ====
==== Interpretação do produto vetorial ====
O vetor resultante do produto vetorial apresenta módulo igual à área do paralelogramo delimitado pelos dois vetores que lhe deram origem, observemos o gráfico abaixo:
O vetor resultante do produto vetorial apresenta módulo igual à área do paralelogramo delimitado pelos dois vetores que lhe deram origem, observemos o gráfico abaixo:


[[File:Prod vetorial.png|300px|left|Produto vetorial]]
[[Imagem:Prod vetorial.png|300px|esquerda|Produto vetorial]]


Como já sabemos, os vetores <math>\vec{v},\vec{u} \,\!</math> que mantêm um ângulo <math>\theta \,\!</math> entre eles, quando multiplicados, podem ser expressos desta forma:
Como já sabemos, os vetores <math>\vec{v},\vec{u}</math> que mantêm um ângulo <math>\theta</math> entre eles, quando multiplicados, podem ser expressos desta forma:


<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}||\vec{u}| \operatorname{sen}(\theta) \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}||\vec{u}| \operatorname{sen}(\theta)</math>


Considere a seguinte separação:
Considere a seguinte separação:


<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}|\ \underbrace{|\vec{u}| \operatorname{sen}(\theta)} \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}|\ \underbrace{|\vec{u}| \operatorname{sen}(\theta)}</math>


<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}| \cdot \quad h \,\!</math>
<math>|\vec{v} \times \vec{u}| = |\vec{v}| \cdot \quad h</math>


Muito convenientemente, podemos verificar que <math>h \,\!</math> é a altura do paralelogramo, que multiplicado pela norma do vetor <math>\vec{v} \,\!</math> nos dá a área do paralelogramo. Da mesma forma verifiquemos que o '''produto vetorial''' nos fornece um vetor perpendicular aos dois que lhe deram origem... Façamos:
Muito convenientemente, podemos verificar que <math>h</math> é a altura do paralelogramo, que multiplicado pela norma do vetor <math>\vec{v}</math> nos dá a área do paralelogramo. Da mesma forma verifiquemos que o '''produto vetorial''' nos fornece um vetor perpendicular aos dois que lhe deram origem... Façamos:


<math>(\vec{v} \times \vec{u}) \cdot \vec{u} = \begin{vmatrix} \vec{i} & \vec{j} & \vec{k} \\ v_x & v_y & v_z \\ u_x & u_y & u_z \end{vmatrix} \cdot \langle v_x,v_y,v_z \rangle</math>
<math>(\vec{v} \times \vec{u}) \cdot \vec{u} = \begin{vmatrix} \vec{i} & \vec{j} & \vec{k} \\ v_x & v_y & v_z \\ u_x & u_y & u_z \end{vmatrix} \cdot \langle v_x,v_y,v_z \rangle</math>
Linha 308: Linha 302:
<math>(\vec{v} \times \vec{u}) \cdot \vec{u} = 0 </math>
<math>(\vec{v} \times \vec{u}) \cdot \vec{u} = 0 </math>


Também teremos o mesmo resultado para o segundo vetor, visto que o mesmo também é uma das linhas do determinante, portanto o produto vetorial fornece um vetor perpendicular aos dois que lhe deram origem, visto que o cosseno do ângulo <math>\theta \,\!</math> é nulo, ou seja, o ângulo é <math>\frac{\pi}{2} \,\!</math>.
Também teremos o mesmo resultado para o segundo vetor, visto que o mesmo também é uma das linhas do determinante, portanto o produto vetorial fornece um vetor perpendicular aos dois que lhe deram origem, visto que o cosseno do ângulo <math>\theta</math> é nulo, ou seja, o ângulo é <math>\frac{\pi}{2}.</math>


==== Ângulos diretores ====
==== Ângulos diretores ====
A relação entre produto escalar e cosseno do ângulo entre os vetores nos fornece uma outra possibilidade de referenciar os vetores aos eixos do sistema cartesiano, uma vez que temos versores primários para os eixos, podemos verificar qual o resultado do produto escalar entre estes e um vetor qualquer no espaço. Seja o vetor <math>\vec{v}= \langle v_x,v_y,v_z \rangle \,\!</math>, calculemos o produto escalar entre ele e os vetores relacionados aos eixos: <math>i,j,k \,\!</math>:<ref name=Cálculo>[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/C%C3%A1lculo_%28Volume_1%29.pdf João Jeronimo & Marcos Antônio Nunes de Moura. ''Introdução ao Cálculo vol II''. 20 de março de 2013. 158 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0). Acesso em 13 jul. 2013.</ref>
A relação entre produto escalar e cosseno do ângulo entre os vetores nos fornece uma outra possibilidade de referenciar os vetores aos eixos do sistema cartesiano, uma vez que temos versores primários para os eixos, podemos verificar qual o resultado do produto escalar entre estes e um vetor qualquer no espaço. Seja o vetor <math>\vec{v}= \langle v_x,v_y,v_z \rangle,</math> calculemos o produto escalar entre ele e os vetores relacionados aos eixos: <math>i,j,k:</math> <ref name="Cálculo"/>


<math>\vec{v} \cdot i = |\vec{v}||i|\cos(\theta) \,\!</math>
<math>\vec{v} \cdot i = |\vec{v}||i|\cos(\theta)</math>


<math>v_x = |\vec{v}|\cos(\theta) \,\!</math>
<math>v_x = |\vec{v}|\cos(\theta)</math>


<math>\frac{v_x}{|\vec{v}|} = \cos(\theta) \,\!</math>
<math>\frac{v_x}{|\vec{v}|} = \cos(\theta)</math>


Para este caso inicialmente façamos uma breve reflexão:
Para este caso inicialmente façamos uma breve reflexão:


Se para cada vetor de módulo unitário for feita a mesma operação acima, teremos três ângulos para <math>\theta \,\!</math>, os quais são os ângulos do vetor no espaço em relação aos eixos, por esta razão convencionou-se chamá-los de nomes especiais, que são <math>\alpha,\beta,\gamma \,\!</math> respectivamente, para os vetores <math>i,j,k \,\!</math>. Observemos, também, que a operação será sempre a mesma para cada eixo e o resultado será o valor da componente do vetor para o eixo dividido pela norma do mesmo, o que nos fornece três cossenos<ref name=Cálculo>[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/C%C3%A1lculo_%28Volume_1%29.pdf João Jeronimo & Marcos Antônio Nunes de Moura. ''Introdução ao Cálculo vol II''. 20 de março de 2013. 158 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0). Acesso em 13 jul. 2013.</ref>:
Se para cada vetor de módulo unitário for feita a mesma operação acima, teremos três ângulos para <math>\theta,</math> os quais são os ângulos do vetor no espaço em relação aos eixos, por esta razão convencionou-se chamá-los de nomes especiais, que são <math>\alpha,\beta,\gamma</math> respectivamente, para os vetores <math>i,j,k.</math> Observemos, também, que a operação será sempre a mesma para cada eixo e o resultado será o valor da componente do vetor para o eixo dividido pela norma do mesmo, o que nos fornece três cossenos<ref name="Cálculo"/>:


*<math>\frac{v_x}{|\vec{v}|} = \cos(\alpha) \,\!</math>
* <math>\frac{v_x}{|\vec{v}|} = \cos(\alpha)</math>
*<math>\frac{v_y}{|\vec{v}|} = \cos(\beta) \,\!</math>
* <math>\frac{v_y}{|\vec{v}|} = \cos(\beta)</math>
*<math>\frac{v_z}{|\vec{v}|} = \cos(\gamma) \,\!</math>
* <math>\frac{v_z}{|\vec{v}|} = \cos(\gamma)</math>


Os quais chamamos de cossenos diretores, pois direcionam o vetor no espaço sob a referência dos eixos. Em consequência disto, também chamamos os ângulos de '''ângulos diretores'''.
Os quais chamamos de cossenos diretores, pois direcionam o vetor no espaço sob a referência dos eixos. Em consequência disto, também chamamos os ângulos de '''ângulos diretores'''.


Em conseqüência do que já vimos nas seções anteriores, temos a seguinte equação:
Em conseqüência do que já vimos nas seções anteriores, temos a seguinte [[equação]]:


<math>\cos^2(\alpha)+\cos^2(\beta)+\cos^2(\gamma)=1 \,\!</math>
<math>\cos^2(\alpha)+\cos^2(\beta)+\cos^2(\gamma)=1</math>


Também temos outra forma de referenciar o vetor, usando os cossenos diretores:
Também temos outra forma de referenciar o vetor, usando os cossenos diretores:


<math>\vec{v}=\langle |\vec{v}|\cos(\alpha),|\vec{v}|\cos(\beta),|\vec{v}|\cos(\gamma) \rangle \,\!</math>
<math>\vec{v}=\langle |\vec{v}|\cos(\alpha),|\vec{v}|\cos(\beta),|\vec{v}|\cos(\gamma) \rangle</math>


Que será útil em determinadas análises, inclusive quando parâmetros polares forem considerados.
Que será útil em determinadas análises, inclusive quando parâmetros polares forem considerados.


==== Projeções sobre vetores ====
==== Projeções sobre vetores ====
O produto escalar nos dá a possibilidade de encontrar a projeção de um vetor sobre o outro sem a necessidade de sabermos qual o ângulo entre os dois, isto é possível devido à equivalência algébrica do produto escalar com o cosseno do ângulo entre os dois vetores como vimos anteriormente. <ref name=Cálculo>[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/C%C3%A1lculo_%28Volume_1%29.pdf João Jeronimo & Marcos Antônio Nunes de Moura. ''Introdução ao Cálculo vol II''. 20 de março de 2013. 158 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0). Acesso em 13 jul. 2013.</ref>
O produto escalar nos dá a possibilidade de encontrar a projeção de um vetor sobre o outro sem a necessidade de sabermos qual o ângulo entre os dois, isto é possível devido à equivalência algébrica do produto escalar com o cosseno do ângulo entre os dois vetores como vimos anteriormente. <ref name="Cálculo"/>


Sejam os vetores <math>\vec{v}= \langle v_x,v_y,v_z \rangle ,\vec{u}= \langle u_x,u_y,u_z \rangle \,\!</math>, o produto escalar dos mesmos é:
Sejam os vetores <math>\vec{v}= \langle v_x,v_y,v_z \rangle ,\vec{u}= \langle u_x,u_y,u_z \rangle,</math> o produto escalar dos mesmos é:


<math>\vec{v} \cdot \vec{u} = |\vec{v}||\vec{u}|\cos(\theta) \,\!</math>
<math>\vec{v} \cdot \vec{u} = |\vec{v}||\vec{u}|\cos(\theta)</math>


de onde concluimos que:
de onde concluimos que:


<math>\frac{1}{|\vec{v}|} \vec{v} \cdot \vec{u} = |\vec{u}|\cos(\theta) \,\!</math>
<math>\frac{1}{|\vec{v}|} \vec{v} \cdot \vec{u} = |\vec{u}|\cos(\theta)</math>


<math>\left( \frac{\vec{v}}{|\vec{v}|} \right) \cdot \vec{u} = |\vec{u}|\cos(\theta) \,\!</math>
<math>\left( \frac{\vec{v}}{|\vec{v}|} \right) \cdot \vec{u} = |\vec{u}|\cos(\theta)</math>


Observando o lado direito da equação observamos que a expressão corresponde à projeção do vetor <math>\vec{u} \,\!</math> sobre o vetor <math>\vec{v} \,\!</math>, porém sob a forma escalar, ou seja, o valor corresponde ao comprimento (norma) da projeção, não contendo a informação acerca da direção e do sentido. Definimos, então, a projeção escalar do vetor <math>\vec{u} \,\!</math> sobre o vetor <math>\vec{v} \,\!</math>, como:
Observando o lado direito da equação observamos que a expressão corresponde à projeção do vetor <math>\vec{u}</math> sobre o vetor <math>\vec{v},</math> porém sob a forma escalar, ou seja, o valor corresponde ao comprimento (norma) da projeção, não contendo a informação acerca da direção e do sentido. Definimos, então, a projeção escalar do vetor <math>\vec{u}</math> sobre o vetor <math>\vec{v},</math> como:


<math>\operatorname{Prj}_{\vec{v}}\ \vec{u} = \left( \frac{\vec{v}}{|\vec{v}|} \right) \cdot \vec{u} \,\!</math>
<math>\operatorname{Prj}_{\vec{v}}\ \vec{u} = \left( \frac{\vec{v}}{|\vec{v}|} \right) \cdot \vec{u}</math>


Observemos ainda outro fato esclarecedor: a projeção escalar de um vetor sobre o outro é o produto escalar do versor do vetor sobre o qual será projetado e o outro vetor. Intuitivamente, percebemos que o versor que contém a informação sobre a direção e sentido do vetor onde será projetado o valor e portanto, determina-o, visto que é no mesmo onde temos a informação sobre a inclinação.<ref name=Cálculo>[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/C%C3%A1lculo_%28Volume_1%29.pdf João Jeronimo & Marcos Antônio Nunes de Moura. ''Introdução ao Cálculo vol II''. 20 de março de 2013. 158 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0). Acesso em 13 jul. 2013.</ref>
Observemos ainda outro fato esclarecedor: a projeção escalar de um vetor sobre o outro é o produto escalar do versor do vetor sobre o qual será projetado e o outro vetor. Intuitivamente, percebemos que o versor que contém a informação sobre a direção e sentido do vetor onde será projetado o valor e portanto, determina-o, visto que é no mesmo onde temos a informação sobre a inclinação.<ref name="Cálculo"/>


Seguindo este mesmo raciocínio, se multiplicarmos esta projeção, que é um valor escalar, pelo vetor unitário (versor), que usamos no cálculo anterior, teremos um '''vetor projeção''' criado como "imagem" do outro.
Seguindo este mesmo raciocínio, se multiplicarmos esta projeção, que é um valor escalar, pelo vetor unitário (versor), que usamos no cálculo anterior, teremos um '''vetor projeção''' criado como "imagem" do outro.
Fazendo isto teremos:
Fazendo isto teremos:


<math>V\operatorname{Prj}_{\vec{v}}\ \vec{u} = \left( \frac{\vec{v} \cdot \vec{u}}{|\vec{v}|^2} \right) \vec{v} \,\!</math>
<math>V\operatorname{Prj}_{\vec{v}}\ \vec{u} = \left( \frac{\vec{v} \cdot \vec{u}}{|\vec{v}|^2} \right) \vec{v}</math>

==== A desigualdade de Cauchy-Schwarz ====
==== A desigualdade de Cauchy-Schwarz ====
Sejam os vetores <math>\vec{v}= \langle v_x,v_y,v_z \rangle,\vec{u}= \langle u_x,u_y,u_z \rangle \,\!</math>, é possível provar que o produto escalar relaciona-se com os módulos dos vetores de forma a satisfazer a seguinte desigualdade<ref name=Cálculo>[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/C%C3%A1lculo_%28Volume_1%29.pdf João Jeronimo & Marcos Antônio Nunes de Moura. ''Introdução ao Cálculo vol II''. 20 de março de 2013. 158 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0). Acesso em 13 jul. 2013.</ref>
Sejam os vetores <math>\vec{v}= \langle v_x,v_y,v_z \rangle,\vec{u}= \langle u_x,u_y,u_z \rangle,</math> é possível provar que o produto escalar relaciona-se com os módulos dos vetores de forma a satisfazer a seguinte desigualdade<ref name="Cálculo"/>


<math>|\vec{v} \cdot \vec{u}| \le |\vec{v}||\vec{u}| \,\!</math>
<math>|\vec{v} \cdot \vec{u}| \le |\vec{v}||\vec{u}|</math>


Comprovação:
Comprovação:


Analisemos o produto escalar <math>\vec{v} \cdot \vec{u} \,\!</math> separadamente:
Analisemos o produto escalar <math>\vec{v} \cdot \vec{u}</math> separadamente:


<math>\vec{v} \cdot \vec{u} = |\vec{v}||\vec{u}| \cos(\theta) \,\!</math>
<math>\vec{v} \cdot \vec{u} = |\vec{v}||\vec{u}| \cos(\theta)</math>


Se quisermos o módulo do produto escalar teremos:
Se quisermos o módulo do produto escalar teremos:


<math>|\vec{v} \cdot \vec{u}| = |\vec{v}||\vec{u}| |\cos(\theta)| \,\!</math>
<math>|\vec{v} \cdot \vec{u}| = |\vec{v}||\vec{u}| |\cos(\theta)|</math>


porém,
porém,


<math>0 \le |\cos(\theta)| \le 1 \,\!</math>
<math>0 \le |\cos(\theta)| \le 1</math>


então:
então:


<math>0 \le \frac{|\vec{v} \cdot \vec{u}|}{|\vec{v}||\vec{u}|} \le 1 \,\!</math>
<math>0 \le \frac{|\vec{v} \cdot \vec{u}|}{|\vec{v}||\vec{u}|} \le 1</math>


<math>0 \le |\vec{v} \cdot \vec{u}| \le |\vec{v}||\vec{u}| \,\!</math>
<math>0 \le |\vec{v} \cdot \vec{u}| \le |\vec{v}||\vec{u}|</math>


Como o lado esquerdo da inequação faz parte do módulo, podemos simplificar para:
Como o lado esquerdo da inequação faz parte do módulo, podemos simplificar para:


<math>|\vec{v} \cdot \vec{u}| \le |\vec{v}||\vec{u}| \,\!</math>
<math>|\vec{v} \cdot \vec{u}| \le |\vec{v}||\vec{u}|</math>


== Produto misto ==
== Produto misto ==
[[File:Prod misto.png|thumb|300px|Produto misto]]
[[Imagem:Prod misto.png|thumb|300px|Produto misto]]
Sejam os vetores <math>\vec{v},\vec{u},\vec{w} \,\!</math> em <math>\R^3 \,\!</math>, sobre estes definimos o produto misto como:
Sejam os vetores <math>\vec{v},\vec{u},\vec{w}</math> em <math>\R^3,</math> sobre estes definimos o produto misto como:


<math>(\vec{v} \times \vec{u}) \cdot \vec{w} = \begin{vmatrix} w_x & w_y & w_z \\ v_x & v_y & v_z \\ u_x & u_y & u_z \end{vmatrix} </math>
<math>(\vec{v} \times \vec{u}) \cdot \vec{w} = \begin{vmatrix} w_x & w_y & w_z \\ v_x & v_y & v_z \\ u_x & u_y & u_z \end{vmatrix} </math>


Em síntese, a operação do produto vetorial nos fornece um novo vetor perpendicular aos dois que lhe deram orígem, por outro lado, o produto escalar deste vetor por outro nos fornece um escalar, que representa o produto misto. Observando estas operações mais detalhadamente, quando operamos o produto vetorial temos um vetor definido com os versores primários, sendo <math>\vec{v} \times \vec{u} = \vec{p} \,\!</math>, temos:
Em síntese, a operação do produto vetorial nos fornece um novo vetor perpendicular aos dois que lhe deram orígem, por outro lado, o produto escalar deste vetor por outro nos fornece um escalar, que representa o produto misto. Observando estas operações mais detalhadamente, quando operamos o produto vetorial temos um vetor definido com os versores primários, sendo <math>\vec{v} \times \vec{u} = \vec{p},</math> temos:


<math>\vec{p} \cdot \vec{w} = (p_x i + p_y j + p_z k) \cdot (w_x i + w_y j + w_z k) \,\!</math>
<math>\vec{p} \cdot \vec{w} = (p_x i + p_y j + p_z k) \cdot (w_x i + w_y j + w_z k)</math>


<math>\vec{p} \cdot \vec{w} = (p_x w_x)|i|^2 + (p_y w_y)|j|^2 + (p_z w_z)|k|^2 \,\!</math>
<math>\vec{p} \cdot \vec{w} = (p_x w_x)|i|^2 + (p_y w_y)|j|^2 + (p_z w_z)|k|^2</math>


<math>\vec{p} \cdot \vec{w} = (p_x w_x) + (p_y w_y) + (p_z w_z) \,\!</math>
<math>\vec{p} \cdot \vec{w} = (p_x w_x) + (p_y w_y) + (p_z w_z)</math>


logo:
logo:


<math>\vec{p} \cdot \vec{w} = \begin{vmatrix} 1 & 1 & 1 \\ v_x & v_y & v_z \\ u_x & u_y & u_z \end{vmatrix} (w_x + w_y + w_z)\,\!</math>
<math>\vec{p} \cdot \vec{w} = \begin{vmatrix} 1 & 1 & 1 \\ v_x & v_y & v_z \\ u_x & u_y & u_z \end{vmatrix} (w_x + w_y + w_z)</math>


Que nos dá:
Que nos dá:
Linha 418: Linha 413:
Comutativa entre produto escalar e produto vetorial em um produto misto:
Comutativa entre produto escalar e produto vetorial em um produto misto:


Dados três vetores: <math>\vec{v},\vec{u},\vec{w} \,\!</math> em <math>\R^3 \,\!</math>, podemos comutar os vetores e produtos tais que:
Dados três vetores: <math>\vec{v},\vec{u},\vec{w}</math> em <math>\R^3,</math> podemos comutar os vetores e produtos tais que:


<math>\vec{v} \cdot (\vec{u} \times \vec{w})=(\vec{v} \times \vec{u}) \cdot \vec{w}</math>
<math>\vec{v} \cdot (\vec{u} \times \vec{w})=(\vec{v} \times \vec{u}) \cdot \vec{w}</math>
Linha 433: Linha 428:


== Vetores na Física ==
== Vetores na Física ==
===Vetores velocidade e aceleração===
=== Vetores velocidade e aceleração ===
A trajetória de um ponto em movimento pode ser definida em cada instante ''t'' através do
A trajetória de um ponto em movimento pode ser definida em cada instante ''t'' através do
vetor de posição do ponto
vetor de [[posição]] do ponto


<math>\vec r(t) = x(t)\vec e_x + y(t)\vec e_y + z(t)\vec e_z</math>
<math>\vec r(t) = x(t)\vec e_x + y(t)\vec e_y + z(t)\vec e_z</math>


Cada uma das três componentes, x(t), y(t) e z(t), é uma função do tempo. Num intervalo de tempo <math>\Delta t = t_2 - t_1</math>, o deslocamento do ponto é:
Cada uma das três componentes, x(t), y(t) e z(t), é uma [[função]] do tempo. Num intervalo de tempo <math>\Delta t = t_2 - t_1,</math> o [[deslocamento]] do ponto é:


<math>\Delta \vec r = \vec r_2 - \vec r_1</math>
<math>\Delta \vec r = \vec r_2 - \vec r_1</math>


onde <math>\vec r_1</math> e <math>\vec r_2</math> são os vetores posição nos instantes <math>t_1</math> e <math>t_2</math>. O vetor obtido dividindo o deslocamento <math>\Delta \vec r</math> por <math>\Delta t</math> é o vetor velocidade média, com a mesma direção e sentido do deslocamento <math>\Delta \vec r</math>.
onde <math>\vec r_1</math> e <math>\vec r_2</math> são os vetores posição nos instantes <math>t_1</math> e <math>t_2.</math> O vetor obtido dividindo o deslocamento <math>\Delta \vec r</math> por <math>\Delta t</math> é o vetor velocidade média, com a mesma direção e sentido do deslocamento <math>\Delta \vec r.</math>


[[File:Vetores 2.png|thumb|300px|right|Trajetória de um ponto e deslocamento <math>\Delta \vec r</math> entre dois instantes <math>t_1</math> e <math>t_2</math>.]]
[[Imagem:Vetores 2.png|thumb|300px|direita|Trajetória de um ponto e deslocamento <math>\Delta \vec r</math> entre dois instantes <math>t_1</math> e <math>t_2.</math>]]


Define-se o '''vetor velocidade''' em cada instante, igual ao deslocamento dividido por <math>\Delta t</math>, no limite em que <math>\Delta t</math> se aproxima de zero:
Define-se o '''vetor velocidade''' em cada instante, igual ao deslocamento dividido por <math>\Delta t,</math> no limite em que <math>\Delta t</math> se aproxima de zero:


<math>\vec a = \lim_{\Delta \to 0} \frac {\Delta\vec v} {\Delta t} = \frac {d \vec v} {dt}</math>
<math>\vec a = \lim_{\Delta \to 0} \frac {\Delta\vec v} {\Delta t} = \frac {d \vec v} {dt}</math>
Linha 466: Linha 461:
A figura abaixo mostra os vetores posição de um mesmo ponto P em dois referenciais diferentes.
A figura abaixo mostra os vetores posição de um mesmo ponto P em dois referenciais diferentes.
O primeiro referencial tem eixos x, y, z e origem O. Os eixos e origem do segundo
O primeiro referencial tem eixos x, y, z e origem O. Os eixos e origem do segundo
referencial foram designados <math>x', y', z'</math> e <math>O'</math>.
referencial foram designados <math>x', y', z'</math> e <math>O'.</math>


A relação que existe entre o vetor posição <math>\vec r</math>em relação à origem O e o vetor posição <math>\vec r\,'</math> em relação à origem <math>O'</math> é a seguinte:
A relação que existe entre o vetor posição <math>\vec r</math>em relação à origem O e o vetor posição <math>\vec r\,'</math> em relação à origem <math>O'</math> é a seguinte:
Linha 474: Linha 469:
onde <math>\vec r\,'_o</math> é o vetor de posição da primeira origem O em relação à segunda origem.
onde <math>\vec r\,'_o</math> é o vetor de posição da primeira origem O em relação à segunda origem.


[[File:Vetor 3.png|350px|right|thumb|Relação entre os vetores posição de um ponto em dois referenciais diferentes]]
[[Imagem:Vetor 3.png|350px|direita|thumb|Relação entre os vetores posição de um ponto em dois referenciais diferentes]]


Derivando essa expressão em relação ao tempo, obtemos a relação entre as velocidades:
Derivando essa expressão em relação ao tempo, obtemos a relação entre as velocidades:
Linha 486: Linha 481:
Consequentemente, a velocidade vetorial em relação a um segundo referencial é igual à velocidade vetorial em relação ao primeiro referencial, mas a velocidade vetorial do primeiro
Consequentemente, a velocidade vetorial em relação a um segundo referencial é igual à velocidade vetorial em relação ao primeiro referencial, mas a velocidade vetorial do primeiro
referencial em relação ao segundo. O mesmo princípio aplica-se ao vetor aceleração.
referencial em relação ao segundo. O mesmo princípio aplica-se ao vetor aceleração.
Assim, por exemplo, se nos deslocarmos com velocidade vetorial dentro de um comboio, para obtermos a nossa velocidade vetorial em relação à Terra, teríamos de somar a velocidade vetorial do comboio em relação à Terra. <ref name=Villate>[http://villate.org/doc/fisica1/dinamica_20130320.pdf Jaime E. Villate. ''Dinâmica e Sistemas Dinâmicos''. Porto: Jaime E. Villate, 20 de março de 2013. 267 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0) [[ISBN]] 978-972-99396-1-7. Acesso em 06 jun. 2013.</ref>
Assim, por exemplo, se nos deslocarmos com velocidade vetorial dentro de um comboio, para obtermos a nossa velocidade vetorial em relação à Terra, teríamos de somar a velocidade vetorial do comboio em relação à Terra. <ref name=Villate>[http://villate.org/doc/fisica1/dinamica_20130320.pdf Jaime E. Villate. ''Dinâmica e Sistemas Dinâmicos''. Porto: Jaime E. Villate, 20 de março de 2013. 267 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0) ISBN 978-972-99396-1-7. Acesso em 06 jun. 2013.</ref>
[[File:Vetor avião.png|thumb|200px|A aceleração de um corpo em queda livre, em relação a um referencial que também está em queda livre, é nula.]]
[[Imagem:Vetor avião.png|thumb|200px|A aceleração de um corpo em queda livre, em relação a um referencial que também está em queda livre, é nula.]]
Mas como a Terra se desloca em relação ao Sol, para encontramos a nossa velocidade em relação ao Sol teríamos de somar também a velocidade vetorial do ponto da Terra onde nos encontrarmos, em relação ao Sol. Em relação à Galaxia teríamos de somar a velocidade vetorial do Sol na galaxia, e assim sucessivamente.
Mas como a Terra se desloca em relação ao Sol, para encontramos a nossa velocidade em relação ao Sol teríamos de somar também a velocidade vetorial do ponto da Terra onde nos encontrarmos, em relação ao Sol. Em relação à Galaxia teríamos de somar a velocidade vetorial do Sol na galaxia, e assim sucessivamente.


O princípio de adição de acelerações vetoriais relativas é aproveitado para treinar os
O princípio de adição de acelerações vetoriais relativas é aproveitado para treinar os
candidatos a astronautas. Se o astronauta, a bordo de um avião, tropeça e cai para o chão,
candidatos a astronautas. Se o astronauta, a bordo de um avião, tropeça e cai para o chão,
a sua aceleração vetorial durante a queda, em relação à Terra, é o vetor <math>\vec g</math> que aponta para o centro da Terra e tem módulo igual à aceleração da gravidade. Mas se o avião também estiver a cair livremente, a sua aceleração vetorial em relação à Terra será o mesmo vetor <math>\vec g</math>. Portanto, a aceleração vetorial do astronauta em relação ao avião será a diferença entre essas duas acelerações em relação à Terra, que é zero. Em relação ao avião, o astronauta não acelera em nenhuma direção, mas flutua no meio do avião, durante os
a sua aceleração vetorial durante a queda, em relação à Terra, é o vetor <math>\vec g</math> que aponta para o centro da Terra e tem módulo igual à aceleração da gravidade. Mas se o avião também estiver a cair livremente, a sua aceleração vetorial em relação à Terra será o mesmo vetor <math>\vec g.</math> Portanto, a aceleração vetorial do astronauta em relação ao avião será a diferença entre essas duas acelerações em relação à Terra, que é zero. Em relação ao avião, o astronauta não acelera em nenhuma direção, mas flutua no meio do avião, durante os
segundos que o piloto conseguir manter o avião em queda livre.<ref name=Villate>[http://villate.org/doc/fisica1/dinamica_20130320.pdf Jaime E. Villate. ''Dinâmica e Sistemas Dinâmicos''. Porto: Jaime E. Villate, 20 de março de 2013. 267 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0) [[ISBN]] 978-972-99396-1-7. Acesso em 06 jun. 2013.</ref>
segundos que o piloto conseguir manter o avião em queda livre.<ref name=Villate>[http://villate.org/doc/fisica1/dinamica_20130320.pdf Jaime E. Villate. ''Dinâmica e Sistemas Dinâmicos''. Porto: Jaime E. Villate, 20 de março de 2013. 267 págs]. [[Creative Commons]] Atribuição-Partilha (versão 3.0) ISBN 978-972-99396-1-7. Acesso em 06 jun. 2013.</ref>


=== Produto escalar ===
=== Produto escalar ===
[[File:Vetor cosceno.png|thumb|left|290px|Dois vetores <math>\vec a</math> e
[[Imagem:Vetor cosceno.png|thumb|esquerda|290px|Dois vetores <math>\vec a</math> e
<math>\vec b</math> e o ângulo <math>\theta</math> entre as suas direções.]]
<math>\vec b</math> e o ângulo <math>\theta</math> entre as suas direções.]]
O produto escalar entre dois vetores <math>\vec a</math> e <math>\vec b</math> e o ângulo <math>\theta</math> formado pelas duas direções. O produto a cos <math>\theta</math> é igual à componente do vetor <math>\vec a </math> a direção paralela ao vetor <math>\vec b</math> e o produto b cos <math>\theta</math> é igual à componente do vetor ''b'' na direção paralela ao vetor ''a''. Assim, o produto escalar é igual ao produto do módulo de um dos vetores vezes a componente do segundo vetor na direção paralela ao primeiro.
O produto escalar entre dois vetores <math>\vec a</math> e <math>\vec b</math> e o ângulo <math>\theta</math> formado pelas duas direções. O produto a cos <math>\theta</math> é igual à componente do vetor <math>\vec a </math> a direção paralela ao vetor <math>\vec b</math> e o produto b cos <math>\theta</math> é igual à componente do vetor ''b'' na direção paralela ao vetor ''a''. Assim, o produto escalar é igual ao produto do módulo de um dos vetores vezes a componente do segundo vetor na direção paralela ao primeiro.


É designado de produto escalar, porque os módulos dos dois vetores e o ângulo entre as
É designado de produto escalar, porque os módulos dos dois vetores e o ângulo entre as
direções são grandezas escalares, que não dependem do referencial usado para os medir;
direções são grandezas escalares, que não dependem do referencial usado para os medir;
consequentemente, o produto ab cos <math>\theta</math> é também um escalar, independente do sistema de eixos usado.
consequentemente, o produto ab cos <math>\theta</math> é também um escalar, independente do sistema de eixos usado.
Duas retas que se cruzam num ponto definem dois ângulos <math>\theta</math> e <math>180^\circ - \theta</math> .
Duas retas que se cruzam num ponto definem dois ângulos <math>\theta</math> e <math>180^\circ - \theta.</math>
No caso dos vetores, não há ambiguidade na definição do ângulo, porque se deslocarmos os vetores para um vértice comum, o ângulo será a região dos pontos que estão deslocados no sentido dos dois vetores em relação ao vértice.
No caso dos vetores, não há ambiguidade na definição do ângulo, porque se deslocarmos os vetores para um vértice comum, o ângulo será a região dos pontos que estão deslocados no sentido dos dois vetores em relação ao vértice.
O produto escalar entre dois vetores com módulos a e b estará sempre dentro do intervalo
O produto escalar entre dois vetores com módulos a e b estará sempre dentro do intervalo
[ -ab, ab]. Se o ângulo entre os vetores for agudo, cos <math>\theta > \theta</math> , o produto será positivo, no contrário será obtuso o produto sendo negativo. Se os vetores forem perpendiculares, o produto será nulo.
[ -ab, ab]. Se o ângulo entre os vetores for agudo, cos <math>\theta > \theta,</math> o produto será positivo, no contrário será obtuso o produto sendo negativo. Se os vetores forem perpendiculares, o produto será nulo.


O valor mínimo do produto, - ab, obtém-se no caso em que os vetores tenham a mesma direção mas sentidos opostos. O valor máximo, ab, é obtido no caso em que os vetores tenham a mesma direção e sentido.
O valor mínimo do produto, - ab, obtém-se no caso em que os vetores tenham a mesma direção mas sentidos opostos. O valor máximo, ab, é obtido no caso em que os vetores tenham a mesma direção e sentido.


[[File:Vetor cos escalar.png|thumb|right|380px|O produto escalar entre dois vetores é positivo se o ângulo entre os vetoresfor agudo, nulo se os vetores forem perpendiculares, ou negativo,se o ângulo for obtuso.]]
[[Imagem:Vetor cos escalar.png|thumb|direita|380px|O produto escalar entre dois vetores é positivo se o ângulo entre os vetoresfor agudo, nulo se os vetores forem perpendiculares, ou negativo,se o ângulo for obtuso.]]



Como os versores têm todos módulo igual a 1, o produto entre dois versores é sempre
Como os versores têm todos módulo igual a 1, o produto entre dois versores é sempre
Linha 519: Linha 513:
<math>\theta_{ab} = arccos (\vec e_a . \vec e_b)</math>
<math>\theta_{ab} = arccos (\vec e_a . \vec e_b)</math>


No caso dos três versores cartesianos <math>\vec e_x , \vec e_y , \vec e_z</math>, o produto escalar entre dois versores diferentes é zero, por serem perpendiculares, e o produto de um dos versores consigo próprio é 1. Esse resultado pode ser usado para obter outra expressão para o cálculo do produto escalar entre dois vetores <math>\vec a</math> e <math>\vec b</math> Usando a propriedade distributiva do produto escalar temos:
No caso dos três versores cartesianos <math>\vec e_x , \vec e_y , \vec e_z,</math> o produto escalar entre dois versores diferentes é zero, por serem perpendiculares, e o produto de um dos versores consigo próprio é 1. Esse resultado pode ser usado para obter outra expressão para o cálculo do produto escalar entre dois vetores <math>\vec a</math> e <math>\vec b</math> Usando a propriedade distributiva do produto escalar temos:


<math>\vec a . \vec b = (a_x\vec e_x + a_y\vec e_y + a_z\vec e_z) . (b_x\vec e_x + b_y\vec e_y + b_z\vec e_z)</math>
<math>\vec a . \vec b = (a_x\vec e_x + a_y\vec e_y + a_z\vec e_z) . (b_x\vec e_x + b_y\vec e_y + b_z\vec e_z)</math>


'''ou seja''':
'''ou seja''':
Linha 538: Linha 532:


=== Vetores deslizantes ===
=== Vetores deslizantes ===
[[File:Vetor deslizante.png|280px|right|thumb|Três forças com o mesmo módulo, direção e sentido. F1 E F2 são equivalentes,mas são diferentes de F3]]
[[Imagem:Vetor deslizante.png|280px|direita|thumb|Três forças com o mesmo módulo, direção e sentido. F1 E F2 são equivalentes,mas são diferentes de F3]]
Os vetores que são mais comumente estudados são denominados de '''vetores livres''', que são considerados iguais se tiverem o mesmo módulo, direção e sentido, independentemente do ponto do espaço onde se encontrem. No caso das forças, não basta saber o módulo, direção e sentido. Se fixarmos o módulo, direção e sentido de uma força que vai ser aplicada numa porta para
Os vetores que são mais comumente estudados são denominados de '''vetores livres''', que são considerados iguais se tiverem o mesmo módulo, direção e sentido, independentemente do ponto do espaço onde se encontrem. No caso das forças, não basta saber o módulo, direção e sentido. Se fixarmos o módulo, direção e sentido de uma força que vai ser aplicada numa porta para
fechá-la, a forma como a porta será fechada dependerá também do ponto de aplicação
fechá-la, a forma como a porta será fechada dependerá também do ponto de aplicação
Linha 548: Linha 542:
seguindo a direção da força) mas produzem efeitos diferentes quando aplicadas em diferentes linhas paralelas. No exemplo apresentado na figura , as três forças <math>\vec F_1 , \vec F_2 ; \vec F_3</math> têm o mesmo módulo, direção e sentido; '''F1 e F2''' são iguais, por terem também a mesma linha de ação, mas são diferentes de '''F3''' que atua noutra linha de ação diferente.
seguindo a direção da força) mas produzem efeitos diferentes quando aplicadas em diferentes linhas paralelas. No exemplo apresentado na figura , as três forças <math>\vec F_1 , \vec F_2 ; \vec F_3</math> têm o mesmo módulo, direção e sentido; '''F1 e F2''' são iguais, por terem também a mesma linha de ação, mas são diferentes de '''F3''' que atua noutra linha de ação diferente.


===Adição de forças===
=== Adição de forças ===
[[File:Vetor deslizante 2.png|left|450px|thumb|Adição de forças com linhas de ação que se cruzam num ponto comum.]]
[[Imagem:Vetor deslizante 2.png|esquerda|450px|thumb|Adição de forças com linhas de ação que se cruzam num ponto comum.]]
Duas forças <math> \vec F_1 ; \vec F_2</math> com a mesma linha de ação podem ser deslocadas para um ponto comum e somadas nesse ponto. A força resultante estará na mesma linha de ação.
Duas forças <math> \vec F_1 ; \vec F_2</math> com a mesma linha de ação podem ser deslocadas para um ponto comum e somadas nesse ponto. A força resultante estará na mesma linha de ação.
Se as linhas de ação das duas forças forem diferentes, mas tiverem um ponto em comum,
Se as linhas de ação das duas forças forem diferentes, mas tiverem um ponto em comum,
Linha 555: Linha 549:


Quando as duas linhas de ação são paralelas, como é o caso da próxima figura, podemos usar
Quando as duas linhas de ação são paralelas, como é o caso da próxima figura, podemos usar
o seguinte procedimento, ilustrado no lado direito da figura: desloca-se a força <math>\vec F_2</math> na sua linha de ação <math>L_2</math> com a perpendicular que passa pelo ponto '''P'''. Nos pontos '''P''' e '''R''' podemos adicionar duas forças <math>\vec F_3</math> e <math> - \vec F_3</math> com a mesma linha de ação, já que a soma dessas duas forças é nula.
o seguinte procedimento, ilustrado no lado direito da figura: desloca-se a força <math>\vec F_2</math> na sua linha de ação <math>L_2</math> com a perpendicular que passa pelo ponto '''P'''. Nos pontos '''P''' e '''R''' podemos adicionar duas forças <math>\vec F_3</math> e <math> - \vec F_3</math> com a mesma linha de ação, já que a soma dessas duas forças é nula.
[[File:Vetor deslizante 3.png|right|550px|thumb|Adição de forças paralelas.]]
[[Imagem:Vetor deslizante 3.png|direita|550px|thumb|Adição de forças paralelas.]]
No ponto P somamos as forças <math>\vec F_1</math> e <math>\vec F_3</math> sendo substituídas pela resultante <math>\vec F_4</math> No ponto '''R''' somamos as forças <math>\vec F_2</math> e <math> - \vec F_3</math> substituindo-as pela resultante <math>\vec F_5</math>.
No ponto P somamos as forças <math>\vec F_1</math> e <math>\vec F_3</math> sendo substituídas pela resultante <math>\vec F_4</math> No ponto '''R''' somamos as forças <math>\vec F_2</math> e <math> - \vec F_3</math> substituindo-as pela resultante <math>\vec F_5.</math>
As linhas de ação das forças '''F4''' e '''F5''' terão sempre um ponto de interseção '''S''', onde podemos somá-las obtendo o resultado final <math>\vec F_6</math> no ponto '''S'''.
As linhas de ação das forças '''F4''' e '''F5''' terão sempre um ponto de interseção '''S''', onde podemos somá-las obtendo o resultado final <math>\vec F_6</math> no ponto '''S'''.


Linha 569: Linha 563:




:<math> \hat {u} = \frac{\mathbf{v}}{|\mathbf{v}|}</math>
: <math> \hat {u} = \frac{\mathbf{v}}{|\mathbf{v}|}</math>




Versores podem ser utilizados como [[Base (álgebra linear)|bases]] de um dado [[espaço vetorial]] <math>\mathbb{V}^n</math>. A condição necessária e suficiente para tanto, é que tais versores sejam [[linearmente independentes]] entre si. Uma propriedade altamente conveniente é que todo vetor pertencente ao espaço vetorial <math>\mathbb{V}^n</math> de base <math>(\mathbf{a_1} ,\mathbf{a_2}, ...,\mathbf{a_n})</math> pode ser expresso como uma [[combinação linear]] dos versores base. Assim, dado um vetor genérico <math>\mathbf{b}</math>, temos que <math>\mathbf{b} = k_1 \mathbf{a_1} + k_2 \mathbf{a_2} + ... + k_n \mathbf{a_n}</math>, em que <math>k_i</math> são números reais.
Versores podem ser utilizados como [[Base (álgebra linear)|bases]] de um dado [[espaço vetorial]] <math>\mathbb{V}^n.</math> A condição necessária e suficiente para tanto, é que tais versores sejam [[linearmente independentes]] entre si. Uma propriedade altamente conveniente é que todo vetor pertencente ao espaço vetorial <math>\mathbb{V}^n</math> de base <math>(\mathbf{a_1} ,\mathbf{a_2}, ...,\mathbf{a_n})</math> pode ser expresso como uma [[combinação linear]] dos versores base. Assim, dado um vetor genérico <math>\mathbf{b},</math> temos que <math>\mathbf{b} = k_1 \mathbf{a_1} + k_2 \mathbf{a_2} + ... + k_n \mathbf{a_n},</math> em que <math>k_i</math> são números reais.
==Notas==
== Notas ==
<references group="nota"/>
<references group="nota"/>


Linha 592: Linha 586:
== Ligações externas ==
== Ligações externas ==
* [http://www.lizardonunes.pro.br/PDFs/Cinematica_Aula5.pdf Apostila on-line da Fundação CECIERJ]
* [http://www.lizardonunes.pro.br/PDFs/Cinematica_Aula5.pdf Apostila on-line da Fundação CECIERJ]
* [http://efisica.if.usp.br/mecanica/universitario/vetores/ Módulo 'vetores'] no sistema e-física do [[Instituto de Física da Universidade de São Paulo|Instituto de Física da USP]].
* {{Link||2=http://efisica.if.usp.br/mecanica/universitario/vetores/ |3=Módulo 'vetores' |4=no sistema e-física do [[Instituto de Física da Universidade de São Paulo|Instituto de Física da USP]].}}
* [http://cwx.prenhall.com/bookbind/pubbooks/thomas_br/chapter1/medialib/custom3/topics/vectors.htm História dos vetores]
* [http://cwx.prenhall.com/bookbind/pubbooks/thomas_br/chapter1/medialib/custom3/topics/vectors.htm História dos vetores]
* [http://www.vetorizando.com.br/tutor_oqevetor/oqueevetor.htm O que é vetor (arte vetorial)]
* [http://www.vetorizando.com.br/tutor_oqevetor/oqueevetor.htm O que é vetor (arte vetorial)]

Revisão das 12h55min de 27 de agosto de 2013

 Nota: Para outros significados de vetor, veja Vetor.
Representação gráfica de um vector.

Em geometria analítica, um vetor(pt-BR) ou vector(pt-PT?) é uma classe de equipolência de segmentos de reta orientados, que possuem todos a mesma intensidade (denominada norma ou módulo), mesma direção e mesmo sentido[1]. Em alguns casos, a expressão vetor espacial também é utilizada.[carece de fontes?]

Neste contexto, um vetor pode ser representado por qualquer segmento de reta orientado que seja membro da classe deste vetor (ou seja: pode ser representado por qualquer segmento de reta orientado que possua mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido de qualquer outro segmento da referida classe). E se o segmento (segmento de reta orientado do ponto A para o ponto B) for um representante do vetor então podemos dizer que o vetor é igual ao vetor

De maneira mais formal, um vetor é definido como sendo uma classe de equipolência de segmentos de reta orientados de [2], em que representa um espaço vetorial de n dimensões. Assim sendo, em um espaço vetorial de 3 dimensões (), cada vetor será dotado de três coordenadas, comumente denominadas x, y e z.

Quando falamos em distância geométrica "de A para B", podemos imaginar que o ponto A está sendo "carregado" até chegar ao ponto B[nota 1]

Muitas operações algébricas nos números reais possuem formas análogas para vetores. Vetores podem ser adicionados, subtraídos, multiplicados por um número e invertidos. Essas operações obedecem às conhecidas leis da álgebra: comutatividade, associatividade e distributividade. A soma de dois vetores com o mesmo ponto inicial pode ser encontrada geometricamente usando a regra do paralelogramo. A multiplicação por um número positivo (comumente chamado escalar), nesse contexto, se resume a alterar a magnitude do vetor, isto é, alongando ou encurtando-o porém mantendo o seu sentido. A multiplicação por -1 preserva a magnitude mas inverte o sentido. As coordenadas cartesianas fornecem uma maneira sistemática de descrever e operar vetores.

Os vetores desempenham um papel importante na física: velocidade e aceleração de um objeto e as forças que agem sobre ele são descritas por vetores. É importante ressaltar, no entanto, que os componentes de um vetor físico dependem do sistema de coordenadas usado para descrevê-lo. Outros objetos usados para descrever quantidades físicas são os pseudo-vetores e tensores.

Os vetores têm aplicação em várias áreas do conhecimento, tanto técnico quanto científico, como física, engenharia e economia, por exemplo, sendo os elementos a partir dos quais se constrói o Cálculo Vetorial.

Módulo ou norma do vetor -

Módulo do vetor é seu comprimento (na figura acima, seria a distância AB).


Fórmula de cálculo (para uma base ortonormal):


(dedução a partir do Teorema de Pitágoras)

Operações com vetores

Adição vetorial pela regra do paralelogramo.

Adição

A decomposição dos vetores em seus componentes horizontais e verticais, nos revela componentes de triângulos retângulos, nos quais podemos observar claramente a propriedade da adição dos vetores.

Observemos o gráfico:

Adição de vetores

Podemos verificar que:

e que:

assim como:

Logo temos que, dados dois vetores:

a sua adição resulta em:

Expandindo para a forma tridimensional temos:

Subtração

Da mesma forma que no caso anterior temos a subtração como já aprendemos, também podemos demonstrar esta propriedade usando a decomposição em triângulos retângulos:

Observemos o gráfico:

Subtração de vetores

Podemos verificar que:

e que:

assim como:

Logo temos que, dados dois vetores:

a sua subtração resulta em:

Expandindo para a forma tridimensional temos:

Multiplicação por escalares

Definimos que se expressando apenas valor numérico, então o denominamos escalar.[3]

O produto de um escalar por um vetor é encontrado pela notação:

que operamos:

onde:

  • é o vetor resultante;
  • é o vetor parâmetro original;
  • é o escalar.

Esta operação pode ser observada graficamente ao lado:

Note que todos os vetores gerados pela multiplicação por escalares são paralelos ao original, quando multiplicamos um vetor por temos uma inversão de sentido e qualquer valor de escalar diferente de altera a magnitude do vetor.

Produto escalar

O produto escalar, também denominado produto interno, é o produto de dois vetores que resulta em um escalar, a operação que define o seu valor definimos abaixo.[3]

Consideremos dois vetores cujos componentes são notados por e respectivamente, sendo uma das dimensões: então o produto escalar é definido como:

Propriedades do produto escalar

As propriedades do produto escalar são facilmente demonstráveis e estão na tabela abaixo, na mesma convencionamos que:

  • são vetores em
  • é um escalar.
Propriedade Operação
Produto nulo
Comutativa do produto escalar
Associativa entre produto escalar e produto por escalares
Distributiva
Escalar quadrado

A demonstração das propriedades acima fica como exercício, uma vez que todas são intuitivas, não será difícil conseguir demonstrar cada uma delas, para isto basta efetuar a operação do produto escalar e utilizar regras básicas de operações algébricas.[3]

Produto vetorial

As operações com vetores podem, muitas vezes, parecer estranhas a princípio, porém depois que entendemos a sua finalidade e o conceito do fundamento que está por trás de seu comportamento nos habituamos, podendo aproveitar dos recursos que estas operações podem nos oferecer. Um dos cálculos mais intrigantes dentro do universo dos vetores é o chamado produto vetorial, que é definido pela seguinte operação:

Sejam os vetores o produto vetorial dos mesmos é:

A razão desta definição está na operação geométrica entre dois vetores, que neste caso, objetiva-se em encontrar um vetor que seja, ao mesmo tempo, perpendicular aos dois vetores operados. Como a operação resulta em um novo vetor, ela é denominada de produto vetorial.

A operação resume-se em encontrar coordenadas em cada eixo que sejam perpendiculares entre elas e de módulo igual a área formada pelo paralelogramo criado pela imagem dos dois vetores em cada um dos planos primários.

Podemos observar que cada componente é igual à resultante de um determinante, o que nos habilita representá-los da seguinte forma:

Como temos um vetor tridimensional, podemos adotar a notação:

Que pode ser simplificada ainda mais se adotarmos a notação de determinante com três variáveis:

Em decorrência disto temos um produto que se comporta de maneira idêntica a um determinante, onde todas as propriedades são iguais às apresentadas pelos mesmos.

Propriedades do produto vetorial

O produto vetorial é basicamente uma operação em forma de determinante, a tabela abaixo introduz as propriedades do mesmo, muitas das quais já conhecemos sob a forma de teoremas de determinantes, porém são introduzidas sob a forma de operações vetoriais:

  • são vetores em
  • é um escalar.
Propriedade Operação
Produto vetorial inverso
múltiplo de escalar por produto vetorial
Distributiva a direita
Distributiva a esquerda
Conversão em vetores com produtos escalares

Ângulo entre dois vetores

Observemos o gráfico:

Relação entre o ângulo e o produto escalar de dois vetores

Dados dois vetores é possível demonstrar que o cosseno do ângulo entre os dois vetores é proporcional ao produto interno (escalar), relacionado-se da seguinte forma:

Demonstração:

Observemos o gráfico abaixo:

Calculando o produto escalar

O gráfico mostra dois vetores relacionados pelo ângulo é importante notar que temos um triângulo, que pode ser generalizado pela lei dos cossenos, o que nos permite fazer a relação entre o ângulo e os dois vetores.

Considerando os vetores na ilustração acima, podemos fazer o cálculo do módulo de sua diferença, utilizando a conhecida relação da lei dos cossenos para o triângulo:

Portanto:

Relação entre produto vetorial e ângulo entre vetores

Seja os vetores e vetores em é possível provar que o módulo do vetor resultante do produto vetorial destes, é proporcional ao seno do ângulo entre os dois vetores, relacionado-se da seguinte forma:

Comprovação: Façamos a operação conforme indicado na definição para verificar a evolução:

De onde calculamos o seu módulo:

Como já sabemos, podemos aplicar as propriedades já estudadas para os vetores:

Lembremos que, se:

Quando

logo:

Interpretação do produto vetorial

O vetor resultante do produto vetorial apresenta módulo igual à área do paralelogramo delimitado pelos dois vetores que lhe deram origem, observemos o gráfico abaixo:

Produto vetorial
Produto vetorial

Como já sabemos, os vetores que mantêm um ângulo entre eles, quando multiplicados, podem ser expressos desta forma:

Considere a seguinte separação:

Muito convenientemente, podemos verificar que é a altura do paralelogramo, que multiplicado pela norma do vetor nos dá a área do paralelogramo. Da mesma forma verifiquemos que o produto vetorial nos fornece um vetor perpendicular aos dois que lhe deram origem... Façamos:

Pelas propriedades dos determinantes e do produto escalar temos:

Sendo o determinante acima nulo, uma vez que uma das suas linhas é múltipla de outra:

Também teremos o mesmo resultado para o segundo vetor, visto que o mesmo também é uma das linhas do determinante, portanto o produto vetorial fornece um vetor perpendicular aos dois que lhe deram origem, visto que o cosseno do ângulo é nulo, ou seja, o ângulo é

Ângulos diretores

A relação entre produto escalar e cosseno do ângulo entre os vetores nos fornece uma outra possibilidade de referenciar os vetores aos eixos do sistema cartesiano, uma vez que temos versores primários para os eixos, podemos verificar qual o resultado do produto escalar entre estes e um vetor qualquer no espaço. Seja o vetor calculemos o produto escalar entre ele e os vetores relacionados aos eixos: [3]

Para este caso inicialmente façamos uma breve reflexão:

Se para cada vetor de módulo unitário for feita a mesma operação acima, teremos três ângulos para os quais são os ângulos do vetor no espaço em relação aos eixos, por esta razão convencionou-se chamá-los de nomes especiais, que são respectivamente, para os vetores Observemos, também, que a operação será sempre a mesma para cada eixo e o resultado será o valor da componente do vetor para o eixo dividido pela norma do mesmo, o que nos fornece três cossenos[3]:

Os quais chamamos de cossenos diretores, pois direcionam o vetor no espaço sob a referência dos eixos. Em consequência disto, também chamamos os ângulos de ângulos diretores.

Em conseqüência do que já vimos nas seções anteriores, temos a seguinte equação:

Também temos outra forma de referenciar o vetor, usando os cossenos diretores:

Que será útil em determinadas análises, inclusive quando parâmetros polares forem considerados.

Projeções sobre vetores

O produto escalar nos dá a possibilidade de encontrar a projeção de um vetor sobre o outro sem a necessidade de sabermos qual o ângulo entre os dois, isto é possível devido à equivalência algébrica do produto escalar com o cosseno do ângulo entre os dois vetores como vimos anteriormente. [3]

Sejam os vetores o produto escalar dos mesmos é:

de onde concluimos que:

Observando o lado direito da equação observamos que a expressão corresponde à projeção do vetor sobre o vetor porém sob a forma escalar, ou seja, o valor corresponde ao comprimento (norma) da projeção, não contendo a informação acerca da direção e do sentido. Definimos, então, a projeção escalar do vetor sobre o vetor como:

Observemos ainda outro fato esclarecedor: a projeção escalar de um vetor sobre o outro é o produto escalar do versor do vetor sobre o qual será projetado e o outro vetor. Intuitivamente, percebemos que o versor que contém a informação sobre a direção e sentido do vetor onde será projetado o valor e portanto, determina-o, visto que é no mesmo onde temos a informação sobre a inclinação.[3]

Seguindo este mesmo raciocínio, se multiplicarmos esta projeção, que é um valor escalar, pelo vetor unitário (versor), que usamos no cálculo anterior, teremos um vetor projeção criado como "imagem" do outro. Fazendo isto teremos:

A desigualdade de Cauchy-Schwarz

Sejam os vetores é possível provar que o produto escalar relaciona-se com os módulos dos vetores de forma a satisfazer a seguinte desigualdade[3]

Comprovação:

Analisemos o produto escalar separadamente:

Se quisermos o módulo do produto escalar teremos:

porém,

então:

Como o lado esquerdo da inequação faz parte do módulo, podemos simplificar para:

Produto misto

Produto misto

Sejam os vetores em sobre estes definimos o produto misto como:

Em síntese, a operação do produto vetorial nos fornece um novo vetor perpendicular aos dois que lhe deram orígem, por outro lado, o produto escalar deste vetor por outro nos fornece um escalar, que representa o produto misto. Observando estas operações mais detalhadamente, quando operamos o produto vetorial temos um vetor definido com os versores primários, sendo temos:

logo:

Que nos dá:

Propriedades do produto misto

As propriedades do produto misto são análogas às dos determinantes em geral, apenas uma operação algébrica entre produtos devemos destacar:

Comutativa entre produto escalar e produto vetorial em um produto misto:

Dados três vetores: em podemos comutar os vetores e produtos tais que:

No que se refere à operação em determinantes, a operação:

enquanto que:

Para fazer com que o primeiro determinante se torne o segundo basta permutar a mesma linha duas vezes dentro do determinante, ou seja, inverter o sinal do mesmo duas vezes, o que faz com que este retorne ao valor original. Algebricamente, os dois determinantes definem o mesmo valor quando operados. Isto define a operação como válida.

Vetores na Física

Vetores velocidade e aceleração

A trajetória de um ponto em movimento pode ser definida em cada instante t através do vetor de posição do ponto

Cada uma das três componentes, x(t), y(t) e z(t), é uma função do tempo. Num intervalo de tempo o deslocamento do ponto é:

onde e são os vetores posição nos instantes e O vetor obtido dividindo o deslocamento por é o vetor velocidade média, com a mesma direção e sentido do deslocamento

Trajetória de um ponto e deslocamento entre dois instantes e

Define-se o vetor velocidade em cada instante, igual ao deslocamento dividido por no limite em que se aproxima de zero:

e as suas componentes serão as derivadas das componentes da velocidade:

As equações de vetor velocidade e suas componentes da velocidade são as equações de movimento em 3 dimensões, escritas de forma vetorial. Como a igualdade de dois vetores implica a igualdade das suas componentes, temos e equações semelhantes para as componentes y e z. Portanto, o movimento em 3 dimensões é a sobreposição de 3 movimentos em uma dimensão, ao longo dos eixos x, y e z, e para cada um desses 3 movimentos verificam-se as equações de movimento ao longo de um eixo.

Para cada uma das componentes cartesianas existe uma equação de movimento que relaciona a aceleração com a velocidade e a posição:

Velocidade e aceleração relativas

A figura abaixo mostra os vetores posição de um mesmo ponto P em dois referenciais diferentes. O primeiro referencial tem eixos x, y, z e origem O. Os eixos e origem do segundo referencial foram designados e

A relação que existe entre o vetor posição em relação à origem O e o vetor posição em relação à origem é a seguinte:

onde é o vetor de posição da primeira origem O em relação à segunda origem.

Relação entre os vetores posição de um ponto em dois referenciais diferentes

Derivando essa expressão em relação ao tempo, obtemos a relação entre as velocidades:

e derivando novamente obtemos a relação entre as acelerações:

Consequentemente, a velocidade vetorial em relação a um segundo referencial é igual à velocidade vetorial em relação ao primeiro referencial, mas a velocidade vetorial do primeiro referencial em relação ao segundo. O mesmo princípio aplica-se ao vetor aceleração. Assim, por exemplo, se nos deslocarmos com velocidade vetorial dentro de um comboio, para obtermos a nossa velocidade vetorial em relação à Terra, teríamos de somar a velocidade vetorial do comboio em relação à Terra. [4]

A aceleração de um corpo em queda livre, em relação a um referencial que também está em queda livre, é nula.

Mas como a Terra se desloca em relação ao Sol, para encontramos a nossa velocidade em relação ao Sol teríamos de somar também a velocidade vetorial do ponto da Terra onde nos encontrarmos, em relação ao Sol. Em relação à Galaxia teríamos de somar a velocidade vetorial do Sol na galaxia, e assim sucessivamente.

O princípio de adição de acelerações vetoriais relativas é aproveitado para treinar os candidatos a astronautas. Se o astronauta, a bordo de um avião, tropeça e cai para o chão, a sua aceleração vetorial durante a queda, em relação à Terra, é o vetor que aponta para o centro da Terra e tem módulo igual à aceleração da gravidade. Mas se o avião também estiver a cair livremente, a sua aceleração vetorial em relação à Terra será o mesmo vetor Portanto, a aceleração vetorial do astronauta em relação ao avião será a diferença entre essas duas acelerações em relação à Terra, que é zero. Em relação ao avião, o astronauta não acelera em nenhuma direção, mas flutua no meio do avião, durante os segundos que o piloto conseguir manter o avião em queda livre.[4]

Produto escalar

Dois vetores e e o ângulo entre as suas direções.

O produto escalar entre dois vetores e e o ângulo formado pelas duas direções. O produto a cos é igual à componente do vetor a direção paralela ao vetor e o produto b cos é igual à componente do vetor b na direção paralela ao vetor a. Assim, o produto escalar é igual ao produto do módulo de um dos vetores vezes a componente do segundo vetor na direção paralela ao primeiro.

É designado de produto escalar, porque os módulos dos dois vetores e o ângulo entre as direções são grandezas escalares, que não dependem do referencial usado para os medir; consequentemente, o produto ab cos é também um escalar, independente do sistema de eixos usado. Duas retas que se cruzam num ponto definem dois ângulos e No caso dos vetores, não há ambiguidade na definição do ângulo, porque se deslocarmos os vetores para um vértice comum, o ângulo será a região dos pontos que estão deslocados no sentido dos dois vetores em relação ao vértice. O produto escalar entre dois vetores com módulos a e b estará sempre dentro do intervalo [ -ab, ab]. Se o ângulo entre os vetores for agudo, cos o produto será positivo, no contrário será obtuso o produto sendo negativo. Se os vetores forem perpendiculares, o produto será nulo.

O valor mínimo do produto, - ab, obtém-se no caso em que os vetores tenham a mesma direção mas sentidos opostos. O valor máximo, ab, é obtido no caso em que os vetores tenham a mesma direção e sentido.

O produto escalar entre dois vetores é positivo se o ângulo entre os vetoresfor agudo, nulo se os vetores forem perpendiculares, ou negativo,se o ângulo for obtuso.

Como os versores têm todos módulo igual a 1, o produto entre dois versores é sempre igual ao cosseno do ângulo entre as suas direções. Assim, o ângulo entre duas direções no espaço é igual ao arco cosseno do produto escalar entre dois versores nessas direções:

No caso dos três versores cartesianos o produto escalar entre dois versores diferentes é zero, por serem perpendiculares, e o produto de um dos versores consigo próprio é 1. Esse resultado pode ser usado para obter outra expressão para o cálculo do produto escalar entre dois vetores e Usando a propriedade distributiva do produto escalar temos:

ou seja:

As componentes dos dois vetores são diferentes em diferentes referenciais, mas o produto (ax bx + ay by + az bz)deverá dar o mesmo resultado em qualquer referencial, já que é um escalar.

Para calcularmos o produto escalar de um vetor consigo próprio, temos que elevar ao quadrado todos seus componentes vetoriais:

Assim, para calcular o módulo de um vetor com componentes (ax , ay , az ) usa-se a expressão:

Vetores deslizantes

Três forças com o mesmo módulo, direção e sentido. F1 E F2 são equivalentes,mas são diferentes de F3

Os vetores que são mais comumente estudados são denominados de vetores livres, que são considerados iguais se tiverem o mesmo módulo, direção e sentido, independentemente do ponto do espaço onde se encontrem. No caso das forças, não basta saber o módulo, direção e sentido. Se fixarmos o módulo, direção e sentido de uma força que vai ser aplicada numa porta para fechá-la, a forma como a porta será fechada dependerá também do ponto de aplicação dessa força. Quanto mais longe das dobradiças for aplicada a força, mais fácil será fechar a porta; experimente a fechar uma porta aplicando uma força a 1 cm das dobradiças!

Assim, as forças são realmente vetores deslizantes, que produzem o mesmo efeito em qualquer ponto da linha de ação (a linha reta que passa pelo ponto onde a força é aplicada, seguindo a direção da força) mas produzem efeitos diferentes quando aplicadas em diferentes linhas paralelas. No exemplo apresentado na figura , as três forças têm o mesmo módulo, direção e sentido; F1 e F2 são iguais, por terem também a mesma linha de ação, mas são diferentes de F3 que atua noutra linha de ação diferente.

Adição de forças

Adição de forças com linhas de ação que se cruzam num ponto comum.

Duas forças com a mesma linha de ação podem ser deslocadas para um ponto comum e somadas nesse ponto. A força resultante estará na mesma linha de ação. Se as linhas de ação das duas forças forem diferentes, mas tiverem um ponto em comum, R, como acontece com as forças na figura a seguir, podemos somá-las como se mostra no lado direito da figura: deslocam-se as duas forças para o ponto de interseção R e nesse ponto aplica-se a regra do paralelogramo; a linha de ação da força resultante será a reta que passa por esse ponto de interseção.

Quando as duas linhas de ação são paralelas, como é o caso da próxima figura, podemos usar o seguinte procedimento, ilustrado no lado direito da figura: desloca-se a força na sua linha de ação com a perpendicular que passa pelo ponto P. Nos pontos P e R podemos adicionar duas forças e com a mesma linha de ação, já que a soma dessas duas forças é nula.

Adição de forças paralelas.

No ponto P somamos as forças e sendo substituídas pela resultante No ponto R somamos as forças e substituindo-as pela resultante As linhas de ação das forças F4 e F5 terão sempre um ponto de interseção S, onde podemos somá-las obtendo o resultado final no ponto S.

Observe na figura que, sempre que as direções e sentidos das forças forem iguais, o módulo da força resultante será igual à soma dos módulos das forças somadas Para calcular as distâncias d1 e d2, entre as linhas de ação das forças somadas e a linha de ação da força resultante, vemos na figura que h pode ser calculada nos dois triângulos:

Versor -

Versor é um vector de valor unitário, ou seja, o módulo é igual a 1. É utilizado para indicar direcção, sentido e o ângulo formado com o eixo referencial.



Versores podem ser utilizados como bases de um dado espaço vetorial A condição necessária e suficiente para tanto, é que tais versores sejam linearmente independentes entre si. Uma propriedade altamente conveniente é que todo vetor pertencente ao espaço vetorial de base pode ser expresso como uma combinação linear dos versores base. Assim, dado um vetor genérico temos que em que são números reais.

Notas

  1. De fato, a palavra latina vectore significa "aquele que carrega".

Ver também

Referências

Ligações externas

Predefinição:Bom interwiki Predefinição:Link FA