Vitória Luísa da Prússia
Vitória Luísa | |
---|---|
Duquesa Consorte de Brunvique | |
Reinado | 1 de novembro de 1913 a 8 de novembro de 1918 |
Predecessora | Maria de Baden |
Sucessora | Monarquia abolida |
Nascimento | 13 de setembro de 1892 |
Palácio de Mármore, Potsdam, Império Alemão | |
Morte | 11 de dezembro de 1980 (88 anos) |
Hanôver, Alemanha Ocidental | |
Sepultado em | 20 de dezembro de 1980, Jardins de Herrenhausen, Hanôver, Alemanha Ocidental |
Nome completo | |
Vitória Luísa Adelaide Matilde Carlota | |
Marido | Ernesto Augusto, Duque de Brunsvique |
Descendência | Ernesto Augusto de Hanôver Jorge Guilherme de Hanôver Frederica Luísa de Hanôver Cristiano Óscar de Hanôver Guelfo Henrique de Hanôver |
Casa | Hohenzollern (por nascimento) Hanôver (por casamento) |
Pai | Guilherme II da Alemanha |
Mãe | Augusta Vitória de Eslésvico-Holsácia |
Religião | Luteranismo |
Brasão |
Vitória Luísa Adelaide Matilde Carlota da Prússia (em alemão: Viktoria Luise Adelheid Mathilde Charlotte; Potsdam, 13 de setembro de 1892 – Hanôver, 11 de dezembro de 1980) foi a única filha das sete crianças do kaiser Guilherme II da Alemanha e da sua consorte, a imperatriz Augusta Vitória. Na altura da sua morte, era a última sobrevivente entre seus irmãos.
É a avó materna da rainha Sofia da Espanha, e bisavó do atual rei da Espanha, Filipe VI.
Início da vida
[editar | editar código-fonte]A princesa Vitória Luísa Adelaide Matilde Carlota nasceu em 13 de setembro de 1892, como a sétima filha e única menina de Guilherme II da Alemanha e Augusta Vitória de Eslésvico-Holsácia. A Imperatriz escreve em seu diário logo após o parto: "Após seus filhos, Deus nos abençoou como nosso sétimo filho, pequena, mas uma forte menina".[1] Vitória Luísa foi batizada em 22 de outubro[2] e recebeu o nome de sua bisavó paterna, Vitória do Reino Unido, e de sua trisavó paterna, Luísa de Mecklemburgo-Strelitz, sendo chamada por sua família de "Sissy".[3]
O historiador Justin C. Vock descreve Vitória Luísa inteligente como sua avó paterna, a princesa real Vitória, imponente e digna como sua mãe, mas imperiosa e voluntariosa como seu pai. Ela gostava de ser o centro das atenções[4] e era a favorita de seu pai.[5][6] De acordo com seu irmão mais velho, Guilherme, Príncipe Herdeiro da Alemanha, Vitória Luísa era "a única de nós a ganhar na infância um lugar confortável" no coração de seu pai.[7] Em 1902, sua governanta inglesa, Anne Topham, observou que aos nove anos a princesa era amigável, enérgica e sempre brigando com seu irmão mais velho, o príncipe Joaquim.[8] Depois observou que Guilherme II da Alemanha era a "força dominante da vida de sua filha. Suas ideias, suas opiniões sobre homens e coisas são persistentemente citadas por elas".[9]
A família residia no Castelo de Homburg,[10] e Vitória Luísa e Joaquim costumavam visitar seus primos no Castelo de Kronberg.[11] Em 1905, a princesa estudou música com a pianista Sandra Drouker. Por um período de uma semana em Maio de 1911, Vitória Luísa visitou a Inglaterra a bordo do Hohenzollern com seus pais, onde eles visitaram seu primo Jorge V do Reino Unido para a inauguração de uma estátua da Rainha Vitória no Palácio de Buckingham.[12]
Sua Crisma aconteceu em Friedenskirche em Potsdam em 18 de outubro de 1909.[13]
Casamento
[editar | editar código-fonte]Em 1912, Ernesto Augusto, Duque de Brunsvique, o rico herdeiro do título de Duque de Cumberland, foi até a corte de Berlim agradecer ao Imperador Guilherme pela presença do Príncipe Herdeiro Guilherme e do príncipe Eitel no funeral de seu irmão, o príncipe Jorge Guilherme. Enquanto esteve em Berlim, Ernesto Augusto conheceu Vitória Luísa e os dois encantaram-se um com o outro.[14] No entanto, as discussões sobre casamento foram prolongadas por meses devido a tensões políticas. Ernesto Augusto também era herdeiro do Reino de Hanôver, que tinha sido anexado pela Prússia depois da Guerra Austro-Prussiana de 1866. O Príncipe Herdeiro da Prússia sugeriu que Ernesto Augusto abdicasse de seus direitos a Hanôver; em um acordo, foi decidido que ele sucederia em um ducado menor de Brunvique, do qual seu pai era sucessor. A família havia sido impedida de suceder a Brunvique devido às suas reivindicações ao Reino de Hanôver.[15] Eles ficaram noivos em Karlsruhe no dia 11 de fevereiro de 1913.
O casamento aconteceu no dia 24 de maio de 1913 em Berlim. A imprensa saudou o evento como o fim da briga entre a Casa de Hanôver e a Casa de Hohenzollern que existia desde a anexação em 1866.[16] The Times descreveu a união como Romeu e Julieta com um final feliz. Apesar de a imprensa classificar o evento como uma cerimônia de amor, ainda não foi demonstrado se havia interesses políticos; a historiadora Eva Giloi acredita que o casamento foi resultado do desejo da Prússia de colocar fim ao conflito, embora Vitória Luísa descreveu em uma carta como um "jogo de amor".[17]
Em um gesto diplomático, Guilherme II da Alemanha convidou sua extensa família. Entre os convidados incluíam os primos de Guilherme II, Jorge V do Reino Unido e Nicolau II da Rússia. O casamento contou com 1.200 convidados. O casamento foi um dos últimos grandes eventos da realeza europeia antes da Primeira Guerra Mundial.
A imperatriz Augusta Vitória sofreu muito com a separação da sua única filha e chorou toda a noite.[18]
Segunda Guerra Mundial
[editar | editar código-fonte]Muitos dos irmãos de Vitória Luísa se juntaram ao Partido Nazista, incluindo Guilherme, Príncipe Herdeiro da Alemanha e Augusto Guilherme da Prússia.[19] Enquanto Ernesto Augusto, Duque de Brunsvique nunca tenha se juntado oficialmente ao partido, doou fundos e esteve perto de vários líderes. Como um ex-príncipe britânico, Ernesto Augusto, assim como, Vitória Luísa, desejavam uma reaproximação entre a Inglaterra e a Alemanha. Ostensivamente desejando uma aliança com o Reino Unido, em meados da década de 1930, Adolf Hitler sugeriu que organizassem um encontro entre sua filha Frederica de Hanôver e Eduardo do Reino Unido. O duque e a duquesa de Brunvique recusaram, acreditando que a diferença era muito grande.
Em maio de 1941, seu pai adoeceu de um bloqueio intestinal e Vitória Luísa viajou até Huis Doorn para visita-lo, assim como vários de seus irmãos. Guilherme II da Alemanha se recuperou o suficiente para eles retornarem, mas piorou novamente. Vitória Luísa retornou a tempo de estar junto a cama de pai, junto com seu sobrinho Luís Fernando da Prússia e sua madrasta Hermínia Reuss de Greiz, quando ele morreu em 4 de junho de 1941 de uma Embolia pulmonar.[20] Poucos dias antes do fim da guerra na Europa em abril de 1945, Vitória Luísa estava morando com seu marido no Castelo de Blankenburgo.[21] Poucos dias antes de Blankenburg ser entregue ao Exército Vermelho pelas forças britânicas e estadunidenses no final de 1945, a família conseguiu mudar-se para o Castelo de Marienburg com seus móveis, transportados por caminhões do exército britânico, por ordem de Jorge VI do Reino Unido.
Obras
[editar | editar código-fonte]- Ein Leben als Tochter des Kaisers
- Im Strom der Zeit
- Bilder der Kaiserzeit
- Vor 100 Jahren
- Die Kronprinzessin
- Deutschlands letzte Kaiserin
Honras
[editar | editar código-fonte]- Nacionais (Alemanha)
- Grã-Cruz da Ordem da Águia Negra[22]
- Dama da Ordem de Luísa[22][23]
- Grã-Cruz da Ordem de São Jorge[22]
- Estrangeiras
- Grécia, Ordem de São Olga e da Santa Sofia[22]
- Espanha, Ordem de Maria Luísa[22][24]
- Império Otomano, Ordem do Medjidie (Classe Especial)[22]
Descendência
[editar | editar código-fonte]Nome | Nascimento | Morte | Observações[25] |
---|---|---|---|
Ernesto Augusto | 18 de março de 1914 | 9 de dezembro de 1987 | Casou-se com Ortruda de Eslésvico-Holsácia-Sonderburgo-Glucksburgo em 1951, com descendência. Casou-se com Mônica de Solms-Laubach em 1981, sem descendência. |
Jorge Guilherme | 25 de março de 1915 | 8 de janeiro de 2006 | Casou-se com Sofia da Grécia e Dinamarca em 1946, com descendência. |
Frederica | 18 de abril de 1917 | 6 de fevereiro de 1981 | Casou-se com Paulo da Grécia em 1938, com descendência. |
Cristiano Óscar | 1 de setembro de 1919 | 10 de dezembro de 1981 | Casou-se com Mireille Dutry em 1963, com descendência. |
Guelfo Henrique | 11 de março de 1923 | 12 de julho de 1997 | Casou-se com Alexandra de Isenburg-Büdingen em 1960, sem descendência. |
Ancestrais
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Vovk 2012, p. 79.
- ↑ Vovk 2012, pp. 79–80.
- ↑ Vovk 2012, p. 80.
- ↑ Vovk 2012, pp. 242–243.
- ↑ Clay 2007, p. 113.
- ↑ Cecil 1996, p. 10.
- ↑ Vovk 2012, p. 243.
- ↑ Topham 1915, pp. 11–13.
- ↑ Topham 1915, pp. 12, 18.
- ↑ Viktoria Luise 1977, pp. 18.
- ↑ Topham 1915, p. 14.
- ↑ MacDonogh 2000, p. 323.
- ↑ Viktoria Luise 1977, pp. 40.
- ↑ Vovk, Justin C. (2012). Imperial Requiem: Four Royal Women and the Fall of the Age of Empires (em inglês). [S.l.]: iUniverse. ISBN 9781475917499
- ↑ MACDONOGH, Giles (2000). The Last Kaiser: The Life of Wilhelm II. Nova York: St. Martin's Press
- ↑ Mansel, Philip; Riotte, Torsten (28 de outubro de 2011). Monarchy and Exile: The Politics of Legitimacy from Marie de Médicis to Wilhelm II (em inglês). [S.l.]: Palgrave Macmillan. ISBN 9780230249059
- ↑ Urbach, Karina (18 de dezembro de 2008). Royal Kinship. Anglo-German Family Networks 1815-1918 (em inglês). [S.l.]: Walter de Gruyter. ISBN 9783598441233
- ↑ Vovk 2012, p. 246.
- ↑ Petropoulos, Jonathan (12 de agosto de 2008). Royals and the Reich: The Princes von Hessen in Nazi Germany (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780199796076
- ↑ Cecil, Lamar (1989). Wilhelm II: Emperor and exile, 1900-1941 (em inglês). [S.l.]: UNC Press Books. ISBN 9780807822838
- ↑ MACDONOGH, Giles (2007). After the Reich: The Brutal History of the Allied Occupation. Nova Iorque: Basic Books
- ↑ a b c d e f Schench, G. Handbuch über den Königlich Preußischen Hof und Staat fur das Jahr 1908. Berlin, Prussia, 1907.
- ↑ «Princess-victoria-luise»
- ↑ «Guía Oficial de España». Guía Oficial de España. 1930. p. 237. Consultado em 21 de março 2019
- ↑ Genealogisches Handbuch des Adels, Fürstliche Häuser XVIII. "Haus Hannover". C.A. Starke Verlag, 2007, pp. 22–26. ISBN 978-3-7980-0841-0.
- ↑ Huberty, Michel; Giraud, Alain; Magdelaine, F. and B. (1989). L'Allemagne Dynastique, Tome V – Hohenzollern-Waldeck. France: Laballery. pp. 197, 204, 217–218, 231, 239, 252. ISBN 2-901138-05-5
- ↑ Genealogisches Handbuch des Adels, Fürstliche Häuser, Band IV. (em alemão). Glücksburg: C.A. Starke Verlag. 1956. pp. 107, 112, 554–558
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Black, Jeremy (2004). The Hanoverians: The History of a Dynasty. New York: Hambledon and London. ISBN 1852854464.
- Cecil, Lamar (1996). Wilhelm II: Emperor and Exile, 1900–1941, Volume 2. Chapel Hill, NC: University of North Carolina Press. ISBN 9780807822838.
- Emmerson, Charles (2013). 1913: The World before the Great War (2013 ed.). Random House. ISBN 9781448137329. - Total de páginas: 544
- Giloi, Eva (2011). Monarchy, Myth, and Material Culture in Germany 1750–1950. Cambridge, UK: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-76198-7.
- Clay, Catrine (2007). King, Kaiser, Tsar: Three Royal Cousins Who Led the World to War. Walker & Company. ISBN 978-0802716231.
- MacDonogh, Giles (2000). The Last Kaiser: The Life of Wilhelm II. New York: St. Martin's Press. ISBN 0-312-30557-5.
- MacDonogh, Giles (2007). After the Reich: The Brutal History of the Allied Occupation. New York: Basic Books. ISBN 978-0465003389.
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- Petropoulos, Jonathan (2006). Royals and the Reich: The Princes von Hessen in Nazi Germany. New York: Oxford University Press. ISBN 0195339274.
- Riotte, Torsten (2008). "The House of Hanover, Queen Victoria and the Gelph dynasty". In Urbach, Karina (ed.). Royal Kinship. Anglo-German Family Networks 1815–1918. Munich: K.G. Saur Verlag. ISBN 978-3-598-23003-5.
- Riotte, Torsten (2011). "Hanoverian Exile and Prussian Governance: King George V of Hanover and His Successor in Austria, 1866–1913". In Mansel, Philip; Riotte, Torsten (eds.). Monarchy and Exile: The Politics of Legitimacy from Marie de Médicis to Wilhelm II. Basingstoke, Hampshire: Palgrave Macmillan. ISBN 978-0-230-24905-9.
- Schench, G. (1907). Handbuch über den Königlich Preuβischen Hof und Staat fur das Jahr 1908 [Manual of the Royal Prussian Court and State for the year 1908] (em alemão). Berlin.
- Topham, Anne (1915). Memories of the Kaiser's Court. New York: Dodd, Mead and Company.
- Viktoria Luise, Herzogin zu Braunschweig und Lüneburg (1977). The Kaiser's Daughter: Memoirs of H. R. H. Viktoria Luise, Duchess of Brunswick and Lüneburg, Princess of Prussia. Prentice-Hall. ISBN 978-0-13-514653-8.
- Vovk, Justin C. (2012). Imperial Requiem: Four Royal Women and the Fall of the Age of Empires. Bloomington, IN: iUniverse. ISBN 978-1-4759-1749-9.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Princess Victoria Louise of Prussia», especificamente desta versão.