Marguerite Yourcenar

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Marguerite Cleenewerck de Crayencour
Marguerite Yourcenar
Marguerite Yourcenar em 1982.
Nome completo Marguerite Antoinette Jeanne Marie Ghislaine Cleenewerck de Crayencour
Pseudónimo(s) Marguerite Yourcenar
Nascimento 8 de junho de 1903
Bruxelas, Bélgica
Morte 17 de dezembro de 1987 (84 anos)
Mount Desert Island, Maine, Estados Unidos
Nacionalidade Belga
Prêmios Prémio Femina (1968)

Grande prémio de literatura da Academia francesa (1977)
Primeira mulher eleita à Academia Francesa (cadeira nº 3) (1980)

Magnum opus Memórias de Adriano (1951)

Marguerite Yourcenar, pseudônimo de Marguerite Cleenewerck de Crayencour (Yourcenar é um anagrama de Crayencour) (Bruxelas, 8 de junho de 1903Mount Desert Island, 17 de dezembro de 1987), foi uma escritora belga.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Marguerite Yourcenar foi educada de forma privada e de maneira excepcional: lia Jean Racine com oito anos de idade, e seu pai ensinou-lhe o latim aos oito anos e grego aos doze.

Em 1929, publicou seu primeiro romance, Alexis ou o Tratado do Vão Combate (Alexis ou le traité du vain combat) inspirado em André Gide,[1] escrito em um estilo preciso, frio e clássico. Trata-se de uma longa carta em que um homem, músico renomado, confessa à sua esposa sua homossexualidade e sua decisão de a deixar. Após a morte de seu pai, em 1929, (depois de ter lido o primeiro romance de sua filha), Marguerite Yourcenar levou uma vida boêmia entre Paris, Lausana, Atenas, as ilhas gregas, Constantinopla e Bruxelas. Nesta época, Marguerite Yourcenar apaixonou-se pelo escritor e editor André Fraigneau.[2]

Na década de 1930, escreveu Fogos (1936), composto por textos com inspirações mitológicas ou religiosas, em que a autora trata de diversas formas o tema do desespero amoroso e dos sofrimentos sentimentais, tema retomado mais tarde em Le Coup de grâce (1939), romance curto sobre um triângulo amoroso durante a guerra russo-polonesa de 1920. Em 1939, ela publicou Contos Orientais, com histórias que fazem referência a suas viagens. Naquele mesmo ano, dez anos depois da morte de seu pai e com a Europa conturbada pela proximidade da Segunda Guerra Mundial, ela mudou-se para os Estados Unidos, onde passou o resto de sua vida, obtendo a cidadania estado-unidense em 1947 e ensinando literatura francesa até 1949. Até 1979, Yourcenar morou com Grace Frick, professora de literatura britânica em Nova Iorque.

As suas Mémoires d´Hadrien (Memórias de Adriano), de 1951, tornaram-na internacionalmente conhecida. Este sucesso seria confirmado com L'Œuvre au Noir (A Obra ao Negro, 1968), uma biografia de um herói do século XVI, chamado Zénon, atraído pelo hermetismo e a ciência. Publicou ainda poemas, ensaios (Sous bénéfice d'inventaire, 1978) e memórias (Archives du Nord, 1977), manifestando uma atracção pela Grécia e pelo misticismo oriental patente em trabalhos como Mishima ou La vision du vide (1981) e Comme l´eau qui coule (1982).

Marguerite Yourcenar foi a primeira mulher eleita à Academia Francesa de Letras, em 1980, após uma campanha e apoio activos de Jean d'Ormesson, que escreveu o discurso de sua admissão.

Obras[editar | editar código-fonte]

Título em Português Título original Tradutor(a) Coleção Ano
01 O Jardim das Quimeras Le jardin des chimères (1921)
02 Alexis ou o tratado do vão combate Alexis ou le traité du vain combat Martha Calderaro (1929)
03 La nouvelle Eurydice romance (1931)
04 Denário do sonho Denier du rêve Ivo Barroso (1934)
05 Fogos Feux Martha Calderaro poemas em prosa (1936)
06 Contos orientais Nouvelles orientales Martha Calderaro (Br)/Gaétan Martins de Oliveira (Portugal) Biblioteca de bolso Dom Quixote - Literatura; 6 (1938)
07 Les songes et les sorts (1938)
08 Golpe de misericórdia Le coup de grâce Ivo Barroso (1939)
09 Memórias de Adriano Mémoires d'Hadrien Martha Calderaro (1951)
10 Électre ou La chute des masques (1954)
11 Brasil: A obra em negro / Portugal: A Obra ao Negro L'Œuvre au noir Ivan Junqueira (Br)

António Ramos Rosa, Luisa Neto Jorge E Manuel João Gomes (Pt)

(1968)
12 Recordações de família Souvenirs pieux Martha Calderaro O Labirinto do Mundo (autobiografia vol. 1)[3] (1974-77)
13 Arquivos do Norte Archives du Nord Tati de Moraes O Labirinto do Mundo: (autobiografia vol. 2) (1977)
14 Notas a margem do tempo Sous bénéfice d'inventaire Vera de Azambuja Harvey e Ecila de Azeredo (1978)
15 Mishima ou A Visão do Vazio Mishima ou la vision du vide Mauro Pinheiro (Br)/Manuel Alberto (Pt) (ensaio) (1981)
16 Como a água que corre Comme l´eau qui coule Ivan Junqueira (1981)
17 O Tempo, Esse Grande Escultor Le temps ce grand sculpteur Ivo Barroso (1983)
18 A eternidade, o que é? Quoi? L'Éternité Tati Moraes; rev. da trad. Lucia Alves O Labirinto do Mundo: (autobiografia vol. 3) (1988)
19 Peregrina e estrangeira : ensaios En pèlerin et en étranger Myriam Campello (ensaio) 1989
20 A volta da prisão Le Tour de la prison Maria Luiza X. de A. Borges (ensaios, viagens) (1991)
21 Conto azul e outros contos Conte bleu suivi de le premier soir et de maléfice Joana Angelica d'Avila Melo (1993)
22 D'Hadrien à Zénon: correspondance, 1951-1956 (a) (2004)

(a) Paris: Gallimard. 630 p. Texto compilado e comentado por Colette Gaudin e Rémy Poignault; com a colaboração de Joseph Brami e Maurice Delcroix; edição coordenada por Élyane Dezon-Jones e Michèle Sarde; pref. de Josyane Savigneau.

A Fundação Marguerite Yourcenar[editar | editar código-fonte]

A Fundação Marguerite Yourcenar, sob égide da Fondation de France, foi criada em 1982, por iniciativa de Marguerite Yourcenar. Esta fundação tem como objetivo proteger a fauna e a flora selvagens,[4] e contribuiu para a criação de uma reserva natural nos Monts de Flandre.[5]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Marguerite Yourcenar
  • David Mourão Ferreira - Marguerite Yourcenar. Lisboa, Rolim, 1988.
  • SAVIGNEAU, Josyane, Marguerite Yourcenar, l'invention d'une vie, Paris, Gallimard, coll. « NRF biographies ». 541 p. + 24 p. de planches, 1990.
  • GALEY, Matthie, De Olhos Abertos, Lisboa, Relógio d'Água, 1984, 2011


Referências

  1. No prefácio de Alexis ou le Traité du vain combat, escrito em 1963, Marguerite Yourcenar afirma que, ainda que o título do livro faça referência ao Tratado do Desejo Vão (Traité du vain désir) de Gide, sua influência foi, na verdade, pouca e principalmente formal. A influência principal teria sido mais a de Rilke.
  2. «Livros lidos» 
  3. «LETRAS IN.VERSO E RE.VERSO» 
  4. «Cópia arquivada». Consultado em 26 de abril de 2014. Arquivado do original em 26 de abril de 2014 
  5. http://museeyourcenar.chez.com/la_fondation_marguerite_yourcenar_082.htm