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Juan Domingo Perón: diferenças entre revisões

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|primeira-dama = {{nowrap|[[Eva Perón]] (1° e 2° mandatos)}}<br />[[Isabel Perón]] (3º Mandato)
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'''Juan Domingo Perón''' ([[Lobos (Buenos Aires)|Lobos]], [[8 de outubro]] de [[1895]] — [[Buenos Aires]], [[1 de julho]] de [[1974]]) foi um [[militar]] e [[político]] [[argentino]]<ref name="About.com" />, e presidente da Argentina de [[1946]] a [[1955]] e de [[1973]] a [[1974]]<ref name="UOL Educação">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/juan-domingo-peron.jhtm|título=Juan Domingo Perón - Biografia |acessodata=1 de julho de 2012 |autor=Redação |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=UOL - Educação |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>.
'''Juan Domingo Perón''' ([[Lobos (Buenos Aires)|Lobos]], [[8 de outubro]] de [[1895]] — [[Buenos Aires]], [[1 de julho]] de [[1974]]) foi um [[militar]] e [[político]] [[argentino]]<ref name="About.com" />, e presidente da Argentina de [[1946]] a [[1955]] e de [[1973]] a [[1974]].<ref name="UOL Educação">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/juan-domingo-peron.jhtm|título=Juan Domingo Perón - Biografia |acessodata=1 de julho de 2012 |autor=Redação |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=UOL - Educação |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>


== Infância e juventude ==
== Infância e juventude ==
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Como um jovem oficial que ocupou várias atribuições militares no país, enquanto ascendia em sua carreira. Dada a patente de Capitão escreveu vários artigos: "Militar Moral"," Higiene Militar", "Campanha de Alto Peru", "A Frente Leste da Primeira[[Segunda Guerra Mundial| Guerra Mundial]] de 1914" e "Estudos Estratégicos", que foram adotados como livros didáticos nas escolas do Exército.
Como um jovem oficial que ocupou várias atribuições militares no país, enquanto ascendia em sua carreira. Dada a patente de Capitão escreveu vários artigos: "Militar Moral"," Higiene Militar", "Campanha de Alto Peru", "A Frente Leste da Primeira[[Segunda Guerra Mundial| Guerra Mundial]] de 1914" e "Estudos Estratégicos", que foram adotados como livros didáticos nas escolas do Exército.


Em [[1930]] ele já era membro do Estado Maior do Exército e Professor de "História Militar" na Escola Superior de Guerra. Ele continuou a publicar textos militares e escreveu um estudo sobre a língua dos índios araucanos originários da região da Patagônia em "Toponímia Patagônica da Etimologia Araucana" (1935) <ref>{{citar web|URL = instituto nacional|título = vida del general juan domingo perón|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>. Em 1936, com patente de major do Exército, foi nomeado adido militar na Embaixada da Argentina na República do Chile e no mesmo ano subiu para o posto de [[tenente-coronel]]<ref name="UOL Educação" />. Em 1937 ele publicou o estudo "pensamento estratégico e operacional da ideia de San Martín na campanha da Cordilheira dos Andes." Em 1939 ele se juntou à missão de estudo no estrangeiro que o Exército argentino enviou para a Europa, com sede em Itália. Ele se especializou em infantaria em regiões de montanha. De volta em 1940, logo após a turnê Espanha, Alemanha, Hungria, França, Iugoslávia e Albânia, ele foi designado para o Centro de Treinamento em Montanha (em [[Mendoza]]) e em 1941 foi promovido a Coronel. A partir de 1943, sua vida militar começa a dar lugar à vida política, função exercida até sua morte.<ref name="UOL Educação" />
Em [[1930]] ele já era membro do Estado Maior do Exército e Professor de "História Militar" na Escola Superior de Guerra. Ele continuou a publicar textos militares e escreveu um estudo sobre a língua dos índios araucanos originários da região da Patagônia em "Toponímia Patagônica da Etimologia Araucana" (1935).<ref>{{Citar web|url=http://www.jdperon.gov.ar/material/biografiaperon.html|titulo=INSTITUTO NACIONAL JUAN DOMINGO PERON|acessodata=2017-01-04|obra=www.jdperon.gov.ar}}</ref> Em 1936, com patente de major do Exército, foi nomeado adido militar na Embaixada da Argentina na República do Chile e no mesmo ano subiu para o posto de [[tenente-coronel]].<ref name="UOL Educação" /> Em 1937 ele publicou o estudo "pensamento estratégico e operacional da ideia de San Martín na campanha da Cordilheira dos Andes." Em 1939 ele se juntou à missão de estudo no estrangeiro que o Exército argentino enviou para a Europa, com sede em Itália. Ele se especializou em infantaria em regiões de montanha. De volta em 1940, logo após a turnê Espanha, Alemanha, Hungria, França, Iugoslávia e Albânia, ele foi designado para o Centro de Treinamento em Montanha (em [[Mendoza]]) e em 1941 foi promovido a Coronel. A partir de 1943, sua vida militar começa a dar lugar à vida política, função exercida até sua morte.<ref name="UOL Educação" />


== Casamentos ==
== Casamentos ==
Em 1929, Perón casou-se pela primeira vez com Aurelia Tizon na Igreja de Nossa Senhora de Luján militar, mas sua esposa morreu jovem, de câncer em setembro de 1938, sem filhos<ref name="InfoEscola2">{{citar web |url = http://www.infoescola.com/biografias/juan-domingo-peron/|título = Juan Domingo Perón|acessodata = 1 de julho de 2012|autor = Thais Pacievitch|coautores = |data = 18 de julho de 2012|ano = |mes = |formato = |obra = |publicado = InfoEscola|páginas = |língua = |língua2 = pt|língua3 = |lang = |citação = }}
Em 1929, Perón casou-se pela primeira vez com Aurelia Tizon na Igreja de Nossa Senhora de Luján militar, mas sua esposa morreu jovem, de câncer em setembro de 1938, sem filhos.<ref name="InfoEscola2">{{citar web |url = http://www.infoescola.com/biografias/juan-domingo-peron/|título = Juan Domingo Perón|acessodata = 1 de julho de 2012|autor = Thais Pacievitch|coautores = |data = 18 de julho de 2012|ano = |mes = |formato = |obra = |publicado = InfoEscola|páginas = |língua = |língua2 = pt|língua3 = |lang = |citação = }}
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Em segundas núpcias com [[Eva Perón]], mais conhecida como ''Evita'' que também faleceu de câncer no útero.<ref name="About.com" /> Nos [[década de 1960|anos 1960]], casou-se uma terceira vez, agora com Maria Estela Martínez, mais conhecida como [[Isabel Perón|Isabelita Perón]], que o sucedeu na presidência da Argentina em 1974.
Em segundas núpcias com [[Eva Perón]], mais conhecida como ''Evita'' que também faleceu de câncer no útero.<ref name="About.com" /> Nos [[década de 1960|anos 1960]], casou-se uma terceira vez, agora com Maria Estela Martínez, mais conhecida como [[Isabel Perón|Isabelita Perón]], que o sucedeu na presidência da Argentina em 1974.
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Em dezembro de 1943, foi nomeado Secretário do Trabalho e Segurança Social. Com o apoio do movimento sindical começou a desenvolver uma política activa de protecção dos trabalhadores: eles criaram os tribunais trabalhistas, o decreto 33.302/43 foi aprovada estender a todos os trabalhadores verbas rescisórias, mais de dois milhões de pessoas beneficiadas para estender o sistema de aposentadoria, foi criado Hospital Policlínica para os trabalhadores da estrada de ferro, e as escolas técnicas foram estabelecidas visando trabalhadores. Aos poucos, ganhou respeito e notoriedade, aumentando sua popularidade e autoridade, especialmente pelo apoio que recebeu de trabalhadores precários chamados "descamisados"<ref name="About.com">{{citar web |url=http://latinamericanhistory.about.com/od/thehistoryofargentina/p/09juanperon.htm|título=Biography of Juan Peron |acessodata=1 de julho de 2012 |autor=Christopher Minster |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=About.com |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>
Em dezembro de 1943, foi nomeado Secretário do Trabalho e Segurança Social. Com o apoio do movimento sindical começou a desenvolver uma política activa de protecção dos trabalhadores: eles criaram os tribunais trabalhistas, o decreto 33.302/43 foi aprovada estender a todos os trabalhadores verbas rescisórias, mais de dois milhões de pessoas beneficiadas para estender o sistema de aposentadoria, foi criado Hospital Policlínica para os trabalhadores da estrada de ferro, e as escolas técnicas foram estabelecidas visando trabalhadores. Aos poucos, ganhou respeito e notoriedade, aumentando sua popularidade e autoridade, especialmente pelo apoio que recebeu de trabalhadores precários chamados "descamisados"<ref name="About.com">{{citar web |url=http://latinamericanhistory.about.com/od/thehistoryofargentina/p/09juanperon.htm|título=Biography of Juan Peron |acessodata=1 de julho de 2012 |autor=Christopher Minster |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=About.com |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>
No dia [[9 de outubro]] de [[1945]], Perón foi destituído do seu cargo por um golpe civil e militar que o pôs na cadeia, provocando uma crise no governo. Eva Duarte e líderes sindicalistas reuniram os trabalhadores da grande Buenos Aires e exigiram a sua libertação. Diante da enorme multidão, os militares não tiveram outra opção senão libertar Perón no dia 17 de outubro do mesmo ano<ref name="InfoEscola">{{citar web |url=http://www.infoescola.com/biografias/juan-domingo-peron/|título=Juan Domingo Perón |acessodata=1 de julho de 2012 |autor= Thais Pacievitch |coautores= |data=18 de julho de 2012 |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=InfoEscola |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>. Neste dia, Perón discursou para 300.000 pessoas e as suas palavras foram retransmitidas pelo rádio para todo o país. No seu discurso prometeu ao povo argentino a realização de eleições que estavam pendentes e construir uma nação forte e justa. Dias depois, casou-se com Evita (como era popularmente chamada Eva Duarte), que o ajudou a dirigir o país nos anos que se seguiram<ref name="InfoEscola"/>.
No dia [[9 de outubro]] de [[1945]], Perón foi destituído do seu cargo por um golpe civil e militar que o pôs na cadeia, provocando uma crise no governo. Eva Duarte e líderes sindicalistas reuniram os trabalhadores da grande Buenos Aires e exigiram a sua libertação. Diante da enorme multidão, os militares não tiveram outra opção senão libertar Perón no dia 17 de outubro do mesmo ano.<ref name="InfoEscola">{{citar web |url=http://www.infoescola.com/biografias/juan-domingo-peron/|título=Juan Domingo Perón |acessodata=1 de julho de 2012 |autor= Thais Pacievitch |coautores= |data=18 de julho de 2012 |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=InfoEscola |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref> Neste dia, Perón discursou para 300.000 pessoas e as suas palavras foram retransmitidas pelo rádio para todo o país. No seu discurso prometeu ao povo argentino a realização de eleições que estavam pendentes e construir uma nação forte e justa. Dias depois, casou-se com Evita (como era popularmente chamada Eva Duarte), que o ajudou a dirigir o país nos anos que se seguiram.<ref name="InfoEscola"/>


== Primeiro mandato de Perón, 1946-1952 ==
== Primeiro mandato de Perón, 1946-1952 ==
[[Ficheiro:Presidente Juan Domingo Perón (AGN 123768).jpg|230px|thumb|esquerda|Juan Domingo Perón na [[Casa Rosada]].]]
[[Ficheiro:Presidente Juan Domingo Perón (AGN 123768).jpg|230px|thumb|esquerda|Juan Domingo Perón na [[Casa Rosada]].]]
Em 1946 a candidatura formada por Perón e Quijano ganhou as eleições de 1946 com 52,4% dos votos, exerceu o seu mandato durante 6 anos.<ref name="About.com"/> Ao início do mandato, o novo governo herdou uma grande quantidade de reservas internacionais, mas uma economia interna descapitalizada. <ref>http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25396/000739572.pdf?sequence=1</ref> Seus objetivos eram aumentar o emprego e crescimento econômico, a soberania nacional e da justiça social. Ele nacionalizou os bancos e ferrovias, o Banco Central e algumas companhias de eletricidade, a indústria cresceu e as importações foram regularizadas.
Em 1946 a candidatura formada por Perón e Quijano ganhou as eleições de 1946 com 52,4% dos votos, exerceu o seu mandato durante 6 anos.<ref name="About.com"/> Ao início do mandato, o novo governo herdou uma grande quantidade de reservas internacionais, mas uma economia interna descapitalizada.<ref>{{citar web|url=http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25396/000739572.pdf?sequence=1|titulo=Argentina no Século XX: De Peron a Frondizi|data=2009|acessodata=4 de janeiro de 2017|publicado=Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul|ultimo=Dias Fantinel|primeiro=Vinícius}}</ref> Seus objetivos eram aumentar o emprego e crescimento econômico, a soberania nacional e da justiça social. Ele nacionalizou os bancos e ferrovias, o Banco Central e algumas companhias de eletricidade, a indústria cresceu e as importações foram regularizadas.


Internacionalmente, declarou uma "terceira via" entre as potências da Guerra Fria e tinha boas relações diplomáticas com ambos os Estados Unidos e a União Soviética.<ref>http://latinamericanhistory.about.com/od/thehistoryofargentina/p/09juanperon.htm</ref>
Internacionalmente, declarou uma "terceira via" entre as potências da Guerra Fria e tinha boas relações diplomáticas com ambos os Estados Unidos e a União Soviética.<ref name="About.com" />


No campo trabalhista, assim como [[Getúlio Vargas]] e outros líderes, deu aos trabalhadores vários benefícios, aumentou o salário dos trabalhadores, concedeu 13 salários por ano, folgas semanais, redução da jornada de trabalho, aumento do salário mínimo,<ref name="About.com" /> aposentadoria, férias remuneradas, seguro médico e cobertura para os acidentes de trabalho<ref name="InfoEscola" /><ref name="AlgoSobre">{{citar web |url=http://www.algosobre.com.br/biografias/juan-domingo-peron.html|título=Juan Domingo Perón - Biografia |acessodata=1 de julho de 2012 |autor= |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=Algo Sobre |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref> . O emprego e os salários cresceram.
No campo trabalhista, assim como [[Getúlio Vargas]] e outros líderes, deu aos trabalhadores vários benefícios, aumentou o salário dos trabalhadores, concedeu 13 salários por ano, folgas semanais, redução da jornada de trabalho, aumento do salário mínimo,<ref name="About.com" /> aposentadoria, férias remuneradas, seguro médico e cobertura para os acidentes de trabalho.<ref name="InfoEscola" /><ref name="AlgoSobre">{{citar web |url=http://www.algosobre.com.br/biografias/juan-domingo-peron.html|título=Juan Domingo Perón - Biografia |acessodata=1 de julho de 2012 |autor= |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=Algo Sobre |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref> O emprego e os salários cresceram.


Com o aumento no salário houve um grande aumento no consumo: as vendas de fogões aumentaram 106%, de geladeiras 218%, de calçados 133%, de discos fonográficos 200% e de rádios 600%, incentivadas por programas redistributivos do governo e de crédito barato <ref name="About.com"/><ref>Gerchunoff, Pablo: “Peronist Economic Policies, 1946-55”, en di Tella and Dornbusch, 1989</ref>. Entre 1945 e 1948, a economia cresceu a um recorde de 8,5% ao ano, enquanto os salários reais cresceram 46%.<ref>http://www.blogfundacionrucci/la-economa-argentinapresente-pasado-y-futuro-jorge-todesca-19112009-en-cgt-fr-2853428</ref>
Com o aumento no salário houve um grande aumento no consumo: as vendas de fogões aumentaram 106%, de geladeiras 218%, de calçados 133%, de discos fonográficos 200% e de rádios 600%, incentivadas por programas redistributivos do governo e de crédito barato.<ref name="About.com"/><ref name=":0">{{Citar periódico|ultimo=Gerchunoff|primeiro=Pablo|ultimo2=Alejandro|primeiro2=Carlos Díaz|data=1989-01-01|titulo=Peronist Economic Policies, 1946–55|jornal=The Political Economy of Argentina, 1946–83|paginas=59–88|editora=Palgrave Macmillan UK|doi=10.1007/978-1-349-09511-7_4|url=http://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-349-09511-7_4|idioma=en}}</ref> Entre 1945 e 1948, a economia cresceu a um recorde de 8,5% ao ano, enquanto os salários reais cresceram 46%.


Em 1951, Perón anunciou que a Argentina teria descoberto uma maneira de produzir fusão nuclear, algo sem paralelo.<ref>[Sérgio Corrêa da Costa, ''[[Crônicas de Uma Guerra Secreta]]'' - (espionagem [[nazismo|nazista]] na [[Argentina]]) (2004)]</ref> À época, somente os [[Estados Unidos]], o [[Reino Unido]] e a [[União Soviética]] tinham obtido êxito, e ainda assim mediante fissão nuclear.<ref>[Sérgio Corrêa da Costa, Crônica de uma guerra secreta, Editora Record, 2004.]</ref> O dirigente do projeto era o alemão Ronald Richter. Houve interesse manifestado na imprensa mundial, embora com ceticismo por parte dos americanos e da comunidade de físicos.<ref>[Sérgio Corrêa da Costa, ''[[Crônicas de Uma Guerra Secreta]]'' - (espionagem [[nazismo|nazista]] na [[Argentina]]) (2004)]</ref> Após certo tempo, ficou evidente que as alegações eram espúrias, e o interesse mundial que havia sido despertado se foi.<ref>[https://books.google.co.uk/books?id=ASbEHcRgGosC&pg=PA322&lpg=PA322&dq=peron+%22atom+bomb%22+richter&source=bl&ots=iEQbw9j5L1&sig=n_X042AurM19SSivjceL-EIlzwY&hl=en&sa=X&ei=UyjKVI-rD-jX7Abm_IFw&ved=0CCAQ6AEwAA#v=onepage&q=peron%20%22atom%20bomb%22%20richter&f=false New Scientist, 3 de fevereiro de 1983, p322]</ref> Depois, Perón foi deposto, e o novo governo investigou Richter quanto aos custos alocados para o projeto, tendo sido ele preso ao final.<ref>[https://books.google.co.uk/books?id=ASbEHcRgGosC&pg=PA322&lpg=PA322&dq=peron+%22atom+bomb%22+richter&source=bl&ots=iEQbw9j5L1&sig=n_X042AurM19SSivjceL-EIlzwY&hl=en&sa=X&ei=UyjKVI-rD-jX7Abm_IFw&ved=0CCAQ6AEwAA#v=onepage&q=peron%20%22atom%20bomb%22%20richter&f=false New Scientist, 3 de fevereiro de 1983, p322]</ref> Documentos secretos britânicos desclassificados 30 anos após, em 1983, revelaram que Perón havia considerado invadir as ilhas Malvinas em 1951, possivelmente devido à sua confiança de que a Argentina seria o primeiro país a explorar a energia atômica para fins industriais.<ref>[https://books.google.co.uk/books?id=ASbEHcRgGosC&pg=PA322&lpg=PA322&dq=peron+%22atom+bomb%22+richter&source=bl&ots=iEQbw9j5L1&sig=n_X042AurM19SSivjceL-EIlzwY&hl=en&sa=X&ei=UyjKVI-rD-jX7Abm_IFw&ved=0CCAQ6AEwAA#v=onepage&q=peron%20%22atom%20bomb%22%20richter&f=false New Scientist, 3 de fevereiro de 1983, p322]</ref> Até hoje, não foi obtido meio de controlar a fusão nuclear para produção de energia com fins pacíficos, em escala industrial (ver [[bomba de hidrogênio]]).
Em 1951, Perón anunciou que a Argentina teria descoberto uma maneira de produzir fusão nuclear, algo sem paralelo.<ref name=":1">{{Citar livro|url=http://www.travessa.com.br/cronica-de-uma-guerra-secreta-nazismo-na-america-a-conexao-argentina/artigo/c75abdfb-21a2-4723-b282-2188faed46e9|titulo=CRONICA DE UMA GUERRA SECRETA. NAZISMO NA AMERICA: A CONEXAO ARGENTINA - Sergio Correa da Costa - Livro}}</ref> À época, somente os [[Estados Unidos]], o [[Reino Unido]] e a [[União Soviética]] tinham obtido êxito, e ainda assim mediante fissão nuclear.<ref name=":1" /> O dirigente do projeto era o alemão Ronald Richter. Houve interesse manifestado na imprensa mundial, embora com ceticismo por parte dos americanos e da comunidade de físicos.<ref name=":1" /> Após certo tempo, ficou evidente que as alegações eram espúrias, e o interesse mundial que havia sido despertado se foi.<ref name=":2">{{Citar livro|url=https://books.google.co.uk/books?id=ASbEHcRgGosC&pg=PA322&lpg=PA322&dq=peron+%22atom+bomb%22+richter&source=bl&ots=iEQbw9j5L1&sig=n_X042AurM19SSivjceL-EIlzwY&hl=en&sa=X&ei=UyjKVI-rD-jX7Abm_IFw&ved=0CCAQ6AEwAA#v=onepage&q=peron%20%22atom%20bomb%22%20richter&f=false|titulo=New Scientist|ultimo=Information|primeiro=Reed Business|data=1983-02-03|editora=Reed Business Information|lingua=en}}</ref> Depois, Perón foi deposto, e o novo governo investigou Richter quanto aos custos alocados para o projeto, tendo sido ele preso ao final.<ref name=":2" /> Documentos secretos britânicos desclassificados 30 anos após, em 1983, revelaram que Perón havia considerado invadir as ilhas Malvinas em 1951, possivelmente devido à sua confiança de que a Argentina seria o primeiro país a explorar a energia atômica para fins industriais.<ref name=":2" /> Até hoje, não foi obtido meio de controlar a fusão nuclear para produção de energia com fins pacíficos, em escala industrial (ver [[bomba de hidrogênio]]).


Em 1952, o governo peronista decide pagar totalmente a dívida, o país devedor de $12.500 milhões tornou-se um credor de mais de $ 5.000 milhões.<ref>Gerchunoff, Pablo: “Peronist Economic Policies, 1946-55”, en di Tella and Dornbusch, 1989</ref> Ele deu um forte impulso para a construção de novas agências e a expansão da rede ferroviária, que já contava em 1954, com mais de 120 000 km.<ref>Ortiz, Ricardo M.: Historia económica de la Argentina 1850-1930, Buenos Aires, Raigal, 1955</ref>
Em 1952, o governo peronista decide pagar totalmente a dívida, o país devedor de $12.500 milhões tornou-se um credor de mais de $ 5.000 milhões.<ref name=":0" /> Ele deu um forte impulso para a construção de novas agências e a expansão da rede ferroviária, que já contava em 1954, com mais de 120 000 km.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=h1E7AAAAMAAJ&q=Historia+econ%C3%B3mica+de+la+Argentina+1850-1930&dq=Historia+econ%C3%B3mica+de+la+Argentina+1850-1930&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y|titulo=Historia económica de la Argentina, 1850-1930|ultimo=Ortiz|primeiro=Ricardo M.|data=1955-01-01|editora=Editorial Raigal|lingua=es}}</ref>


Ele lançou o primeiro gasoduto que liga a cidade de Comodoro Rivadavia a Buenos Aires, com um comprimento de 1.600 km. Foi inaugurado em 29 de dezembro de 1949, o primeiro de seu tipo na América do Sul e o maior do mundo de seu tempo.<ref>http://www.soldadosdigital.com/2009/156-junio/nota_gasoducto.htm</ref>
Ele lançou o primeiro gasoduto que liga a cidade de Comodoro Rivadavia a Buenos Aires, com um comprimento de 1.600 km. Foi inaugurado em 29 de dezembro de 1949, o primeiro de seu tipo na América do Sul e o maior do mundo de seu tempo.<ref>{{Citar web|url=http://www.soldadosdigital.com/2009/156-junio/nota_gasoducto.htm|titulo=Soldados Digital » El gran gasoducto|acessodata=2017-01-04|obra=www.soldadosdigital.com}}</ref>


Após as eleições de 1946, Evita começou a abrir a campanha para o sufrágio das mulheres, por meio de manifestações de mulheres e endereços de rádio. O projeto foi apresentado logo após Perón (1 de maio, 1946) assumir o governo. Em 1947, a lei foi aprovada reconhecendo o sufrágio das mulheres, e estabeleceu-se a igualdade de direitos políticos entre homens e mulheres.<ref>http://noticias.terra.com.ar/sociedad/por-que-se-celebra-hoy-el-dia-del-voto-femenino-en-argentina,7bb0ce8b04b41410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html</ref>
Após as eleições de 1946, Evita começou a abrir a campanha para o sufrágio das mulheres, por meio de manifestações de mulheres e endereços de rádio. O projeto foi apresentado logo após Perón (1 de maio, 1946) assumir o governo. Em 1947, a lei foi aprovada reconhecendo o sufrágio das mulheres, e estabeleceu-se a igualdade de direitos políticos entre homens e mulheres.<ref>{{Citar periódico|titulo=Por qué se celebra hoy el Día Del Voto Femenino en Argentina|jornal=Terra|url=http://noticias.terra.com.ar/sociedad/por-que-se-celebra-hoy-el-dia-del-voto-femenino-en-argentina,7bb0ce8b04b41410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html}}</ref>


A política de saúde foi enfatizada, tornando-se obrigatória a vacinação. Em 1942, antes de assumir o governo, cerca de 6,5 milhões de pessoas tinham execução de abastecimento de 4 milhões de serviços de saneamento de água, e em 1955 os beneficiários eram 10 milhões e 5,5 milhões, respectivamente.
A política de saúde foi enfatizada, tornando-se obrigatória a vacinação. Em 1942, antes de assumir o governo, cerca de 6,5 milhões de pessoas tinham execução de abastecimento de 4 milhões de serviços de saneamento de água, e em 1955 os beneficiários eram 10 milhões e 5,5 milhões, respectivamente.
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Perón foi reeleito em 1951, ganhou com 62% dos votos, momento em que modificou algumas de suas políticas. O segundo governo peronista foi caracterizada por um aprofundamento de políticas distributivas que caracterizaram o primeiro governo, dando maior ênfase à melhoria da educação e da saúde pública: a mortalidade infantil era de 80,1 por mil em 1943, caiu para 66,5 por mil em 1953 e a expectativa de vida aumentou de 61,7 anos para 66,5 anos em 1953. Lançou um programa de obras públicas, em [[1942]], cerca de 6,5 milhões de pessoas tinham abastecimento de água corrente e 4 milhões de serviços de esgoto, e em 1955 os beneficiários eram 10 milhões e 5,5 milhões, respectivamente. Evita morreu de [[câncer (cancro)|câncer]] uterino, aos 33 anos, em 1952. Em [[1954]] o Congresso aprovou uma emenda ao Código Civil que autoriza o divórcio, eliminando isenções fiscais para as instituições religiosas, a igualdade jurídica entre o homem e a mulher.
Perón foi reeleito em 1951, ganhou com 62% dos votos, momento em que modificou algumas de suas políticas. O segundo governo peronista foi caracterizada por um aprofundamento de políticas distributivas que caracterizaram o primeiro governo, dando maior ênfase à melhoria da educação e da saúde pública: a mortalidade infantil era de 80,1 por mil em 1943, caiu para 66,5 por mil em 1953 e a expectativa de vida aumentou de 61,7 anos para 66,5 anos em 1953. Lançou um programa de obras públicas, em [[1942]], cerca de 6,5 milhões de pessoas tinham abastecimento de água corrente e 4 milhões de serviços de esgoto, e em 1955 os beneficiários eram 10 milhões e 5,5 milhões, respectivamente. Evita morreu de [[câncer (cancro)|câncer]] uterino, aos 33 anos, em 1952. Em [[1954]] o Congresso aprovou uma emenda ao Código Civil que autoriza o divórcio, eliminando isenções fiscais para as instituições religiosas, a igualdade jurídica entre o homem e a mulher.


A 16 de junho de 1955 ocorreu um levantamento militar no qual a Aviação Naval bombardeou Buenos Aires causando 364 mortos e um milhar de feridos, estima-se que havia mais de 400 mortes, enquanto o número de feridos foi de 800 pessoas.<ref>Dávila, Diego (1976). "El 16 de septiembre de 1955. Cronología ", Historia Integral Argentina , T. 10 Buenos Aires: Centro Editor de América Latina, p. 1-28</ref>
A 16 de junho de 1955 ocorreu um levantamento militar no qual a Aviação Naval bombardeou Buenos Aires causando 364 mortos e um milhar de feridos, estima-se que havia mais de 400 mortes, enquanto o número de feridos foi de 800 pessoas.<ref>{{Citar web|url=http://www.elhistoriador.com.ar/articulos/revolucion_libertadora/revolucion_libertadora.php|titulo=El Historiador :: Artículos :: 16 de septiembre de 1955 - Golpe autodenominado “Revolución Libertadora”|acessodata=2017-01-04|obra=www.elhistoriador.com.ar}}</ref>


Em [[19 de setembro]] de [[1955]], Perón é deposto, ao meio-dia vários soldados entraram na casa de governo, dando o [[golpe militar]]. Perón teve que se exilar, fixando-se na [[Espanha]] — e mesmo no exílio continuou sendo popular para os argentinos.<ref>Pérez Ghilhou, Dardo; Seghesso, María Cristina (eds.) (2007), "El golpe del 55", Partidos políticos, ideias e debates, Mendoza: Ex-libris/ASTREA. 978-987-1389-02-5.</ref><ref> name="AlgoSobre"</ref>
Em [[19 de setembro]] de [[1955]], Perón é deposto, ao meio-dia vários soldados entraram na casa de governo, dando o [[golpe militar]]. Perón teve que se exilar, fixando-se na [[Espanha]] — e mesmo no exílio continuou sendo popular para os argentinos.<ref>{{Citar web|url=http://www.losandes.com.ar/article/el-golpe-del-55-en-mendoza|titulo=El golpe del ‘55 en Mendoza|data=2015-09-13|acessodata=2017-01-04|obra=www.losandes.com.ar}}</ref>


== Exílio de Perón, 1955-1973 ==
== Exílio de Perón, 1955-1973 ==
Em seguida, Perón se estabelece em Madrid, onde, em 1961, se casou novamente, com [[María Estela Martínez de Perón]]. Durante os seus 18 anos de exílio, Perón manteve sua influência política na Argentina. O regime militar do General [[Alejandro Lanusse]] (que tomou o poder em março de 1971) proclamou sua intenção de restaurar a democracia (no final de 1973) e permitir o restabelecimento dos partidos políticos, incluindo o partido peronista. O governo militar, liderado pelo general Lanusse, convocou eleições presidenciais para 11 de março de 1973, mas Perón não podia concorrer. O movimento peronista ganhou as eleições, com 49,59 % dos votos, com a candidatura de [[Héctor José Cámpora]] a presidente e [[Vicente Solano Lima]] a vice-presidente, designados por Perón.<ref name="About.com"/>Perón regressa à Argentina, em 1973.
Em seguida, Perón se estabelece em Madrid, onde, em 1961, se casou novamente, com [[María Estela Martínez de Perón]]. Durante os seus 18 anos de exílio, Perón manteve sua influência política na Argentina. O regime militar do General [[Alejandro Lanusse]] (que tomou o poder em março de 1971) proclamou sua intenção de restaurar a democracia (no final de 1973) e permitir o restabelecimento dos partidos políticos, incluindo o partido peronista. O governo militar, liderado pelo general Lanusse, convocou eleições presidenciais para 11 de março de 1973, mas Perón não podia concorrer. O movimento peronista ganhou as eleições, com 49,59 % dos votos, com a candidatura de [[Héctor José Cámpora]] a presidente e [[Vicente Solano Lima]] a vice-presidente, designados por Perón.<ref name="About.com"/> Perón regressa à Argentina, em 1973.


== Terceiro mandato de Perón, 1973-1974 ==
== Terceiro mandato de Perón, 1973-1974 ==
Uma vez no gabinete do presidente, [[Vicente Solano Lima]] e o seu vice-presidente renunciaram e pediram novas eleições presidenciais, sem proibições, para [[23 de setembro]] de [[1973]]<ref name="AlgoSobre"/>. A candidatura do Movimento Peronista foi a do casal Perón-Perón (Juan Domingo Perón e a sua esposa, Isabel Martínez de Perón) ficando com a vitória, com mais de 60% dos votos.
Uma vez no gabinete do presidente, [[Vicente Solano Lima]] e o seu vice-presidente renunciaram e pediram novas eleições presidenciais, sem proibições, para [[23 de setembro]] de [[1973]].<ref name="AlgoSobre"/> A candidatura do Movimento Peronista foi a do casal Perón-Perón (Juan Domingo Perón e a sua esposa, Isabel Martínez de Perón) ficando com a vitória, com mais de 60% dos votos.


Sua terceira gestão foi curta, Perón faleceu no dia 1º de julho de 1974. [[Isabel Perón]] - a quem os argentinos não tinham afeição - assumiu a presidência, mas foi destituída pelos militares em 1976. Seu corpo encontra-se sepultado no ''Museu Quinta 17 de Outubro'', [[Buenos Aires]] na [[Argentina]].<ref>{{findagrave|16238858}}</ref>
Sua terceira gestão foi curta, Perón faleceu no dia 1º de julho de 1974. [[Isabel Perón]] - a quem os argentinos não tinham afeição - assumiu a presidência, mas foi destituída pelos militares em 1976. Seu corpo encontra-se sepultado no ''Museu Quinta 17 de Outubro'', [[Buenos Aires]] na [[Argentina]].<ref>{{Citar web|url=http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=16238858|titulo=Juan Domingo Perón (1895 - 1974) - Find A Grave Memorial|acessodata=2017-01-04|obra=www.findagrave.com}}</ref>





Revisão das 23h47min de 4 de janeiro de 2017

Juan Domingo Perón
Juan Domingo Perón
29Presidente da Argentina
Período 4 de junho de 1946
a 21 de setembro de 1955
Vice-presidente Hortensio Quijano
Antecessor(a) Edelmiro Julián Farrell
Sucessor(a) José Domingo Molina Gómez
Presidente da Argentina
Período 12 de outubro de 1973
a 1 de julho de 1974
Antecessor(a) Raúl Alberto Lastiri
Sucessor(a) María Estela Martínez de Perón
Dados pessoais
Nascimento 8 de outubro de 1895
Lobos, Argentina
Morte 1 de julho de 1974 (78 anos)
Olivos, Argentina
Primeira-dama Eva Perón (1° e 2° mandatos)
Isabel Perón (3º Mandato)
Partido Partido Justicialista
Religião Católico
Profissão militar
Assinatura Assinatura de Juan Domingo Perón
Serviço militar
Lealdade  Argentina
Anos de serviço 1916 - 1945
Graduação Tenente-general
Unidade Exército Argentino

Juan Domingo Perón (Lobos, 8 de outubro de 1895Buenos Aires, 1 de julho de 1974) foi um militar e político argentino[1], e presidente da Argentina de 1946 a 1955 e de 1973 a 1974.[2]

Infância e juventude

Filho de Mario Tomás Perón, pequeno fazendeiro e Juana Sosa, e neto de um dos médicos mais famosos do seu tempo, Professor Thomas L. Peron, Juan Domingo Perón provém de família parte sarda, parte espanhola.

Sua infância e juventude viveu nos pampas de Buenos Aires e as planícies do sul da Patagônia Argentina, onde seus pais se mudaram em 1899 para encontrar trabalho.[2]

Perón quis ser um médico como seu avô, mas, finalmente, em 1911, ingressou no Colégio Militar Nacional, localizado perto da cidade de Buenos Aires, graduando-se com a patente de segundo tenente da arma de infantaria em 1913.[3]

Vida militar

Como um jovem oficial que ocupou várias atribuições militares no país, enquanto ascendia em sua carreira. Dada a patente de Capitão escreveu vários artigos: "Militar Moral"," Higiene Militar", "Campanha de Alto Peru", "A Frente Leste da Primeira Guerra Mundial de 1914" e "Estudos Estratégicos", que foram adotados como livros didáticos nas escolas do Exército.

Em 1930 ele já era membro do Estado Maior do Exército e Professor de "História Militar" na Escola Superior de Guerra. Ele continuou a publicar textos militares e escreveu um estudo sobre a língua dos índios araucanos originários da região da Patagônia em "Toponímia Patagônica da Etimologia Araucana" (1935).[4] Em 1936, com patente de major do Exército, foi nomeado adido militar na Embaixada da Argentina na República do Chile e no mesmo ano subiu para o posto de tenente-coronel.[2] Em 1937 ele publicou o estudo "pensamento estratégico e operacional da ideia de San Martín na campanha da Cordilheira dos Andes." Em 1939 ele se juntou à missão de estudo no estrangeiro que o Exército argentino enviou para a Europa, com sede em Itália. Ele se especializou em infantaria em regiões de montanha. De volta em 1940, logo após a turnê Espanha, Alemanha, Hungria, França, Iugoslávia e Albânia, ele foi designado para o Centro de Treinamento em Montanha (em Mendoza) e em 1941 foi promovido a Coronel. A partir de 1943, sua vida militar começa a dar lugar à vida política, função exercida até sua morte.[2]

Casamentos

Em 1929, Perón casou-se pela primeira vez com Aurelia Tizon na Igreja de Nossa Senhora de Luján militar, mas sua esposa morreu jovem, de câncer em setembro de 1938, sem filhos.[5]

Em segundas núpcias com Eva Perón, mais conhecida como Evita que também faleceu de câncer no útero.[1] Nos anos 1960, casou-se uma terceira vez, agora com Maria Estela Martínez, mais conhecida como Isabelita Perón, que o sucedeu na presidência da Argentina em 1974.

Vida política

Secretário do Trabalho e Segurança Social

Em dezembro de 1943, foi nomeado Secretário do Trabalho e Segurança Social. Com o apoio do movimento sindical começou a desenvolver uma política activa de protecção dos trabalhadores: eles criaram os tribunais trabalhistas, o decreto 33.302/43 foi aprovada estender a todos os trabalhadores verbas rescisórias, mais de dois milhões de pessoas beneficiadas para estender o sistema de aposentadoria, foi criado Hospital Policlínica para os trabalhadores da estrada de ferro, e as escolas técnicas foram estabelecidas visando trabalhadores. Aos poucos, ganhou respeito e notoriedade, aumentando sua popularidade e autoridade, especialmente pelo apoio que recebeu de trabalhadores precários chamados "descamisados"[1]

No dia 9 de outubro de 1945, Perón foi destituído do seu cargo por um golpe civil e militar que o pôs na cadeia, provocando uma crise no governo. Eva Duarte e líderes sindicalistas reuniram os trabalhadores da grande Buenos Aires e exigiram a sua libertação. Diante da enorme multidão, os militares não tiveram outra opção senão libertar Perón no dia 17 de outubro do mesmo ano.[6] Neste dia, Perón discursou para 300.000 pessoas e as suas palavras foram retransmitidas pelo rádio para todo o país. No seu discurso prometeu ao povo argentino a realização de eleições que estavam pendentes e construir uma nação forte e justa. Dias depois, casou-se com Evita (como era popularmente chamada Eva Duarte), que o ajudou a dirigir o país nos anos que se seguiram.[6]

Primeiro mandato de Perón, 1946-1952

Juan Domingo Perón na Casa Rosada.

Em 1946 a candidatura formada por Perón e Quijano ganhou as eleições de 1946 com 52,4% dos votos, exerceu o seu mandato durante 6 anos.[1] Ao início do mandato, o novo governo herdou uma grande quantidade de reservas internacionais, mas uma economia interna descapitalizada.[7] Seus objetivos eram aumentar o emprego e crescimento econômico, a soberania nacional e da justiça social. Ele nacionalizou os bancos e ferrovias, o Banco Central e algumas companhias de eletricidade, a indústria cresceu e as importações foram regularizadas.

Internacionalmente, declarou uma "terceira via" entre as potências da Guerra Fria e tinha boas relações diplomáticas com ambos os Estados Unidos e a União Soviética.[1]

No campo trabalhista, assim como Getúlio Vargas e outros líderes, deu aos trabalhadores vários benefícios, aumentou o salário dos trabalhadores, concedeu 13 salários por ano, folgas semanais, redução da jornada de trabalho, aumento do salário mínimo,[1] aposentadoria, férias remuneradas, seguro médico e cobertura para os acidentes de trabalho.[6][3] O emprego e os salários cresceram.

Com o aumento no salário houve um grande aumento no consumo: as vendas de fogões aumentaram 106%, de geladeiras 218%, de calçados 133%, de discos fonográficos 200% e de rádios 600%, incentivadas por programas redistributivos do governo e de crédito barato.[1][8] Entre 1945 e 1948, a economia cresceu a um recorde de 8,5% ao ano, enquanto os salários reais cresceram 46%.

Em 1951, Perón anunciou que a Argentina teria descoberto uma maneira de produzir fusão nuclear, algo sem paralelo.[9] À época, somente os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Soviética tinham obtido êxito, e ainda assim mediante fissão nuclear.[9] O dirigente do projeto era o alemão Ronald Richter. Houve interesse manifestado na imprensa mundial, embora com ceticismo por parte dos americanos e da comunidade de físicos.[9] Após certo tempo, ficou evidente que as alegações eram espúrias, e o interesse mundial que havia sido despertado se foi.[10] Depois, Perón foi deposto, e o novo governo investigou Richter quanto aos custos alocados para o projeto, tendo sido ele preso ao final.[10] Documentos secretos britânicos desclassificados 30 anos após, em 1983, revelaram que Perón havia considerado invadir as ilhas Malvinas em 1951, possivelmente devido à sua confiança de que a Argentina seria o primeiro país a explorar a energia atômica para fins industriais.[10] Até hoje, não foi obtido meio de controlar a fusão nuclear para produção de energia com fins pacíficos, em escala industrial (ver bomba de hidrogênio).

Em 1952, o governo peronista decide pagar totalmente a dívida, o país devedor de $12.500 milhões tornou-se um credor de mais de $ 5.000 milhões.[8] Ele deu um forte impulso para a construção de novas agências e a expansão da rede ferroviária, que já contava em 1954, com mais de 120 000 km.[11]

Ele lançou o primeiro gasoduto que liga a cidade de Comodoro Rivadavia a Buenos Aires, com um comprimento de 1.600 km. Foi inaugurado em 29 de dezembro de 1949, o primeiro de seu tipo na América do Sul e o maior do mundo de seu tempo.[12]

Após as eleições de 1946, Evita começou a abrir a campanha para o sufrágio das mulheres, por meio de manifestações de mulheres e endereços de rádio. O projeto foi apresentado logo após Perón (1 de maio, 1946) assumir o governo. Em 1947, a lei foi aprovada reconhecendo o sufrágio das mulheres, e estabeleceu-se a igualdade de direitos políticos entre homens e mulheres.[13]

A política de saúde foi enfatizada, tornando-se obrigatória a vacinação. Em 1942, antes de assumir o governo, cerca de 6,5 milhões de pessoas tinham execução de abastecimento de 4 milhões de serviços de saneamento de água, e em 1955 os beneficiários eram 10 milhões e 5,5 milhões, respectivamente.

Segundo mandato de Perón, 1952-1955

Perón com a faixa presidencial argentina.

Perón foi reeleito em 1951, ganhou com 62% dos votos, momento em que modificou algumas de suas políticas. O segundo governo peronista foi caracterizada por um aprofundamento de políticas distributivas que caracterizaram o primeiro governo, dando maior ênfase à melhoria da educação e da saúde pública: a mortalidade infantil era de 80,1 por mil em 1943, caiu para 66,5 por mil em 1953 e a expectativa de vida aumentou de 61,7 anos para 66,5 anos em 1953. Lançou um programa de obras públicas, em 1942, cerca de 6,5 milhões de pessoas tinham abastecimento de água corrente e 4 milhões de serviços de esgoto, e em 1955 os beneficiários eram 10 milhões e 5,5 milhões, respectivamente. Evita morreu de câncer uterino, aos 33 anos, em 1952. Em 1954 o Congresso aprovou uma emenda ao Código Civil que autoriza o divórcio, eliminando isenções fiscais para as instituições religiosas, a igualdade jurídica entre o homem e a mulher.

A 16 de junho de 1955 ocorreu um levantamento militar no qual a Aviação Naval bombardeou Buenos Aires causando 364 mortos e um milhar de feridos, estima-se que havia mais de 400 mortes, enquanto o número de feridos foi de 800 pessoas.[14]

Em 19 de setembro de 1955, Perón é deposto, ao meio-dia vários soldados entraram na casa de governo, dando o golpe militar. Perón teve que se exilar, fixando-se na Espanha — e mesmo no exílio continuou sendo popular para os argentinos.[15]

Exílio de Perón, 1955-1973

Em seguida, Perón se estabelece em Madrid, onde, em 1961, se casou novamente, com María Estela Martínez de Perón. Durante os seus 18 anos de exílio, Perón manteve sua influência política na Argentina. O regime militar do General Alejandro Lanusse (que tomou o poder em março de 1971) proclamou sua intenção de restaurar a democracia (no final de 1973) e permitir o restabelecimento dos partidos políticos, incluindo o partido peronista. O governo militar, liderado pelo general Lanusse, convocou eleições presidenciais para 11 de março de 1973, mas Perón não podia concorrer. O movimento peronista ganhou as eleições, com 49,59 % dos votos, com a candidatura de Héctor José Cámpora a presidente e Vicente Solano Lima a vice-presidente, designados por Perón.[1] Perón regressa à Argentina, em 1973.

Terceiro mandato de Perón, 1973-1974

Uma vez no gabinete do presidente, Vicente Solano Lima e o seu vice-presidente renunciaram e pediram novas eleições presidenciais, sem proibições, para 23 de setembro de 1973.[3] A candidatura do Movimento Peronista foi a do casal Perón-Perón (Juan Domingo Perón e a sua esposa, Isabel Martínez de Perón) ficando com a vitória, com mais de 60% dos votos.

Sua terceira gestão foi curta, Perón faleceu no dia 1º de julho de 1974. Isabel Perón - a quem os argentinos não tinham afeição - assumiu a presidência, mas foi destituída pelos militares em 1976. Seu corpo encontra-se sepultado no Museu Quinta 17 de Outubro, Buenos Aires na Argentina.[16]


Precedido por
Edelmiro Julián Farrell
Presidente da Argentina
1946 - 1955
Sucedido por
José Domingo Molina Gómez
de facto
Precedido por
Raúl Alberto Lastiri
Presidente da Argentina
1973 - 1974
Sucedido por
Isabelita Perón

Referências

  1. a b c d e f g h Christopher Minster. «Biography of Juan Peron». About.com. Consultado em 1 de julho de 2012 
  2. a b c d Redação. «Juan Domingo Perón - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 1 de julho de 2012 
  3. a b c «Juan Domingo Perón - Biografia». Algo Sobre. Consultado em 1 de julho de 2012 
  4. «INSTITUTO NACIONAL JUAN DOMINGO PERON». www.jdperon.gov.ar. Consultado em 4 de janeiro de 2017 
  5. Thais Pacievitch (18 de julho de 2012). «Juan Domingo Perón». InfoEscola. Consultado em 1 de julho de 2012 
  6. a b c Thais Pacievitch (18 de julho de 2012). «Juan Domingo Perón». InfoEscola. Consultado em 1 de julho de 2012 
  7. Dias Fantinel, Vinícius (2009). «Argentina no Século XX: De Peron a Frondizi» (PDF). Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consultado em 4 de janeiro de 2017 
  8. a b Gerchunoff, Pablo; Alejandro, Carlos Díaz (1 de janeiro de 1989). «Peronist Economic Policies, 1946–55». Palgrave Macmillan UK. The Political Economy of Argentina, 1946–83 (em inglês): 59–88. doi:10.1007/978-1-349-09511-7_4 
  9. a b c CRONICA DE UMA GUERRA SECRETA. NAZISMO NA AMERICA: A CONEXAO ARGENTINA - Sergio Correa da Costa - Livro. [S.l.: s.n.] 
  10. a b c Information, Reed Business (3 de fevereiro de 1983). New Scientist (em inglês). [S.l.]: Reed Business Information 
  11. Ortiz, Ricardo M. (1 de janeiro de 1955). Historia económica de la Argentina, 1850-1930 (em espanhol). [S.l.]: Editorial Raigal 
  12. «Soldados Digital » El gran gasoducto». www.soldadosdigital.com. Consultado em 4 de janeiro de 2017 
  13. «Por qué se celebra hoy el Día Del Voto Femenino en Argentina». Terra 
  14. «El Historiador :: Artículos :: 16 de septiembre de 1955 - Golpe autodenominado "Revolución Libertadora"». www.elhistoriador.com.ar. Consultado em 4 de janeiro de 2017 
  15. «El golpe del '55 en Mendoza». www.losandes.com.ar. 13 de setembro de 2015. Consultado em 4 de janeiro de 2017 
  16. «Juan Domingo Perón (1895 - 1974) - Find A Grave Memorial». www.findagrave.com. Consultado em 4 de janeiro de 2017 

Bibliografia

  • da Costa, Sérgio Corrêa. "Crônica de uma guerra secreta. Nazismo na América: A conexão argentina". Editora Record, 2004.

Ligações externas

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