Varicela: diferenças entre revisões
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| Sinónimos = Catapora (Brasil) |
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| Legenda = Criança com varicela |
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| Sintomas = Bolhas muito pruriginosas, dores de cabeça, perda de apetite, cansaço<ref name=CDC2011SS/> |
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| Mortes = 6400 (com [[herpes zoster]])<ref name=GBD2015De>{{cite journal | last1=GBD 2015 Mortality and Causes of Death | first1=Collaborators. | title=Global, regional, and national life expectancy, all-cause mortality, and cause-specific mortality for 249 causes of death, 1980-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. | journal=Lancet | date=8 October 2016 | volume=388 | issue=10053 | pages=1459–1544 | pmid=27733281 | doi=10.1016/s0140-6736(16)31012-1 | pmc=5388903}}</ref> |
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'''Varicela''' |
'''Varicela''', também conhecida no Brasil por '''catapora''', é uma doença altamente [[Doença infecciosa|contagiosa]] causada pela infeção inicial com o [[vírus Varicela-Zoster]] (VVZ).<ref name=CDC2011Over>{{cite web|title=Chickenpox (Varicella) Overview|url=https://www.cdc.gov/chickenpox/about/overview.html|website=cdc.gov|accessdate=4 February 2015|date=November 16, 2011|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20150204123133/http://www.cdc.gov/chickenpox/about/overview.html|archivedate=4 February 2015|df=dmy-all}}</ref> A doença provoca [[Exantema|erupções cutâneas]] características na pele, a partir das quais se formam pequenas bolhas muito [[Prurido|pruriginosas]] que ganham crosta.<ref name=CDC2011SS/> Tem geralmente início no peito, nas costas e na face, espalhando-se depois para o resto do corpo.<ref name=CDC2011SS/> Entre outros possíveis sintomas estão [[febre]], [[fadiga]] e [[dor de cabeça|dores de cabeça]].<ref name=CDC2011SS/> Os sintomas começam-se a manifestar entre dez a vinte e um dias após a exposição ao [[vírus]]<ref name=CDC2011T/> e geralmente duram entre cinco a dez dias.<ref name=CDC2011SS>{{cite web|title=Chickenpox (Varicella) Signs & Symptoms|url=https://www.cdc.gov/chickenpox/about/symptoms.html|website=Centers for Disease Control and Prevention (cdc.gov)|accessdate=4 February 2015|date=November 16, 2011|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20150204123056/http://www.cdc.gov/chickenpox/about/symptoms.html|archivedate=4 February 2015|df=dmy-all}}</ref> As complicações podem incluir [[pneumonia]], [[Encefalite|inflamação do cérebro]] e infeções da pele por bactérias.<ref name=CDC2011C>{{cite web|title=Chickenpox (Varicella) Complications|url=https://www.cdc.gov/chickenpox/about/complications.html|website=cdc.gov|accessdate=4 February 2015|date=November 16, 2011|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20150204122508/http://www.cdc.gov/chickenpox/about/complications.html|archivedate=4 February 2015|df=dmy-all}}</ref> A doença é frequentemente mais grave em adultos do que em crianças.<ref name=CDC2012Pink/> |
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<!-- Causa e diagnóstico --> |
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A varicela é geralmente transmitida por via aérea, propagando-se facilmente através das gotículas produzidas pela [[tosse]] e [[espirro]]s de uma pessoa infetada.<ref name=CDC2011T/> A pessoa infetada é contagiosa desde um a dois dias antes do aparecimento da erupção cutânea até que todas as lesões tenham ganho crosta.<ref name=CDC2011T/> Pode também ser transmitida pelo contacto direto com as bolhas.<ref name=CDC2011T/> As pessoas com [[Herpes zoster|zona]] podem transmitir varicela às pessoas que não estejam imunes através de contacto com as lesões.<ref name=CDC2011T/> O diagnóstico da doença geralmente baseia-se nos sintomas.<ref>{{cite web|title=Chickenpox (Varicella) Interpreting Laboratory Tests|url=https://www.cdc.gov/chickenpox/hcp/lab-tests.html|website=cdc.gov|accessdate=4 February 2015|date=June 19, 2012|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20150204122205/http://www.cdc.gov/chickenpox/hcp/lab-tests.html|archivedate=4 February 2015|df=dmy-all}}</ref> Em casos pouco comuns, pode ser confirmado com um exame da [[reação em cadeia da polimerase]] (RCP) do líquido das bolhas.<ref name=CDC2012Pink/> Pode ainda ser realizado um exame aos [[anticorpo]]s no sangue para determinar se a pessoa é ou não imune.<ref name=CDC2012Pink>{{cite book|last1=Atkinson|first1=William|title=Epidemiology and Prevention of Vaccine-Preventable Diseases|date=2011|publisher=Public Health Foundation|isbn=9780983263135|pages=301–323|edition=12|url=https://www.cdc.gov/vaccines/pubs/pinkbook/varicella.html|accessdate=4 February 2015|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20150207091230/http://www.cdc.gov/vaccines/pubs/pinkbook/varicella.html|archivedate=7 February 2015|df=dmy-all}}</ref> Geralmente as pessoas só desenvolvem a doença uma vez na vida.<ref name=CDC2011T/> Embora possam ocorrer novas infeções, estas reinfeções geralmente não causam quaisquer sintomas.<ref name=pmid20229231>{{cite journal |vauthors=Breuer J |title=VZV molecular epidemiology |journal=Current Topics in Microbiology and Immunology |volume=342 |issue= |pages=15–42 |year=2010 |pmid=20229231 |doi=10.1007/82_2010_9}}</ref> |
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<!-- Prevenção, tratamento e epidemiologia --> |
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A [[vacina contra a varicela]] esteve na origem de uma diminuição acentuada do número de casos e complicações da doença.<ref name=Rout2012>{{cite journal|title=Routine vaccination against chickenpox?|date=2012|volume=50|pages=42–5|doi=10.1136/dtb.2012.04.0098|pmid=22495050|journal=Drug Ther Bull}}</ref> A vacina protege da doença entre 70 e 90% das pessoas, com maior benefício para os casos mais graves.<ref name=CDC2012Pink/> Muitos países recomendam a vacinação de rotina das crianças.<ref name=Flatt2012>{{cite journal|last1=Flatt|first1=A|last2=Breuer|first2=J|title=Varicella vaccines.|journal=British medical bulletin|date=September 2012|volume=103|issue=1|pages=115–27|pmid=22859715|doi=10.1093/bmb/lds019}}</ref> A vacinação no prazo de três dias após a exposição pode melhorar o prognóstico em crianças.<ref name=Mac2014>{{cite journal|last1=Macartney|first1=K|last2=Heywood|first2=A|last3=McIntyre|first3=P|title=Vaccines for post-exposure prophylaxis against varicella (chickenpox) in children and adults.|journal=The Cochrane Database of Systematic Reviews|date=23 June 2014|volume=6|pages=CD001833|pmid=24954057|doi=10.1002/14651858.CD001833.pub3}}</ref> O tratamento de pessoas infetadas consiste em pomada de [[calamina]] para diminuir a comichão, em manter as unhas cortadas para diminuir as lesões provocadas ao coçar e na administração de [[paracetamol]] para diminuir a febre.<ref name=CDC2011T/> Nos grupos em maior risco de complicações, está recomendada a administração de [[antiviral|antivirais]] como o [[aciclovir]].<ref name=CDC2011T>{{cite web|title=Chickenpox (Varicella) Prevention & Treatment|url=https://www.cdc.gov/chickenpox/about/prevention-treatment.html|website=cdc.gov|accessdate=4 February 2015|date=November 16, 2011|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20150204120816/http://www.cdc.gov/chickenpox/about/prevention-treatment.html|archivedate=4 February 2015|df=dmy-all}}</ref> |
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<!-- História e epidemiologia --> |
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A varicela ocorre em todas as partes do mundo.<ref name=CDC2012Pink/> Em 2013 ocorreram 140 milhões de casos de varicela e de [[herpes zoster]] em todo o mundo.<ref name=GBD2013>{{cite journal|last1=Global Burden of Disease Study 2013|first1=Collaborators|title=Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 301 acute and chronic diseases and injuries in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.|journal=Lancet|date=22 August 2015|volume=386|issue=9995|pages=743–800|pmid=26063472|doi=10.1016/s0140-6736(15)60692-4|pmc=4561509}}</ref> Antes da vacinação de rotina, o número de casos anuais era semelhante ao número de pessoas nascidas nesse ano.<ref name=CDC2012Pink/> Desde a introdução da vacina, o número de infeções diminuiu 90%.<ref name=CDC2012Pink/> Um em cada {{formatnum:60000}} casos resulta em morte.<ref name=CDC2012Pink/> Em 2015 a varicela causou 6400 mortes em todo o mundo, uma diminuição em relação às 8900 em 1990.<ref name=GBD2015De/><ref name=GBD204>{{cite journal|last1=GBD 2013 Mortality and Causes of Death|first1=Collaborators|title=Global, regional, and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.|journal=Lancet|date=17 December 2014|pmid=25530442|doi=10.1016/S0140-6736(14)61682-2|volume=385|issue=9963|pages=117–71|pmc=4340604}}</ref> Até ao fim do {{séc|XIX}}, a varicela e a [[varíola]] eram consideradas a mesma doença.<ref name=CDC2012Pink/> Foi em 1888 que se concluiu estar associada à herpes zoster.<ref name=CDC2012Pink/> |
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== Causa e diagnóstico == |
== Causa e diagnóstico == |
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A varicela é uma doença de transmissão por via aérea que se transmite facilmente através da [[tosse]] e [[espirro]]s da pessoa infetada.<ref name=CDC2011T/> É contagiosa desde um a dois dias antes do aparecimento das manchas na pele até que todas as lesões tenham cicatrizado.<ref name=CDC2011T/> Pode também ser transmitida através do contacto com as bolhas.<ref name=CDC2011T/> A doença é geralmente diagnosticada com base nos sintomas manifestados.<ref>{{citar web|título=Chickenpox (Varicella) Interpreting Laboratory Tests|url=http://www.cdc.gov/chickenpox/hcp/lab-tests.html|website=cdc.gov|acessodata=4 de fevereiro de 2015|data=19 de junho de 2012}}</ref> Em casos pouco comuns, pode ser confirmada com análises de [[reação em cadeia da polimerase]] (PCR) ao líquido das bolhas ou às crostas.<ref name=CDC2012Pink/> É possível realizar exames aos [[anticorpo]]s para determinar se uma pessoa é ou não imune à doença.<ref name=CDC2012Pink |
A varicela é uma doença de transmissão por via aérea que se transmite facilmente através da [[tosse]] e [[espirro]]s da pessoa infetada.<ref name=CDC2011T/> É contagiosa desde um a dois dias antes do aparecimento das manchas na pele até que todas as lesões tenham cicatrizado.<ref name=CDC2011T/> Pode também ser transmitida através do contacto com as bolhas.<ref name=CDC2011T/> A doença é geralmente diagnosticada com base nos sintomas manifestados.<ref>{{citar web|título=Chickenpox (Varicella) Interpreting Laboratory Tests|url=http://www.cdc.gov/chickenpox/hcp/lab-tests.html|website=cdc.gov|acessodata=4 de fevereiro de 2015|data=19 de junho de 2012}}</ref> Em casos pouco comuns, pode ser confirmada com análises de [[reação em cadeia da polimerase]] (PCR) ao líquido das bolhas ou às crostas.<ref name=CDC2012Pink/> É possível realizar exames aos [[anticorpo]]s para determinar se uma pessoa é ou não imune à doença.<ref name=CDC2012Pink /> Geralmente, cada pessoa contrai varicela apenas uma vez em toda a vida.<ref name=CDC2011T/> |
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== Prevenção, tratamento e epidemiologia == |
== Prevenção, tratamento e epidemiologia == |
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A [[vacina contra a varicela]] permitiu diminuir o número de casos e complicações da doença.<ref>{{citar periódico|título=Routine vaccination against chickenpox?|data=2012|volume=4|número=50|páginas=42–5|doi=10.1136/dtb.2012.04.0098|pmid=22495050|periódico=Drug Ther Bull}}</ref> Protege entre 70 a 90% das pessoas com a doença, sendo o benefício maior em casos graves.<ref name=CDC2012Pink/> Em muitos países recomenda-se a vacinação de rotina das crianças.<ref name=Flatt2012 |
A [[vacina contra a varicela]] permitiu diminuir o número de casos e complicações da doença.<ref>{{citar periódico|título=Routine vaccination against chickenpox?|data=2012|volume=4|número=50|páginas=42–5|doi=10.1136/dtb.2012.04.0098|pmid=22495050|periódico=Drug Ther Bull}}</ref> Protege entre 70 a 90% das pessoas com a doença, sendo o benefício maior em casos graves.<ref name=CDC2012Pink/> Em muitos países recomenda-se a vacinação de rotina das crianças.<ref name=Flatt2012 /> A vacinação nos três dias seguintes à exposição pode melhorar o prognóstico em crianças.<ref name=Mac2014 /> O tratamento de pessoas infetadas pode incluir pomada de [[calamina]] para diminuir o prurido, cortar as unhas rentes de modo a diminuir as lesões, provocadas ao coçar, e a administração de [[paracetamol]] para diminuir a febre.<ref name=CDC2011T/> Para os grupos com maior risco de complicações é recomendado o uso de [[antivirais]] como o [[aciclovir]].<ref name=CDC2011T /> |
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== História == |
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A varicela ocorre em todas as regiões do mundo.<ref name=CDC2012Pink/> Em 2013 ocorreram 140 milhões de casos de varicela e [[herpes zoster]]<ref>{{citar periódico|último1 =Global Burden of Disease Study 2013|primeiro1 =Collaborators|título=Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 301 acute and chronic diseases and injuries in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.|periódico=Lancet (London, England)|data=22 de agosto de 2015|volume=386|número=9995|páginas=743–800|pmid=26063472|doi=10.1016/s0140-6736(15)60692-4}}</ref> No mesmo ano, a varicela provocou a morte a 7000 pessoas, uma diminuição em relação às 8900 em 1990.<ref name=GBD204 |
A varicela ocorre em todas as regiões do mundo.<ref name=CDC2012Pink/> Em 2013 ocorreram 140 milhões de casos de varicela e [[herpes zoster]]<ref>{{citar periódico|último1 =Global Burden of Disease Study 2013|primeiro1 =Collaborators|título=Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 301 acute and chronic diseases and injuries in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.|periódico=Lancet (London, England)|data=22 de agosto de 2015|volume=386|número=9995|páginas=743–800|pmid=26063472|doi=10.1016/s0140-6736(15)60692-4}}</ref> No mesmo ano, a varicela provocou a morte a 7000 pessoas, uma diminuição em relação às 8900 em 1990.<ref name=GBD204 /> Cerca de 1 em cada {{formatnum:60000}} casos resultam em morte.<ref name=CDC2012Pink/> Antes da introdução da vacinação de rotina, o número de casos em cada ano era idêntico ao número de nascimentos. Nos Estados Unidos, desde que a vacinação foi introduzida, o número de casos diminuiu 90%.<ref name=CDC2012Pink/> Até ao fim do {{séc|XIX}}, a varicela não era considerada uma condição distinta da [[varíola]].<ref name=CDC2012Pink/> Em 1888 foi determinada a sua relação com a [[herpes-zóster]].<ref name=OED2014>{{citar web|autor1 =Oxford University Press|título=chickenpox, n.|url=http://www.oed.com/view/Entry/31556?redirectedFrom=Chickenpox|website=oed.com|acessodata=4 de fevereiro de 2015|data=dezembro de 2014}}</ref> |
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== Sinais e sintomas == |
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O termo "varicela" origina-se do termo [[Língua francesa|francês]] ''varicelle''.<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 754</ref> "Catapora" vem do [[Língua tupi|tupi]] ''tatapora'', que significa "fogo que salta", através da junção de ''tatá'' ("fogo") e ''pora'' ("pular").<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.368</ref><ref>http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm</ref> "Zóster" origina-se do [[Língua grega|grego]] ''zostér'', "cinturão".<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 808</ref> |
O termo "varicela" origina-se do termo [[Língua francesa|francês]] ''varicelle''.<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 754</ref> "Catapora" vem do [[Língua tupi|tupi]] ''tatapora'', que significa "fogo que salta", através da junção de ''tatá'' ("fogo") e ''pora'' ("pular").<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.368</ref><ref>http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm</ref> "Zóster" origina-se do [[Língua grega|grego]] ''zostér'', "cinturão".<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 808</ref> |
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Revisão das 22h52min de 9 de janeiro de 2018
Varicela | |
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Criança com varicela | |
Sinónimos | Catapora (Brasil) |
Especialidade | Infectologia |
Sintomas | Bolhas muito pruriginosas, dores de cabeça, perda de apetite, cansaço[1] |
Início habitual | 10–21 dias após exposição[2] |
Duração | 5–7 dias[1] |
Causas | Vírus Varicela-Zoster[3] |
Prevenção | Vacina contra a varicela[4] |
Medicação | Calamina em pomada, paracetamol, aciclovir[2] |
Mortes | 6400 (com herpes zoster)[5] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | B01 |
CID-9 | 052 |
CID-11 | 1805574500 |
DiseasesDB | 29118 |
MedlinePlus | 001592 |
eMedicine | ped/2385 derm/74, emerg/367 |
MeSH | D002644 |
Leia o aviso médico |
Varicela, também conhecida no Brasil por catapora, é uma doença altamente contagiosa causada pela infeção inicial com o vírus Varicela-Zoster (VVZ).[3] A doença provoca erupções cutâneas características na pele, a partir das quais se formam pequenas bolhas muito pruriginosas que ganham crosta.[1] Tem geralmente início no peito, nas costas e na face, espalhando-se depois para o resto do corpo.[1] Entre outros possíveis sintomas estão febre, fadiga e dores de cabeça.[1] Os sintomas começam-se a manifestar entre dez a vinte e um dias após a exposição ao vírus[2] e geralmente duram entre cinco a dez dias.[1] As complicações podem incluir pneumonia, inflamação do cérebro e infeções da pele por bactérias.[6] A doença é frequentemente mais grave em adultos do que em crianças.[7]
A varicela é geralmente transmitida por via aérea, propagando-se facilmente através das gotículas produzidas pela tosse e espirros de uma pessoa infetada.[2] A pessoa infetada é contagiosa desde um a dois dias antes do aparecimento da erupção cutânea até que todas as lesões tenham ganho crosta.[2] Pode também ser transmitida pelo contacto direto com as bolhas.[2] As pessoas com zona podem transmitir varicela às pessoas que não estejam imunes através de contacto com as lesões.[2] O diagnóstico da doença geralmente baseia-se nos sintomas.[8] Em casos pouco comuns, pode ser confirmado com um exame da reação em cadeia da polimerase (RCP) do líquido das bolhas.[7] Pode ainda ser realizado um exame aos anticorpos no sangue para determinar se a pessoa é ou não imune.[7] Geralmente as pessoas só desenvolvem a doença uma vez na vida.[2] Embora possam ocorrer novas infeções, estas reinfeções geralmente não causam quaisquer sintomas.[9]
A vacina contra a varicela esteve na origem de uma diminuição acentuada do número de casos e complicações da doença.[4] A vacina protege da doença entre 70 e 90% das pessoas, com maior benefício para os casos mais graves.[7] Muitos países recomendam a vacinação de rotina das crianças.[10] A vacinação no prazo de três dias após a exposição pode melhorar o prognóstico em crianças.[11] O tratamento de pessoas infetadas consiste em pomada de calamina para diminuir a comichão, em manter as unhas cortadas para diminuir as lesões provocadas ao coçar e na administração de paracetamol para diminuir a febre.[2] Nos grupos em maior risco de complicações, está recomendada a administração de antivirais como o aciclovir.[2]
A varicela ocorre em todas as partes do mundo.[7] Em 2013 ocorreram 140 milhões de casos de varicela e de herpes zoster em todo o mundo.[12] Antes da vacinação de rotina, o número de casos anuais era semelhante ao número de pessoas nascidas nesse ano.[7] Desde a introdução da vacina, o número de infeções diminuiu 90%.[7] Um em cada 60 000 casos resulta em morte.[7] Em 2015 a varicela causou 6400 mortes em todo o mundo, uma diminuição em relação às 8900 em 1990.[5][13] Até ao fim do século XIX, a varicela e a varíola eram consideradas a mesma doença.[7] Foi em 1888 que se concluiu estar associada à herpes zoster.[7]
Causa e diagnóstico
A varicela é uma doença de transmissão por via aérea que se transmite facilmente através da tosse e espirros da pessoa infetada.[2] É contagiosa desde um a dois dias antes do aparecimento das manchas na pele até que todas as lesões tenham cicatrizado.[2] Pode também ser transmitida através do contacto com as bolhas.[2] A doença é geralmente diagnosticada com base nos sintomas manifestados.[14] Em casos pouco comuns, pode ser confirmada com análises de reação em cadeia da polimerase (PCR) ao líquido das bolhas ou às crostas.[7] É possível realizar exames aos anticorpos para determinar se uma pessoa é ou não imune à doença.[7] Geralmente, cada pessoa contrai varicela apenas uma vez em toda a vida.[2]
Prevenção, tratamento e epidemiologia
A vacina contra a varicela permitiu diminuir o número de casos e complicações da doença.[15] Protege entre 70 a 90% das pessoas com a doença, sendo o benefício maior em casos graves.[7] Em muitos países recomenda-se a vacinação de rotina das crianças.[10] A vacinação nos três dias seguintes à exposição pode melhorar o prognóstico em crianças.[11] O tratamento de pessoas infetadas pode incluir pomada de calamina para diminuir o prurido, cortar as unhas rentes de modo a diminuir as lesões, provocadas ao coçar, e a administração de paracetamol para diminuir a febre.[2] Para os grupos com maior risco de complicações é recomendado o uso de antivirais como o aciclovir.[2]
História
A varicela ocorre em todas as regiões do mundo.[7] Em 2013 ocorreram 140 milhões de casos de varicela e herpes zoster[16] No mesmo ano, a varicela provocou a morte a 7000 pessoas, uma diminuição em relação às 8900 em 1990.[13] Cerca de 1 em cada 60 000 casos resultam em morte.[7] Antes da introdução da vacinação de rotina, o número de casos em cada ano era idêntico ao número de nascimentos. Nos Estados Unidos, desde que a vacinação foi introduzida, o número de casos diminuiu 90%.[7] Até ao fim do século XIX, a varicela não era considerada uma condição distinta da varíola.[7] Em 1888 foi determinada a sua relação com a herpes-zóster.[17]
Sinais e sintomas
A varicela é uma das várias doenças, comuns na infância, que geram lesões arredondadas e avermelhadas por todo o corpo (exantemas). As outras com sintomas similares são sarampo, rubéola, roséola, escarlatina e o eritema infeccioso.[18]
Os sintomas iniciais são[18]:
- Febre 37,5 °C e 39,5
- Mal-estar
- Falta de apetite
- Dor de cabeça
- Cansaço
- Lesões avermelhadas na pele
As lesões avermelhadas na pele, seu sintoma mais característico, aparece entre um ou dois dias depois da infeção quando surgem por todo o corpo e que conforme os dias passam vão virando pequenas bolhas cheias de líquido. Eventualmente essas bolhinhas formam uma crostas que provocam muita coceira, mas que diminui o risco de transmissão.[18]
Transmissão
É altamente infecciosa, infectando a maioria das pessoas que nunca tiveram a doença e passaram mais de uma hora com uma pessoa infectada. A transmissão se dá por via aérea, em gotículas de espirros ou de tosse, ou pelo contato com as lesões avermelhadas (exantemas). É possível a transmissão do vírus na fase zóster para crianças não vacinadas, o que dificulta muito a erradicação da doença.[19]
Alguém com varicela começa a infectar outras pessoas cerca de um a dois dias antes de as bolinhas vermelhas começarem a aparecer e continua infectando por cerca de cinco a seis dias até que todas as bolhas tenham formado cascas. A transmissão também pode ocorrer durante a gestação (da mãe para o feto) causando complicações para ambos.[20]
Fisiopatologia
O vírus entra no corpo pela via respiratória ou pela conjuntiva do olho, multiplica-se e dissemina-se pelo sangue, até a pele. O período de incubação até o surgimento das pústulas é de cerca de 21 dias.[19]
As erupções maculopapulares ou exantemas são seguidas de erupções vesiculoeritematosas muito pruriginosas (ou seja, pústulas que causam comichão). As pústulas apresentam-se com base vermelha e cúpula transparente ("gota de orvalho em pétala de rosa"), com cerca de 3 milímetros de diâmetro. Várias gerações de exantemas surgem durante cerca de 4 dias, com vários estágios em diferentes áreas da pele simultaneamente (ao contrário da varíola). Os exantemas são mais frequentes na região torácica, mas podem aparecer em todo o corpo, incluindo no couro cabeludo e na mucosa oral.[19]
A varicela é geralmente inofensiva, exceto em doentes com imunodeficiência ou em neonatos, em que pode causar infecções do cérebro ou do pulmão potencialmente mortais. Nos adultos, os sintomas são mais sérios e a doença mais perigosa, podendo levar à ocorrência de pneumonia intersticial (em 20% dos casos adultos ou na adolescência). Existem casos em adultos com problemas renais onde a doença pode-se agravar causando falha renal. A Síndrome de Reye é uma complicação incomum que aparece em quem tomou aspirinas ou remédios similares durante a infecção e causam lesões ao cérebro e fígado.[19]
Herpes-Zóster
Durante o episódio de varicela, geralmente na infância, alguns vírus invadem os gânglios nervosos espinhais e/ou dos nervos cranianos, onde permanecem na forma latente, sem se multiplicar e sem causar danos ou sintomas.
Muitos anos depois, tipicamente na velhice, o envelhecimento do sistema imunitário leva à moderada imunodepressão, e o vírus é reativado. Contudo, a imunidade adquirida pelo indivíduo é ainda suficiente para impedi-lo de causar novo episódio de varicela sistêmica. Em vez de estender-se pela epiderme, o vírus limita-se a multiplicar-se nos nervos sensitivos da raiz espinhal onde foi reativado, resultando na zóster. Esta é uma condição extremamente dolorosa cutânea, que se limita à faixa da pele (dermatoma), bem delimitada, inervada pelo nervo sensitivo afectado. A pele apresenta-se extremamente sensível ao toque, com dores, e máculas vermelhas infecciosas semelhantes às da varicela. Em cerca de 30% dos idosos afetados, alguma dor pode persistir após resolução da infecção, devido aos danos causados nos nervos sensitivos.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito principalmente através do quadro clínico-epidemiológico. O vírus pode ser isolado para análise retirando exemplares das lesões vesiculares durante os primeiros 3 a 4 dias de erupção. A detecção do DNA viral pode ser feita por PCR. A detecção dos antigênios virais ou de anticorpos específicos pode ser feita por imunofluorescência.[21]
Prevenção
Existe uma vacina que deve ser recebida na infância a partir dos 12 meses de vida e reforço entre 4 e 6 anos de idade. Uma única dose, na ausência do reforço, pode não prevenir a doença, mas faz com que essa seja bem mais leve e pouco sintomática. Muitas vezes a varicela nos vacinados pode nem chegar a ser notada e diagnosticada. A vacina também pode ser fornecida às pessoas não vacinadas que tiveram contato próximo com doentes, para evitar ou amenizar o quadro da varicela.
A varicela tem vacina que visa a impedir a infecção primária, e assim sua reativação na forma de Zóster. Para que a vacina tenha efeito, ela deve ser aplicada no máximo até o quarto dia após o contato com enfermo. A vacina é contra-indicada em pessoas com imunidade baixa e durante o período de gravidez.
Tratamento
Não há cura, mas há antivirais (como o aciclovir e o valaciclovir, comercializados no Brasil) indicados em pacientes imunodeprimidos (como oncológicos, reumatológicos e outros) ou até mesmo imunocompetentes, a fim de evitar a neuralgia pós herpética (sequela dolorosa do Herpes Zóster) ou aliviar sintomas de grande expressão (como impossibilidade de ingestão hídrica pelo acometimento de mucosas).
Limpeza local
Banhos com permanganato de potássio, soluções iodadas ou sabonetes bactericidas são comumente aconselhados para aliviar a coceira e ajudar na cicatrização rápida das feridas. No entanto, o uso incorreto pode causar queimaduras e reações alérgicas. Compressas de permanganato de potássio (1ml para cada 40.000ml de água) ou água boricada (na concentração de 2% da água do banho), várias vezes ao dia. Deve-se ter o cuidado de proteger os olhos contra o permanganato.[21]
Infecções
Se houver início de infecção, antibióticos podem ser receitados. Entre os cuidados sugeridos ao paciente durante o período de infecção, estão cortar sempre as unhas e deixá-las bem limpas, evitando o contato com pessoas com baixa capacidade imunológica. Usar roupas leves pode evitar calor e aliviar as coceiras, usar luvas na hora de dormir, e evitar ao máximo coçar as feridinhas que ajudam a evitar marcas permanentes.[21]
Prognóstico
A maioria das crianças e adultos se recuperam em algumas semanas apenas descansando e bebendo muita água, mas alguns casos envolvem complicações como[22]:
- Pele mais vermelha
- Dor no peito
- Dores nos locais lesionados
- Dificuldade de respirar
Nesses casos é sinal que as lesões infeccionaram e precisam de acompanhamento médico para administrar um antibiótico adequado.
Cerca de 5-14% dos adultos com catapora desenvolvem problemas pulmonares, como pneumonia, especialmente fumantes.[23]
- Durante a gravidez
Complicações são especialmente problemáticas em grávidas e recém-nascidos. Quanto mais cedo na gravidez for a infecção, maior o risco para o feto de desenvolver má-formações, porém mesmo cedo o risco dificilmente afeta mais que 2% dos fetos de grávidas com catapora. Já após o 5 mês pode ocorrer parto prematuro. Caso um recém-nascido seja infectado a catapora costuma ser mais grave.[23]
- Baixa imunidade
Quem possui um sistema imunológico muito debilitado pode ter como complicações[23]:
Pessoas que tomem medicamentos para doença autoimune ou para cancro ou que tem Sida são particularmente vulneráveis a complicações.[23]
História
O termo "varicela" origina-se do termo francês varicelle.[24] "Catapora" vem do tupi tatapora, que significa "fogo que salta", através da junção de tatá ("fogo") e pora ("pular").[25][26] "Zóster" origina-se do grego zostér, "cinturão".[27]
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