Aborto Elétrico

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Aborto Elétrico
Informação geral
Origem Brasília,  Distrito Federal
País  Brasil
Gênero(s) Punk rock, hardcore punk, rock de garagem, pós-punk, new wave
Período em atividade 1978 - 1982
Integrantes Renato Russo
Fê Lemos
Flávio Lemos
Ex-integrantes André Pretorius
Ico Ouro-Preto

Aborto Elétrico foi uma banda brasileira de punk rock que esteve ativa entre 1978 e dezembro de 1981 (foi feito um show de despedida em março de 1982). Tinha, em sua formação original, Renato Russo no baixo e vocal, André Pretorius na guitarra e Fê Lemos na bateria.[1]

A banda fez parte da Turma da Colina (movimento de bandas de Brasília fundado no fim dos anos 70), junto a bandas como a Plebe Rude e a Os Paralamas do Sucesso.

Foi o marco para o surgimento de bandas como Legião Urbana e Capital Inicial anos depois. Foi nessa época que várias músicas do repertório do Legião Urbana e do Capital Inicial foram criadas, como "Que País é Este" (Legião Urbana) e "Veraneio Vascaína" (Capital Inicial).

Nome

Segundo Fê Lemos: "A gente tava na Colina sentado no chão, pensando qual seria o nome da nossa banda. Eu tava com um negócio de elétrico na cabeça e alguém falou comigo tijolo elétrico. Aí o André Pretorius falou: não, Aborto Elétrico".[2]

Outra versão diz que o nome da banda, foi inspirado em um aborto verídico, quando policiais de Brasília disparavam descargas elétricas em manifestantes, e uma grávida foi atingida, abortando em meio a passeata. [carece de fontes?]

História

Brasília, meados de 1978, início do processo de abertura política que botou fim na ditadura militar. Aos 16 anos, Felipe Lemos, filho de um professor da Universidade de Brasília, voltara de uma estadia na Inglaterra com os pais para morar num conjunto de quatro prédios com vista para o Lago Norte, apelidado de Prédios da Colina. Os apartamentos eram espaçosos e serviam de residência para os professores. No começo era apenas uma turminha de garotos que gostavam de punk rock e se reuniam para ouvir música, tomar porres de vinho Chapinha, fumar baseado e cheirar benzina de vez em quando. No mesmo ano Renato conheceu André Pretorius, que andava na cidade vestido de punk e era filho de um diplomata na África do Sul. Pretorius e Fê haviam combinado de montar uma banda com André Muller, que estava morando na Inglaterra. Mas Renato precipitou os acontecimentos e convidou Fê e Pretorius para formar uma banda com ele no baixo, Fê na bateria e Pretorius na guitarra.

A primeira música composta para a banda foi "I Want To Be A Junkie", de autoria de Renato Russo (apesar de nunca ter visto drogas realmente pesadas) e começou a compor o repertório do grupo logo depois. Os ensaios do Aborto Elétrico aconteciam na própria Colina e o primeiro show foi em 11 de janeiro de 1980, no Centro Comercial Gilberto Salomão, em um barzinho chamado Só Cana. Era um show instrumental (Renato não cantava) e quem estava acompanhando gostou do que viu. André Pretorius quebrou a palheta e cortou os dedos nas cordas (mesmo com a mão sangrando seguiu tocando). Foi o primeiro e único show do Aborto Elétrico com Pretorius na guitarra. Logo depois do show acabou indo para a África do Sul servir ao exército de lá, pois estava envolvido na manutenção do Apartheid. Nos colégios de Brasília a notícia do show correu e os playboys da cidade não gostaram. Quando as turmas se encontravam sempre havia briga. Logo, outros garotos seguiriam os passos do Aborto Elétrico, formando bandas e detonando o fenômeno musical do rock de Brasília. Flávio Lemos, irmão de Fê, assumiu o baixo no Aborto Elétrico e Renato assumiu a guitarra. Os ensaios aconteciam na nova casa de Fê e Flávio no Lago Norte. Essa mudança para o Lago Norte também marca o começo do fim da turma da Colina, que passou a ter um novo ponto de encontro. Na casa de Fê, cercada por lindas árvores do cerrado, a turma fazia camisetas, cartazes e música no intervalo entre os baseados. Renato sempre chegava com a idéia das letras e os acordes na guitarra. As músicas, raivosas e radicais, falavam em morte. Renato era um catalisador de sofrimentos na sua poesia, embora fosse doce e delicado no convívio diário.

Ainda em 1980, Pretorius voltou para umas férias em Brasília e participou dos ensaios cruciais para a criação de "Música Urbana", "Que País É Este", "Veraneio Vascaína", "Conexão Amazônica" e "Baader-Meinhof Blues" (músicas que teriam grande impacto na história do rock brasileiro a partir de então). O auge do Aborto Elétrico aconteceu em 1981. Foram vários shows com outras novas bandas de Brasília, todas originárias de alguma forma da Colina: Blitx, Plebe Rude, formada pelo André Muller, Fusão, 5ª Coluna. No meio do ano Ico Ouro Preto assumiu a guitarra do Aborto Elétrico e Renato passou a se ocupar apenas dos vocais. O grupo estava em plena atividade nas festinhas, nos colégios, e em festas de aniversário.

No mesmo ano começa o declínio da banda. Aconteceram várias brigas entre Fê Lemos e Renato. Em 14 de dezembro de 1981 fizeram um show em uma cidade do Distrito Federal e houve um desentendimento entre os dois (Renato havia sumido antes do show, segundo ele, em decorrência da morte de John Lennon, e Fê Lemos ficara irritado). Quando Renato errou uma música, o baterista atirou uma baqueta nele, acertando a cabeça. Renato Russo não gostou, foi em direção a Fê e disse ''o Aborto abortou'' e sumiu após o show. Segundo Fê Lemos, esse não foi o fim derradeiro da banda. Ele e Flávio foram até a casa de Renato e ficaram insistindo para que eles continuassem como uma banda, até que Renato se convenceu e voltaram às atividades.

Após o Aborto Elétrico

Três meses depois, em março de 1982 era decretado o fim do Aborto Elétrico. O Grupo terminou em uma briga por causa da música "Química", um dos primeiros clássicos da Legião Urbana. Segundo Renato, Fê lhe disse que "Química" era muito ruim e o acusou de ter perdido o jeito de fazer música. Renato respondeu que Fê só queria ficar fazendo camiseta e pediu o boné. Renato, ainda irritado, chutou a bateria de Fê com a intenção de quebrá-la, e Fê ficou com raiva e tentou agredir Renato, mas Flávio apartou a briga, e em seguida, Renato fora embora. Mesmo sem Renato Russo, Fê tentou manter o Aborto Elétrico. Afinal, eles já tinham uma certa fama no circuito alternativo de Brasília. Como numa despedida oficial, Fê chamou Renato para uma última apresentação com o grupo. Renato foi e o Aborto Elétrico teve a sua derradeira aparição.

Seis meses depois do fim da banda, Fê Lemos e Flávio Lemos juntamente com Dinho Ouro Preto formam a banda Capital Inicial.

Após a separação do Aborto Elétrico, Renato Russo decide tocar sozinho, fazendo shows acompanhado de um violão de 12 cordas, intitulando-se "O Trovador Solitário". Dessa época, nascem músicas com um estilo mais folk, como "Faroeste Caboclo", "Eduardo e Mônica", "Dado Viciado", "Música Urbana 2" entre outras. Mas Renato não queria seguir sozinho. Ele achava que era importante ter uma banda no mundo do rock. Nesse mesmo ano Renato formou a Legião Urbana juntamente com Marcelo Bonfá , Paulo Paulista e Eduardo Paraná.

Em 1987, André Pretorius morreu de overdose das drogas na Alemanha.

Anos mais tarde, em entrevista à Sônia Maia publicada na revista Bizz, Renato disse que o Aborto Elétrico acabou virtualmente quando "Pretorius foi para a África do Sul matar negros".

Legado

Parte de seu repertório foi esquecida, e a outra parte foi dividida entre Capital Inicial e Legião Urbana.

Em 2005, Capital Inicial lançou o álbum MTV Especial: Aborto Elétrico, com dezoito canções do repertório do Aborto Elétrico, quatro que já haviam sido gravadas pelo Capital Inicial ("Fátima", "Música Urbana", "Ficção Científica", "Veraneio Vascaína"), cinco que já haviam sido gravadas pela Legião Urbana ("Que país é esse", "Geração Coca-Cola", "Conexão Amazônica", "Tédio (com T um Bem Grande pra Você)", "Química") e mais nove inéditas ("Baader-Meinhof Blues nº1", "Construção Civil", "Anúncio de Refrigerantes", "Love Song One", "Heroína", "Benzina", "Submissa", "Helicópteros no Céu", "Despertar dos Mortos").

Integrantes

Ex-integrantes

Discografia

Estúdio
Ao vivo

Repertório

Referências

  • O Diário da Turma 1976-1986: A História do Rock de Brasília (2001, Conrad Editora)

Ver também

Referências

  1. Biografia da banda
  2. DVD MTV Especial: Aborto Elétrico
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