Arranha-céu
Arranha-céu (no Brasil) ou arranha-céus (em Portugal) é um edifício alto, continuamente habitável por muitos andares, geralmente projetados para escritórios e uso comercial. Não existe uma definição oficial ou uma altura mínima para uma construção poder ser classificada como um arranha-céu. Uma característica comum dos arranha-céus é ter uma estrutura de aço que suporta as paredes externas, que servem como revestimento, em vez de paredes estruturais das construções convencionais. Alguns dos primeiros arranha-céus têm uma estrutura de aço que permite a construção de paredes estruturais mais altas do que aquelas feitos de concreto armado. As paredes dos arranha-céus modernos não são feitas para sustentar o peso da estrutura e a maioria dos arranha-céus são caracterizados por grandes áreas de superfície de janelas, que só são possibilitadas pelo uso da estrutura de aço e de paredes de revestimento. No entanto, os arranha-céus podem ter paredes que imitam paredes convencionais e uma pequena área de superfície de janelas.
Os arranha-céus, desde a década de 1960, usam modelos tubulares inovadores criados pelo engenheiro estrutural estadunidense-bangladeshiano Fazlur Rahman Khan. Este princípio de engenharia civil faz com que esses edifícios sejam estruturalmente mais eficientes e fortes. Ele reduz a utilização do material (economicamente muito mais eficiente), permitindo , simultaneamente, que as construções alcancem maiores alturas. O modelo de Khan permite menos colunas interiores e assim cria um espaço mais utilizável, além de permitir que os edifícios tenham formatos variados. Existem diversas variações do modelotubular; estes sistemas estruturais são fundamentais para o projeto de construção de altura atual.[1][2][3][4] Outros pioneiros incluem Hal Iyengar e William LeMessurier.
Hoje, os arranha-céus são algo cada vez mais comum onde a terra é cara, como nos centros das grandes cidades, porque eles fornecem uma alta proporção de espaço locável por área de terra. Eles são construídos não apenas pela economia de espaço, mas, assim como templos e palácios do passado, os arranha-céus são considerados símbolos do poder econômico de uma cidade ou de um país. Eles não só definem o horizonte, como ajudam a definir a identidade da uma cidade. Em alguns casos, arranha-céus excepcionalmente altos foram construídas não por necessidade, mas para ajudar a definir a identidade e de projeção do poder da cidade onde foi construído.
História
Ao longo da História da Arquitetura, com exceção de monumentos como obeliscos, colunas e faróis, verificaram-se poucos edifícios dotados de grande altitude. Normalmente, os poucos exemplares constituíam-se de torres, as quais possuíam algum tipo de significado religioso (como as torres de templos católicos) ou militar. Até o período da Revolução Industrial, os edifícios de uso cotidiano raramente possuíam múltiplos andares.
Até por volta de meados do século XIX, o gabarito máximo encontrado nas grandes cidades capitalistas era de próximo de cinco andares. Uma das razões era devida às escadas, pois ninguém se dispunha a subir até andares altos. Por outro lado, a construção de edifícios altos demandava sistemas construtivos e tecnológicos avançados. Como a maior parte das edificações era construída em alvenaria, quanto maior a altitude, maiores as espessuras necessárias para as suas paredes portantes, seja para suportar os andares superiores ou para resistir aos esforços do vento. Porém, avanços construtivos que tornavam as paredes independentes dos elementos estruturais do edifício, como o concreto armado e a estrutura em ferro (e mais tarde em aço) já possibilitavam a construção de edifícios altos: o inconveniente das escadas, no entanto, era maior e estes sistemas de uma forma geral eram caros.
Em 1852, a invenção do elevador por Elijah Otis eliminou o primeiro empecilho. O segundo problema foi resolvido a partir da popularização dos sistemas construtivos avançados: a pré-fabricação de elementos construtivos em aço nos países industrializados passou a ser gradativamente comum. Na década de 1920, uma junção de fatores — novas técnicas de construção, materiais mais resistentes e a invenção dos elevadores — levou aos arranha-céus. A novidade mudou as formas de consumo, de fazer comércio e, principalmente, de moradia dos habitantes das metrópoles. Cabe notar também que a produção arquitetônica ligada à Escola de Chicago, influenciada e exigida pelas necessidades do capitalismo naquela cidade, e a arquitetos como Louis Sullivan possuiu também um papel de difundir as novas tipologias urbanas entre outras cidades no mundo. O arranha-céu passaria a caracterizar-se como símbolo do progresso industrial nas grandes cidades do mundo desenvolvido: a cidade de Nova Iorque veria nas próximas duas décadas uma corrida entre empreendedores em busca da construção do edifício mais alto. Como fruto deste fenômeno, surgiram edifícios que hoje são considerados símbolos daquela cidade, como o Empire State Building, o Chrysler Building e mais tarde o Rockfeller Center.
Nota-se também que a apropriação do formato "arranha-céus" pelo ecletismo e pelo art déco foi um elemento importante na própria definição destes estilos nos Estados Unidos e especialmente em Nova Iorque e em Chicago. A associação entre o art déco e os arranha-céus foi tão forte em determinados momentos que gerou clones dos edifícios nova-iorquinos em outras partes do mundo: o Edifício Altino Arantes (antigo Banespa) em São Paulo, ainda que com altura relativamente pequena frente aos seus pares nos EUA, pode ser encarado desta maneira.
Do ponto de vista urbanístico, a aceitação dos edifícios altos nos grandes centros urbanos deveu-se sobretudo ao conceito conhecido como solo criado: trata-se de um ganho de potencial construtivo face ao custo das propriedades, pois o terreno seria pago pela sua superfície, e quanto se estendesse horizontalmente um edifício, mais cara ficaria a sua construção.
Evolução histórica dos arranha-céus
No início do século XX, Nova Iorque era um centro para o movimento de arquitetura Beaux-Arts, atraindo talentos de grandes arquitetos como Stanford White ou Carrere e Hastings. À medida que novas técnicas de construção e de engenharia se tornaram disponíveis, Nova Iorque tornou-se o centro de competições para construir o edifício mais alto do mundo. A silhueta da cidade ainda hoje reflecte os efeitos desse concurso, com numerosos dos seus edifícios a já ter ostentado o título de mais alto do mundo, muitos deles verdadeiros ícones da arquitectura do século XX:
Fonte: emporis.com
Os mais altos da atualidade
Os cinquenta maiores arranha-céus do mundo de acordo com o Council on Tall Buildings and Urban Habita (CTBUH):[5]
Posição | Edifício[A][6] | Cidade | País | Altura (m)[5] | Altura (pés) | Andares | Inauguração |
---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | Burj Khalifa | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 828 m | 2.717 pés | 163 | 2010 |
2 | Shanghai Tower[7] | Xangai | China | 632 m | 2.073 pés | 121 | 2014[B] |
3 | Makkah Royal Clock Tower Hotel | Meca | Arábia Saudita | 601 m[8] | 1.971 pés | 120 | 2012 |
4 | One World Trade Center | Nova York | Estados Unidos | 541,3 m | 1.776 pés | 104 | 2013 |
5 | Taipei 101 | Taipei | Taiwan | 509 m[9] | 1.670 pés | 101 | 2004 |
6 | Shanghai World Financial Center | Xangai | China | 492 m | 1.614 pés | 101 | 2008 |
7 | International Commerce Centre | Hong Kong | Hong Kong | 484 m | 1.588 pés | 118 | 2010 |
8 | Petronas Tower 1 | Kuala Lumpur | Malásia | 452 m | 1.483 pés | 88 | 1998 |
8 | Petronas Tower 2 | Kuala Lumpur | Malásia | 452 m | 1.483 pés | 88 | 1998 |
10 | Zifeng Tower | Nanquim | China | 450 m | 1.476 pés | 89 | 2010 |
11 | Willis Tower (antiga Sears Tower) | Chicago | Estados Unidos | 442 m | 1.450 | 108 | 1973 |
12 | Kingkey 100 | Shenzhen | China | 442 m | 1.449 pés | 100 | 2011 |
13 | Centro Financeiro Internacional de Cantão | Cantão | China | 440 m | 1.440 pés | 103 | 2010 |
14 | Dream Dubai Marina | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 432 m | 1.417 pés | 101 | 2014[B] |
15 | Trump International Hotel and Tower[10] | Chicago | Estados Unidos | 423 m | 1.389 pés | 98 | 2009 |
16 | Jin Mao Tower | Xangai | China | 421 m | 1.380 pés | 88 | 1999 |
17 | Princess Tower | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 414 m | 1.358 pés[11] | 101 | 2012 |
18 | Al Hamra Firdous Tower | Cidade do Kuwait | Kuwait | 413 m | 1.354 pés | 77 | 2011 |
19 | 2 International Finance Centre | Hong Kong | Hong Kong | 412 m | 1.352 pés | 88 | 2003 |
20 | 23 Marina | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 395 m | 1.296 pés | 89 | 2012 |
21 | CITIC Plaza | Cantão | China | 391 m | 1.283 pés | 80 | 1997 |
22 | Shun Hing Square | Shenzhen | China | 384 m | 1.260 pés | 69 | 1996 |
23 | Central Market Project | Abu Dhabi | Emirados Árabes Unidos | 381 m | 1.251 pés | 88 | 2012 |
24 | Empire State Building | Nova York | Estados Unidos | 381 m | 1.250 pés | 102 | 1931 |
25 | Elite Residence | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 380,5 m | 1.247 pés | 87 | 2012 |
26 | Tuntex Sky Tower | Kaohsiung | Taiwan | 378 m | 1.240 pés | 85 | 1997 |
27 | Central Plaza | Hong Kong | Hong Kong | 374 m | 1.227 pés | 78 | 1992 |
28 | Bank of China Tower | Hong Kong | Hong Kong | 367 m | 1.205 pés | 70 | 1990 |
29 | Bank of America Tower | Nova York | Estados Unidos | 366 m | 1.200 pés | 54 | 2009 |
30 | Almas Tower | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 363 m | 1.191 pés | 68 | 2009 |
31 | The Pinnacle | Cantão | China | 360 m | 1.181 pés | 60 | 2012 |
32 | SEG Plaza | Shenzhen | China | 356 m | 1.168 pés | 70 | 2000 |
33 | JW Marriott Marquis Dubai Tower 1 | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 355 m | 1,166 ft | 82 | 2012 |
33 | JW Marriott Marquis Dubai Tower 2 | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 355 m | 1,166 ft | 82 | 2013 |
35 | Emirates Office Tower | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 355 m | 1.163 pés | 54 | 2000 |
36 | Aon Center | Chicago | Estados Unidos | 346 m | 1.136 pés | 83 | 1973 |
37 | The Center | Hong Kong | Hong Kong | 346 m | 1.135 pés | 73 | 1998 |
38 | Keangnam Hanoi Landmark Tower | Hanói | Vietnã | 345 m | 1.132 pés | 72 | 2011 |
39 | John Hancock Center | Chicago | Estados Unidos | 344 m | 1.128 pés | 100 | 1969 |
40 | Ahmed Abdul Rahim Al Attar Tower | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 342 m | 1.122 pés | 76 | 2010[B] |
41 | Mercury City Tower | Moscow | Rússia | 339 m | 1.112 pés | 75 | 2012 |
41 | Hefei Feicui TV Tower | Hefei | China | 339 m | 1.112 pés | 75 | 2012 |
43 | Tianjin World Financial Center | Tianjin | China | 337 m | 1.105 pés | 79 | 2010 |
43 | The Marina Torch | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 337 m | 1.105 pés | 79 | 2011 |
45 | Shimao International Plaza | Xangai | China | 333 m | 1.094 pés | 61 | 2005 |
46 | Rose Tower | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 333 m | 1.093 pés | 72 | 2007 |
47 | Modern Media Center | Changzhou | China | 332 m | 1.089 pés | 57 | 2012 |
48 | Minsheng Bank Building | Wuhan | China | 331 m | 1.087 pés | 68 | 2007 |
49 | China World Trade Center Tower 3 | Pequim | China | 330 m | 1.083 Emirados Árabes Unidos | 74 | 2009 |
49 | Ryugyong Hotel | Pyongyang | Coreia do Norte | 330 m | 1.083 pés | 105 | 1992[C] |
51 | The Index | Dubai | Emirados Árabes Unidos | 328 m | 1.076 pés | 80 | 2010 |
Estão atualmente em fase de projeto ou de execução estruturas que ultrapassam o quilómetro de altura. São disso exemplo a Torre do Reino em Jidá na Arábia Saudita, o Burj Mubarak Al Kabir no Koweit e a Torre Azerbaijão em Bacu.
Ver também
- Lista dos maiores arranha-céus do mundo
- Estruturas mais altas do mundo
- Lista de arranha-céus de Portugal
- Lista de arranha-céus do Brasil
Referências
- ↑ «On the rise». Constructionweekonline.com. 31 de janeiro de 2011. Consultado em 14 de junho de 2013
- ↑ «IALCCE 2012: Keynote Speakers Details». Ialcce2012.boku.ac.at. Consultado em 14 de junho de 2013
- ↑ «Top 10 world's tallest steel buildings». Constructionweekonline.com. Consultado em 14 de junho de 2013
- ↑ Bayley, Stephen (5 January 2010). «Burj Dubai: The new pinnacle of vanity». The Daily Telegraph Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ a b «100 tallest completed buildings in the world». CTBUH. Consultado em 27 de abril de 2012
- ↑ Adapted from Emporis - World's Tallest Skyscrapers
- ↑ «China tallest building, Shanghai Tower, gets final beam». 3 de agosto de 2013. Consultado em 4 de agosto de 2013
- ↑ Abraj Al-Bait Towers at CTBUH
- ↑ Taipei 101 at CTBUH
- ↑ CTBUH: Trump Tower Chicago
- ↑ «Princess Tower | Buildings». Dubai /: Emporis. Consultado em 21 de agosto de 2012
Bibliográficas
- BENEVOLO, Leonardo; História da arquitetura moderna; São Paulo: Editora Perspectiva, 2001; ISBN 85-273-0149-0
Ligações externas
- «Urbanity.es» (em espanhol)
- «Arranha-céu» (em inglês)
- «Emporis» (em inglês)
- «Skyscraperpage» (em inglês)