Aventura (gênero de histórias em quadrinhos)
Aventura (Adventure Strip, literalmente tira de aventura) é um gênero de histórias em quadrinhos caracterizado pela existência de heróis e vilões, o gênero teria surgido com a publicação de tiras na década de 1920.
Geralmente associados a um estilo realista, eles pretendem entreter o leitor através da identificação com um herói geralmente positivo, com histórias em ritmo acelerado e com a apresentação de universos ficcionais atraentes, se eles representam fielmente o mundo ou os lugares presentes. imaginários espetaculares e exóticos.
Uma grande variedade de gêneros podem ser associados as histórias em quadrinhos de aventura: faroeste, detetive, ficção científica, fantasia, etc.[1]
Histórico
[editar | editar código-fonte]Em 1921, inspirado pelo cinema, Ed Wheelan criou a tira Minute Movies.[2]
Em 1923, os japoneses Oda Nobutsune (roteiro) e Katsuichi Kabashima (desenhos) iniciam a tira Shōchan no bōken (正チヤンの冒険 lit. "As aventuras de Sho-chan"?) para o jornal Asahi Graph.[3] Em 1926, o belga Hergé lança Les Aventures de Totor, C.P. des hannetons[4] na revista Le Boy-scout belge.[5] Em 1927, é lançada a prancha dominical Connie, criada por Frank Godwin para o Ledger Syndicate e no ano seguinte, Jane Arden, criada por Monte Barrett e artist Frank Ellis para o Register and Tribune Syndicate, enquanto que Connie surgiu como uma debutante e a partir de 1934 começou como uma repórter e depois detetive, Jane Arden já começou como repórter, ambas são apontadas como as primeiras mulheres a protagonizarem histórias em quadrinhos de aventura[6] e antecedem outras repórteres como Lois Lane (das histórias do Superman) e Brenda Starr.[7]
Em 1928, surge a tira de faroeste Young Buffallo Bill de Harry O’Neil,[8] em outubro do mesmo ano, a revista semanal inglesa Tit-Bits publica pela primeira vez as tiras de Tarzan por Hal Foster, criado em 1912 por Edgar Rice Burroughs para as revistas pulps, o herói já vinha sendo adaptado para os cinemas, as tiras do personagem só viriam a ser publicadas nos Estados Unidos em 7 de janeiro de 1929, curiosamente, no mesmo dia estreava a tira diária Buck Rogers por Dick Calkins, também baseado em uma história oriunda dos pulps,[9] o romance de ficção científica Armageddon 2419 A.D. de Philip Francis Nowlan, publicado a partir de 1928 na revista Amazing Stories. Em 10 de janeiro de 1929, Hergé lança As Aventuras de Tintim[10] no suplemento juvenil Le Petit Vingtième, do jornal belga Le Vingtième Siècle.[11] Naquele mesmo ano, duas séries de humor estreiam com novos personagens que mudam a direção das mesmas para a aventura: Na série Tubinho (Wash Tubbs), criada em 1924 por Roy Crane, surge Capitão César (Captain Easy) entre os protagonistas,[12] em Thimble Theatre de E. C. Segar, surge Popeye,[13] que se torna o protagonista da tira, que inclusive muda de nome,[14] quatro anos depois, Easy ganha sua própria prancha dominical "Captain Easy, Soldier of Fortune".[15] Em 1931 surge o detetive Dick Tracy de Chester Gould,[2] em 1933, surge um novo herói de ficção científica Brick Bradford, de William Ritt (roteiro) e Clarence Gray (desenho),[16] inicialmente criado como um aviador,[17] o primeiro herói de aventura criado exclusivamente para uma revista em quadrinhos, Dan Dunn, nitidamente inspirado em Dick Tracy, Dunn foi criado por Norman Marsh e publicado pela primeira vez na revista "Detective Dan, Secret Operative No. 48", que teve apenas uma edição,[18] o personagem acabou migrando para as tiras de jornal, distribuídas pela Publishers Syndicate,[19] surge também a tira de faroeste Little Joe de Ed Leffingwell,[20] no ano seguinte surgem o Mandrake, o Mágico de Lee Falk (roteiro) e Phil Davis (desenho), Terry e os Piratas de Milton Caniff, Alex Raymond cria as séries Flash Gordon, Jim das Selvas e Agente Secreto X-9 (roteirizada pelo escritor de romances policias, Dashiell Hammett) para a King Features Syndicate, criadas para concorrer com Buck Rogers (ficção científica), Tarzan (aventuras nas selvas) e Dick Tracy (histórias policias).[21] Inicialmente, a King Features Syndicate planejava adaptar outro personagem de Edgar Rice Burroughs, John Carter de Marte da série literária Barsoom, no entanto, o syndicate não conseguiu chegar a um acordo com Burroughs, com isso, a King Features escalou Alex Raymond parar criar uma nova série de ficção científica espacial,[22][23] além de Barsoom, para criar Flash Gordon, Raymond também se inspirou em outro romance de ficção científica When Worlds Collide de Philip Wylie e Edwin Balmer de 1933, onde há um planeta órfão que entra em rota de colisão com o Planeta Terra, e um herói atlético, sua namorada, e um cientista viajar para um novo planeta usando um foguete espacial.[24][25] John Carter só foi ganhar histórias em quadrinhos em 1939, nas páginas da revista The Funnies da Dell Comics, entre 1941 e 1943, o filho de Edgar Rice Burroughs, John Coleman Burroughs produziu as pranchs dominicais do herói,[26] já When Worlds Collide gerou a tira Speed Spaulding (1940-1941).[27]
Em 1935, Jesús Blasco lança na Espanha, Cuto.[28] Em 1936, Lee Falk cria uma série de aventuras nas selvas, O Fantasma, ilustrada por Ray Moore, em 1937, Hal Foster lança sua própria série dominical, Príncipe Valente, ambientada nos tempos do lendário Rei Arthur,[29] tal como Tarzan, os quadrinhos de Sheena de Will Eisner estrearam primeiro na revista britânica Wags #46 (1937) e no ano seguinte, passa a ser publicada nos Estados Unidos pela editora Fiction House.[30] Em 1938, é lançada a revista belga Jornal Spirou, publicando series americanas como Brick Bradford e Red Ryder e uma serie própria Spirou, criada por Rob-Vel, mais tarde renomeada como "Spirou e Fantásio", graças a adição do personagem criado por Jijé em 1943.[31]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- Notas
- ↑ Quella-Guyot, Didier. (1990). La bande dessinée. Malakoff: Desclée de Brouwer. OCLC 29361445
- ↑ a b Rentroia Iannone, Leila; Iannone, Roberto Antônio (1994). «As denominações». O mundo das histórias em quadrinhos. [S.l.]: Editora Moderna. pp. 22–23. ISBN 8516010082
- ↑ Shunsuke Tsurumi (2010). A Cultural History of Postwar Japan: 1945-1980. [S.l.]: Routledge. 9781136917660
- ↑ Tintim - 85 anos
- ↑ As aventuras de Tintim: Herói não tem poderes sobre-humanos, apenas coragem e da astúcia
- ↑ Philippa Gates (2011). Detecting Women: Gender and the Hollywood Detective Film. [S.l.]: SUNY Press. 108 páginas. 9781438434056
- ↑ Steve Duin e Mike Richardson (1998). Comics: Between the Panels. [S.l.]: Dark Horse Comics. 9781569713440
- ↑ Marcus Ramone (18 de setembro de 2015). «Os implacáveis quadrinhos de faroeste». Universo HQ
- ↑ Alberto Becattini, Edgar Rice Burroughs in the Funnies!, vol. 3, nº 129, TwoMorrows Publishing, novembro de 2014.
- ↑ Rentroia Iannone, Leila; Iannone, Roberto Antônio (1994). «As primeirias histórias e personagens». O mundo das histórias em quadrinhos. [S.l.]: Editora Moderna. p. 41. ISBN 8516010082
- ↑ Sérgio Codespoti (12 de janeiro de 2009). «Tintim completa 80 anos de aventuras». Universo HQ
- ↑ Waldomiro Vergueiro (21 de Fevereiro de 2002). «As histórias em quadrinhos e seus gêneros - Parte 6». Omelete
- ↑ Se os personagens de desenho animado envelhecessem como acontece na vida real, Popeye não teria tantos músculos nem a mesma força de antigamente –mesmo tomando muitas latas de espinafre. Nesta sexta-feira (17), ele completa 85 anos de idade Folha de S. Paulo
- ↑ [https://omelete.uol.com.br/quadrinhos/artigo/elzie-crisler-segar-e-popeye/ Elzie Crisler Segar e Popeye
- ↑ Waldomiro Vergueiro (29 de março de 2002). «Roy Crane e Wash Tubbs». Omelete
- ↑ Alexandre Lobão (2012). «Tecnologia e Futurologia nas Histórias em Quadrinhos». Editora Escala. Conhecimento Prático Literatura (45)}
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- ↑ Jones, Gerard. Homens do Amanhã - geeks, gângsteres e o nascimento dos gibis. [S.l.]: Conrad Editora, 2006. 110 p. ISBN 85-7616-160-5
- ↑ Robert C. Harvey (199). The Art of the Funnies: An Aesthetic History. [S.l.]: Univ. Press of Mississippi. 127 páginas. 9780878056125
- ↑ M. Keith Booker (2014). Comics through Time: A History of Icons, Idols, and Ideas [4 volumes]: A History of Icons, Idols, and Ideas. [S.l.]: ABC-CLIO. 412 páginas. 9780313397516
- ↑ Maria Beatriz Furtado Rahde (2000). Imagem: estética moderna & pós-moderna - Volume 7 de Coleção Comunicação. [S.l.]: EDIPUCRS. 54 páginas. 9788574301426
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- ↑ Doug Murray, "Birth of a Legend", in Alex Raymond and Don Moore, Flash Gordon : On the Planet Mongo: Sundays 1934-37. London : Titan Books, 2012.ISBN 9780857681546 (10-15 p.).
- ↑ Carlos Orsi Martinho (15 de dezembro de 2014). «Ensaio sobre os temíveis 'planetas gigantes' que nunca colidem com a Terra». Revista Galileu
- ↑ "Raymond levou a premissa básica de Philip Wylie do When Worlds Collide, que estava sendo reproduzida na revista Blue Book naquela época, e é usado como ponto de partida para a aventura". Al Williamson e Peter Poplaski, "Introdução" para Alex Raymond, Flash Gordon:Mongo, the Planet of Doom. Princeton, Wis. : Kitchen Sink Press. 1990. ISBN 0878161147 (p. 5).
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- ↑ The Comics Journal, Edição 114;Edições 123-125, Comics Journal, Incorporated, 1987. 31 p.
- Bibliografia
- Jones, Gerard. Homens do Amanhã - geeks, gângsteres e o nascimento dos gibis. [S.l.]: Conrad Editora, 2006. ISBN 85-7616-160-5