Constantino Bodino

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Constantino Bodino
Pedro III da Bulgária
Rei de Dóclea e da Dalmácia
Imperador da Bulgária
Reinado 10811101
Consorte Jakvinta de Bari
Antecessor(a) Miguel Vojislau (Dóclea)
Pedro II (Bulgária)
Sucessor(a) Miguel II Vojislau e Dobroslau II (Dóclea)
Pedro IV e João Asen I (Bulgária)
Morte 1108
Dinastia Vojislavljević
Pai Miguel Vojislau
Mãe Neda Monômaca
Filho(s) Miguel II Vojislau
Jorge (Đorđe)

Constantino Bodino (em grego medieval: Κωνσταντίνῳ Βοδίνῳ/Βοδίνου; romaniz.:Konstantinos Bodino; em búlgaro: Константин Бодин; romaniz.:Konstantin Bodin)[1] reinou sobre a Dóclea de 1081 a 1101 e foi czar da Bulgária sob o nome de Pedro III (em búlgaro: Петър III; romaniz.:Petăr III) por um breve período em 1072 depois que a nobreza búlgara em Escópia se revoltou contra o Império Bizantino e proclamou Constantino seu líder como descendente da dinastia dos cometópulos. Seu reinado terminou quando ele foi capturado pelos bizantinos no ano seguinte. Em 1078, Constantino voltou para Dóclea e ascendeu ao trono depois que seu pai, Miguel Vojislau, faleceu em 1081. Durante seu reinado, as relações da Dóclea com o papado melhoraram e Constantino conseguiu um arcebispado para seu país. A data de seu nascimento é desconhecida; a de sua morte é incerta, mas pode-se situá-la depois de 1108.

Origens[editar | editar código-fonte]

Constantino Bodino era o sétimo filho do rei Miguel Vojislau, o primeiro rei de Dóclea, com sua esposa Neda Monômaco. Ele era bisneto do imperador Samuel da Bulgária. Entre seus avós estavam Estêvão Vojislau, príncipe de Dóclea, e Cossara, uma parente de Samuel. Sua mãe era sobrinha do imperador bizantino Constantino IX Monômaco (r. 1042–1055).

Imperador da Bulgária[editar | editar código-fonte]

Em 1072, os nobres búlgaros iniciaram uma revolta em Escópia (Skopje) contra o Império Bizantino sob a liderança de Jorge, o Boitaco (Georgi Vojteh), o exarca da cidade. Os rebeldes pediram ajuda ao rei Miguel e ofereceram a um de seus filhos, descendentes dos cometópulos, o trono búlgaro[2][3].

No outono de 1072, Constantino Bodino, sétimo filho de Miguel, chegou a Prizren com 300 soldados e encontrou Jorge, o Boitaco e os outros representantes da nobreza búlgara. Ali mesmo[4] o coroaram "imperador dos búlgaros" e deram-lhe o nome de "Pedro III", uma referência ao imperador canonizado Pedro I (m. 970) e Pedro II Deliano (que havia liderado a primeira grande revolta contra os bizantinos em 1040-1041)[3].

Enquanto isso, o duque bizantino de Escópia, Nicéforo Caranteno, marchou para Prinzen com um exército, mas foi substituído antes da batalha por Damião Dalasseno, o que destruiu o moral das tropas prestes a enfrentarem os sérvios. O exército rebelde estava agrupado em duas divisões: a primeira, liderada por Bodino, marchou para Naísso; a outra, sob o segundo-em-comando, voivoda Petrilo, seguiu para Castória (Kastoria) via Ácrida (Ohrid)[3].

Petrilo tomou Ácrida e Devol sem ter que combater, mas foi derrotado em Castória, onde o bizantino de origem eslava Bóris David comandava um contingente búlgaro, e obrigado a fugir "para as inacessíveis montanhas"[3]. As tropas de Bodino tomaram Naísso e começaram a saquear a região, abusando de seus súditos búlgaros, o que foi muito mal visto por Boitaco. Quando os bizantinos, liderados por Saronita, marcharam para Escópia, Bodino não se preocupou e Boitaco teve que se render sem oferecer resistência. Uma guarnição bizantina foi instalada na cidade e o general bizantino seguiu para Naísso, capturando Bodino e enviando-o primeiro para Constantinopla e depois para Antioquia, onde ele passou muitos anos. Boitaco, por sua vez, morreu no caminho[3].

Quando Miguel soube da captura do filho, enviou o general bizantino Langobardópulo, que era seu prisioneiro e era também casado com uma de suas filhas, para resgatá-lo. Porém, ele desertou para o lado bizantino[3].

Rei da Dóclea[editar | editar código-fonte]

Dóclea em sua máxima extensão

Em 1078, os marinheiros venezianos libertaram Constantino Bodino e o entregaram a seu pai. Pouco depois, em 1081, Miguel morreu e Constantino o sucedeu como rei.

Até 1085, ele e seus irmãos suprimiram a revolta de seus primos, os filhos de Radoslau, irmão de Miguel, na Zupania de Zeta, e Constantino Bodino se consolidou no trono. Em contraste com sua anterior oposição ao Império Bizantino, Constantino apoiou os bizantinos durante a invasão de Roberto Guiscardo e seus normandos a Dirráquio em 1081 (Batalha de Dirráquio), mas nada fez, deixando os normandos tomarem a cidade.

Nessa época, Constantino se casou com a filha de um nobre pró-normando de Bari (no sul da Itália, então dominado pelos normandos). As relações de Constantino Bodino com o ocidente incluía seu apoio ao papa Urbano II em 1089, o que lhe assegurou uma grande concessão: a elevação do bispo de Bar à posição de arcebispo, o primeiro sérvio a assumir o posto na história.

Constantino Bodino tentou manter o intacto reino alargado deixado por seu pai. Para isso, ele realizou uma campanha na Bósnia e na Ráscia, instalando Estêvão como bano na primeira e seus sobrinhos, Marco (Marko) e Bolcano, como zupanos na última. Os dois príncipes eram irmãos de Petrislau, meio-irmão de Constantino, que tinha governado a Ráscia entre 1060 e 1074. Não obstante, após a morte de Roberto Guiscardo em 1085, Constantino teve que enfrentar novamente o Império Bizantino, que recuperou Dirráquio e se preparava para punir o rei da Dóclea por ter tomado partido dos normandos.

A companhia bizantina contra a Dóclea ocorreu entre 1089 e 1091 e pode ter conseguido capturar Constantino Bodino por uma segunda vez. Ainda que o reino tenha sobrevivido, os territórios mais distantes, como a Bósnia, a Ráscia e a Zaclúmia se separaram sob seus próprios governantes. Não se sabe exatamente o que se passou na Dóclea, mas é possível que tenha ocorrido uma guerra civil durante o suposto cativeiro de Constantino. A rainha Jakvinta perseguiu sem piedade todos os pretendentes ao trono, incluindo o primo de Constantino, Branislau, e sua família. Depois de muitas execuções e exílios, a igreja conseguiu impedir que a dissensão se transformasse numa guerra civil.

No inverno de 1096-1097, os cruzados de Raimundo IV de Toulouse foram bem recebidos por Bodino em Escodra[5][6]. Com a morte de Constantino em 1101 (ou possivelmente em 1108), a Dóclea foi tragada novamente pela guerra civil pela sucessão.

Família[editar | editar código-fonte]

Com sua mulher Jacinta de Bari (Jakvinta), Constantino Bodino teve vários filhos, entre os quais:

  1. Miguel II Vojislau, rei da Dóclea de 1101 a 1102
  2. Jorge (Đorđe), rei da Dóclea por volta de 1118 e novamente entre 1125 a 1127.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Títulos reais
Pedro III da Bulgária
Nascimento:  ? Morte: 1108}
Vago
Último detentor do título:
Pedro II Deliano
Imperador da Bulgária
1072
Vago
Próximo detentor do título:
Teodoro Pedro &
João Asen I
Constantino Bodino
Nascimento:  ? Morte: 1108
Precedido por:
Miguel I Vojislau
Rei da Dóclea
1081–1101
Sucedido por:
Miguel II &
Dobroslau II

Referências

  1. Prosopografia 2017.
  2. Escilitzes Continuado: 163
  3. a b c d e f Byzantium's Balkan frontier, p. 142
  4. Georgius Cedrenus Ioannis Scylitzae ope ab I. Bekkero suppletus et emendatus II, Bonnae, 1839, pp 714-719
  5. Journal of theological studies, Vol 19-20 Macmillan, 1918[falta página]
  6. The Serbs in the Balkans in the light of Archaeological Findings

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • John V.A. Fine Jr., The Early Medieval Balkans, Ann Arbor, 1983.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]