Dulce Figueiredo

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Dulce Figueiredo
Dulce Figueiredo
31.ª Primeira-dama do Brasil
Período 15 de março de 1979
até 15 de março de 1985
Presidente João Figueiredo
Antecessor(a) Lucy Geisel
Sucessor(a) Marly Sarney
Dados pessoais
Nome completo Dulce Maria Guimarães de Castro
Nascimento 11 de maio de 1923
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Morte 6 de junho de 2011 (88 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileira
Cônjuge João Figueiredo (c. 1942; v. 1999)
Filhos(as) Paulo Renato
João Figueiredo Filho

Dulce Maria de Castro Figueiredo GCIH (Rio de Janeiro, 11 de maio de 1923Rio de Janeiro, 6 de junho de 2011)[1] foi a esposa de João Figueiredo, 30.º presidente do Brasil, e a primeira-dama do país entre 1979 e 1985.

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Dulce era filha de Hernani Renato de Castro e Dylpha Guimarāes de Castro.[1] Ela conheceu João Figueiredo na Tijuca e se casaram em 15 de janeiro de 1942, com quem teve dois filhos: Paulo Renato de Oliveira Figueiredo e João Baptista de Oliveira Figueiredo Filho.[2][3]

Dulce Figueiredo era prima-irmã e muito próxima de Carlos Renato, um dos jurados do programa "Show dos Calouros" de Sílvio Santos, então dono do canal 11 do Rio de Janeiro, que ajudou nas negociações com o Presidente Figueiredo para a concessão do SBT em 1980.[4]

Primeira-dama do Brasil[editar | editar código-fonte]

Após seu marido ter sido apontado por Ernesto Geisel como seu sucessor em 31 de dezembro de 1977, Figueiredo foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral em 15 de outubro de 1978. Assim Dulce se tornou a nova primeira-dama do Brasil, sucedendo Lucy Geisel.

Com o tradicionalismo da primeira-dama da República assumir a presidência da Legião Brasileira de Assistência (LBA), preferiu não comandar a instituição por achar que teria muito trabalho.[5]

Em agosto de 1979, foi criado o Programa Nacional do Voluntariado, tendo como Presidente de Honra, Dulce Figueiredo.[6]

Participou em 18 de fevereiro de 1980, em Fortaleza, da solenidade de abertura do I Encontro das Primeiras-damas dos Estados, no Centro de Convenções de Fortaleza, que contou com a presença das mulheres de todos os governadores do país. Em discurso, declarou que a década de 80 seria de justiça social:[7]

Será possível, espero firmemente, dar aos problemas sociais brasileiros a prioridade que merecem, a mais alta prioridade compatível com os dias difíceis.

Recebeu em visita oficial de Estado no dia 17 de maio de 1983, o rei Juan Carlos e a rainha Sofia da Espanha. O casal presidencial ofereceu aos reis espanhóis um jantar de gala para homenageá-los.

No dia 8 de junho de 1983, inaugurou na Vila do João, no Rio de Janeiro, uma creche batizada com o nome de Tia Dulce tendo capacidade para 270 crianças. Além da presença da primeira-dama do país, estiveram presentes a presidente da LBA, Léa Leal, o presidente do Banco Nacional da Habitação, José Lopes de Oliveira, os ministros Hélio Beltrão, da Previdência e Assistência Social e Mário Andreazza, do Interior aos quais a LBA e o BNH eram vinculados. A creche levava o nome da primeira-dama do país e presidente de honra do Programa Nacional do Voluntária da LBA.[8]

Em viagens oficiais em que acompanhava o Presidente Figueiredo, levava sempre o seu cabeleireiro, o que acabou fazendo o Serviço Nacional de Informações proibi-lo de acompanhar nas viagens para evitar polêmicas.[9]

No meio social do país, era conhecida por seu jeito extravagante, que não poupava vestir roupas, usar jóias e maquiagem, mantendo sempre a agenda lotada de compromissos sociais e frequentando as boates mais badaladas do Rio de Janeiro e de São Paulo.[5][10]

Viagens oficiais[editar | editar código-fonte]

Paraguai[editar | editar código-fonte]

Em 9 de abril de 1980, em viagem oficial ao Paraguai ao lado de João Figueiredo, foram recebidos pelo Presidente Alfredo Stroessner e pela primeira-dama Eligia Mora.[11]

Alemanha Ocidental[editar | editar código-fonte]

Dulce e o Presidente Figueiredo realizaram visita à Alemanha Ocidental entre 16 e 20 de maio de 1981, a convite do Chanceler Helmut Schmidt.[12]

Os Figueiredo com os Reagan na Casa Branca, em 1982.

Peru[editar | editar código-fonte]

Em 24 de junho de 1981, o casal Figueiredo viajou ao Peru, onde foram recebidos em Lima pelo presidente Fernando Belaúnde Terry. Na ocasiao, dona Dulce usou um vestido de Clodovil Hernandes.[13]

Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

O casal Figueiredo fez viagem oficial aos Estados Unidos em 11 de maio de 1982, onde foram recebidos no dia seguinte na Casa Branca, pelo Presidente Ronald Reagan e pela primeira-dama Nancy Reagan. Foi-lhes oferecida uma cerimônia de Estado com salvas de 21 tiros.[14][15]

México[editar | editar código-fonte]

Acompanhou seu marido em visita de Estado ao México, de 26 a 29 de abril de 1983, e foram recebidos pelo Presidente Miguel de la Madrid e pela primeira-dama Paloma Cordero.[16]

Japão[editar | editar código-fonte]

Dulce esteve presente na comitiva presidencial em uma viagem oficial de Estado ao Japão, em 24 de maio de 1984, tendo sido recebidos pelo imperador Hirohito.

China[editar | editar código-fonte]

À convite do Presidente da República Popular da China, os Figueiredo chegaram na capital chinesa Pequim, em 27 de junho de 1984, onde seguiram para a Residência Oficial Diaoyutai.[17] No dia seguinte, partiram em comitiva ao Grande Palácio do Povo, onde se encontraram com o Presidente Li Xiannian e com a primeira-dama Lin Jiamei.[18]

Bolívia[editar | editar código-fonte]

Entre dos dias 7 e 9 de de fevereiro de 1984, à convite do Presidente da Bolívia Hernán Siles Zuazo, visitaram oficialmente o país sul-americano.[17]

Últimos anos[editar | editar código-fonte]

Após o falecimento de seu marido, em dezembro de 1999, Dulce passou a enfrentar dificuldades financeiras. Em março de 2001, ela organizou um leilão para vender objetos que seu finado marido recebera enquanto governava o país[19], tendo recebido críticas da imprensa. Entre os 218 objetos leiloados estavam uma escultura de caubói de bronze dada por Ronald Reagan; dois quadros de Di Cavalcanti; uma estátua portuguesa de Roque de Montpellier presenteada por Antonio Carlos Magalhães; um tinteiro trazido pelo rei Juan Carlos da Espanha; uma bandeja de prata ofertada por Augusto Pinochet; e uma caixa de charutos dada por Valéry Giscard d'Estaing. Cerca de um milhão de reais foram arrecadados,[19], e aproximadamente 82% deste valor foi destinado à Dulce Figueiredo, que, como viúva de general, recebia uma pensão de 8.865 reais.[20]

Morte[editar | editar código-fonte]

Em 6 de junho de 2011, aos oitenta e oito anos, faleceu em uma clínica de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Estava bastante debilitada em função de um câncer.[21] Seu corpo foi enterrado no mausoléu dos Figueiredos, no Cemitério do Caju.[22]

Honra[editar | editar código-fonte]

Insígma País Honra Data
Portugal Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique, concedida pelo Presidente António dos Santos Ramalho Eanes. 22 de setembro de 1981.[23]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Dulce Maria de Guimarães Castro (1923–2011) • FamilySearch
  2. Morre Dulce Figueiredo, a última primeira-dama do regime militar
  3. «Biografia de João Figueiredo». eBiografia. Consultado em 3 de agosto de 2019 
  4. FGV CPDOC - Biografia de Sílvio Santos
  5. a b https://www.folhadelondrina.com.br/geral/primeiras-damas-usam-poder-265302.html
  6. https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=138EAD04BB176D9D1829544E894EF8C4.proposicoesWeb1?codteor=1163336&filename=Dossie+-PL+4515/1984
  7. http://memoria.bn.br/pdf/030015/per030015_1980_00297.pdf
  8. http://memoria.bn.br/pdf/386030/per386030_1983_10982.pdf
  9. «Jantar do barulho». ISTOÉ Independente. 31 de janeiro de 2014. Consultado em 3 de agosto de 2019 
  10. «Com Marcela, golpistas recolocam a mulher no lugar que o machismo sempre lhe reservou: o de primeira-dama assistencialista». Socialista Morena. 5 de outubro de 2016. Consultado em 3 de agosto de 2019 
  11. http://www.funag.gov.br/chdd/images/Resenhas/RPEB_25_abr_mai_jun_1980.pdf
  12. http://www.funag.gov.br/chdd/images/Resenhas/RPEB_29_abr_mai_jun_1981.pdf
  13. Manchete - Amizade peruana emociona Figueiredo - ano 1981
  14. «Diary Entry - 05/12/1982 | The Ronald Reagan Presidential Foundation & Institute». www.reaganfoundation.org. Consultado em 3 de setembro de 2019 
  15. «51282a | Ronald Reagan Presidential Library - National Archives and Records Administration». www.reaganlibrary.gov. Consultado em 3 de setembro de 2019 
  16. http://www.funag.gov.br/chdd/images/Resenhas/RPEB_37_abr_mai_jun_1983.pdf
  17. a b http://www.funag.gov.br/chdd/images/Resenhas/RPEB_40_jan_fev_mar_1984.pdf
  18. «Visita do Figueiredo à República Popular da China - maio 1984. — Biblioteca». www.biblioteca.presidencia.gov.br. Consultado em 3 de setembro de 2019 
  19. a b Gaspari, Elio (2016). A Ditadura Acabada. Rio de Janeiro: Intrínseca. p. 321. ISBN 9788580579154 
  20. «Quem dá mais pela História? (Revista Época)». Consultado em 1 de julho de 2008. Arquivado do original em 24 de julho de 2008 
  21. Ex-primeira dama Dulce Figueiredo morre no Rio aos 83 anos
  22. Morre aos 83 anos a ex-primeira-dama Dulce Figueiredo
  23. «Cidadãos Estrangeiras Agraciados com Ordens Nacionais». Resultado da busca de "Dulce Maria de Castro Figueiredo". Presidência da República Portuguesa (Ordens Honoríficas Portuguesas). Consultado em 1 de março de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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