Guerra Austro-Prussiana
A Guerra Austro-Prussiana[2] foi travada pelo Império Austríaco e pelo Reino da Prússia em 1866 e resultou no domínio prussiano sobre territórios germânicos. Na Alemanha e na Áustria ela é conhecida como Deutscher Krieg ("Guerra Alemã") ou Bruderkrieg ("Guerra de Irmãos"). Na Itália, chama-se Terza guerra di independenza italiana ("Terceira guerra de independência italiana"), pois resultou na anexação do Vêneto ao Reino de Itália, que havia se aliado à Prússia contra o Império Austríaco.
Antecedentes e causas
[editar | editar código-fonte]Por séculos, os imperadores do Sacro Império Romano-Germânico governavam nominalmente os estados alemães, mas os nobres poderosos mantinham uma independência de fato com auxílio externo, particularmente da França. O Reino da Prússia se tornou o mais poderoso desses Estados, e, já no século XIX, era considerada uma das grande potências da Europa.
Após o fim das Guerras Napoleônicas, em 1815, a influência francesa sobre os estados alemães era fraca e ideais nacionalistas espalharam-se pela Europa. Muitos observadores perceberam que as condições para a unificação da Alemanha estavam em desenvolvimento, e duas concepções de unificação se desenvolveram. Um delas era a Grande Alemanha, que incluiria o império multinacional da Áustria. A outra, preferida pela Prússia, era a Pequena Alemanha, que excluía a Áustria.
O junker (nobre prussiano) Otto von Bismarck tornou-se primeiro ministro da Prússia em 1862 e começou imediatamente uma política focalizada na unificação da Alemanha como uma Pequena Alemanha sob controle prussiano. Tendo aumentado a consciência nacional alemã, convencendo a Áustria a unir-se a ele na Guerra dos Ducados do Elba (também conhecida como Guerra Dinamarquesa ou Segunda Guerra do Eslésvico), Bismarck provocou um conflito pela administração das províncias conquistadas de Eslésvico e Holsácia, que fora acertada na Convenção de Gastein. A Áustria declarou guerra à Prússia e conclamou os exércitos dos estados alemães menores para juntarem-se a ela.
As alianças
[editar | editar código-fonte]A maioria dos Estados alemães uniu-se à Áustria, contra a Prússia, percebida como a agressora. Dentre esses Estados estavam a Reino da Saxônia, Bavária, Baden, Vurtemberga, Hanôver, Hesse-Cassel, Hesse-Darmstádio e Nassau. Alguns estados setentrionais juntaram-se à Prússia, particularmente Ducado de Oldemburgo, Meclemburgo-Schwerin, Meclemburgo-Strelitz, e Ducado de Brunsvique. O Reino de Itália, recém constituído, também se juntou à Prússia, porque a Áustria ainda ocupava o território do Vêneto, que os irredentistas italianos queriam para completar a unificação da Itália.
Notavelmente, as outras potências estrangeiras abstiveram-se da guerra. O imperador francês Napoleão III, que esperava uma vitória austríaca, preferiu ficar de fora do conflito para fortalecer sua posição de negociação pelo território ao longo do Reno, enquanto que o Império Russo ainda guardava ressentimentos contra a Áustria por conta da Guerra da Crimeia.
Alianças da Guerra Austro-Prussiana (1866) | ||
Prússia | Império Austríaco | Neutros |
Reino da Itália |
Baviera |
Limburgo |
Territórios Disputados |
Curso da guerra
[editar | editar código-fonte]A principal campanha da guerra ocorreu na Boêmia. A decisiva vitória prussiana sobre a Áustria na Batalha de Königgrätz (3 de julho de 1866) destruiu o exército austríaco e forçou Viena a propor a paz.
Os austríacos tiveram melhor sorte na guerra com a Itália, derrotando-a em terra na Batalha de Custoza (24 de junho) e no mar na Batalha de Lissa (20 de julho). Os "Caçadores dos Alpes", de Garibaldi, invadiram o Tirol Meridional (atual Trentino) na Batalha de Bezzecca, em 21 de julho, e avançaram na direção de Trento, sem todavia tomar a cidade.
Resultados
[editar | editar código-fonte]Encerradas as hostilidades, a Áustria cedeu a Venécia (correspondente às atuais regiões italianas do Vêneto e do Friul-Veneza Júlia) ao Reino de Itália (com a mediação da França).
O Tratado de Paz de Praga, de 23 de agosto de 1866, determinou a dissolução da Liga Alemã, a anexação de Schleswig-Holstein, Hanôver, Hesse-Cassel, Nassau e Frankfurt ao Reino da Prússia e a exclusão do Império Austríaco dos assuntos alemães.
A guerra tornou a Prússia a potência hegemônica na Alemanha e com ascendência sobre os estados alemães menores, que se veriam compelidos a aliarem-se aos prussianos na Guerra Franco-Prussiana de 1870 e a aceitar a coroação de Guilherme I como Kaiser de uma Alemanha unificada, em 1871. A Guerra dos Ducados do Elba e a Guerra Austro-Prussiana podem ser vistas, portanto, como as primeiras grandes manobras de Bismarck para atingir a sua meta de unificar a Alemanha sob controle do Reino da Prússia.