Rabo-branco-do-rupunúni

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Rabo-branco-do-rupunúni
P. rupurumii no Parque Nacional de Anavilhanas, em Novo Airão
CITES Appendix II (CITES)[2]
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Apodiformes
Família: Trochilidae
Gênero: Phaethornis
Espécies:
P. rupurumii
Nome binomial
Phaethornis rupurumii
(Boucard, 1892)
Sinónimos

Phaethornis squalidus rupurumii (Boucard, 1892)

O rabo-branco-do-rupunúni,[3] conhecido também por nomes de eremita-do-rupunúni[4] ou, ainda, rabo-branco-do-rio-rupunúni[5] (nome científico: Phaethornis rupurumii), é uma espécie de ave apodiforme pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores. É um dos mais de vinte representantes do gênero Phaethornis, conhecido popularmente como rabos-brancos, que pertence à subfamília dos fetornitíneos.[6] Pode ser encontrado endemicamente ao norte do território sul-americano, desde a Guiana ocidental, seguindo constantemente ao centro-sul venezuelano e, mais ao oeste, ao sul da Colômbia e, pelo leste, no bioma amazônico ao norte brasileiro, principalmente na região que lhe oferece seu nome, onde flui o rio homônimo, entre o nível do mar e 500 metros acima do solo.[7][8]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome do gênero deriva de uma amálgama de dois termos do idioma grego antigo φᾰέθων, phaéthōn, que significa literalmente "radiante, brilhante", derivado de um outro termo do mesmo idioma, se tratando de um adjetivamento do verbo φᾰέθω, phaéthō, que significa "eu brilho, eu radio"; adicionado do sufixo -ornis, derivado do grego antigo ὄρνις, órnis, significando literalmente algo como "ave, pássaro".[9] Esta primeira parte do nome também denomina um gênero de aves conhecidas como rabos-de-palha, que, assim como os beija-flores, também pertencem à uma família própria. Seu sufixo também pode ser muitas vezes encontrado na ornitologia, ou, embora menos comumente, mastozoologia, denominando qualquer tipo de pássaro com alguma característica marcante, como nos beija-flores Lampornis, os psittaciformes Agapornis ou na infraordem de fósseis Ornithopoda.[10][11] Seu descritor específico, por sua vez, rupurumii, se trata, caracteristicamente, de uma latinização ou romanização da denominação pelo qual a região onde a espécie principal e suas subespécies estão distribuídas, que se tornou conhecida pelo nome de Rupununi por influência dos indígenas macuxi, que habitam a região. O nome também denomina um grande curso d'água que banha o território, por onde pode ser encontrado uma espécie de anatídeo abundante, conhecida como marreca-cabocla,[12] que ofereceu nome à região, ao rio e, indiretamente, ao rabo-branco-do-rio-rupunúni. Sua única subespécie, que seria denominada de Phaethornis rupurumii amazonicus, apresenta um nome derivado do latim científico, significando literalmente "amazônico, aquele ou aquilo que vem da amazônia".[13]

Seu nome na língua portuguesa varia de acordo com a região e dialeto predominante da localidade em que se encontra.[3][4][5] No português brasileiro, onde se distribui mais ao sul e sudeste do país, este denomina-se como rabo-branco-do-rupunúni, na maioria das localidades, com sua variante rabo-branco-do-rio-rupunúni sendo menos difundida e recebendo menor reconhecimento. Ambas as denominações comuns se iniciam pelo termo "rabo-branco", um nome genérico para qualquer uma das mais de vinte espécies reconhecidas, que se caracterizam pela plumagem mais clara que se encontra no uropígio e nas coberteiras infracaudais e superiores;[3] com isso, um outro termo presente no nome vernáculo se trata de um adjetivo que descreve seu comprimento diminuto, sendo uma das menores espécies. Por sua vez, o nome na variante europeia da língua portuguesa, difere notavelmente das duas anteriores, eremita-do-rupunúni, onde a primeira palavra constituinte do termo se trata de um termo genérico para a subfamília dos fetornitíneos, que são conhecidos popularmente como "beija-flores eremitas"; adicionado do termo "rupununi" se referindo, assim como seus relativos brasileiros, à região amazônica habitada pelos indígenas macuxi e banhada pelo rio onde se encontra a marreca-cabocla.[4][14][15] Ainda, são comuns variantes sem o acento agudo.[5]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Geralmente, os rabos-brancos-do-rupununi possuem uma média de tamanho que inicia aos 10 até os 12,1 centímetros de comprimento, com a massa corporal variando entre 2.5 aos 3 gramas de peso. A espécie se trata de um beija-flor de tamanho mediano, ainda, são extremamente ao serem comparados com outra espécie anteriormente considerada coespecífica, os rabos-brancos-pequenos. Apresenta uma plumagem geralmente amarronzada, esverdeada principalmente nas escápulas, além de partes inferiores castanhas-acinzentadas. Possui alta quantidade de melanina na face, aparentando usar uma máscara, além de uma listra supraciliar e outra no osso zigomático, que são brancos. Possui, ainda, uma garganta bem escura, de padrões listrados. Ambos os sexos são semelhantes, o que evidencia um baixo dimorfismo sexual.[16]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Uma subespeciação, nominal, de rabo-branco-do-rio-rupunúni pode ser encontrada desde o extremo leste no departamento de Vichada, que se localiza ao leste da Colômbia, seguindo até a região central e leste da Venezuela e oeste da Guiana e, depois, até o norte do estado brasileiro de Roraima. Por sua vez, outra raça, P. r. amazonicus, se distribui desde o centro-norte do Brasil, ao longo do rio Amazonas e rio Negro oriental. Esta espécie habita sub-bosques pelas bordas das florestas tropicais e no interior da floresta de várzea. Também habitando paisagens mais secas e abertas, como florestas semidecíduas e de galeria, cerrados, ilhas fluviais e florestas secundárias. É, geralmente, uma espécie de baixa altitude, porém, pode atingir os 500 metros acima do nível do mar, na Venezuela e na Guiana.[16]

Sistemática e taxonomia[editar | editar código-fonte]

O rabo-branco-pequeno (Phaethornis squalidus) era, por vezes, incluído dentro desta espécie, atualmente conhecida como rabo-branco-do-rupunúni, porém, devido à algumas diferenças na distribuição geográfica e padrões morfológicos, esta espécie, nos dias atuais, é classificada como espécie separada. Possui duas subespécies reconhecidas, onde, por se distribuírem separadamente, esta última pode ser reconhecida como espécie distinta.[17][18][19][20][7][8]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

Movimentação[editar | editar código-fonte]

Presumivelmente, os rabos-brancos-pequenos se tratam de uma espécie sedentária, não realizando nenhum tipo de migração.[16]

Alimentação[editar | editar código-fonte]

Os rabos-brancos-pequenos se alimentam do néctar adquirido através das flores e, menos frequentemente, de pequenos insetos e outros artrópodes. Não existem detalhes publicados de sua dieta e técnicas de forrageamento.[16]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Sua fenologia reprodutiva não foi documentada, não se conhecendo sobre seus hábitos de reprodução ou nidificação.[16]

Vocalização[editar | editar código-fonte]

As vocalizações do rabo-branco-do-rupunúni são "um incessante 'tsi tsi jéb dé tsi tsi jéb dé' ou um 'eesee-eesee-eesee, eesee-eesee-eesee-swur'", normalmente vocalizando de um poleiro próximo ao solo.[16]

Estado de conservação[editar | editar código-fonte]

A União Internacional para a Conservação da Natureza avalia rabo-branco-do-rupunúni como espécie "pouco preocupante", embora o tamanho e a tendência de sua populações sejam desconhecidos. Nenhuma ameaça imediata ao seu habitat foi identificada.[1] É considerado incomum a bastante comum e é encontrado em um número significativo de áreas protegidas, incluindo o Parque Nacional de Anavilhanas, especificamente em Novo Airão, no estado do Amazonas.[21]

Referências

  1. a b BirdLife International (2016). «Streak-throated Hermit Phaethornis rupurumii». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T22733918A95069295. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22733918A95069295.enAcessível livremente. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  2. «Appendices | CITES». cites.org. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  3. a b c Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 111. ISSN 1830-7809. Consultado em 6 de fevereiro de 2023 
  4. a b c Alves, Paulo; Elias, Gonçalo; Frade, José; Nicolau, Pedro; Pereira, João, eds. (2019). «Trochilidae». Nomes das Aves PT. Lista dos Nomes Portugueses. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  5. a b c Lepage, Denis; Elias, Gonçalo (2003). «Phaethornis rupurumii (rabo-branco-do-rupunúni)». Avibase: The World Bird Database. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  6. «2021 eBird Taxonomy Update - eBird Science». eBird Science. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  7. a b Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (27 de janeiro de 2023). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 13.1 ed. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  8. a b Pacheco, José Fernando; Silveira, Luís Fábio; Aleixo, Alexandre; Agne, Carlos Eduardo; Bencke, Glayson A.; Bravo, Gustavo A.; Brito, Guilherme R. R.; Cohn-Haft, Mario; Maurício, Giovanni Nachtigall (junho de 2021). «Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee—second edition». Ornithology Research (2): 94–105. ISSN 2662-673X. doi:10.1007/s43388-021-00058-x. Consultado em 29 de agosto de 2022 
  9. Liddell, Henry George; Scott, Robert (1940). «Φαέθων». A Greek-English Lexicon. Perseus Digital Library. Consultado em 24 de janeiro de 2023 – via Perseus Digital Library 
  10. Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 23 de dezembro de 2022 
  11. Liddell, Henry George; Scott, Robert (1889). «ὄρνις». An Intermediate Greek–English Lexicon. Nova Iorque: Harper & Brothers. Consultado em 27 de janeiro de 2023 – via Perseus Digital Library 
  12. Watkins, Graham; Oxford, Pete; Bish, Renee (1 de novembro de 2010). Rupununi: Rediscovering a Lost World. China: Earth in Focus Editions. p. 5. ISBN 978-0-9841686-4-4 
  13. Infopédia (2022). «amazônica». Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa. Porto: Porto Editora. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  14. McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Dudley, R.; Altshuler, Douglas L. (1 de janeiro de 2009). «A higher-level taxonomy for hummingbirds». Journal of Ornithology (em inglês) (1): 155–165. ISSN 2193-7206. doi:10.1007/s10336-008-0330-x. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  15. Bleiweiss, R.; Kirsch, J. A.; Matheus, J. C. (1 de março de 1997). «DNA hybridization evidence for the principal lineages of hummingbirds (Aves:Trochilidae)». Molecular Biology and Evolution (3): 325–343. ISSN 0737-4038. doi:10.1093/oxfordjournals.molbev.a025767. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  16. a b c d e f Hinkelmann, Christoph; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2020). «Streak-throated Hermit (Phaethornis rupurumii), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.stther1.01. Consultado em 11 de fevereiro de 2023 
  17. Monroe, Burt L. (1993). A world checklist of birds. Charles G. Sibley. New Haven: Yale University Press. OCLC 611551988 
  18. Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  19. BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  20. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  21. Laranjeiras, Thiago Orsi (junho de 2019). «Padrões geográficos e conservação de aves nos habitats criados por rios na Amazônia» (PDF). Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Programa de pós-graduação em Biologia (Ecologia). Consultado em 11 de fevereiro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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