Tibério Cláudio Pompeiano

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Busto de Tibério Cláudio Pompeiano no Museo Archeologico Nazionale de Veneza.

Tibério Cláudio Pompeiano (em latim: Tiberius Claudius Pompeianus[1]; c. 125193 (68 anos)) foi um político e comandante militar romano da gente Cláudia. Um general do imperador Marco Aurélio, Pompeiano se destacou nas guerras de Roma contra os partas e marcomanos. Ele era membro da família imperial por conta de seu casamento com Lucila, filha de Marco Aurélio, e foi uma figura chave durante o reinado dele. Pompeiano recebeu ofertas para assumir o trono por três vezes, mas se recusou a aceitá-las.

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Um nativo de Antioquia, na Síria romana, Pompeiano teve uma origem relativamente humilde. Seu pai, Tibério Cláudio Quintiano, era um equestre[2] e sua família só recebeu a cidadania romana na época do imperador Cláudio (r. 41-54). O próprio Pompeiano era um homem novo, o primeiro de sua família a chegar ao Senado.

A maior parte da história dos primeiros anos de Pompeiano se perdeu. Sabe-se que ele participou da Guerra romano-parta de 161-166 sob o comando do imperador Lúcio Vero, provavelmente como comandante legionário. Em algum momento antes desta campanha Pompeiano foi elevado ao status de senador. Ele serviu com distinção durante a guerra, o que lhe valeu uma nomeação de cônsul sufecto em 162.[3]

Guerras marcomanas[editar | editar código-fonte]

Um dos painéis em alto-relevo do antigo Arco de Marco Aurélio conhecido como "Submissão dos Germânicos". O imperador Marco Aurélio aparece montado a cavalo ladeado por Tibério Cláudio Pompeiano, seu comandante militar.
Ver artigo principal: Guerras marcomanas

Depois da campanha parta, o imperador Marco Aurélio nomeou-o governador militar da Panônia Inferior, na fronteira norte do Império junto ao Danúbio,[4][5] provavelmente servindo na função entre 164 e 168. No final de 166 ou começo de 167, uma força de 6 000 lombardos invadiu a Panônia. Pompeiano derrotou os invasores com facilidade, mas percebeu que esta invasão era apenas a primeira de uma onda migratória muito maior.[6]

No final de 167, os marcomanos invadiram o Império também pela Panônia. Os co-imperadores Marco Aurélio e Lúcio Vero planejaram uma expedição punitiva para expulsá-los de volta para a outra margem do Danúbio, mas, por causa dos efeitos da devastadora Peste Antonina, a expedição foi adiada até o início de 168. Auxiliados por Pompeiano, os dois imperadores conseguiram forçar o recuo dos marcomanos. A habilidade militar de Pompeiano lhe valeram a confiança de Marco Aurélio e Pompeiano rapidamente se tornou um dos conselheiros mais próximos do imperador.

Quando os dois co-imperadores retornavam para seus acampamentos de inverno em Aquileia, Lúcio Vero caiu enfermo e faleceu em janeiro de 169. Depois da morte dele, Marco Aurélio arranjou o casamento de sua filha Lucila, viúva de Lúcio Vero, com Pompeiano.[2][7] Como genro do imperador, Pompeiano se tornou membro da dinastia nerva-antonina. Marco Aurélio lhe ofereceu o título de césar, o que o marcaria como herdeiro aparente, mas Pompeiano recusou. Ao invés disto, ele foi promovido e passou a atual como principal general romano nas Guerras marcomanas. Sob sua liderança, o senador exilado e antigo companheiro da campanha parta Pertinax foi reconvocado e se juntou ao staff de Pompeiano.

As vitórias de Pompeiano durante as Guerras marcomanas acrescentaram ainda mais à sua já grande reputação e Marco Aurélio lhe conferiu um segundo consulado em 173.[7][8][9] Ele participou de várias outras campanhas militares na região do Danúbio e ainda estava na região quando Marco Aurélio faleceu em 17 de março de 180.[10]

Cômodo[editar | editar código-fonte]

O filho de dezoito anos de Marco Aurélio, Cômodo, cunhado de Pompeiano, foi proclamado imperador. Pompeiano tentou convencer o novo imperador a permanecer na fronteira do Danúbio até a conquista final dos marcomanos, mas Cômodo se recusou e retornou para Roma no outono de 180.[11][12]

A relação entre o jovem imperador e seu mais experiente general rapidamente se deteriorou. Em 182, Lucila, esposa de Pompeiano e irmã de Cômodo, organizou uma fracassada tentativa de assassinato contra o imperador. Cômodo executou Lucila e outros membros da família dela, mas como Pompeiano não participou da conspiração ele acabou sendo poupado.[13][14] Depois da conspiração, Pompeiano se retirou da vida pública alegando idade avançada e foi morar em suas terras na Itália. Ele passou a maior parte do restante de sua vida longe de Roma, alegando velhice e uma doença nos olhos como desculpa.[15]

Últimos anos[editar | editar código-fonte]

Cômodo foi assassinado em 192 por membros de sua própria Guarda Pretoriana. Pompeiano voltou para Roma logo em seguida e reassumiu seu posto no Senado.[15] Pertinax, que era o prefeito urbano na época, ofereceu o trono a Pompeiano, mas ele declinou a oferta.[16] A Guarda Pretoriana então proclamou o próprio Pertinax imperador, mas ele foi assassinado apenas 87 dias depois por tentar impor ordem a esta unidade que já havia muito tempo se comportava como desejava. O senador Dídio Juliano, depois de conseguir o trono subornando os pretorianos, teve dificuldade de conseguir apoio entre as tropas do exército romano. Numa tentativa desesperada de salvar sua vida, Juliano pediu que Pompeiano se tornasse co-imperador com ele, mas a oferta foi novamente recusada. Pompeiano mais uma vez alegou idade avançada e problemas de visão. Juliano acabou sendo executado por ordem de Sétimo Severo depois de governar por apenas 66 dias.[17]

Pompeiano aparentemente faleceu em algum momento em 193. Seus filhos sobreviveram e prosperaram como membros de uma importante família: eram todos netos de Marco Aurélio. O prestígio, porém, era perigoso, pois a nova dinastia severa poderia facilmente identificá-los como uma ameaça. Lúcio Aurélio Cômodo Pompeiano, filho de Pompeiano, foi cônsul em 209, mas acabou assassinado por ordem de Caracala.[18] Outros descendentes seriam cônsules em 231 e 241.[19]

Cultura popular[editar | editar código-fonte]

Máximo Décimo Merídio, o personagem de Russell Crowe em "Gladiador" (2000) é levemente baseado em Pompeiano.

Árvore genealógica[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Cônsul do Império Romano
Precedido por:
Marco Aurélio III

com Lúcio Vero II
com Marco Ânio Libão

Júnio Rústico
162

com Lúcio Tício Pláucio Aquilino
com Tibério Cláudio Paulino (suf.)
com Tibério Cláudio Pompeiano (suf.)

Sucedido por:
Marco Pôncio Leliano

com A. Júnio Pastor

Precedido por:
Sérvio Calpúrnio Cipião Órfito

com Sexto Quintílio Máximo

Cneu Cláudio Severo
173

com Tibério Cláudio Pompeiano

Sucedido por:
Lúcio Aurélio Galo

com Quinto Volúsio Flaco Corneliano


Referências

  1. PIR, s. v. Claudius, no. 973, Volume 2
  2. a b História Augusta, Marco Aurélio, 20, 6-7
  3. W. Eck, A. Pangerl, "Eine neue Bürgerrechtskonstitution für die Truppen von Pannonia inferior aus dem Jahr 162 mit einem neuen Konsulnpaar", Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik, 173 (2010), pp. 223-236
  4. CIL XVI, 00123
  5. Pflaum 1961, p. 32
  6. Dião Cássio, História Romana 72.3.2
  7. a b Geoff W. Adams The Emperor Commodus: Gladiator, Hercules Or a Tyrant? p.111
  8. História Augusta, Avídio Cássio 11.8-12.2
  9. CIL IX, 04970 e CIL XI, 7555
  10. CIL III, 6176
  11. Herodiano, História Romana 1.6.4-7.
  12. Michael Grant, The Antonines: The Roman Empire in Transition, pp. 64-65.
  13. Herodiano, História Romana 1.8.3-4.
  14. Michael Grant, The Antonines: The Roman Empire in Transition, pp. 69-70.
  15. a b Dião Cássio, História Romana 74.3.
  16. História Augusta, Pertinax, 4, 10
  17. História Augusta, Dídio Juliano, 9, 3
  18. Mennen, Power and Status in the Roman Empire, AD 193-284, 2011, p. 107
  19. Pflaum, Hans-Georg (1961), «Les gendres de Marc Aurèle», Journal des Savants (em francês): 33 

Inscrições[editar | editar código-fonte]