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Rebelião em Shaanxi e em Gansu[editar código-fonte]

No Século XVIII, vários clérigos muçulmanos de Gansu foram estudar em Meca e no Iêmen. Duas escolas diferentes de sufismo foram trazidas para o noroeste da China por viajantes: Khafiya (também conhecida como Antigo Ensino) e Jahriya, também conhecida como Novo Ensino. Estas coexistiram com as práticas sunitas não sufistas, centrada em mesquitas locais e conhecidas como gedimu. A escola Khafiya e a tradição gedimu eram toleradas pela Dinastia Qing, situação que não se aplicava aos adeptos da escola Jahriya, que eram considerados suspeitos.

Entre 1781 e 1783, atitudes anti-muçulmanas de representantes da Dinastia Qing, resultaram em tentativas de revoltas entre os seguidores do Novo Ensino, que foram imediatamente reprimidas.

Na primavera de 1862, a Rebelião Taiping aproximou-se do sudeste de Shaanxi, e por isso, a Dinastia Qing incentivou os integrantes da etnia Han a formar milícias para evitar um avanço da Rebelião Taiping sobre a região. Nesse contexto, os muçulmanos da região se sentiram ameaçados pela formação das milícias Han e formaram suas próprias milícias.

Foi nesse contexto explosivo que a rebelião muçulmana teve início, não como uma revolta planejada com um objetivo definido centralmente, mas como uma série de brigas locais e motins desencadeados por causas aparentemente triviais. A rebelião começou na primavera de 1862 no vale do Rio Wei e conseguiu se espalhar rapidamente por todo o sudeste de Shaanxi. No final de junho de 1862, os combatentes muçulmanos, já mais organizados, conseguiram cercar Xi'an. Tal cerco durou até o outono de 1863, quando foi desfeito por tropas do General Dolongga da Dinastia Qing.

Depois da derrota no Cerco de Xi'an, um grande número de refugiados muçulmanos de Shaanxi fugiu para o leste de Gansu, onde formaram os "Dezoito Grandes Batalhões", com a intenção de reconquistar suas terras em Shaanxi.

No momento posterior da luta, os rebeldes Hui conseguiram tomar Gansu e Shaanxi, e, em um movimento paralelo, Yaqub Beg, que tinha fugido do Canato de Kokand em 1865 ou 1866, depois de ser derrotado em Tashkent pelo Império Russo, estabeleceu-se como o governante em Kashgar, e conseguiu estabelecer seu regime por toda o território de Xinjiang.

Em 1867, a Dinastia Qing designou Zuo Zongtang, que havia de destacado na luta contra a Rebelião Taiping para governar Shaanxi, no entanto, antes de combater a rebelião muçulmana, suas forças foram requisitadas para ajudar a acabar com a Rebelião Nien, e somente em dezembro de 1868 pode iniciar o combate aos rebeldes islâmicos. Além de combater os rebeldes, Zuo, com o apoio financeiro do governo central, tomou medidas para recuperar a economia da região, promovendo a agricultura, especialmente de algodão e de grãos. Além disso, promoveu a educação confucionista ortodoxa.

Após a supressão da rebelião em Shaanxi e contar com reservas de grãos suficientes para alimentar seu exército, Zuo iniciou uma campanha contra Ma Hualong em Jinjibao, também conhecida como Jinjipu[1], no nordeste de Gansu, que contou inclusive com Canhões Krupp.

Em janeiro de 1871, após suportar dezesseis meses de cerco, Ma Hualong se rendeu, e foi condenado à morte juntamente com oitenta anos de seus seguidores mais destacados. Milhares de muçulmanos fugiram para diferentes partes da China.

Depois Zuo iniciou uma campanha contra Linxia, que era o principal ponto de concentração de Huis no oeste de Lanzhou e um ponto-chave na rota de comércio entre as Províncias de Gansu e do Tibete. Linxia foi defendida pelas forças muçulmanas da Ma Zhan'ao, que era um adepto da Khafiya, e, portanto, mais disposto a uma coexistência pacífica com a Dinastia Qing.

Em 1872, Ma Zhan'ao, depois de repelir uma primeira investida de Zuo contra Linxia, conseguiu obter um acordo de paz com a Dinastia Qing, que conseguiu preservar a hegemonia islâmica na localidade.

Em decorrência do acordo de paz, muitos dos muçulmanos de Linxia passaram a compor as forças de de Zuo, que planejava seguir para o oeste, por meio do Corredor de Hexi até Xinjiang. No entanto, ele entendeu ser necessário, antes de seguir até Xinjiang, proteger seu flanco esquerdo, por meio da tomada de Xining, que além de contar com uma grande comunidade muçulmana nativa, abrigava muitos refugiados muçulmanos oriundos de Shaanxi. No final do outono de 1872, depois de três meses de resistência, a cidade foi tomada por Zuo. Ma Guiyuan, o líder local dos muçulmanos, foi capturado, milhares de combatentes derrotados foram executados. A população muçulmana de Xining foi poupado, no entanto, os refugiados oriundos de Shaanxi buscaram refúgio em outras terras aráveis no leste e no sul de Gansu, isoladas de outras áreas habitadas por muçulmanos.

Apesar das repetidas ofertas de anistia, muitos muçulmanos resistiram no último reduto em Gansu Suzhou (atualmente conhecida como Jiuquan), que está situada no Corredor de Hexi na porção ocidental da Província de Gansu. A defesa da cidade foi comandada por Was My Wenlu, que antes havia lutado em Xining. Muitos dos refugiados oriundos de Shaanxi também lutaram.

Esse último ponto de resistência foi sitiado em setembro 1873 por um exército de 15.000 homens. O armamento dos revoltosos era inferior ao do exército imperial e cidade caiu em 24 de outubro. Foram executados 7.000 muçulmanos, e os sobreviventes foram reassentados no sul de Gansu. A presença de comunidades muçulmanas foi proibida no trecho do Corredor de Hexi compreendido entre Dunhuang e Lanzhou, impedindo uma possível futura aliança entre os muçulmanos de Gansu e Shaanxi e os de Xinjiang.

Rebelião em Xinjiang[editar código-fonte]

A foz do Rio Ili está situada no Lago Balcache.
Mapa da região da Bacia do Tarim.
Existem variantes terrestres da Rota da Seda que passam ao sul e ao norte do Deserto de Taklamakan.
Mapa do relevo da região que mostra "Dsungarei" entre "Altai" e "Tienschan" e o Mar "Balchasch" a oeste.
Mapa que apresenta a divisão de Xinjiang em três regiões: ao norte Dzungaria (em amarelo), ao sul a Bacia do Tarim (em azul) e ao leste a Depressão de Turpan (em vermelho).

Precedentes[editar código-fonte]

Por volta de 1860, a Província de Xinjiang estava completando um século sob o domínio da Dinastia Qing. A Província era divida em três partes: Tian Shan Bei Lu, ao norte de Tian Shan, que incluía a Bacia Hidrográfica do Rio Ili e Dzungaria; Tian Shan Nan Lu, ao sul de Tian Shan, que incluía as cidades de Khotan, Yarkand, Yangihissar[2], Kashgar[3], Ush, Aqsu, Kucha e Karashahr[4] na Bacia do Tarim; e Donglu, situada mais ao leste que tinha Urumqi como cidade central. O poder militar sobre essas três sub-regiões tinha como centro Huiyuan Cheng, no Vale do Rio Ili. Huiyuan Cheng também era o centro do governo civil de Tian Shan Beilu e Tian Shan Nanlu, enquanto que o centro do governo civil de Donglu estava na Província de Gansu.

Com o objetivo de impedir novas incursões oriundas de Kokand contra a região de Kashgar, tais como as que ocorreram, na década de 1820, liderada por Jahangir Khoja, ou em 1857, liderada por Wali Khan, a Dinastia Qing aumentou o efetivo militar em Xinjiang para cerca de 50.000 homens. Havia destacamentos de soldados das etnias manchu e han, no entanto, parte dos recrutados era oriunda das províncias de Shaanxi e de Gansu e da etnia hui. Uma grande parte dos contingentes da Dinastia Qing em Xinjiang estava em nove fortificações na Região do Vale do Rio Ili, mas também havia guarnições militares da Dinastia Qing na maioria das outras cidades de Xinjiang.

O custo de manter tais contingentes era muito maior do que os tributos que a economia local poderia oferecer de forma sustentável, e, portanto, exigiu sacrifícios financeiros do governo central, que se tornaram inviáveis com os custos exigidos para combater a Rebelião Taiping (entre 1850 e 1864), além de outras rebeliões. A Dinastia Qing decidiu então elevar os impostos sobre a região de Xinjiang, o que elevou a insatisfação da população local. Apesar do aumento de tributos, os pagamentos aos soldados costumavam atrasar e o equipamento das tropas era precário.

Em 1862, com o início da rebelião em Gansu e Shaanxi, começaram a se espalhar boatos entre os huis de Xinjiang de que as autoridades da Dinastia Qing estavam preparando um ataque preventivo contra eles. Em 25 de Setembro de 1864, o Imperador Tongzhi publicou um edital no qual descreveu tais boatos como absurdos, por outro lado, o historiadores muçulmanos sustentam que houve planejamento de massacres contra huis em Xinjiang pelo governo imperial e por autoridades locais. Desse modo os huis iniciaram revoltas na maioria das cidades de Xinjiang, que tiveram adesão das etnias turcas (uigures, quirguizes e cazaques) que habitavam a região.

Em 17 de março de 1863, ocorreu o primeiro movimento da Revolta Dungan em Xinjiang, quando cerca de 200 huis da vila de Sandaohe (a poucos quilômetros a oeste de Suiding), supostamente atiçados por um rumor de um massacre de huis, atacaram o Forte de Tarchi (Taleqi Cheng), um dos Nove Fortes do Vale do Rio Ili. Os rebeldes tomaram as armas do arsenal do forte e mataram soldados da guarnição, mas foram derrotados pelas tropas do governo enviadas dos fortes vizinhos e se mataram.

Avanço Rebelde[editar código-fonte]

Na noite entre de 3 e 4 de junho de 1864, os huis de Kucha, uma das cidades do sul da Cordilheira de Tian Shan, se levantaram e receberam o apoio dos povos turcos locais. As tropas da Dinastia Qing no local se renderam em poucos dias, entregando o controle de um forte que se localizava dentro da cidade. Prédios do governo foram queimados e cerca de mil de hans e 150 mongóis foram mortos. Não havia uma liderança central da rebelião, e, por isso, o governo do local foi entregue a uma liderança religiosa que não havia participado da rebelião: Rashidin Khoja, um dervixe que era o guardião do túmulo de Arshad-al-Din, um santo local, que teria morrido em 1364 ou em 1365. Nos três anos seguintes, Rashidin enviou expedições militares a leste e a oeste, tentando obter o controle de toda a região da Bacia do Tarim, no entanto, seus planos de expansão foram frustrados por Yaqub Beg.

A notícia do Levante de Kucha se espalhou, e no dia 26 de junho de 1864, os soldados huis da guarnição de Urumqi se rebelaram. Naquele local, duas lideranças huis tiveram destaque: Tuo Ming (também conhecido como Tuo Delin), um professor oriundo de Gansu, e Suo Huanzhang, um militar com boas relações com os líderes religiosos huis. Grande parte da cidade foi destruída, os armazéns de chá foram queimados, e a fortaleza onde ficavam as tropas manchus foi sitiada. Em seguida, os rebeldes de Urumqi começaram a avançar para o oeste através em direção à atual cidade de Changji. No dia 17 de julho foi tomada a cidade de Manas (atualmente conhecida como Suilai). No dia 16 de setembro a fortaleza das tropas manchus em Urumqui se rendeu. No dia 29 de setembro foi tomada a cidade de Wusu (Qur Qarausu). No dia 3 de outubro, a fortaleza Manchu em Urumqi se rendeu para os rebeldes que receberam reforços oriundos de Kucha. Por sua vez, Pingžui o comandante daquela guarnição, preferiu explodir o restante da pólvora, matando a si mesmo e à sua família, do que se entregar, um procedimento que se repetiria em outros fortes tomados pelos rebeldes.

Com o avanço da revolta, os soldados huis em Yarkand passaram a temer que as autoridades os desarmassem ou os executasse, e se juntaram à revolta nas primeiras horas de 26 de julho de 1864, e tomaram a cidade e o forte onde estava a guarnição de soldados da etnia manchu. Ao tomarem a cidade, cerca de 7.000 chineses da etnia han foram massacrados. Os huis eram pouco numerosos, quando comparados muçulmanos de etnia turca que residiam naquela cidade, e escolheram um homem religioso da família Ghulam Husayn, uma família nobre oriunda de Cabul, para exercer o papel de padixá (governante) local.

No início do outono de 1864, os huis do Vale do Rio Ili, incentivados pelos sucessos de rebeliões iniciadas em outras partes de Xinjiang e temendo medidas repressivas preventivas por parte das autoridades locais, também também se rebelaram. A Dinastia Qing demitiu Cangcing do cargo de governador da região e o substituiu por Mingsioi, mas a medida não impediu o avanço da rebelião. No dia 10 de novembro de 1864, os huis tomaram Ningyuan (Kuldja Taranchi), o principal centro comercial da região, e iniciaram um ataque contra Huiyuan (Kuldja Manchu), o centro militar e administrativo da região. Os taranchis de Kulja (agricultores que falavam uma língua de origem turca, que se miscigenaram com os uigures) juntaram-se à rebelião, que também recebeu a adesão das outras etnias muçulmanas que habitavam a região: os cazaques e os quirguizes. Por outro lado os povos budistas da região, como os calmucos e os xibes, em sua maioria, permaneceram leais à Dinastia Qing.

Em Huiyuan, os governantes locais conseguiram repelir a ofensiva rebelde após 12 dias de intensos combates nas ruas da cidade. Um outro ataque rebelde, iniciado em 12 de dezembro de 1864, também foi repelido. Durante aquelas batalhas, as tropas da Dinastia Qing estavam completamente isoladas de Pequim, e a comunicação com a capital ocorria por intermédio do Império Russo.

No início de 1865, os líderes huis de Tacheng (Chuguchaca) convidaram as autoridades locais e nobres calmucos para um acordo de paz, mas durante o encontro, os huis tomaram o arsenal da cidade, e começaram a matar os manchus. Depois de dois dias de combates, os muçulmanos estavam no controle da cidade, enquanto os manchus estavam cercados na fortaleza. No entanto, com a ajuda dos calmucos, os manchus foram capazes de retomar a área de Tacheng.

A Dinastia Qing solicitou assistência do Império Russo contra a rebelião, por meio de G. A. Vlangali, embaixador do Império Russo em Pequim, que escreveu uma carta opinado que a "recusa completa" seria ruim para as relações entre o Império Russo e Pequim. Por outro lado, as autoridades locais em Xinjiang fizeram a mesma solicitação por meio do General Gerasim Kolapakovsky, comandante russo em Semirechye, que entendeu que uma ajuda substancial do Império Russo à Dinastia Qing contra os muçulmanos em Xinjiang poderia agravar os problemas os súditos muçulmanos do Império Russo, além disso, considerou que na hipótese de vitória da rebelião, tal ajuda dificultaria as relações com o novo Estado independente que surgiria. Nesse contexto, em 1865, o Império Russo decidiu não dar nenhuma ajuda substancial à Dinastia Qing, além de concordar em treinar soldados chineses na Sibéria e vender, a crédito, grãos para os defensores da Kuldja[5]. A principal prioridade Império Russo era evitar a propagação da rebelião para os territórios sob seu controle.

Naquele contexto, já em fevereiro de 1865, Kolpakovsky sugeriu aos seus superiores que a Rússia deveria tomar os territórios de Chuguchaca, Kuldja e Kashgar para proteger melhor os outros domínios do Império Russo, no entanto, avaliou-se que o momento não era oportuno para tal aventura.

Em abril de 1865, os rebeldes tomaram a Fortaleza de Huining, atualmente Bayandai, localizada entre Yining e Huiyuan, após três meses de cerco. Seus 8.000 defensores das etnias manchu, xibe, e solon foram massacrados.

No dia 8 de janeiro de 1866, os rebeldes tomaram a maior parte da Huiyuan. A maior parte dos moradores e da guarnição foi morta, enquanto que cerca de 700 rebeldes morreram. O Governador Mingsioi, tentou apaziguar os rebeldes levando um presente de 40 sycees de prata e quatro caixas de chá verde, oferendo a rendição em troca da garantia de suas vidas e da permissão de manter a sua lealdade à Dinastia Qing. Os huis e uigures permitiram que parte dos que se renderam em Huiyuan se estabelecessem em Yining. No entanto, os rebeldes não aceitaram a condição de Mingsioi de permanecer leal à Dinastia Qing e exigiram o reconhecimento da autoridade rebelde. Como Mingsioi rejeitou a proposta dos rebeldes, a luta continuou, até que em 3 de março, os rebeldes tomaram o restante da cidade e encontram Mingsioi e sua família mortos sob as ruínas de sua mansão.

Com a tomada da região do Vale do Rio Ili pelos rebeldes, houve uma fuga de oirates, solons e manchus para o Cazaquistão, por outro lado os sibes integraram-se ao novo regime[6].

Kashgar[editar código-fonte]

No verão de 1864, as autoridades ligadas à Dinastia Qing em Kashgar realizaram um massacre contra os contingentes militares da etnia hui naquela cidade. Embora os rebeldes tivessem tomado Yangihissar, eles, ainda que com a ajuda dos quirguizes liderados por Siddiq Beg, não conseguiram tomar o forte da guarnição da etnia manchu fora de Yangihissar e a cidade fortificada de Kashgar, cuja defesa era comandada por Qutluq Beg, um muçulmano local nomeado pela Dinastia Qing.

Nesse contexto, os rebeldes pediram ajuda ao Canato de Kokand, liderado por Alim Quli. A ajuda chegou no início de 1865, sob a forma espiritual e material. A ajuda espiritual se deu por meio do envio de Buzurg Khoja (também conhecido como Cã Buzurg), um membro da família de Afaq Khoja, cuja autoridade religiosa poderia elevar o espírito rebelde da população. Ele era um filho de Jahangir Khoja e irmão de Wali Khan Khoja. A ajuda material se deu por meio do envio de Yaqub Beg, um jovem comandante militar do Canato de Kokand, acompanhado de uma comitiva de algumas dezenas de soldados, que ficaram conhecidos como Andijanis.

Quando a ajuda chegou, os quirguizes, liderados por Siddiq Beg, já tinham tomado Kashgar, mas eles tiveram que ceder o controle da cidade para Yaqub Beg e aceitar a nova liderança da rebelião.

Yaqub Beg, que no início contava apenas com seu pequeno, mas bem disciplinado e treinado exército, conseguiu cooptar o apoio dos huis e uigures locais, e também dos quirguizes. Além disso recebeu o reforço de cerca de 200 soldados enviados pelo governante de Badakhshan. Com esses reforços, Yaqub Beg foi capaz de tomar a fortaleza da guarnição manchu da cidade chinesa de Kashgar durante 1865 e também de derrotar um força enviada por Rashidin (liderança rebelde que controlava Kucha), que estava tentando a dominar a região da Bacia do Tarim.

Em um acontecimento paralelo, em maio de 1865, o Canato de Kokand perdeu o controle de Tashkent para o Império Russo. Como resultado daquela derrota, muitos soldados do Canato (principalmente quirguizes e quipchacos) buscaram refúgio em Kashgar e se juntaram às forças de Yaqub Beg no início de setembro 1865.

Conflitos entre os rebeldes e Intervenção Russa[editar código-fonte]

Os taranchis e os huis lutaram juntos contra a Dinastia Qing, na primeira fase da revolta na Região do Rio Ili. Entretanto, depois da derrota das tropas da Dinastia Qinq, os taranchis passaram a rejeitar hegemonia dos huis, promoveram um massacre contra esses em Kuldja, estabeleceram um sultanato na região em maio de 1867 e nomearam Aila-khan (também conhecido como Abil-oghil) como o sultão, que já era considerado o "Emir dos Taranchis" desde 1865. O Império Russo temia que a rebelião avançasse para dentro de suas fronteiras, e, em 1871, depois que os taranchis atacaram o posto de guarda russo em Boro-khotszir, tiveram início as hostilidades. O exército russo capturou a Passagem Muzart e avançou para para tomar a Região do Rio Ili. Em 22 de junho (de acordo com o calendário juliano), o sultão se rendeu e a região do Rio Ili passou a ser controlada pelo Império Russo, situação que duraria até 1881, quando foi assinado o Tratado de São Petersburgo[7]

Forças uzbeques oriundas do Canato de Kokand, lideradas por Yaqub Beg, declararam uma jihad contra os rebeldes huis liderados por T'o Ming (também conhecido como Tuo Ming ou Califa Daud). Yaqub Beg empregou uma milícia composta por soldados da etnia han, liderada por Xu Xuegong, para lutar contra contra as tropas de T'o Ming, que, em 1870, foram derrotadas na Batalha de Urumqi. Yakub Beg também tomou Aksu e o restante das forças huis fugiu para o norte da Cordilheira Tian Shan.

Relações internacionais[editar código-fonte]

As relações entre Yaqub Beg e do Império Russo tiveram momentos de conflitos e momentos de acordos diplomáticos. Por outro lado, o Império Otomano e o Império Britânico reconheceram e forneceram armas para o Regime de Yaqub Beg.

Retomada de Xinjiang pela Dinastia Qing[editar código-fonte]

Após derrotar a Rebelião nas Províncias de Shaanxi e de Gansu, o General Zuo Zongtang se dirigiu com suas tropas para Xinjiang, para esmagar os rebeldes liderados por Yaqub Beg, acompanhado do General Ma Anliang e suas tropas, que, assim como seu comandante, eram da etnia hui. Além disso, havia as tropas do General Dong Fuxiang, que eram compostas por soldados da etnia han e da etnia hui; o General Liu Jintang, da etnia han, que liderava tropas daquela etnia; o General Jin Shun, da etnia Manchu, e o líder manchu Dorongga, que lideravam tropas daquela etnia.

Zuo implementou uma política conciliatória em relação aos rebeldes muçulmanos, perdoando aqueles que não se rebelaram e aqueles que se rendiam. Os que passaram a apoiar as tropas governamentais contra os outros rebeldes foram recompensados. Por outro lado, o líder manchu Dorongga promovia massacres indiscriminados contra os muçulmanos.

Outro aspecto favorável à Dinastia Qing, era a atitude tirânica e gananciosa das tropas oriundas de Kokand (andijanis), razão pela qual Zuo instruiu o General Zhang Yao para que as tropas do governo tratassem o povo com benevolência e generosidade, de modo que os muçulmanos de origem turca nativos de Xinjiang não deveria ser maltratados. Segundo Zuo, os principais alvos eram os partidários obstinados de Yaqub Beg e de Bai Yanhu.

O exército de Liu Jintang, diferentemente das forças de Jin Shun, tinha artilharia alemã moderna, e, portanto, o avanço das tropas de Liu foi mais rápido. O emprego da artilharia de Liu matou 6.000 muçulmanos em Ku-mu-ti, e forçou Bai Yanhu a fugir. Em seguida, as tropas da Dinastia Qing entraram em Ürümqi sem oposição.

Zuo Zongtang relatou que os soldados de Yaqub Beg tinham armas ocidentais modernas, mas não apresentaram grande resistência.

Em abril de 1877, Dabancheng foi destruída por forças de Liu. Muitos dos subordinados de Yaqub desertaram ou fugiram. Toksun caiu para o exército de Liu em 26 de abril.



http://netlibrary.net/articles/Muslim_Rebellion

https://sanooaung.wordpress.com/2007/12/23/our-islamic-roots-in-china/

http://www.douban.com/note/33294260/

http://www.dartmouth.edu/~qing/WEB/TSO_TSUNG-T%27ANG.html

http://ilipro.com/page/18-publication/workshop-book/workshop-book_individual%20files/3-4_Noda.pdf

http://www.cairn.info/revue-cahiers-du-monde-russe-2004-1-page-31.htm

http://uyghur.co.uk/en/geography.html

http://www.westchinatours.com/area_list/Xinjiang_292.html

http://www.tching.com/2014/02/russia-tea-love/

Ili[editar código-fonte]

A região chinesa do Vale do Rio Ili, é uma subdivisão de Xinjiang, atualmente composta por oito municípios: Yining, Huo-cheng, Nileke, Xinyuan, Gongliu, Tekesi, Zhaosu e Qapqal Sibe.

Em 1949, a população daquela região era de 462.655 de habitantes. Em julho de 1982, chegou a 1.554.281. Em 1988 era calculada em 2.067.372. Nessa área habitam diversas etnias como cazaques, uigures, os mongóis, os sibes, e outros.

História[editar código-fonte]

Depois da conquista da Bacia Dzungariana (norte de Xinjiang) e da Bacia do Tarim (Kashgaria) (sul de Xinjiang) pela Dinastia Qing, a região de Xinjiang passou a ser uma Província da China, e a região do Rio Ili ganhou maior importância, pois foi naquela região onde foi instalado o comando militar de toda a Província de Xinjiang.

A conquista do norte de Xinjiang reduziu a população local e criou condições para uma onda migratória em direção àquela região. Na região do Vale do Rio Ili foram instaladas oito guarnições militares. Nas cidades de Huiyuan e de Huining, foram instaladas guarnições do Exército Oito Bandeiras que eram compostas principalmente por soldados das etnias manchu e mongol, em Huiyuan a guarnição tinha 4.240 militares, enquanto que a guarnição de Huining tinha 2.144. Também estavam instalados em Xinjiang: 3.000 militares do Exército Verde (Lüying), composta por 1.837 mongóis chahar, 1018 sibes e 1018 das etnias solon e daur (ambas etnias tungúsicas). Além disso foram assentados 1.200 oirates em fazendas voltadas para a produção de alimentos para o Exército Bandeira (Qituns) no Vale do Rio Ili, pelo Imperador Qianlongo, entre 1764 e 1765. Além disso, foi permitido o retorno dos jasaques, torgutes nômades que haviam migrado para a região do Rio Volga, e em 1771, retornaram à região do Vale do Rio Ili.

Nesse contexto, também merece destaque a remoção de mais de 6.000 famílias de taranchis, atualmente conhecidos como uigures, para a região do Rio Ili. O deslocamento forçado de camponeses de aldeias do sul Xinjinag como Aksu e Yarkand para a região do Vale do Rio Ili teve precedentes na época do Canato Dzungariano. Pouco antes da Revolta Dungan, os taranchis foram submetidos a altos impostos. Pode-se dizer que a presença desses Taranchis, que eram muçulmanos, foi uma dos fatores que permitiu a eclosão da rebelião muçulmana na região do Rio Ili.

Pelo exposto, observa-se que, na época da Revolta Dungan havia uma sociedade diversificada na região do Rio Ili, que além dos povos acima relatados, contava com uma parte da população da etnia cazaque.

A região tinha sete cidades, sendo as mais importantes: Ningyuan (também conhecida como Ghulja, Jindingsi ou Kul'dzha em fontes russas), também denominada como Huicheng, que tinha uma grande população muçulmana, e Huiyuan que era a sede do governo.

Interesses Russos[editar código-fonte]

A partir da década de 1840, comerciantes de nacionalidade russa passaram a atuar na região do Rio Ili e em Tarbagatai (também conhecido como Chuguchak), apesar de tal atividade, nos termos do Tratado de Kyakhta, de 1727, ser permitida apenas em Nerchinsk e em Kyakhta[8]. Os comerciantes russos tinham interesse em adquirir chá preto[9] e produtos têxteis e queriam autorização para realizar suas atividades em outras localidades. Tal atividade foi legalizada por meio do Tratado de Kuldja em 1851, que permitiu a atuação de comerciantes russos no Vale do Rio Ili e em Tarbagatai, além disso permitiu a nomeação de cônsules do Império Russo nas cidades de Chuguchak e em Kuldja[10].

Em 1855, ocorreu um incêndio criminoso na zona de comércio russo em Tarbagatai, o que inviabilizou a atuação dos comerciantes russos no local. Na região do Vale do Rio Ili, também houve uma retirada de comerciantes e funcionários consulares russos em decorrência do incidente Tarbagatai. Em 1857, o cônsul russo solicitou autorização para o transporte fluvial pelo Rio Ili, mas isso foi recusado pela Dinastia Qing[11].

Em 1860, foi assinado o Tratado de Pequim, que previa o estabelecimento de uma fronteira ocidental permanente, mas em outubro de 1864, essas fronteiras foram redefinidas por meio do Tratado de Tarbagatai, que ampliou os domínios do Império Russo, que passou a contar com o Lago Zaysan e com as terras a leste do Lago Balcache, incluindo parte do Vale do Rio Ili, com o Império Russo passando a exercer soberania sobre a parte navegável desse rio[12].

A situação se agravou com a eclosão da rebelião muçulmana durante a década de 1860. Em 1866, o consulado russo em Kulja foi fechado. Nesse contexto, o Império Russo procurou estabelecer uma rota de comércio mais ao norte, que passava por Kobdo no noroeste da Mongólia.

A Revolta Dungan afetou áreas do Império Russo próximas à Xinjiang, a partir de 1865, milícias oirates cruzaram a fronteira diversas vezes, principalmente na região próxima à Tarbagatai, além disso, em 1869, a revolta se espalhou em direção à Kobdo, enquanto a Dinastia Qing ia retomando áreas controladas pelos rebeldes.

  1. consulados russos e casas comerciais em Ili e Tarbagatai fechada;
  2. interrupção do comércio na região;
  3. imigração dos derrotados para o território o Império Russo (onde atualmente fica o Cazaquistão));
  4. agitação na fronteira, com incursões de grupos armados em território do Império Russo;
  5. formação de um estado muçulmano fundamentalista no Vale do Rio Ili.

Kolpakovsky, o governador militar de Semireche, também governaria a região do Vale do Rio Ili na época da ocupação russa que teve início em 1871.

Antes da intervenção do Império Russo na Região do Rio Ili, muitos refugiados da Revolta Dungan tinham se refugiados em território russo e houve negociações entre com a Dinastia Qing para indenizações decorrentes desse fato. Uma comissão especial foi criada em Kopal na Rússia para tratar de uma solução para tais refugiados. Em 1871, 1.095 deles tinha recebido a cidadania russa, e a maioria dos outros 15.000 haviam migrado em direção à parte superior do Rio Irtysh, ao leste do Lago Zaysan.

Na primeira fase da Revolta Dungan no Vale do Rio Ili, taranchis e huis lutaram juntos contra a Dinastia Qing, cercando as tropas manchus em Mancheng (Huiyuan) até obter a sua rendição. Entretanto, depois surgiu uma disputa entre taranchis e huis, que foi vencida pelos taranchis que estabeleceram um sultanato na região em maio de 1867, e nomearam Aila-khan (também conhecido como Abil-oghil) como o sultão, que já era considerado o "Emir dos Taranchis" desde 1865.

Intervenção Russa[editar código-fonte]

O principal motivo que levou o Império Russo a intervir militarmente na região do Rio Ili para suprimir o sultanato apoiado pelos taranchis, seria a ameaça de uma expansão desse sultanato para dentro das fronteiras russas, e também a possibilidade das tropas de Yaqub Bek, que dominava a região de Kashgaria, tomassem o controle da região. No final de 1870, um líder cazaque chamado Tazabek e cerca de 1.000 famílias daquela etnia atravessaram a fronteira em direção aos domínios do sultanato e o sultão se recusou a atender um pedido do Império Russo para repatriá-los. Esse incidente foi determinante para a decisão russa de iniciar uma intervenção militar na região.

No 20 de abril de 1871, foi realizada uma reunião em São Petersburgo, com a presença do Ministro da Guerra Dmitry Alekseyevich Milyutin, e representantes dos governadores do Turquestão e da Sibéria Ocidental na qual o Império Russo decidiu que deveria intervir imediatamente na região do Rio Ili. A demanda já era apoiada por Kaufman e pelos governadores de Semipalatinsk e Semireche. Naquele contexto havia relatos de pilhagens realizadas por moradores do sultanato contra súditos do Império Russo que moravam nas fronteiras.

As tensões entre o Sultanato de Ili e a Rússia se intensificaram em 1871, quando os taranchis atacaram o posto de guarda russo em Boro-khotszir, e tiveram início as hostilidades começaram. O exército russo capturou a Passagem Muzart e avançou para para tomar a Região do Rio Ili. Em 22 de junho (de acordo com o calendário juliano), o sultão se rendeu e na região do Rio Ili passou a ser controlada pelo Império Russo. Nessa época o Império Russo comunicou à Dinastia Qing, por intermédio de Vlangal, embaixador russo em Pequim, que a intervenção ocorrera para libertar a região do Rio Ili do caos e que não tinha interesse em incorporar àquele região ao território do Império Russo. Posteriormente, o Império Russo esclareceu, numa reunião realizada em Sergiopol (atual Ayagoz), entre Boguslavsky e Rongquan, que não devolveria a região até que a Dinastia Qing estivesse em condições de reocupar e manter a ordem.

Em 1872, o Império Russo enviou Kaul'bars para concluir um tratado comercial e reconhecer a independência do regime de Yaqub Bek.

Em 1881, em decorrência do Tratado de São Petersburgo, a região foi devolvida à China pelo Império Russo, governada pela Dinastia Qing, e a fronteira entre os dois países, que existia antes da ocupação da Região do Rio Ili em 1871, foi deslocada um pouco para o leste, de modo que o território onde futuramente seria construída a cidade de Dzharkent, passou a pertencer ao Império Russo, onde se estabeleceram muitos taranchis que deixaram as porções mais ao leste da região do Rio Ili, após sua devolução à Dinastia Qing.

A Intervenção Russa como parte do Grande Jogo[editar código-fonte]

Outro aspecto determinante para a intervenção do Império Russo, foi a disputa com o Império Britânico pelo controle da Ásia Central (Grande Jogo). Uma aliança com Yaqub Bek que detinha o poder em Kashgaria, ao sul da Região do Rio Ili, passou a ser disputada pelos dois Impérios. O Governador do Turquestão realizou negociações com o regime de Yaqub Bek, que, em 1868, enviou Shadi-Mirza, como seu enviado para São Petersburgo. Por outro lado, o Império Britânico, enviou Robert Shaw (em 1868) e Thomas Douglas Forsyth (em 1870 e em 1873), como seus emissários para fazer acordos com Yaqub Bek.

O Império Russo temia um ataque de uma aliança entre Yaqub Bek e o Império Britânico, nesse contexto, havia rumores de que Yaqub Bek tentou arregimentar os huis da Região do Rio Ili para se juntar a uma aliança contra o Império Russo. O fato de Yaqub Bek antes ter lutado pelo Canato de Kokand contra o Império Russo, aumentava a percepção de risco para os russos.

[13]

Referências

  1. Ma Hualong, em castelhano, acesso em 07 de fevereiro de 2015.
  2. Essas cidades listadas de leste para oeste situam-se na variante terrestre da Rota da Seda, que passa pelo sul da Bacia do Tarim/Deserto de Taklamakan.
  3. Essa cidades que se encontra no extremo oeste da Bacia do Tarim, é o ponto de encontro entre as variantes terrestres da Rota da Seda que passam pelo norte e pelo sul da Bacia do Tarim//Deserto de Taklamakan
  4. Essas cidades listadas de leste para oeste situam-se na variante terrestre da Rota da Seda, que passa pelo sul da Bacia do Tarim/Deserto de Taklamakan.
  5. Nesse contexto também merece destaque o deslocamento de tropas do Império Russo para Borokhudzhir para evitar que cazaques fossem para a região do Vale do Rio Ili para se juntar à rebeião (cf. The Ili Region under Russian Rule (1871-1881), p. 6, em inglês, acesso em 08 de março de 2015).
  6. The Xinjiang Muslim Rebellion of 1864 and Russo-Qing Relations, p. 5, em inglês, acesso em 08 de março de 2015.
  7. The Ili Region under Russian Rule (1871-1881) p. 7, em inglês, acesso em 15 de março de 2015.
  8. Russian-Chinese Treaty of Kyakhta signed, em inglês, acesso em 1º de março de 2015.
  9. From Russia with (tea) love, em inglês, acesso em 1º de março de 2015.
  10. Treaty of Kuldja, acesso em 1º de fevereiro de 2015.
  11. Entretanto, tentativas posteriores demonstraram que o Rio Ili era inadequado para a navegação comercial fora do atual território cazaque (cf. The Ili Region under Russian Rule (1871-1881), p. 5, em inglês, acesso em 08 de março de 2015).
  12. The Great Qing's Northwestern Borders with Russia (Map), em inglês, acesso em 1º de fevereiro de 2015.
  13. The Ili Region under Russian Rule (1871-1881) p. 7, em inglês, acesso em 15 de março de 2015.


Referências