Bianca Santana

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Bianca Santana
Bianca Santana
Nascimento 23 de abril de 1984 (37 anos) SP
1984
São Paulo
Cidadania Brasil
Cônjuge Sergio Amadeu (desde 2008)
Alma mater
Ocupação jornalista, escritora e professora
Período de atividade 2005-presente

Bianca Maria Santana de Brito, mais conhecida como Bianca Santana (São Paulo, 23 de abril de 1984),[1] é uma jornalista, escritora, professora e militante feminista negra brasileira.

É autora de Continuo preta: a vida de Sueli Carneiro e Quando me descobri negra,[2] que recebeu o Prêmio Jabuti de melhor ilustração.[3]

Tem atuado como dirigente ou colaboradora de várias entidades ligadas ao movimento feminista negro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Bianca Santana nasceu e cresceu na Zona Norte de São Paulo, nos bairros de Vila Medeiros e Parque Edu Chaves. Como estudante bolsista, fez seus estudos de nível médio no Liceu de Artes e Ofícios, frequentando o curso profissionalizante de desenho aplicado à construção civil.

Em 2003, ingressou no curso de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero e no curso de ciências sociais, da Universidade de São Paulo, frequentando ambos paralelamente. No final de 2005, interrompeu a graduação em ciências sociais, passando a se dedicar apenas ao bacharelado em jornalismo, que concluiu em 2006.

Entre 2006 e 2007, foi estagiária, colaboradora e assistente editorial na Editora Ática. Em seguida, foi colaboradora e redatora do Portal Planeta Sustentável, criado pela Editora Planeta, onde permaneceu até 2009, quando foi para a Editora Moderna, a fim de trabalhar como redatora e roteirista.

Entre 2010 e 2013, foi docente do Colégio Visconde de Porto Seguro e coordenadora de tecnologia da educação e diretora de educação do Instituto Educadigital. Em 2013, no Senac de São Paulo, trabalhou como professora e consultora da área de tecnologia educacional, para a concepção e o planejamento de um repositório federado. No ano seguinte, foi coordenadora pedagógica do curso de Direitos Humanos e Tecnologias, oferecido pela ONG Ação Educativa, em parceria com a Wikimedia Foundation.

Obteve o título de mestre em Educação, pela Faculdade de Educação da USP (dissertação: Tecnologias de Informação e Comunicação na educação de Jovens e Adultos, 2012),[4] e de doutora em Ciência da Informação, pela Escola de Comunicações e Artes da mesma universidade, com a tese A escrita de si de mulheres negras: memória e resistência ao racismo (2020), trabalho que recebeu o Prêmio Tese Destaque USP - 10ª Edição.[5][6]

Ao longo de sua vida acadêmica, pesquisou recursos educacionais abertos e organizou, com Carolina Rossini e Nelson De Luca Pretto, a obra Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas.[7]

Entre 2013 e 2014, foi professora visitante do curso de pós-graduação em Jornalismo Multimídia, da FAAP. De 2014 a 2016, foi professora da Faculdade Cásper Líbero.

Entre 2016 e 2019, foi redatora da revista Cult.[8] Em 2019 e 2020, foi uma das curadoras do Festival Literário de Iguape.

Participou, como escritora convidada, da Feira do Livro de Frankfurt, em 2018, e da Feira do Livro de Buenos Aires, em 2019, ano em que também foi curadora do Festival Literário de Iguape.

No verão de 2021, foi escritora residente e professora da Escola de Português do Middlebury College, [9] em (Vermont, nos Estados Unidos.

Atualmente, é colunista da Revista Gama[10] e da revista Cult.[8]

Além das atividades profissionais, Bianca também é taróloga, conforme contou em entrevista à revista Claudia.[11]

Atuação em organizações sociais[editar | editar código-fonte]

Compõe os conselhos da ONG Artigo 19 e dos institutos Marielle Franco e Vladimir Herzog.[12]

É associada à SOF - Sempreviva Organização Feminista - e compõe os conselhos da organização Artigo 19 e dos institutos Marielle Franco[13] e Vladimir Herzog. Colaborou na articulação da Coalizão Negra por Direitos.

Entre 2013 e 2015, dirigiu a organização feminista Casa de Lua, sediada na Zona Oeste de São Paulo.[14]

Em 2015 e 2016, integrou a lista de Mulheres Inspiradoras, na área da literatura, pelo projeto feminista Think Olga.[15][16]

É ativista do movimento negro e do movimento feminista, sendo associada da SOF – Sempreviva Organização Feminista.[17] Colabora com a Coalizão Negra por Direitos, entidade que atualmente reúne mais de 200 entidades de movimento negro de todo o Brasil,[18] tendo sido uma das representantes dessa organização [19][20] na UNEafro Brasil.

Atualmente, Bianca Santana dirige a Casa Sueli Carneiro, uma organização da sociedade civil que está transformando a casa, onde a filósofa Sueli Carneiro viveu por 40 anos, em um centro de formação e memória do movimento negro. Ali, Bianca Santana ministra o curso Fazedoras de Memórias Negras, com Gabriela Leandro Pereira, e também coordena o Ciclo de Conferências Negras, em parceria com o Instituto Singularidades, assim como o Ciclo de Conferências Negras, juntamente com o Instituto Singularidades.[21]

Polêmicas[editar | editar código-fonte]

Em maio de 2020, o presidente da República, Jair Bolsonaro, acusou Bianca de ter escrito uma notícia falsa a seu respeito. Apesar de o texto não ter sido escrito pela jornalista, o presidente insistiu em culpá-la, durante uma live. Posteriormente, em uma outra live, reconheceu o erro e pediu desculpas à jornalista, mas o caso já havia sido levado à justiça[22] Bianca entrou com ação ação judicial no Brasil e representou várias organizações brasileiras, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, denunciando agressões contra mulheres jornalistas no Brasil. Em seguida, Bianca escreveu um texto de opinião, no jornal The Guardian,[23] explicando o contexto da acusação.

Bolsonaro foi condenado em segunda instância[24] mas recorreu ao STJ e ao STF. A indenização pleiteada por Bianca Santana era de R$50 mil, que seriam doados diretamente ao Instituto Marielle Franco, mas o juiz reduziu esse valor a apenas R$10 mil.

Vida familiar[editar | editar código-fonte]

Desde 2012, Bianca é casada com o sociólogo Sérgio Amadeu. O casal tem três filhos: Lucas (2008), Pedro (2010) e Cecília (2012).

Obras[editar | editar código-fonte]

Bianca Santana é autora de vários artigos e dos seguinte livros:

  • Aprender para contar: livro de alfabetização para jovens e adultos (2013), obra didática
  • Quando me descobri negra (2016), com relatos acerca da descoberta da identidade, por várias pessoas negras, geralmente em meio a situações de discriminação racial[25]
  • Continuo Preta: A Vida de Sueli Carneiro (2021), sobre a trajetória da filósofa e ativista Sueli Carneiro[26]

Entre seus próximos projetos está a elaboração da biografia de Marielle Franco, em colaboração com Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada em 2018.[27]

Organização de coletâneas[editar | editar código-fonte]

  • Inovação Ancestral de Mulheres Negras: táticas e políticas do cotidiano (Oralituras, 2019) [28]
  • Vozes Insurgentes de Mulheres Negras: do século XVIII à primeira década do século XXI (Mazza Edições/ Fundação Rosa Luxemburgo, 2019).[29]
  • Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas, com Carolina Rossini e Nelson De Lucca Pretto (Edufba/Casa de Cultura Digital, 2012).[30][31]

Prêmios e distinções[editar | editar código-fonte]

  • 2021 - Prêmio Tese Destaque USP (10ª Edição). Grande área: Inclusão social e cultural, por sua tese de doutorado, defendida no ano anterior, A escrita de si de mulheres negras: memória e resistência ao racismo.[5][6]
  • 2019 - Escritora convidada para a Feira Internacional do Livro de Buenos Aires
  • 2018 - Escritora convidada para a Feira do Livro de Frankfurt
  • 2006 - Prêmio Expocom (Exposição Universitária de Pesquisas Experimentais em Comunicação), 1º lugar na categoria Jornal Impresso, para Esquinas, jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, de cuja equipe Bianca Santana fazia parte.[32]
  • 2016 - Prêmio Jabuti de ilustração de Mateu Velasco, para seu livro Quando me descobri negra.

Referências

  1. «Entrevista concedida ao projeto WikiAfro no dia 19 de Outubro de 2021» 
  2. Santana, Bianca (25 de maio de 2016). Quando me descobri negra. São Paulo: Editora SESI 
  3. «Premiados do Ano | 63º Prêmio Jabuti». www.premiojabuti.com.br. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  4. Brito, Bianca Maria Santana de (2 de agosto de 2012). «Jovens e adultos em processo de escolarização e as tecnologias digitais: quem usa, a favor de quem e para quê?». Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  5. a b Resultado do Prêmio Tese Destaque USP - 10ª Edição. Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo. Notícias, 5 de outubro de 2021.
  6. a b Brito, Bianca Maria Santana de (18 de maio de 2020). «A escrita de si de mulheres negras: memória e resistência ao racismo.». Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  7. Bianca Santana, Carolina Rossini e Nelson De Luca Pretto (2012). Recursos Educacionais Abertos (PDF). Salvador; São Paulo: Edufba/Casa da Cultura Digital 
  8. a b «Bianca Santana – Revista CULT – Colunistas». Revista Cult. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  9. «Portuguese Language School | Middlebury Language Schools». www.middlebury.edu (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  10. «Coluna da Bianca Santana». Gama Revista. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  11. «Profissão: taróloga. Mulheres contam como é trabalhar com a leitura de cartas.». CLAUDIA. 27 de setembro de 2016. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  12. «Homepage». Instituto Vladimir Herzog. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  13. «Instituto Marielle Franco». Instituto Marielle Franco. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  14. SpCultura (10 de fevereiro de 2015). «Casa de Lua». SpCultura. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  15. «Lista de mulheres inspiradoras de 2015 é publicada pelo Think Olga». Fórum. 27 de novembro de 2015. Consultado em 2 de março de 2022 
  16. Mulheres Inspiradoras de 2016. Geledés, 3 de dezembro de 2016.
  17. «Sempreviva Organização Feminista». Sempreviva Organização Feminista. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  18. Carta Proposta da Coalizão Negra Por Direitos
  19. Cem movimentos negros se articulam para resistir à retirada de direitos. Por Igor Carvalho. Brasil de Fato, 29 de Novembro de 2019.
  20. «Coalizão Negra Por Direitos». Coalizão Negra Por Direitos. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  21. «Instituto Singularidades». Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  22. Betim, Felipe (31 de julho de 2020). «Por que Bolsonaro pediu desculpas a Bianca Santana, em face da ação de jornalistas mulheres contra ele na ONU». El País Brasil. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  23. Santana, Bianca (22 de junho de 2020). «Jair Bolsonaro accused me of spreading 'fake news'. I know why he targeted me | Bianca Santana». The Guardian (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  24. JornalistasSP. «Em segunda instância, Bolsonaro é condenado a indenizar jornalista...». JornalistasSP. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  25. Santana, Bianca (25 de maio de 2016). Quando me descobri negra. [S.l.]: Editora SESI - Serviço Social da Indústria 
  26. Santana, Bianca (7 de maio de 2021). Continuo preta: A vida de Sueli Carneiro. São Paulo: Companhia das Letras 
  27. Marielle Franco terá biografia escrita pela irmã. TV Cultura/Uol, 22 de novembro de 2021.
  28. «Inovação ancestral de mulheres negras – táticas e políticas do cotidiano». Livraria Expressão Popular. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  29. «Vozes Insurgentes de Mulheres Negras». Fundação Rosa Luxemburgo. 6 de agosto de 2019. Consultado em 9 de dezembro de 2021  (disponível na íntegra)
  30. Resenha do livro Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. Por Tatiana Stofella Sodré Rossini.
  31. Bianca Santana, Carolina Rossini e Nelson De Luca Pretto. Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas (livro disponível na íntegra)
  32. Faculdade Cásper Líbero (2018). «Projeto Pedagógico de Curso - Bacharelado em Jornalismo» (PDF). São Paulo 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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