Eros Grau
Eros Grau | |
Eros Grau em 2009 | |
Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil | |
Período | 30 de junho de 2004 a 2 de agosto de 2010[1] |
Nomeação por | Luiz Inácio Lula da Silva |
Antecessor(a) | Maurício Corrêa |
Sucessor(a) | Luiz Fux |
Diretor Adjunto do Instituto dos Advogados Brasileiros | |
Período | 2002 a 2003 |
Orador Oficial do Instituto dos Advogados Brasileiros | |
Período | 2000 a 2002 |
Vice-Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros | |
Período | 1998 a 2000 |
Dados pessoais | |
Nascimento | 19 de agosto de 1940 (84 anos) Santa Maria, Rio Grande do Sul |
Esposa | Tania Marina Stolle Jalowski |
Filhos | Karin Grau-Kuntz e Werner Grau Neto |
Nacionalidade | brasileiro |
Religião | católico romano |
Eros Roberto Grau (Santa Maria, 19 de agosto de 1940) é um jurista, advogado e magistrado brasileiro. Foi ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2004 a 2010. Formou-se em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde também foi professor, e é doutor pela Universidade de São Paulo, na qual foi professor titular do Departamento de Direito Econômico.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Formou-se em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, turma do ano de 1963. Exerceu a advocacia em São Paulo de 1963 até a sua nomeação para Ministro do Supremo Tribunal Federal em 2004. Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, com a defesa da tese Aspectos Jurídicos do Planejamento Metropolitano. Em agosto de 1977, tornou-se Livre Docente pela Universidade de São Paulo. Em 1990, obteve o título de Professor Titular do Departamento de Direito Econômico na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Em 2009, tornou-se Professor Titular aposentado.
Por pertencer ao PCB, foi preso e torturado em 1972, época da Ditadura Militar.[2]
Foi consultor da Bancada Paulista na Assembleia Nacional Constituinte de 1988 e membro da Comissão Especial de Revisão Constitucional, nomeado pelo Presidente da República em 1993, com a finalidade de identificar propostas de interesse fundamental para a Nação, no processo de revisão constitucional.
Além de ter exercido a docência na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, foi professor de graduação e pós-graduação em diversas instituições, entre elas a Universidade Estadual de Campinas, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, a UFMG, a UFC, a Fundação Getúlio Vargas.
No exterior, foi professor visitante da Faculdade de Direito da Universidade de Montpellier durante os anos letivos de 1996-1997 e 1997-1998 e da Faculdade de Direito da Universidade Paris 1 (Panthéon-Sorbonne) durante o ano letivo de 2003-2004.
Supremo Tribunal Federal
[editar | editar código-fonte]Foi nomeado ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal em 15 de junho de 2004 e empossado em 30 de junho de 2004, na vaga deixada pela aposentadoria do ministro Maurício Corrêa. Apesar de ter sido indicado à corte suprema pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Eros Grau considera-se como sempre tendo sido ligado ao PSDB.[3]
Empossado ao cargo de Ministro do TSE em 15 de maio de 2008, renuncia um ano depois, em 5 de maio de 2009, alegando cansaço.[4]
Eros Grau foi o relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental número 153, impetrada pela Ordem dos Advogados do Brasil a fim de revogar a lei nº 6.683/79, que anistia todos os crimes políticos e eleitorais do período militar, inclusive aqueles cometidos por agentes da repressão. Grau, que foi vítima de tortura durante a ditadura, foi o autor do voto vencedor, segundo o qual a lei, que não tem caráter de regra para o futuro, deveria ser interpretada conforme as conjunturas sociais e o momento histórico de sua produção. Desta forma, concluiu ele, a concessão de anistia bilateral (tanto a agentes da repressão quando àqueles que cometeram crimes lutando para implantar a ditadura do proletariado), ampla e geral não implicou ofensa a quaisquer preceitos fundamentais. Sua decisão foi amplamente criticada por juristas e acadêmicos[5], uma vez que inviabilizou a discussão sobre a justiça de transição no Brasil e contrariou precedentes da Corte Interamericana de Direitos Humanos[6].
Às vésperas de completar 70 anos de idade, quando seria compulsoriamente aposentado do cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal, Eros Grau apresentou requerimento de aposentadoria voluntária, e deixou de integrar a Corte em 2 de agosto de 2010, data em que foi publicado no Diário Oficial da União o decreto presidencial relativo à sua aposentadoria; pouco antes de votar pela lei do ficha limpa. Esta atitude atrasou a aprovação da lei.[carece de fontes]
Publicações
[editar | editar código-fonte]Eros Grau, que é membro da União Brasileira de Escritores e ocupa a cadeira número 11 da Academia Paulista de Letras, não descarta pleitear uma vaga na Academia Brasileira de Letras.[7] Publicou, entre outros, os seguintes livros:
- Planejamento econômico e regra jurídica, 1978;
- Elementos de Direito Econômico, 1981;
- Direito urbano, 1983;
- A Constituinte e a Constituição que teremos, 1985;
- Direito, conceitos e normas Jurídicas, 1988;
- Licitação e contrato administrativo, 1995;
- La doppia destrutturazione del diritto, Milano, 1996; (em italiano)
- La doble desetruturación y la interpretación del derecho, Barcelona, 1998; (em castelhano)
- O direito posto e o direito pressuposto, 9ª edição, 2014;
- O Estado, a Empresa e o Contrato (em co-autoria com Paula Forgioni), 2005;
- A ordem econômica na Constituição de 1988, 17ª edição, 2015;
- Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito, 2006.
- Do ofício de orador, Editora Revan, Rio de Janeiro, 2006, 2ª edição
- Triângulo no Ponto, Nova Fronteira, 2007;
- Interpretación y aplicación del derecho, Madrid, 2007. (em castelhano)
- Por que tenho medo dos juízes, 2016;
- Costituzione economica e globalizzazione, 2008. (em italiano)
- Pourquoi j'ai peur des juges, 2014. (em francês)
- Paris, quartier Saint-Germain-des-Prés, 2007;
- Teu nome será sempre Alice e outras histórias, 2013
- Le flâneur de Saint-Germain-des-Prés, 2015. (em francês)
Prêmios
[editar | editar código-fonte]Medalhas
[editar | editar código-fonte]Medalha Teixeira de Freitas (2003)
Docteur Honoris Causa
[editar | editar código-fonte]Université de Cergy-Pontoise, França, em 27 de janeiro de 2009
Université du Havre, França, em 2 de julho de 2009
Universidad Siglo 21, de Córdoba, Argentina, em 8 de setembro de 2005
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em 19 de outubro de 2007
Doctor Scientiae et Honoris Causa
[editar | editar código-fonte]Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 22 de outubro de 2010
Referências
- ↑ «Linha Sucessória dos Ministros do STF» (PDF). STF. Consultado em 8 de fevereiro de 2017
- ↑ «Vannuchi defende punição a torturadores do regime militar em ato na OAB em homenagem a Lyda Monteiro». extra.globo.com. Consultado em 9 de fevereiro de 2017
- ↑ «Eros Grau, ex-ministro do STF indicado por Lula, assina manifesto pró-Aécio». UOL. 20 de outubro de 2014. Consultado em 10 de março de 2017
- ↑ «Eros Grau renuncia ao cargo de ministro do TSE - 05/05/2009 - Poder - Folha de S.Paulo». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de fevereiro de 2017
- ↑ «Porque é importante nos posicionarmos contra a impunidade sem hipocrisia». Justificando. 28 de maio de 2020. Consultado em 4 de dezembro de 2021
- ↑ «A reconciliação do Brasil com seu passado». Justificando. 5 de agosto de 2020. Consultado em 4 de dezembro de 2021
- ↑ «Após conflitos, Eros Grau diz que está no STF 'para ser simpático só à Constituição'». Extra Online
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Nascidos em 1940
- Juristas do Rio Grande do Sul
- Juízes do Rio Grande do Sul
- Ministros do Supremo Tribunal Federal
- Professores da Universidade de São Paulo
- Opositores da ditadura militar no Brasil (1964–1985)
- Naturais de Santa Maria (Rio Grande do Sul)
- Advogados do Rio Grande do Sul
- Alunos da Universidade Presbiteriana Mackenzie
- Escândalo das passagens aéreas
- Católicos do Brasil
- Membros da Academia Paulista de Letras
- Comunistas do Brasil
- Escritores do Rio Grande do Sul
- Membros do Partido Comunista Brasileiro
- Professores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo