Eugenia: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Eugenics congress logo.png|thumb|250px|"Eugenia é a auto-direção da evolução humana": Logo da [[Segunda Conferência Internacional de Eugenia]], realizada em [[1921]], retratando-o como uma árvore que reúne uma variedade de diferentes campos.]]
[[Ficheiro:Eugenics congress logo.png|thumb|250px|"Eugenia é a auto-direção da evolução humana": Logo da [[Segunda Conferência Internacional de Eugenia]], realizada em [[1921]], retratando-o como uma árvore que reúne uma variedade de diferentes campos.]]

'''Eugenia''' - é um [[termo]] cunhado em [[1883]] por [[Francis Galton]] ([[1822]]-[[1911]]), significando "bem nascido".<ref>{{cite book
'''Eugenia''' - é um [[termo]] cunhado em [[1883]] por [[Francis Galton]] ([[1822]]-[[1911]]), significando "bem nascido".<ref>{{cite book
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| isbn = 0404081274 9780404081270}}</ref> Galton definiu eugenia como ''o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente''.<ref>{{cite web|url=http://www.ufrgs.br/bioetica/eugenia.htm|title=Eugenia|author=José Roberto Goldim|publisher=UFRGS|year=1998|accessdate=2009-01-28}}</ref> Em outras palavras, melhoramento genético. O tema é bastante [[controvérsia|controverso]], particularmente após o surgimento da [[Nazismo e raça|eugenia nazista]], que veio a ser parte fundamental da [[ideologia]] de ''pureza racial'', a qual culminou no [[Holocausto]]. Mesmo com a cada vez maior utilização de técnicas de melhoramento genético usadas atualmente em [[planta]]s e animais, ainda existem questionamentos [[bioética|éticos]] quanto a seu uso com [[seres humanos]], chegando até o ponto de alguns [[cientista]]s declararem que é de fato impossível mudar a [[natureza humana]].
| isbn = 0404081274 9780404081270}}</ref> Galton definiu eugenia como ''o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente''.<ref>{{cite web|url=http://www.ufrgs.br/bioetica/eugenia.htm|title=Eugenia|author=José Roberto Goldim|publisher=UFRGS|year=1998|accessdate=2009-01-28}}</ref> Em outras palavras, melhoramento genético. O tema é bastante [[controvérsia|controverso]], particularmente após o surgimento da [[Nazismo e raça|eugenia nazista]], que veio a ser parte fundamental da [[ideologia]] de ''pureza racial'', a qual culminou no [[Holocausto]]. Mesmo com a cada vez maior utilização de técnicas de melhoramento genético usadas atualmente em [[planta]]s e animais, ainda existem questionamentos [[bioética|éticos]] quanto a seu uso com [[seres humanos]], chegando até o ponto de alguns [[cientista]]s declararem que é de fato impossível mudar a [[natureza humana]].


Desde seu surgimento até os dias atuais, diversos [[filosofia|filósofos]] e [[sociologia|sociólogos]] declaram que existem diversos problemas éticos sérios na eugenia, como a [[discriminação]] de pessoas por categorias, pois ela acaba por rotular as pessoas como aptas ou não-aptas para a [[reprodução humana|reprodução]]. Do ponto de vista do debate científico, a eugenia foi derrotada pelo argumento da [[genética mendeliana]].
Desde seu surgimento até os dias atuais, diversos [[filosofia|filósofos]] e [[sociologia|sociólogos]] declaram que existem diversos problemas éticos sérios na eugenia, como a [[discriminação]] de pessoas por categorias, pois ela acaba por rotular as pessoas como aptas ou não-aptas para a [[reprodução humana|reprodução]]. Do ponto de vista do [[debate]] científico, a eugenia foi derrotada pelo [[argumento]] da [[genética mendeliana]].



== História ==
== História ==
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[[Ficheiro:Francis Galton 1850s.jpg|left|thumb|Sir [[Francis Galton]] iniciou o desenvolvimento de ideias sobre eugenia a partir de estatísticas sociais.]]
[[Ficheiro:Francis Galton 1850s.jpg|left|thumb|Sir [[Francis Galton]] iniciou o desenvolvimento de ideias sobre eugenia a partir de estatísticas sociais.]]


Já na [[Grécia antiga]], [[Platão]] descrevia, em [[República]], a [[sociedade]] humana se aperfeiçoando por processos seletivos (sem falar que em [[Esparta]] já se praticava a eugenia frente aos recém-nascidos, já que não existiam pré-natais, abortivos eficientes, [[eutanásia]] e afins), já conhecidos na época. Modernamente, uma das primeiras descrições sobre a eugenia foram feitas pelo cientista inglês [[Francis Galton]].
Já na [[Grécia antiga]], [[Platão]] descrevia, em [[A República]], a [[sociedade]] humana se aperfeiçoando por processos seletivos (sem falar que em [[Esparta]] já se praticava a eugenia frente aos recém-nascidos, já que não existiam [[Pré-natal|pré-natais]], [[abortivo]]s eficientes, [[eutanásia]] e afins), já conhecidos na época. Modernamente, uma das primeiras descrições sobre a eugenia foram feitas pelo cientista inglês [[Francis Galton]].


Galton foi influenciado pela obra de seu primo [[Charles Darwin]], ''[[A Origem das Espécies]]'', onde aparece o conceito de [[seleção natural]]. Baseado nele Galton propôs a [[seleção artificial]] para o aprimoramento da população humana segundo os critérios considerados melhores à época. <!--que utilizou pela primeira vez o [[cálculo]] e tabelas, para o levantamento de [[população|populações]] das mais diversas espécies e que futuramente viriam a se transformar na moderna ciência da [[estatística]] - não é correto, ver http://www.redeabe.org.br/cronologia022006.doc-->
Galton foi influenciado pela obra de seu primo [[Charles Darwin]], ''[[A Origem das Espécies]]'', onde aparece o conceito de [[seleção natural]]. Baseado nele Galton propôs a [[seleção artificial]] para o aprimoramento da população humana segundo os critérios considerados melhores à época. <!--que utilizou pela primeira vez o [[cálculo]] e tabelas, para o levantamento de [[população|populações]] das mais diversas espécies e que futuramente viriam a se transformar na moderna ciência da [[estatística]] - não é correto, ver http://www.redeabe.org.br/cronologia022006.doc-->


Foi também Galton quem lançou as bases da [[genética humana]] e cunhou o termo ''eugenia'', para designar a melhoria de uma determinada espécie através da [[seleção artificial]], em sua obra ''Inquiries into Human Faculty and Its Development'' (''Pesquisas sobre as Faculdades Humanas e seu Desenvolvimento''), de [[1883]]. Esta obra foi largamente elogiada em matéria da revista americana "[[Nature]]", em [[1870]].
Foi também Galton quem lançou as bases da [[genética humana]] e cunhou o termo ''eugenia'', para designar a melhoria de uma determinada [[espécie]] através da [[seleção artificial]], em sua obra ''Inquiries into Human Faculty and Its Development'' (''Pesquisas sobre as Faculdades Humanas e seu Desenvolvimento''), de [[1883]]. Esta obra foi largamente elogiada em matéria da revista americana "[[Nature]]", em [[1870]].


Ao escrever seu [[livro]] ''Hereditary Genius'' (''O gênio herdado'') em [[1869]], Galton observou, compilou dados e sistematizou a [[inteligência]] em vários membros de várias famílias inglesas durante sucessivas gerações. Sua conclusão foi de que a inteligência acima da média nos indivíduos de uma determinada família se transmite [[hereditariedade|hereditariamente]]. Bulmer argumenta que Galton estava tão tendencioso a explicação pela hereditariedade que nem sequer tomou o cuidado de analisar os meios neuro-sociais de forma imparcial, isenta e proporcional.<ref name="Bulmer 2003 357">{{cite book
Ao escrever seu [[livro]] ''Hereditary Genius'' (''O gênio herdado'') em [[1869]], Galton observou, compilou dados e sistematizou a [[inteligência]] em vários membros de várias famílias inglesas durante sucessivas gerações. Sua conclusão foi de que a inteligência acima da média nos indivíduos de uma determinada família se transmite [[hereditariedade|hereditariamente]]. Bulmer argumenta que Galton estava tão tendencioso a explicação pela hereditariedade que nem sequer tomou o cuidado de analisar os meios neuro-sociais de forma imparcial, isenta e proporcional.<ref name="Bulmer 2003 357">{{cite book
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| isbn = 0801874033}}</ref> Por acreditar que a condição inata, e não o [[ambiente]], determinava a inteligência, Galton propôs uma ''eugenia positiva'' através de casamentos seletivos.


Por acreditar que a condição inata, e não o [[ambiente]], determinava a inteligência, Galton propôs uma ''eugenia positiva'' através de casamentos seletivos.
Na época, a população inglesa crescia nas classes pobres e diminuía nas classes mais ricas e [[cultura|cultas]], e se temia uma ''[[Disgenia|degeneração biológica]]''. Portanto, a eugenia logo se transformou num movimento que angariou inúmeros adeptos entre a esmagadora maioria dos cientistas e principalmente entre a população em geral na sua época áurea ([[1870]]-[[1933]]). Trouxe, porém, em função do [[simplismo]] e arcaísmo de análise, o seu próprio declínio. No entanto, suas idéias sobrevivem, pois seus métodos estatísticos foram incorporados na teoria ''Darwiniana'' nos [[Década de 1930|anos 30]] e sintetizados com a genética [[Mendel]]iana.<ref name="Bulmer 2003 357"/>


Na época, a população inglesa crescia nas classes pobres e diminuía nas classes mais ricas e [[cultura|cultas]], e se temia uma ''[[Disgenia|degeneração biológica]]''. Portanto, a eugenia logo se transformou num movimento que angariou inúmeros adeptos entre a esmagadora maioria dos [[cientista]]s e principalmente entre a população em geral na sua época áurea ([[1870]]-[[1933]]). Trouxe, porém, em função do [[simplismo]] e arcaísmo de análise, o seu próprio declínio. No entanto, suas idéias sobrevivem, pois seus métodos estatísticos foram incorporados na teoria ''Darwiniana'' nos [[Década de 1930|anos 30]] e sintetizados com a genética [[Mendel]]iana.<ref name="Bulmer 2003 357"/>
Contrariamente a uma crença popular, a eugenia é inglesa (não alemã) em invenção e estadunidense (não alemã), em pioneirismo legislativo. Outra crença é que a eugenia fosse uma doutrina aplicada ou propagada pela [[direita política]].


Contrariamente a uma crença popular, a eugenia é inglesa (não alemã) em invenção e estadunidense (não alemã), em pioneirismo legislativo. Outra crença é que a eugenia fosse uma [[doutrina]] aplicada ou propagada pela [[direita política]].
=== Brasil ===


=== Alemanha nazista ===
[[Ficheiro:Redenção.jpg|thumb|right|160px|[[Quadro]] "''Redenção de [[Cam|Can]]''"<ref>{{pt}}[http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/2655 Ciência Hoje - Livro explica surgimento do ''Homo brasilis'']</ref> ([[1895]], avó negra, filha mulata, genro e neto brancos). Para o governo da época, a cada geração o brasileiro ficaria mais branco. Quadro de [[Modesto Brocos|Modesto Brocos y Gomes]].]]


{{Artigos principais|[[Eugenia nazista]], [[Nazismo e raça]], e [[Aktion T4]]}}
O [[Brasil]] foi o primeiro país da [[América do Sul]] a ter um movimento eugênico organizado. A Sociedade Eugênica de [[São Paulo]] foi criada em [[1918]]. O movimento eugênico no Brasil foi bastante heterogêneo, trabalhando com a [[saúde pública]] e com a saúde [[Psiquiatria|psiquiátrica]]. Uma parte, que pode ser chamada de ingênua ou menos radical, do movimento eugenista se dedicou a áreas como [[saneamento]] e [[higiene]], sendo esses esforços sempre aplicados em relação ao movimento racial.


As idéias alemãs sobre eugenia vieram do ''[[Essai sur l'inégalité des races humaines|Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas]]'', do [[Conde de Gobineau]], publicado em [[1854]]. Em [[1935]] as [[Leis de Nuremberg]] proibiram o [[casamento]] ou contato sexual de alemães com judeus, pessoas com [[deficiência mental|problemas mentais]], doenças contagiosas ou hereditárias, mas em [[1933]] já era lei a [[esterilização]] de pessoas com problemas hereditários e a [[castração]] de delinqüentes sexuais, ou de pessoas que a cultura nazista assim classificasse, como era o caso dos [[homossexuais]].
Em [[1931]] foi criado o ''Comitê Central de Eugenismo'', presidido por Renato Kehl e [[Belisário Penna]]. Propunha o fim da [[imigração]] de não-brancos, e "''prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias de caráter eugenista que sejam dignas de consideração''". Medidas que visavam impedir a [[miscigenação]]. [[Higienismo]] e eugenismo se confundem, no Brasil.<ref>[http://www.coc.fiocruz.br/psi/pdf/higienismo_eugenia.pdf "Higienismo e Eugenia: discursos que não envelhecem"]</ref>


Segundo alguns [[historiador]]es a [[Alemanha|Alemanha Nazista]] levou as políticas eugênicas ao extremo, porém, segundo outras fontes, acredita-se que o que ocorreu com os [[judeus]] durante o [[Terceiro Reich]] foi [[genocídio]], e não foi a aplicação de idéias eugênicas que causou o [[holocausto]] e sim o ódio racial entre dois grupos étnicos distintos.
A ''Revista Brasileira de Enfermagem'' passa por três fases em relação à eugenia; conceituação (1931-[[1951]]), conflitos éticos, legais e morais ([[1954]]-[[1976]]), e eugenia como tema do começo do [[século XX]] ([[1993]]-[[2002]]). Expressa três categorias de conceitos:


O único consenso é que a eugenia foi praticada com alemães que possuiam [[deficiência física|deficiências físicas]] ou mentais, através do extermínio, e da [[esterilização]]. Entretanto, existem distinções entre as formas de eugenia, como [[eugenia positiva]] e [[eugenia negativa]].<ref>[http://www.cfh.ufsc.br/ethic@/etesp6.pdf Centro de filosofia e ciências humanas]: O NATURAL E O ARTIFICIAL: ARGUMENTOS MORAIS E POLÍTICOS CONTRA A EUGENIA POSITIVA SEGUINDO [[Jürgen Habermas|HABERMAS]] E [[Michel Foucault|FOUCAULT]] - [[Universidade Federal de Santa Catarina ]]. Acessado em 24 de Maio de 2011.</ref> <ref>[http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n2/v14n2a15.pdf Scielo] - EUGENIA NEGATIVA E POSITIVA: SIGNIFICADOS E CONTRADIÇÕES. Acessado em 24 de Maio de 2011.</ref> A eugenia positiva, incentiva pessoas saudáveis a terem mais filhos enquanto que a eugenia negativa impede que pessoas com certas limitações se reproduzam, sendo a positiva praticada também no Terceiro Reich, com a criação de centros de [[reprodução humana]].
# luta pelo aperfeiçoamento eugênico do [[povo brasileiro]]


=== Brasil ===
# responsabilidade da [[enfermeira]] em relação ao tema


[[Ficheiro:Redenção.jpg|thumb|right|160px|[[Quadro]] "''Redenção de [[Cam|Can]]''"<ref>{{pt}}[http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/2655 Ciência Hoje - Livro explica surgimento do ''Homo brasilis'']</ref> ([[1895]], avó negra, filha mulata, genro e neto brancos). Para o governo da época, a cada geração o brasileiro ficaria mais branco. Quadro de [[Modesto Brocos|Modesto Brocos y Gomes]].]]
# não há solução para os males sociais fora das leis da [[biologia]].


O [[Brasil]] foi o primeiro país da [[América do Sul]] a ter um movimento eugênico organizado. A ''Sociedade Eugênica de São Paulo'' foi criada em [[1918]].<ref>[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2006000100028 Scielo] - A HORA DA EUGENIA: RAÇA, GÊNERO E NAÇÃO NA AMÉRICA LATINA. Acessado em 24 de Maio de 2011.</ref> O movimento eugênico no Brasil foi bastante heterogêneo, trabalhando com a [[saúde pública]] e com a saúde [[Psiquiatria|psiquiátrica]]. Uma parte, que pode ser chamada de ingênua ou menos radical, do movimento eugenista se dedicou a áreas como [[saneamento]] e [[higiene]], sendo esses esforços sempre aplicados em relação ao movimento racial.
=== Alemanha nazista ===


Em [[1931]] foi criado o ''Comitê Central de Eugenismo'', presidido por Renato Kehl e [[Belisário Penna]]. Propunha o fim da [[imigração]] de não-brancos, e "''prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias de caráter eugenista que sejam dignas de consideração''". Medidas que visavam impedir a [[miscigenação]].<ref>[http://seer.ufrgs.br/anos90/article/view/6545/3897 UFRGS] - [[Universidade Federal do Rio Grande do Sul]]: Eugenia no Brasil. Maria Eunice de Souza Maciel. Acessado em 24 de Maio de 2011.</ref> [[Higienismo]] e eugenismo se confundem, no Brasil.<ref>[http://www.coc.fiocruz.br/psi/pdf/higienismo_eugenia.pdf "Higienismo e Eugenia: discursos que não envelhecem"]</ref>
{{Artigos principais|[[Nazismo e raça]] e [[Aktion T4]]}}


A ''Revista Brasileira de Enfermagem'' passa por três fases em relação à eugenia; conceituação (1931-[[1951]]), conflitos éticos, legais e morais ([[1954]]-[[1976]]), e eugenia como tema do começo do [[século XX]] ([[1993]]-[[2002]]). Expressa três categorias de conceitos:
As idéias alemãs sobre eugenia vieram do ''[[Essai sur l'inégalité des races humaines|Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas]]'', do [[Conde de Gobineau]], publicado em [[1854]]. Em [[1935]] as [[Leis de Nuremberg]] proibiram o [[casamento]] ou contato sexual de alemães com judeus, pessoas com [[deficiência mental|problemas mentais]], doenças contagiosas ou hereditárias, mas em [[1933]] já era lei a [[esterilização]] de pessoas com problemas hereditários e a [[castração]] de delinqüentes sexuais, ou de pessoas que a cultura nazista assim classificasse, como era o caso dos [[homossexuais]].


* 1 - luta pelo aperfeiçoamento eugênico do [[povo brasileiro]]
Segundo alguns [[historiador]]es a [[Alemanha|Alemanha Nazista]] levou as políticas eugênicas ao extremo, porém, segundo outras fontes, acredita-se que o que ocorreu com os [[judeus]] durante o [[Terceiro Reich]] foi [[genocídio]], e não foi a aplicação de idéias eugênicas que causou o [[holocausto]] e sim o ódio racial entre dois grupos étnicos distintos.


* 2 - responsabilidade da [[enfermeira]] em relação ao tema
O único consenso é que a eugenia foi praticada com alemães que possuiam [[deficiência física|deficiências físicas]] ou mentais, através do extermínio, e da [[esterilização]]. Entretanto, existem distinções entre as formas de eugenia, como a [[eugenia positiva]] (que incentiva pessoas saudáveis a terem mais filhos) e a [[eugenia negativa]] (que impede que pessoas com certas limitações se reproduzam), sendo a positiva praticada também no Terceiro Reich, com a criação de centros de reprodução humana.

* 3 - não há solução para os males sociais fora das leis da [[biologia]].


=== Estados Unidos ===
=== Estados Unidos ===

{{Ver artigos principais|[[Leis antimiscigenação]], [[Leis de Jim Crow]]}}


Nos [[EUA]] surgiu a ''eugenia negativa'' - aliança entre as teorias eugênicas européias e o [[racismo]] já existente naquele país -, que consiste na eliminação das futuras gerações de incapazes (doentes, de raças indesejadas e empobrecidos) através da proibição de [[casamento]], [[esterilização]] coercitiva e [[eutanásia]]. Como teoria, vicejou no final do [[século XIX]], quando os [[imigrante]]s não-[[germânico]]s eram mal vistos pelos descendentes dos primeiros colonizadores.
Nos [[EUA]] surgiu a ''eugenia negativa'' - aliança entre as teorias eugênicas européias e o [[racismo]] já existente naquele país -, que consiste na eliminação das futuras gerações de incapazes (doentes, de raças indesejadas e empobrecidos) através da proibição de [[casamento]], [[esterilização]] coercitiva e [[eutanásia]]. Como teoria, vicejou no final do [[século XIX]], quando os [[imigrante]]s não-[[germânico]]s eram mal vistos pelos descendentes dos primeiros colonizadores.


O [[patrocínio]] privado à eugenia começou nos EUA, nos anos iniciais do [[século XX]]. Financiadores tanto do racismo nos EUA, eram os milionários americanos [[John D. Rockefeller]], [[Harriman]], [[Carnegie]] e tantos outros. Ao [[capital]] uniram-se cientistas de [[Harvard]], [[Yale]], [[Princeton]] e [[Stanford]].
O [[patrocínio]] privado à eugenia começou nos EUA, nos anos iniciais do [[século XX]]. Financiadores tanto do racismo nos EUA, eram os milionários americanos [[John D. Rockefeller]], [[Harriman]], [[Carnegie]] e tantos outros. Ao [[capital]] uniram-se cientistas de [[Harvard]], [[Yale]], [[Princeton]] e [[Stanford]]. De uma forma rapida e eficaz podemos dizer que Eugenia é a ''Ciência que se ocupa com o estudo e cultivo de condições que tendem a melhorar as qualidades físicas e morais de gerações futuras.''
De uma forma rapida e eficaz podemos dizer que Eugenia é a ''Ciência que se ocupa com o estudo e cultivo de condições que tendem a melhorar as qualidades físicas e morais de gerações futuras.''


[[Charles Davenport]] dirigia o [[laboratório]] de biologia do ''Brooklin Institute of Arts and Science'', em Cold Spring Harbor, em [[1903]], e lá ao Instituto Carnegie instalou uma estação experimental de eugenia. Apoiado por criadores de animais e especialistas em [[semente]]s que participavam do [[movimento eugenista]], criou em [[1909]] o ''Eugenics Record Office'', registro de antecedentes genéticos de americanos com que pretendia pressionar o governo a criar leis propícias à prevenção do nascimento de indesejáveis. O estado de [[Indiana]] foi o primeiro a legalizar a esterilização coercitiva, seguido por outros 27 estados. Foram esterilizadas por determinação legal, nos EUA, cerca de 60 000 pessoas, metade delas na [[Califórnia]].
[[Charles Davenport]] dirigia o [[laboratório]] de [[biologia]] do ''Brooklin Institute of Arts and Science'', em Cold Spring Harbor, em [[1903]], e lá ao Instituto Carnegie instalou uma estação experimental de eugenia. Apoiado por criadores de animais e especialistas em [[semente]]s que participavam do [[movimento eugenista]], criou em [[1909]] o ''Eugenics Record Office'', registro de antecedentes genéticos de americanos com que pretendia pressionar o governo a criar leis propícias à prevenção do nascimento de indesejáveis. O estado de [[Indiana]] foi o primeiro a legalizar a esterilização coercitiva, seguido por outros 27 estados. Foram esterilizadas por determinação legal, nos EUA, cerca de 60 000 pessoas, metade delas na [[Califórnia]].


O escritório de [[imigração]] de [[Nova York]] era mantido por doações da companhia Harriman de trens, e submetia [[imigrante]]s [[judeu]]s, [[italiano]]s e outros à [[deportação]], [[confinamento]] ou esterilização.
O escritório de [[imigração]] de [[Nova York]] era mantido por doações da companhia Harriman de trens, e submetia [[imigrante]]s [[judeu]]s, [[italiano]]s e outros à [[deportação]], [[confinamento]] ou esterilização.
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Companhias de seguro, planos de saúde e centros de imigração estão usando descobertas científicas para detectar características [[genética]]s. Diagnóstico pré-natal de possíveis defeitos permite a opção pelo [[aborto]]. Estima-se que entre 91% e 93% das crianças diagnosticadas com [[Síndrome de Down]] sejam abortadas <ref>{{cite journal| author=Caroline Mansfield, Suellen Hopfer, Theresa M. Marteau| title=Termination rates after prenatal diagnosis of Down syndrome, spina bifida, anencephaly, and Turner and Klinefelter syndromes: a systematic literature review| year=1999| journal=Prenatal Diagnosis| volume=19| issue=9| pages=808–812| url=http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/abstract/65500197/ABSTRACT}} PMID 10521836 This is similar to 90% results found by {{cite journal| title=Determinants of parental decisions after the prenatal diagnosis of Down syndrome: Bringing in context| journal=American Journal of Medical Genetics| volume=93| issue=5| pages=410–416| year=1999| author=David W. Britt, Samantha T. Risinger, Virginia Miller, Mary K. Mans, Eric L. Krivchenia, Mark I. Evans}} PMID 10951466</ref> Estes temas, bem como a [[AIDS]], têm sido discutidos com base em pressupostos eugênicos, sem que se explicite essa referência.
Companhias de seguro, planos de saúde e centros de imigração estão usando descobertas científicas para detectar características [[genética]]s. Diagnóstico pré-natal de possíveis defeitos permite a opção pelo [[aborto]]. Estima-se que entre 91% e 93% das crianças diagnosticadas com [[Síndrome de Down]] sejam abortadas <ref>{{cite journal| author=Caroline Mansfield, Suellen Hopfer, Theresa M. Marteau| title=Termination rates after prenatal diagnosis of Down syndrome, spina bifida, anencephaly, and Turner and Klinefelter syndromes: a systematic literature review| year=1999| journal=Prenatal Diagnosis| volume=19| issue=9| pages=808–812| url=http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/abstract/65500197/ABSTRACT}} PMID 10521836 This is similar to 90% results found by {{cite journal| title=Determinants of parental decisions after the prenatal diagnosis of Down syndrome: Bringing in context| journal=American Journal of Medical Genetics| volume=93| issue=5| pages=410–416| year=1999| author=David W. Britt, Samantha T. Risinger, Virginia Miller, Mary K. Mans, Eric L. Krivchenia, Mark I. Evans}} PMID 10951466</ref> Estes temas, bem como a [[AIDS]], têm sido discutidos com base em pressupostos eugênicos, sem que se explicite essa referência.


O filme [[estadunidense]] ''"[[Gattaca]]"'', de [[1997]], descreve um futuro onde a maioria das crianças são selecionadas a partir de embriões [[Fertilização in vitro|fertilizados ''in vitro'']], e só os perfeitos são implantados no [[útero]]. As pessoas que não são geneticamente planejadas ("in-válidas") são discriminadas pela [[sociedade]].
O [[filme]] [[estadunidense]] ''"[[Gattaca]]"'', de [[1997]], descreve um futuro onde a maioria das [[criança]]s são selecionadas a partir de [[Embrião|embriões]] [[Fecundação|fertilizados]] [[Fertilização in vitro|''in vitro'']], e só os perfeitos são implantados no [[útero]]. As pessoas que não são geneticamente planejadas ("in-válidas") são discriminadas pela [[sociedade]].


=== Ideias e sugestões ===
=== Ideias e sugestões ===
Linha 99: Linha 103:
Pesquisadores científicos, como os [[psicólogo]]s [[Richard Lynn]] e [[Raymond Cattell]] e o [[cientista]] [[Gregory Stock]] apoiam abertamente políticas eugênicas utilizando a [[tecnologia]] moderna, mas eles representam uma opinião minoritária nos atuais círculos científicos e culturais.<ref>See, i.e., [[Richard Lynn]], ''Eugenics: A Reassessment (Human Evolution, Behavior, and Intelligence)'' (Praeger Publishers, 2001).</ref> Uma tentativa implementação de uma forma de eugenismo era um "''[[banco de esperma]] de [[gênio]]s''" (1980–99) criado por [[Robert Klark Graham]], partir do qual quase 230 crianças foram concebidas (os doadores conhecidos eram ganhadores do [[Prêmio Nobel]] como [[William Shockley]] e [[J.D. Watson]]). Nos [[Estados Unidos]] e [[Europa]], no entanto, estas tentativas frequentemente têm sido criticadas como formas racistas de eugenismo, como as que ocorriam na [[década de 1930]]. Devido à sua associação com [[esterilização]] obrigatória e os ideais raciais do [[partido nazista]], a palavra "eugenismo" é raramente usada pelos defensores desses programas.
Pesquisadores científicos, como os [[psicólogo]]s [[Richard Lynn]] e [[Raymond Cattell]] e o [[cientista]] [[Gregory Stock]] apoiam abertamente políticas eugênicas utilizando a [[tecnologia]] moderna, mas eles representam uma opinião minoritária nos atuais círculos científicos e culturais.<ref>See, i.e., [[Richard Lynn]], ''Eugenics: A Reassessment (Human Evolution, Behavior, and Intelligence)'' (Praeger Publishers, 2001).</ref> Uma tentativa implementação de uma forma de eugenismo era um "''[[banco de esperma]] de [[gênio]]s''" (1980–99) criado por [[Robert Klark Graham]], partir do qual quase 230 crianças foram concebidas (os doadores conhecidos eram ganhadores do [[Prêmio Nobel]] como [[William Shockley]] e [[J.D. Watson]]). Nos [[Estados Unidos]] e [[Europa]], no entanto, estas tentativas frequentemente têm sido criticadas como formas racistas de eugenismo, como as que ocorriam na [[década de 1930]]. Devido à sua associação com [[esterilização]] obrigatória e os ideais raciais do [[partido nazista]], a palavra "eugenismo" é raramente usada pelos defensores desses programas.


Eugenicistas argumentam que a [[imigração]] proveniente de países com baixo [[Quociente de inteligência]] (QI) é indesejável. De acordo com [[Raymond Cattell]] "''quando um [[país]] abre suas portas à imigração de diversos países, é como um agricultor que adquire suas sementes de diferentes fontes, com sacos com conteúdos de diferentes qualidades.''"<ref>Cattell, R. B. (1987). Beyondism: Religion from science. New York: Praeger, p. 187</ref>
Eugenicistas argumentam que a [[imigração]] proveniente de países com baixo [[Quociente de inteligência]] (QI) é indesejável. De acordo com [[Raymond Cattell]] "''quando um [[país]] abre suas portas à [[imigração]] de diversos países, é como um [[agricultor]] que adquire suas sementes de diferentes fontes, com sacos com conteúdos de diferentes qualidades.''"<ref>Cattell, R. B. (1987). Beyondism: Religion from science. New York: Praeger, p. 187</ref>


=== Disgenia ===
=== Disgenia ===
Linha 111: Linha 115:
=== Ética ===
=== Ética ===


Observando-se do ponto de vista [[ética|ético]], é impossível determinar o ponto exato onde a interferência do [[Estado]] pode ou não impedir ou incentivar a reprodução de cidadãos por quaisquer critérios. A comunidade científica sabe que a [[hereditariedade]] tem papel importante, porém nunca exclusivo sobre a [[inteligência]] de um determinado indivíduo, ou grupos de indivíduos, pois o fator inteligência não é determinado apenas por uma seqüência genética, mas também é influenciado pelo ambiente do indivíduo. Logicamente não podemos afirmar que uma pessoa é menos inteligente do que outra apenas por ela não saber ler. Por outro lado, estudos mais modernos têm mostrado que existem diferentes inteligências e os [[Teste de QI|testes de QI]] têm valor no mínimo limitado, mas que mostra muito bem a capacidade [[lógica]] de um indivíduo.
Observando-se do ponto de vista [[ética|ético]], é impossível determinar o ponto exato onde a interferência do [[Estado]] pode ou não impedir ou incentivar a reprodução de cidadãos por quaisquer critérios. A comunidade científica sabe que a [[hereditariedade]] tem papel importante, porém nunca exclusivo sobre a [[inteligência]] de um determinado indivíduo, ou grupos de indivíduos, pois o fator inteligência não é determinado apenas por uma seqüência genética, mas também é influenciado pelo ambiente do indivíduo. Logicamente não podemos afirmar que uma pessoa é menos inteligente do que outra apenas por ela não saber ler. Por outro lado, estudos mais modernos têm mostrado que existem diferentes formas de inteligência ([[inteligências múltiplas]]) e que os [[Teste de QI|testes de QI]] têm valor no mínimo limitado, mas que mostram muito bem a capacidade [[lógica]] de um indivíduo.


Apesar de o assunto eugenia sempre por a tona o aspecto cruel da manipulação genética, seria esta talvez uma forma de eliminarmos de vez doenças a muito conhecidas e sem cura por serem doenças genéticas. Doenças bacterianas podem ser tratadas com [[antibiótico]]s, por exemplo, mas uma doença genética não tem cura, e a única solução para essa doença seria necessariamente a eliminação de seus [[gene]]s causadores. São conhecidos mecanismos [[fisiologia|fisiológicos]] de transmissão e expressão de caracteres hereditários. Também são conhecidos métodos que possibilitam inibir o nascimento de indivíduos com defeitos físicos ou enfermidades. De acordo com a [[seleção natural]], indivíduos com doenças seriam naturalmente incapazes de transmitir seu [[código genético]], no entanto isso não ocorre pois qualquer um hoje pode se reproduzir mesmo sendo incapaz e passar sua carga genética para descendentes. Especula-se que uma possível solução para doenças genéticas seria necessariamente um programa de eugenia.
Apesar de o assunto eugenia sempre por a tona o aspecto cruel da manipulação genética, seria esta talvez uma forma de eliminarmos de vez doenças a muito conhecidas e sem cura por serem [[Doença congênita|doenças genéticas]]. Doenças bacterianas podem ser tratadas com [[antibiótico]]s, por exemplo, mas uma doença genética não tem cura, e a única solução para essa doença seria necessariamente a eliminação de seus [[gene]]s causadores. São conhecidos mecanismos [[fisiologia|fisiológicos]] de transmissão e expressão de caracteres hereditários. Também são conhecidos métodos que possibilitam inibir o nascimento de indivíduos com defeitos físicos ou enfermidades. De acordo com a [[seleção natural]], indivíduos com doenças seriam naturalmente incapazes de transmitir seu [[código genético]], no entanto isso não ocorre pois qualquer um hoje pode se reproduzir mesmo sendo incapaz e passar sua carga genética para descendentes. Especula-se que uma possível solução para doenças genéticas seria necessariamente um programa de eugenia.


Em vários países o movimento eugênico inspirou a promulgação de leis que determinavam a esterilização compulsória de portadores de certas doenças hereditárias graves. Como lei, a eugenia nasceu nos [[Estados Unidos]], em [[1907]].
Em vários países o movimento eugênico inspirou a promulgação de leis que determinavam a esterilização compulsória de portadores de certas doenças hereditárias graves. Como lei, a eugenia nasceu nos [[Estados Unidos]], em [[1907]].
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===Literatura===
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''A Sétima Porta'' (2007), um romance de [[Richard Zimler]], explora a esterilização e a matança de pessoas deficientes na [[Alemanha Nazi]].
''A Sétima Porta'' (2007), um [[romance]] de [[Richard Zimler]], explora a [[esterilização]] e a matança de pessoas deficientes na [[Alemanha Nazi]].


== {{Ver também}} ==
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* [[Aconselhamento genético]]
* [[Epidemiologia genética]]
* [[Evolução]]
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* [[Evolução cultural]]
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* [[Evolução sociocultural]]
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* [[Evolucionismo social]]
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* [[Disgenia]]
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* [[Genética populacional]]
* [[Miscigenação]]
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* [[Psicologia evolutiva]]
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* [[Racismo]]
* [[Seleção artificial]]
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[[af:Eugenetika]]
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Revisão das 16h29min de 24 de maio de 2011

 Nota: Para outros significados, veja Eugenia (desambiguação).
"Eugenia é a auto-direção da evolução humana": Logo da Segunda Conferência Internacional de Eugenia, realizada em 1921, retratando-o como uma árvore que reúne uma variedade de diferentes campos.

Eugenia - é um termo cunhado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido".[1] Galton definiu eugenia como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente.[2] Em outras palavras, melhoramento genético. O tema é bastante controverso, particularmente após o surgimento da eugenia nazista, que veio a ser parte fundamental da ideologia de pureza racial, a qual culminou no Holocausto. Mesmo com a cada vez maior utilização de técnicas de melhoramento genético usadas atualmente em plantas e animais, ainda existem questionamentos éticos quanto a seu uso com seres humanos, chegando até o ponto de alguns cientistas declararem que é de fato impossível mudar a natureza humana.

Desde seu surgimento até os dias atuais, diversos filósofos e sociólogos declaram que existem diversos problemas éticos sérios na eugenia, como a discriminação de pessoas por categorias, pois ela acaba por rotular as pessoas como aptas ou não-aptas para a reprodução. Do ponto de vista do debate científico, a eugenia foi derrotada pelo argumento da genética mendeliana.

História

Sir Francis Galton iniciou o desenvolvimento de ideias sobre eugenia a partir de estatísticas sociais.

Já na Grécia antiga, Platão descrevia, em A República, a sociedade humana se aperfeiçoando por processos seletivos (sem falar que em Esparta já se praticava a eugenia frente aos recém-nascidos, já que não existiam pré-natais, abortivos eficientes, eutanásia e afins), já conhecidos na época. Modernamente, uma das primeiras descrições sobre a eugenia foram feitas pelo cientista inglês Francis Galton.

Galton foi influenciado pela obra de seu primo Charles Darwin, A Origem das Espécies, onde aparece o conceito de seleção natural. Baseado nele Galton propôs a seleção artificial para o aprimoramento da população humana segundo os critérios considerados melhores à época.

Foi também Galton quem lançou as bases da genética humana e cunhou o termo eugenia, para designar a melhoria de uma determinada espécie através da seleção artificial, em sua obra Inquiries into Human Faculty and Its Development (Pesquisas sobre as Faculdades Humanas e seu Desenvolvimento), de 1883. Esta obra foi largamente elogiada em matéria da revista americana "Nature", em 1870.

Ao escrever seu livro Hereditary Genius (O gênio herdado) em 1869, Galton observou, compilou dados e sistematizou a inteligência em vários membros de várias famílias inglesas durante sucessivas gerações. Sua conclusão foi de que a inteligência acima da média nos indivíduos de uma determinada família se transmite hereditariamente. Bulmer argumenta que Galton estava tão tendencioso a explicação pela hereditariedade que nem sequer tomou o cuidado de analisar os meios neuro-sociais de forma imparcial, isenta e proporcional.[3]

Por acreditar que a condição inata, e não o ambiente, determinava a inteligência, Galton propôs uma eugenia positiva através de casamentos seletivos.

Na época, a população inglesa crescia nas classes pobres e diminuía nas classes mais ricas e cultas, e se temia uma degeneração biológica. Portanto, a eugenia logo se transformou num movimento que angariou inúmeros adeptos entre a esmagadora maioria dos cientistas e principalmente entre a população em geral na sua época áurea (1870-1933). Trouxe, porém, em função do simplismo e arcaísmo de análise, o seu próprio declínio. No entanto, suas idéias sobrevivem, pois seus métodos estatísticos foram incorporados na teoria Darwiniana nos anos 30 e sintetizados com a genética Mendeliana.[3]

Contrariamente a uma crença popular, a eugenia é inglesa (não alemã) em invenção e estadunidense (não alemã), em pioneirismo legislativo. Outra crença é que a eugenia fosse uma doutrina aplicada ou propagada pela direita política.

Alemanha nazista

Ver artigo principal: Eugenia nazista, Nazismo e raça, e Aktion T4

As idéias alemãs sobre eugenia vieram do Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas, do Conde de Gobineau, publicado em 1854. Em 1935 as Leis de Nuremberg proibiram o casamento ou contato sexual de alemães com judeus, pessoas com problemas mentais, doenças contagiosas ou hereditárias, mas em 1933 já era lei a esterilização de pessoas com problemas hereditários e a castração de delinqüentes sexuais, ou de pessoas que a cultura nazista assim classificasse, como era o caso dos homossexuais.

Segundo alguns historiadores a Alemanha Nazista levou as políticas eugênicas ao extremo, porém, segundo outras fontes, acredita-se que o que ocorreu com os judeus durante o Terceiro Reich foi genocídio, e não foi a aplicação de idéias eugênicas que causou o holocausto e sim o ódio racial entre dois grupos étnicos distintos.

O único consenso é que a eugenia foi praticada com alemães que possuiam deficiências físicas ou mentais, através do extermínio, e da esterilização. Entretanto, existem distinções entre as formas de eugenia, como eugenia positiva e eugenia negativa.[4] [5] A eugenia positiva, incentiva pessoas saudáveis a terem mais filhos enquanto que a eugenia negativa impede que pessoas com certas limitações se reproduzam, sendo a positiva praticada também no Terceiro Reich, com a criação de centros de reprodução humana.

Brasil

Quadro "Redenção de Can"[6] (1895, avó negra, filha mulata, genro e neto brancos). Para o governo da época, a cada geração o brasileiro ficaria mais branco. Quadro de Modesto Brocos y Gomes.

O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a ter um movimento eugênico organizado. A Sociedade Eugênica de São Paulo foi criada em 1918.[7] O movimento eugênico no Brasil foi bastante heterogêneo, trabalhando com a saúde pública e com a saúde psiquiátrica. Uma parte, que pode ser chamada de ingênua ou menos radical, do movimento eugenista se dedicou a áreas como saneamento e higiene, sendo esses esforços sempre aplicados em relação ao movimento racial.

Em 1931 foi criado o Comitê Central de Eugenismo, presidido por Renato Kehl e Belisário Penna. Propunha o fim da imigração de não-brancos, e "prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias de caráter eugenista que sejam dignas de consideração". Medidas que visavam impedir a miscigenação.[8] Higienismo e eugenismo se confundem, no Brasil.[9]

A Revista Brasileira de Enfermagem passa por três fases em relação à eugenia; conceituação (1931-1951), conflitos éticos, legais e morais (1954-1976), e eugenia como tema do começo do século XX (1993-2002). Expressa três categorias de conceitos:

  • 2 - responsabilidade da enfermeira em relação ao tema
  • 3 - não há solução para os males sociais fora das leis da biologia.

Estados Unidos

Nos EUA surgiu a eugenia negativa - aliança entre as teorias eugênicas européias e o racismo já existente naquele país -, que consiste na eliminação das futuras gerações de incapazes (doentes, de raças indesejadas e empobrecidos) através da proibição de casamento, esterilização coercitiva e eutanásia. Como teoria, vicejou no final do século XIX, quando os imigrantes não-germânicos eram mal vistos pelos descendentes dos primeiros colonizadores.

O patrocínio privado à eugenia começou nos EUA, nos anos iniciais do século XX. Financiadores tanto do racismo nos EUA, eram os milionários americanos John D. Rockefeller, Harriman, Carnegie e tantos outros. Ao capital uniram-se cientistas de Harvard, Yale, Princeton e Stanford. De uma forma rapida e eficaz podemos dizer que Eugenia é a Ciência que se ocupa com o estudo e cultivo de condições que tendem a melhorar as qualidades físicas e morais de gerações futuras.

Charles Davenport dirigia o laboratório de biologia do Brooklin Institute of Arts and Science, em Cold Spring Harbor, em 1903, e lá ao Instituto Carnegie instalou uma estação experimental de eugenia. Apoiado por criadores de animais e especialistas em sementes que participavam do movimento eugenista, criou em 1909 o Eugenics Record Office, registro de antecedentes genéticos de americanos com que pretendia pressionar o governo a criar leis propícias à prevenção do nascimento de indesejáveis. O estado de Indiana foi o primeiro a legalizar a esterilização coercitiva, seguido por outros 27 estados. Foram esterilizadas por determinação legal, nos EUA, cerca de 60 000 pessoas, metade delas na Califórnia.

O escritório de imigração de Nova York era mantido por doações da companhia Harriman de trens, e submetia imigrantes judeus, italianos e outros à deportação, confinamento ou esterilização.

Em 1912 foi criado o Comitê Internacional de Eugenia, dominado pelos EUA, e o centro em Cold Spring Harbor era base de treinamento de eugenistas do mundo todo.

Século XXI

Começando na década de 1980, a história e conceito de eugenismo foram amplamente discutidos como avançados conhecimentos sobre genética. Empreendimentos, como o Projeto Genoma Humano, fez com que a alteração efetiva da espécie humana parecesse possível novamente (como ocorreu com teoria da evolução de Darwin em 1860, juntamente com a redescoberta de leis de Mendel no início do século XX). A diferença no início do século XXI foi a atitude cautelosa da sociedade em relação ao eugenismo, que tinha se tornado um lema a ser temido e não apoiado, principalmente depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

Companhias de seguro, planos de saúde e centros de imigração estão usando descobertas científicas para detectar características genéticas. Diagnóstico pré-natal de possíveis defeitos permite a opção pelo aborto. Estima-se que entre 91% e 93% das crianças diagnosticadas com Síndrome de Down sejam abortadas [10] Estes temas, bem como a AIDS, têm sido discutidos com base em pressupostos eugênicos, sem que se explicite essa referência.

O filme estadunidense "Gattaca", de 1997, descreve um futuro onde a maioria das crianças são selecionadas a partir de embriões fertilizados in vitro, e só os perfeitos são implantados no útero. As pessoas que não são geneticamente planejadas ("in-válidas") são discriminadas pela sociedade.

Ideias e sugestões

Pesquisadores científicos, como os psicólogos Richard Lynn e Raymond Cattell e o cientista Gregory Stock apoiam abertamente políticas eugênicas utilizando a tecnologia moderna, mas eles representam uma opinião minoritária nos atuais círculos científicos e culturais.[11] Uma tentativa implementação de uma forma de eugenismo era um "banco de esperma de gênios" (1980–99) criado por Robert Klark Graham, partir do qual quase 230 crianças foram concebidas (os doadores conhecidos eram ganhadores do Prêmio Nobel como William Shockley e J.D. Watson). Nos Estados Unidos e Europa, no entanto, estas tentativas frequentemente têm sido criticadas como formas racistas de eugenismo, como as que ocorriam na década de 1930. Devido à sua associação com esterilização obrigatória e os ideais raciais do partido nazista, a palavra "eugenismo" é raramente usada pelos defensores desses programas.

Eugenicistas argumentam que a imigração proveniente de países com baixo Quociente de inteligência (QI) é indesejável. De acordo com Raymond Cattell "quando um país abre suas portas à imigração de diversos países, é como um agricultor que adquire suas sementes de diferentes fontes, com sacos com conteúdos de diferentes qualidades."[12]

Disgenia

Ver artigo principal: Disgenia

A disgenia é a degeneração genética nas populações humanas modernas, ela surge com a medicina moderna, quando diversas doenças sérias de caráter genético começaram a ser tratadas, e as vitímas de tais doenças começaram a ter uma expectativa de vida maior, possibilitando a transmissão de certas doenças para as futuras gerações, o que tem contribuído no acúmulo de doenças a cada geração. Tal fato tem sido amplamente discutido entre os eugenistas modernos, e recentemente foi publicado um livro do cientista inglês Richard Lynn tratando do assunto.

Críticas

Ética

Observando-se do ponto de vista ético, é impossível determinar o ponto exato onde a interferência do Estado pode ou não impedir ou incentivar a reprodução de cidadãos por quaisquer critérios. A comunidade científica sabe que a hereditariedade tem papel importante, porém nunca exclusivo sobre a inteligência de um determinado indivíduo, ou grupos de indivíduos, pois o fator inteligência não é determinado apenas por uma seqüência genética, mas também é influenciado pelo ambiente do indivíduo. Logicamente não podemos afirmar que uma pessoa é menos inteligente do que outra apenas por ela não saber ler. Por outro lado, estudos mais modernos têm mostrado que existem diferentes formas de inteligência (inteligências múltiplas) e que os testes de QI têm valor no mínimo limitado, mas que mostram muito bem a capacidade lógica de um indivíduo.

Apesar de o assunto eugenia sempre por a tona o aspecto cruel da manipulação genética, seria esta talvez uma forma de eliminarmos de vez doenças a muito conhecidas e sem cura por serem doenças genéticas. Doenças bacterianas podem ser tratadas com antibióticos, por exemplo, mas uma doença genética não tem cura, e a única solução para essa doença seria necessariamente a eliminação de seus genes causadores. São conhecidos mecanismos fisiológicos de transmissão e expressão de caracteres hereditários. Também são conhecidos métodos que possibilitam inibir o nascimento de indivíduos com defeitos físicos ou enfermidades. De acordo com a seleção natural, indivíduos com doenças seriam naturalmente incapazes de transmitir seu código genético, no entanto isso não ocorre pois qualquer um hoje pode se reproduzir mesmo sendo incapaz e passar sua carga genética para descendentes. Especula-se que uma possível solução para doenças genéticas seria necessariamente um programa de eugenia.

Em vários países o movimento eugênico inspirou a promulgação de leis que determinavam a esterilização compulsória de portadores de certas doenças hereditárias graves. Como lei, a eugenia nasceu nos Estados Unidos, em 1907.

Nas artes

Cinema

O filme Gattaca (EUA, 1997) expôs as preocupações sobre as tecnologias reprodutivas que facilitam a eugenia e as possíveis consequências de tais desenvolvimentos tecnológicos para a sociedade.

Literatura

A Sétima Porta (2007), um romance de Richard Zimler, explora a esterilização e a matança de pessoas deficientes na Alemanha Nazi.

Ver também

Referências

  1. Galton, Francis (1973). Inquiries into human faculty and its development. New York: AMS Press. ISBN 0404081274 9780404081270 Verifique |isbn= (ajuda) 
  2. José Roberto Goldim (1998). «Eugenia». UFRGS. Consultado em 28 de janeiro de 2009 
  3. a b Bulmer, M. (2003). Francis Galton: Pioneer of Heredity and Biometry. Baltimore: The John Hopkins University Press. 357 páginas. ISBN 0801874033 
  4. Centro de filosofia e ciências humanas: O NATURAL E O ARTIFICIAL: ARGUMENTOS MORAIS E POLÍTICOS CONTRA A EUGENIA POSITIVA SEGUINDO HABERMAS E FOUCAULT - Universidade Federal de Santa Catarina . Acessado em 24 de Maio de 2011.
  5. Scielo - EUGENIA NEGATIVA E POSITIVA: SIGNIFICADOS E CONTRADIÇÕES. Acessado em 24 de Maio de 2011.
  6. (em português)Ciência Hoje - Livro explica surgimento do Homo brasilis
  7. Scielo - A HORA DA EUGENIA: RAÇA, GÊNERO E NAÇÃO NA AMÉRICA LATINA. Acessado em 24 de Maio de 2011.
  8. UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Eugenia no Brasil. Maria Eunice de Souza Maciel. Acessado em 24 de Maio de 2011.
  9. "Higienismo e Eugenia: discursos que não envelhecem"
  10. Caroline Mansfield, Suellen Hopfer, Theresa M. Marteau (1999). «Termination rates after prenatal diagnosis of Down syndrome, spina bifida, anencephaly, and Turner and Klinefelter syndromes: a systematic literature review». Prenatal Diagnosis. 19 (9): 808–812  PMID 10521836 This is similar to 90% results found by David W. Britt, Samantha T. Risinger, Virginia Miller, Mary K. Mans, Eric L. Krivchenia, Mark I. Evans (1999). «Determinants of parental decisions after the prenatal diagnosis of Down syndrome: Bringing in context». American Journal of Medical Genetics. 93 (5): 410–416  PMID 10951466
  11. See, i.e., Richard Lynn, Eugenics: A Reassessment (Human Evolution, Behavior, and Intelligence) (Praeger Publishers, 2001).
  12. Cattell, R. B. (1987). Beyondism: Religion from science. New York: Praeger, p. 187

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