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Revisão das 21h41min de 20 de janeiro de 2019

Nair de Tefé
Nair de Teffé
9.ª Primeira-dama do Brasil
Período 8 de dezembro de 1913
até 15 de novembro de 1914
Antecessor(a) Orsina da Fonseca
Sucessor(a) Maria Pereira Gomes
Dados pessoais
Nome completo Nair de Teffé von Hoonholtz da Fonseca
Nascimento 10 de junho de 1886
Petrópolis, Rio de Janeiro
Morte 10 de junho de 1981 (95 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileira
Cônjuge Hermes da Fonseca (1913–1923)

Nair de Teffé von Hoonholtz[1] (Petrópolis, 10 de junho de 1886Rio de Janeiro, 10 de junho de 1981), mais conhecida como Nair de Tefé, foi uma pintora, cantora, atriz e pianista brasileira. É notada por ter sido a primeira caricaturista mulher do mundo,[2] e por ter sido primeira-dama do Brasil de 1913 a 1914, como esposa do marechal Hermes da Fonseca. Foi, até agora, a pessoa que mais tempo teve a condição de ex-primeira-dama (67 anos).

Depois de casada, Nair alterou seu nome para Nair de Tefé Hermes da Fonseca.

Nair de Teffé conta no seu livro autobiográfico A verdade sobre a Revolução de 22: "Quem mais me animou no Brasil, no início da carreira, foi minha amiga Laurinda dos Santos Lobo, a "Marechala da moda", que em 1907, examinando uma caricatura que fiz sem ela saber, exclamou: "— Que "charmant"!".[3][4]

Biografia

Filha do barão de Tefé, neta do conde von Hoonholtz, sobrinha do 2.° barão de Javari, prima-irmã da condessa de Frontin, D. Maria Leocádia Dodsworth de Frontin, esposa do engenheiro Paulo de Frontin, conde de Frontin;[5] tia de Manuel de Teffé e da marquesa Maria Luiza de Teffé Berlingieri, e tia-avó do ator Anthony Steffen; Nair estudou em Paris e Nice, na França, para onde se mudou com um ano de idade. Tendo regressado ao Brasil, iniciou sua carreira por volta de 1906.

Nair Teffé em fotografia de F. Mulnier.

Publicou seu primeiro trabalho, A Artista Rejane, na revista "Fon-Fon", sob o pseudônimo de Rian (Nair de trás para frente e com som semelhante a 'nada', em francês, que é "rien"). Também publicaram suas caricaturas da elite, dentre outros, os periódicos O Binóculo, A Careta, O Ken, bem como os jornais Gazeta de Notícias e da Gazeta de Petrópolis. Seu traço era ágil e transmitia muito bem o caráter das pessoas.

Deixou de exercer sua carreira como caricaturista em 8 de dezembro de 1913, ao casar-se com o então presidente da República, o marechal Hermes da Fonseca. Embora já estivessem noivos desde 6 de janeiro do mesmo ano. Hermes era viúvo de Orsina da Fonseca (falecida em 1912).

Nair de Tefé foi uma mulher à frente de seu tempo. Lançou no Brasil a moda de calças compridas para mulheres e a de montar a cavalo como homem[6]. A primeira-dama promovia saraus no Palácio do Catete — o Palácio Presidencial brasileiro da época —, que ficaram famosos por introduzir o violão nos salões da sociedade. Sua paixão por música popular reunia amigos para recitais de modinhas.

Imagem sem data de Nair de Tefé.

As interpretações de Catulo da Paixão Cearense fizeram sucesso e, em 1914, incentivaram Nair de Tefé a organizar um recital de lançamento do Corta Jaca, um maxixe composto por Chiquinha Gonzaga (sua amiga). Foram feitos críticas ao governo e retumbantes comentários sobre os "escândalos" no palácio, pela promoção e divulgação de músicas cujas origens estavam nas danças lascivas e vulgares, segundo a concepção da elite social. Levar para o palácio presidencial do Brasil a música popular foi considerado, na época, uma quebra de protocolo, causando polêmica nas altas esferas da sociedade e entre políticos. Rui Barbosa chegou a pronunciar o seguinte discurso no Senado Federal a 7.11.1914:

Uma das folhas de ontem estampou em fac-símile o programa de recepção presidencial em que, diante do corpo diplomático, da mais fina sociedade do Rio de Janeiro, aqueles que deviam dar ao país o exemplo das maneiras mais distintas e dos costumes mais reservados elevaram o "Corta-jaca" à altura de uma instituição social. Mas o "Corta-jaca" de que eu ouvira falar há muito tempo, o que vem a ser ele, sr. Presidente? A mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba. Mas nas recepções presidenciais o "Corta-jaca" é executado com todas as honras da música de Wagner, e não se quer que a consciência deste país se revolte, que as nossas faces se enrubesçam e que a mocidade se ria![7]

Logo após o término do mandato presidencial, Nair mudou-se novamente para a Europa. Voltou para o Brasil por volta de 1921 e participou da Semana de Arte Moderna. Resolveu voltar para Petrópolis, onde foi eleita, em 1928, presidente da Academia de Ciências e Letras, que extinguiu em 1929 e fundou em seu lugar a Academia Petropolitana de Letras, sendo presidente até 1932[8]. Em 9 de abril de 1929, Nair tomou posse na Academia Fluminense de Letras[9].

Em 1932, retornou ao Rio de Janeiro, onde fundou em 28 de novembro de 1932 o Cinema Rian, na Avenida Atlântica, em Copacabana. Quando foi morar em Pendotiba, Niterói, adotou três crianças: Carmen Lúcia, Tânia e Paulo Roberto.[10]

Últimos anos e morte

Dezessete anos depois, já viúva, Nair, aos 73 anos, voltou a fazer caricaturas, inclusive de várias personalidades. No fim dos anos 1970, participou das comemorações do Dia Internacional da Mulher. Morreu de infecção pulmonar agravada por insuficiência cardíaca, no Rio de Janeiro, no dia de seu aniversário de 95 anos, em 10 de junho de 1981.

Referências

  1. Pela grafia arcaica, Nair de Teffé von Hoonholtz. Sendo o último sobrenome de seu pai: von Hoonholtz, foi-lhe adicionado o sobrenome Teffé pois é o nome da grandeza do baronato de seu pai.
  2. Mestres do Quadrinho Nacional: Nair de Teffé
  3. FONSECA, Nair de Teffé Hermes da. A verdade sobre a Revolução de 22. Rio de Janeiro: Gráfica Portinho Cavalcanti, 1974. Páginas 15 e 16.
  4. Machado, Hilda. Laurinda Santos Lobo: mecenas, artistas e outros marginais em Santa Teresa. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2002. Páginas 125, 164 e 166. A relação de amizade de Nair de Teffé e de seus pais, os barões de Teffé, com Laurinda Santos Lobo, também é mencionada no referido livro biográfico de Laurinda Santos Lobo. Também é mencionado no referido livro, como ocorreu o incentivo de Laurinda ao talento de Nair de Teffé para a caricatura.
  5. «Jornal Folha Real». Arquivado do original em 25 de fevereiro de 2016 
  6. Veja, edição 667, de 17 de junho de 1981
  7. Citado por Jota EFEGÊ, Maxixe, p. 161 e por Carlos SANDRONI, Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933), p. 91.
  8. Biografia de Nair de Tefé na Academia Petropolitana de Letras
  9. 1929 - Niterói RJ - Toma posse em 4 de abril na Academia Fluminense de Letras. A cerimônia ocorreu no Teatro Municipal de Niterói - Enciclopédia Itaú de Artes Visuais.
  10. "Nair de Teffé: vidas cruzadas", Antonio Edmilson Martins Rodrigues. - Rio de Janeiro : Editora FGV, 2002. Página 145.

Ver também

Ligações externas

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