O Beijo da Mulher Aranha
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Kiss of the Spider Woman | |
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O Beijo da Mulher Aranha (PRT/BRA) | |
![]() ![]() 1985 • cor • 120 min | |
Direção | Héctor Babenco |
Produção | Francisco Ramalho Jr. David Weisman |
Roteiro | Leonard Schrader |
Baseado em | El beso de la mujer araña de Manuel Puig |
Elenco | William Hurt Raúl Julia Sônia Braga José Lewgoy Miriam Pires |
Gênero | drama |
Música | Nando Carneiro Michael Jary John Neschling |
Cinematografia | Rodolfo Sánchez |
Edição | Mauro Alice |
Distribuição | ![]() ![]() |
Lançamento | 26 de julho de 1985 |
Idioma | inglês português |
O Beijo da Mulher Aranha (em inglês: Kiss of the Spider Woman) é um filme dramático brasileiro-estadunidense de 1985. Foi dirigido pelo cineasta argentino naturalizado brasileiro Héctor Babenco e adaptado por Leonard Schrader do romance homônimo de Manuel Puig. William Hurt, Raúl Juliá, Sônia Braga, José Lewgoy e Milton Gonçalves fazem parte do elenco principal. Em novembro de 2015, o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.[1]
Índice
Sinopse[editar | editar código-fonte]
O filme conta a história do prisioneiro político de esquerda Valentín Arregui (Raúl Juliá) e Luís Molina (William Hurt), um homossexual efeminado condenado por "corrupção de menor". Os dois dividem uma cela numa prisão brasileira.[2]
Molina relembra, na prisão, um de seus filmes favoritos, um suspense romântico de guerra que também é uma propaganda nazista. Ele tece os personagens do filme numa narrativa que traz conforto a Arregui para distraí-lo da dura realidade da prisão e da separação da mulher que ama.[2]
Arregui permite que Molina penetre sua autodefensiva intimidade e se abre para ele. Apesar de suas discussões sobre a política por trás do cinema, uma improvável amizade se desenvolve entre os dois prisioneiros: o sonhador e o ativista político.[2]
À medida que a história se desenvolve, fica claro que Arregui está sendo envenenado pelos carcereiros para que revele o que sabe. Molina, ao que tudo indica, também pode ter segundas intenções, ou seja, seus sentimentos românticos por Arregui.[2]
Produção[editar | editar código-fonte]
O filme foi produzido logo após o auge da repressão política na América Latina. Em 1979, de todos os treze países da América do Sul, apenas três – Colômbia, Guiana e Venezuela – não eram governados por uma ditadura militar. É baseado no romance El beso de la mujer araña, escrito pelo argentino Manuel Puig em 1976, no mesmo ano em que a democracia é novamente derrubada em seu país, apenas três anos após ser reestebelecida.
A história do filme traz um exemplo clássico do "filme dentro do filme". O filme, fictício, se chama Her Real Glory (em português: A Verdadeira Glória Dela) e teria sido produzido pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Assim como na maioria dos casos, não interessa como o "filme dentro do filme" termina; o que importa para a sinopse do filme é o que acontece com os prisioneiros.
O ator Burt Lancaster, que recebeu um agradecimento especial nos créditos finais, foi quem iniciou o projeto de O Beijo da Mulher Aranha, quando o nome provisório do filme ainda era Molina. Lancaster estava tentando conseguir financiamento para o filme desde 1981, quando Babenco lhe deu uma cópia do romance em um evento em Nova Iorque. Lancaster estava interessado em interpretar Molina, mas teve que desistir após sofrer um ataque cardíaco em junho de 1983, aos 70 anos de idade.
Após a saída de Burt Lancaster do projeto, Héctor Babenco cogitou rodar o filme com os atores brasileiros Paulo José e Chico Díaz nos papéis principais. Mas Raúl Juliá sugeriu o nome de um amigo, o até então pouco conhecido galã de Corpos Ardentes, de 1980, seu filme mais lembrado. William Hurt acabou ficando com o papel do inesquecível Molina e ganhou seu único Oscar em 1985.
O filme, que custou menos de 1 milhão de dólares para ser produzido, arrecadou mais de 17 milhões apenas nas bilheterias estadunidenses,dando um enorme reconhecimento aos então desconhecidos Héctor Babenco, William Hurt, Raúl Juliá e Sônia Braga. Apesar de ter sido o filme que lhe deu destaque no mercado internacional, Braga não sabia falar inglês na época das filmagens, e todas as suas falas tiveram que ser decoradas foneticamente.
Durante os ensaios, Hurt e Juliá tiveram problemas para encontrar a química necessária para as cenas de seus personagens. Assim sendo, Hurt sugeriu que eles experimentassem trocar de papéis, com Hurt interpretando Valentín e Juliá interpretando Molina. os ensaios deram tão certo que Hurt sugeriu a Babenco que os atores deveriam trocar de papéis nas filmagens do filme também. O diretor não aceitou a troca, mas Hurt disse que foi uma experiência muito útil e ajudou os atores a entenderem mais sobre os próprios personagens. Hurt e Juliá teriam trabalhado de graça no filme, recebendo apenas o dinheiro de suas passagens e hospedaria no Brasil. Ao receber o Oscar de melhor ator, Hurt utilizou a palavra da língua portuguesa "saudade" para se referir ao que estava sentindo pelo Brasil.
Elenco principal[editar | editar código-fonte]
- William Hurt como Luís Molina
- Raúl Juliá como Valentín Arregui
- Sônia Braga como Leni Lamaison / Marta / Mulher Aranha
- José Lewgoy como guarda
- Milton Gonçalves como policial
- Miriam Pires como mãe de Molina
- Nuno Leal Maia como Gabriel, amigo de Molina
- Fernando Torres como Américo
- Patricio Bisso como Greta
- Herson Capri como Werner
- Denise Dumont como Michelle
- Miguel Falabella como tenente
- Ana Maria Braga como Lídia
- Antônio Petrin como Torto
- Wilson Grey como Fiasco
- Cláudio Curi
Principais prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]
Oscar 1986
Ano | Categoria | Notas | Resultado |
---|---|---|---|
1986 | Melhor Filme | Indicado | |
Melhor Diretor | Héctor Babenco | Indicado | |
Melhor Ator | William Hurt | Venceu | |
Melhor Roteiro Adaptado | Leonard Schrader | Indicado |
Festival de Cinema de Cannes 1985
Ano | Categoria | Notas | Resultado |
---|---|---|---|
1985 | Palma de Ouro (Melhor Filme) | Indicado | |
Melhor Ator | William Hurt | Venceu |
Ano | Categoria | Notas | Resultado |
---|---|---|---|
1986 | Melhor Filme - Drama | Indicado | |
Melhor Ator - Drama | Raúl Juliá | Indicado | |
William Hurt | Indicado | ||
Melhor Atriz Coadjuvante | Sônia Braga | Indicado |
BAFTA 1986
Ano | Categoria | Notas | Resultado |
---|---|---|---|
1986 | Melhor Ator | William Hurt | Venceu[3] |
Adaptações[editar | editar código-fonte]
Manuel Puig foi quem primeiro adaptou sua própria obra, no formato de uma peça de teatro. A adaptação, entretanto, só veio após o lançamento do filme.[4]
Após o sucesso do filme, um musical homônimo da Broadway foi produzido em 1993. A peça foi interpretada 904 vezes no Teatro Broadhurst a partir de 3 de maio daquele ano e recebeu três prêmios Tony nas categorias de melhor peça musical, melhor atriz em peça musical (Chita Rivera) melhor roteiro de peça musical e melhor trilha sonora de peça musical.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ André Dib (27 de novembro de 2015). «Abraccine organiza ranking dos 100 melhores filmes brasileiros». Abraccine. abraccine.org. Consultado em 26 de outubro de 2016
- ↑ a b c d Sinopse do filme no All Movie Guide.
- ↑ «Actor in a Leading Role in 1986» (em inglês). British Academy of Film and Television Arts. Consultado em 21 de junho de 2017
- ↑ Crítica do filme no All Movie Guide.
- Filmes dirigidos por Héctor Babenco
- Filmes dos Estados Unidos de 1985
- Filmes do Brasil de 1985
- Filmes premiados com o Oscar de melhor ator
- Filmes premiados com o BAFTA
- Filmes premiados no Festival de Cannes
- Filmes premiados com o David
- Filmes de drama dos Estados Unidos
- Filmes em língua inglesa
- Filmes em língua portuguesa
- Filmes gravados em São Paulo (cidade)
- Filmes brasileiros independentes
- Filmes ambientados em prisões
- Filmes de drama do Brasil
- Filmes sobre a ditadura militar no Brasil (1964-1985)
- Filmes com temática LGBT do Brasil
- Filmes baseados em obras de autores da Argentina
- Filmes com temática LGBT dos Estados Unidos