Ornitologia

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Capa de Ornithologiae, de Ulisse Aldrovandi, publicado em 1599.

Ornitologia é o ramo da zoologia que se dedica ao estudo das aves a partir de sua distribuição na superfície do globo, das condições e peculiaridades de seu meio, costumes e modo de vida, de sua organização e das características que as distinguem umas das outras, para classificá-las em espécies, gêneros e famílias.

A ornitologia é uma das poucas ciências beneficiadas por importantes contribuições de amadores. Embora muitas informações provenham de observação direta, algumas áreas da ornitologia tiram proveito de técnicas e instrumentos modernos como anilhamento de aves (PT: anilhagem de aves), radar e radiotelemetria.

No Ocidente, Aristóteles foi um dos primeiros a escrever sobre as aves em sua obra Sobre a história dos animais, continuada em Roma, mais de três séculos depois, por Plínio, o Velho. Várias obras da Idade Média e do início da era moderna registram observações pessoais relevantes, como A arte de caçar com aves, escrita pelo imperador alemão Frederico II no século XIII, ou a Histoire de la nature des oiseaux (1555; História da natureza das aves), do naturalista francês Pierre Belon. O marco inicial do estudo científico das aves é o trabalho do naturalista inglês Francis Willughby, continuado por seu colega John Ray, que publicou The Ornithology of F. Willughby (1678; A ornitologia de F. Willyghby), em que aparece a primeira tentativa metódica de classificação das aves, baseada essencialmente nas características de forma e de função.

Anilhamento é uma atividade desenvolvida no âmbito da ornitologia que ajuda a melhorar o conhecimento das aves.

Aplicaram-se à ornitologia, como aos demais ramos das ciências naturais, os métodos do naturalista sueco Lineu, cuja classificação sistemática, ou taxonomia, foi adotada como ponto de partida para todas as questões relativas à nomenclatura binária das espécies do mundo vivo, seguida com absoluta consistência pelos ornitólogos.

Em consequência dos grandes descobrimentos marítimos do século XVI, um número crescente de aves inteiramente desconhecidas pelos europeus ficou sem classificação, o que se tornou um problema para a ornitologia. Os pesquisadores passaram a estudá-las por meio de exemplares conservados em seus gabinetes, origem dos primeiros museus. Entre essas coleções particulares, figurava a do físico francês René-Antoine Ferchault de Réaumur, a quem se deve a técnica de conservação dos exemplares a seco (taxidermia), em que se baseiam os estudos taxionômicos.

No século XIX, os especialistas concentraram-se na anatomia interna, por sua aplicação à taxonomia. No decorrer do século XX, o estudo anatômico cedeu lugar ao crescente interesse por critérios ecológicos e etológicos.

Ornitologia no Brasil[editar | editar código-fonte]

Entre as referências mais antigas feitas à avifauna brasileira, destacam-se as que se encontram no livro do arcabuzeiro alemão Hans Staden, que caiu prisioneiro dos índios por volta de 1553. A essa fonte somam-se as informações esparsas nas obras de dois franceses, o franciscano André Thevet e o calvinista Jean de Léry, bem como nas de outros religiosos e viajantes. O estudo das aves indígenas figura como um dos capítulos mais importantes da História naturalis Brasiliae (1648), do naturalista holandês Georg Marcgrave.

Valiosos dados, cujo interesse se mantém até hoje, foram coletados no período colonial pela "viagem filosófica" de Alexandre Rodrigues Ferreira à região amazônica, patrocinada pela coroa portuguesa no final do século XVIII. Todas as muitas expedições científicas ao Brasil durante o século seguinte, como a de Georg Heinrich von Langsdorff, a do príncipe Maximilian von Wied-Neuwied e a de Hermann Burmeister, deixaram registros ornitológicos de variada importância. A obra de Burmeister se notabilizou por haver tentado uma descrição geral das aves do país, embora muito limitada a regiões de Minas Gerais.

Materiais obtidos pelo colecionador alemão Johann Centurius von Hoffmannsegg e incorporados ao museu de Berlim permitiram que Johann Karl Wilhelm Illiger, Martin Heinrich Lichtenstein e outros descrevessem espécies até então ignoradas na Europa.

Gravura de ovos de aves em livro do século XIX.

O francês Pierre-Antoine Delalande colecionou extraordinário número de espécies novas, de ocorrência no Rio de Janeiro, descritas por seu compatriota Louis Vieillot. Outro francês, Edouard Ménétriès, que viajara por Minas Gerais em companhia de Langsdorff, reuniu material que mais tarde estudou no Museu de São Petersburgo. Entre os ornitologistas ingleses no Brasil, o principal foi William Swainson, que descreveu e desenhou primorosamente as aves nordestinas.

Foram também muito úteis aos estudos ornitológicos brasileiros as viagens de Alfred Russel Wallace e de outros à Amazônia, assim como o Catalogue of the Birds in the British Museum (1874–1875; Catálogo de aves do Museu Britânico), que marcou época e até hoje constitui obra indispensável aos estudiosos. O dinamarquês Johannes Theodor Reinhardt ocupou-se das aves coletadas por Peter Wilhelm Lund em sua jornada pelas regiões campestres de Minas Gerais e estados vizinhos. A expedição americana de 1865, chefiada por Louis Agassiz, assinalou o começo de um ciclo de visitas ao Brasil de naturalistas-colecionadores dos Estados Unidos.

Dentre os principais estudos da ornitologia brasileira destacam-se os trabalhos realizados no Museu Nacional, no Rio de Janeiro; no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará; e no Museu Paulista, que em 1907 publicou um catálogo das aves do Brasil, seguido por edições ampliadas. Outras obras fundamentais de referência são As aves do Brasil (1894–1900), de Emílio Goeldi, e Catálogo das aves amazônicas (1914), de Emilie Snethlage.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Sick, Helmut (1997). Ornitologia brasileira 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 862 páginas. ISBN 9788520908167 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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