Sinhô

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Sinhô
Sinhô
Sinhô, por volta de 1925.
Informação geral
Nome completo José Barbosa da Silva
Também conhecido(a) como O Rei do Samba
Nascimento 18 de setembro de 1888
Local de nascimento Rio de Janeiro, Município Neutro
Império do Brasil
Morte 4 de agosto de 1930 (41 anos)
Local de morte Rio de Janeiro, Distrito Federal
Nacionalidade brasileira
Gênero(s) maxixe
Ocupação(ões) instrumentista e compositor
Instrumento(s)

José Barbosa da Silva, mais conhecido como Sinhô (Rio de Janeiro, 18 de setembro de 1888 — Rio de Janeiro, 4 de agosto de 1930[1]) foi um instrumentista e compositor brasileiro.

Foi um dos compositores pioneiros do samba carioca, no início do século XX[2].

História[editar | editar código-fonte]

Filho de Ernesto Barbosa da Silva, um pintor, admirador dos grandes chorões da época, Sinhô foi estimulado a estudar flauta, mas não se deu bem com o instrumento e se dedicou ao piano e ao violão.[1]

Casou-se cedo, aos 17 anos, com a portuguesa Henriqueta Ferreira, tendo que labutar para sustentar os três filhos. Por volta de 1911, tornou-se pianista profissional, animando os bailes de agremiações dançantes, como o Dragão Club Universal e o Grupo Dançante Carnavalesco Tome a Bença da Vovó. Não perdia nenhuma roda de samba na casa da baiana Tia Ciata, onde encontrava os também sambistas Germano Lopes da Silva, João da Mata, Hilário Jovino Ferreira e Donga.

Ficou surpreso quando Donga, em 1917, registrou como sendo dele (em parceria com Mauro de Almeida) o samba carnavalesco Pelo telefone, que na casa da Tia Ciata todos cantavam com o nome de O roceiro. A canção, que até hoje é motivo de discussões, gerou uma das maiores polêmicas da história da música brasileira, com vários compositores, entre eles Sinhô, reivindicando sua autoria. Para alimentar a polêmica, compôs, em 1918, Quem são eles, numa clara provocação aos parceiros de Pelo telefone. Acabou levando o troco. Exclusivamente para ele, foram compostas Fica calmo que aparece, de Donga, Não és tão falado assim, de Hilário Jovino Ferreira, e Já te digo, de Pixinguinha e seu irmão China, que traçaram-lhe um perfil nada elegante: (“Ele é alto e feio/ e desdentado/ ele fala do mundo inteiro/ e já está avacalhado...”). Pagou a ambos com a marchinha O pé de anjo, primeira composição gravada com a denominação marcha.

O gosto pela sátira lhe trouxe alguns problemas mais sérios, quando compôs Fala Baixo, em 1921, um brincadeira com o presidente Artur Bernardes. Teve de fugir para casa de sua mãe para não ser preso. Cultivou a fama de farrista, promovendo grandes festas em bordéis, o que não o impediu de ganhar o nobre título de “O Rei do Samba” durante a Noite Luso-Brasileira, realizada no Teatro República, em 1927.

Durante 1928, ministrou aulas de violão a Mário Reis, que se tornaria o seu intérprete preferido e que lançaria dois dos seus maiores sucessos: "Jura" e "Gosto Que Me Enrosco". Compôs o último samba, "O Homem da Injeção", em julho de 1930, um mês antes de sua morte, no entanto a letra e a melodia deste samba desapareceram misteriosamente, não chegando ao conhecimento do público.

Morreu em decorrência da hemoptise fulminante, a bordo da barca Sétima, durante uma viagem da Ilha do Governador, onde morava, ao Cais Pharoux.[1] Seu velório e funeral foram descritos com tintas literárias por Manuel Bandeira.[3] Foi sepultado no Cemitério do Caju .

Jura (Sinhô) - 1a página. Partitura disponível no Portal Musica Brasilis.

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Busto de Sinhô. (Campo de Santana, Rio de Janeiro)

Em 1952, sob a direção de Lulu de Barros, a atriz Cármen Santos produziu o filme O Rei do Samba, sobre a trajetória de vida de Sinhô.[4]

Em 5 de dezembro de 2010 foi ao ar, pela TV Brasil, o programa De Lá pra Cá, com apresentação Ancelmo Gois e Vera Barroso, onde se focou a história de Sinhô que, neste ano, completava 80 anos de falecimento. O programa, que teve a participação dos cantores Zeca Pagodinho, Teresa Cristina, Marcos Sacramento, Clara Sandroni e Luiz Henrique, contou também com a entrevista do pesquisador André Gardel.

Em 2011, para comemorar os 100 anos do surgimento de Sinhô no cenário artístico como músico, em 1911, e 80 anos de saudade do grande mestre, o cantor Luiz Henrique, o showman Bob Lester e a cantora de rádio Marion Duarte homenagearam Sinhô com o show Tributo ao Rei do Samba Sinhô, que foi apresentado em points da cidade do Rio de Janeiro, como o Salão Vip do Amarelinho da Cinelândia, o Teatro do SESC de Madureira, e a Gafieira Estudantina da praça Tiradentes. No espetáculo, os cantores interpretaram grandes sucessos do Rei do Samba, como Jura, Gosto que me Enrosco, O Pé de Anjo, Sabiá e Sonho de Gaúcho, entre outros. O show também foi ilustrado com canções de compositores contemporâneos de Sinhô, como Pixinguinha e Noel Rosa.

Obras[editar | editar código-fonte]

Composições[editar | editar código-fonte]

  • Achou Ruim Faz Meio Dia
  • Ai Uê Dendê
  • A Favela Vai Abaixo
  • A Medida do Senhor do Bonfim
  • Alegrias de Caboclo
  • Alivia Estes Olhos (Eu Queria Saber)
  • Alô Samba
  • Alta Madrugada - Adão Na Roda
  • Amar A Uma Só Mulher
  • Amor de Poeta
  • Amor Sem Dinheiro
  • Amostra A Mão
  • Ao Futebol
  • Aos Pés de Deus
  • Ave de Rapina
  • Beijo de Colombina
  • Bem Que Te Quero
  • Benzinho
  • Bem Te Vi
  • Black Time
  • Bobalhão
  • Bofe Pamin DGE
  • Burro de Carga (Carga de Burro)
  • Burucuntum (sob o pseudônimo J. Curangy)
  • Cabeça de Promessa
  • Cabeça é Ás
  • Cabecha Inchada
  • Cada Um Por Sua Vez
  • Cais Dourado
  • Câmbio a Zero
  • Canção do Ciúme
  • Canção Roceira (Casinha de Sapê)
  • Caneca de Couro
  • Canjiquinha Quente
  • Cansei
  • Capineiro
  • Carinhos de Vovô
  • Carta do ABC (Pegue na Cartilha)
  • Cassino Maxixe (com letra de Bastos Tigre)
  • Cateretê na Poeira
  • Cauã
  • Chegou a Hora
  • Chequerê
  • Cocaína
  • Como se Gosta
  • Confessa, Meu Bem
  • Confissão
  • Confissões de Amor
  • Correio da Manhã
  • Corta Saia
  • Criaturas (Vou Me Benzer)
  • Custe o Que Custar
  • Dá Nele
  • De Boca em Boca (Segura o Boi)
  • Deixe Deste Costume (Maldito Costume)
  • Demo Demo
  • Deus Nos Livre do Castigo das Mulheres
  • Dia de Exame
  • Dia de Gazeta
  • Disse Me Disse
  • Esponjas
  • Estás Crescendo e Ficando Bobo
  • Eu Ouço Falar (Seu Julinho)
  • Evohé'
  • Fala Baixo
  • Fala Macacada
  • Fala, Meu Louro
  • Falando Sozinho
  • Fique Firme
  • Força e Luz (com letra de C. Castro)
  • Garoto
  • Gegê
  • Golpe Feliz
  • Gosto Que Me Enrosco
  • Guitarra
  • Hip Hurra
  • Iracema
  • Já é Demais
  • Já Já
  • Jura
  • Juriti (Por Que Será?)
  • Kananga do Japão
  • Lei Seca
  • Leonor
  • Macumba Gegê
  • Maitaca
  • Mal de Amor
  • Maldito Costume
  • Meu Brasil
  • Meus Ciúmes
  • Mil e Uma Trapalhadas (com Wilson Batista)
  • Minha Branca
  • Minha Paixão
  • Missanga (Ô Rosa)
  • Mosca Vareja (com letra de Durval Silva)
  • Murmúrios
  • Não Posso Me Amofinar
  • Não Quero Saber Mais Dela (Samba da Favela)
  • Não Sou Baú
  • Não Te Quero Mais
  • Não Tens Futuro
  • Nossa Senhora do Brasil
  • Ó Mão de Lixa
  • O Pé de Anjo
  • O Que é Nosso
  • Ojaré
  • Oju Burucu
  • Olhos de Centelha (com J. Costa Júnior)
  • Ora Vejam Só
  • Os Olhos da Cabocla
  • Pé de Pilão
  • Pega-Rapaz
  • Pegue Seu Bode
  • Penosas No Conforto
  • Pianola
  • Pingo D'Água (talvez seja a mesma Queda D'água)
  • Quando A Mulher Quer
  • Quando Come Se Lambuza
  • Que Vale A Nota Sem O Carinho da Mulher
  • Queda D'água
  • Quem Fala de Mim
  • Quem São Eles?
  • Ratos de Raça
  • Recordar é Viver (Lembranças da Choça)
  • Reminiscência do Passado (Dor de Cabeça)
  • Resposta da Inveja
  • Sabiá (houve uma segunda versão, com poema de motivo folclórico)
  • Sai da Raia
  • Salve-se Quem Puder
  • Saudades
  • Se Ela Soubesse Ler
  • Se Meu Amor Me Vê
  • Sem Amor
  • Sempre Voando
  • Sete Coroas
  • Só Na Casa Aguiar
  • Só Por Amizade
  • Sonho de Gaúcho
  • Sou da Fandanga (sob o pseudônimo J. Curangy)
  • Super-Ale (com Ernesto Silva)
  • Tem Papagaio no Poleiro
  • Tesourinha
  • Tinteiro Virado
  • Tirando o Retrato (Oia Ele, Nascimento)
  • Três Macacos no Beco
  • Tu Maltratas Coração
  • Vida Apertada
  • Virou Bola
  • Viruta & Chicarron
  • Viva a Penha
  • Volta à Palhoça

Discografia[editar | editar código-fonte]

  • Um Sinhô Compositor - álbum duplo - disco 2: Sinhô Eu Canto Assim com Luiz Henrique (2010) - CD
  • Clôdo Ferreira Interpreta Sinhô - Com Clôdo Ferreira (2005) - CD
  • É Sim, Sinhô - Volume. III - Lira Carioca - Com Clara Sandroni e Marcos Sacramento (2000) - CD
  • É Sim, Sinhô - Volume. II - Lira Carioca - Com Clara Sandroni e Marcos Sacramento (1999) - CD
  • É Sim, Sinhô - Lira Carioca - Com Clara Sandroni e Marcos Sacramento (1998) - CD
  • Samba Sim Sinhô - Com Joel Teixeira (1990) - LP
  • Grandes Autores - Grandes Intérpretes- Vol. 2 autor: Sinhô - Com Ana Maria Brandão (1978) - LP

Coletâneas[editar | editar código-fonte]

  • Um Sinhô Compositor - álbum duplo - disco 1: Quem São Eles? - com Emilinha Borba e Jorge Goulart; Mário Reis; Carlos Galhardo; Gilberto Alves; Moreira da Silva; Jorge Veiga; Joel Teixeira e Zezé Motta; Paulinho da Viola; Dercy Gonçalves; Francisco Alves; Vicente Celestino; Silvio Caldas; Baiano (2010) - CD
  • Sinhô - Raízes da Música Popular Brasileira - Coleção Folha de S.Paulo - Vol. 25 - com Francisco Alves, Lira Carioca (Clara Sandroni e Marcos Sacramento), Mário Reis, Aracy Cortes, Gastão Formente - (2010) - CD
  • Enciclopédia Musical Brasileira - Noel Rosa por Noel Rosa e Sinhô, por Mário Reis (2000) - CD
  • Revivendo - Sinhô - Vol 1 O Pé de Anjo - RVCD 080 / Vol. 2 Alivia Estes Olhos - RVCD 081 / Vol. 3 Fala, Meu Louro - RVCD 082 - com Francisco Alves; Mário Reis; Januário de Oliveira; Augusto Anibal; Silvio Caldas; Aracy Cortes; Ildefonso Norat; Breno Ferreira; Carmen Miranda; Arthur Castro; Rosa Negra em dueto com Francisco Alves; Henrique Chaves; Iolanda Osório; Carlos Serra; Gastão Formenti; Pedro Celestino; Lucy Campos em dueto com Francisco Alves - (1988) - CD
  • Nosso Sinhô do Samba - com Francisco Alves e Mário Reis (1988) - LP
  • Nova História da Música Popular Brasileira - com Blecaute, Jorge Veiga, Francisco Alves e Rosa Negra, Paulo Tapajós e Turma do Sereno, Gilberto Alves e Bandinha de Altamiro Carrilho, Mário Reis, Paulinho da Viola e José Briamonte (1971) - Abril Cultural LP
  • Francisco Alves Interpreta Sinhô - com Francisco Alves (1968) - LP

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • AGUIAR, Ronaldo Conde (2013). «Mário Reis - O Bacharel do Samba». Os Reis da Voz. Rio de Janeiro: Casa da Palavra. p. 53. ISBN 978-85-773-4398-0 
  • ALENCAR, Edigar de. Nosso senhor do samba. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1988.
  • GARDEL, André. O Encontro Entre Bandeira e Sinhô. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1996.
  • MORAIS JUNIOR, Luis Carlos de. O Sol nasceu para todos:a História Secreta do Samba. Rio de Janeiro: Litteris, 2011.

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c AGUIAR 2013.
  2. «Sinhô». Portal Musica Brasilis. Consultado em 28 de março de 2021 
  3. https://web.archive.org/web/20171002052614/http://www.releituras.com/mbandeira_sinho.asp
  4. «O Rei do Samba». Cinemateca Brasileira. Consultado em 21 de setembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]