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Miriam Makeba: diferenças entre revisões

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===Bibliografia===
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* {{citar periódico|primeiro=Lara |último=Allen |ano=2008 |título=Remembering Miriam Makeba |periódico= Journal of Musical Arts in Africa|volume=5 |number=1 |pages=89–90 |doi=10.2989/JMAA.2008.5.1.6.789 }}
* {{citar enciclopédia|enciclopédia=Dictionary of African Biography|título=Makeba, Miriam Zenzi|publicado=Oxford University Press|ano=2011|isbn=978-0-19-985725-8|primeiro=Lara|último=Allen|editor-nome1=Emmanuel K.|editor-sobrenome1=Akyeampong|editor-nome2=Henry Louis Jr.|editor-sobrenome2=Gates|ref={{harvid|Allen|2011}}}}
* {{citar livro|primeiro1=Jack S.|último1=Blocker|primeiro2=David M.|último2=Fahey|primeiro3=Ian R. |último3=Tyrrell|título=Alcohol and Temperance in Modern History: An International Encyclopedia|url=https://books.google.com/books?id=BuzNzm-x0l8C|editor=ABC-CLIO|isbn=978-1-57607-833-4|year=2003|ref={{harvid|Blocker|Fahey|Tyrrell|2003}}}}
* {{citar enciclopédia|ref={{harvid|Bordowitz|2006}}|editor-sobrenome1=Kaufman|editor-nome1=Alan|enciclopédia=The Outlaw Bible of American Essays|título=Miriam Makeba|primeiro=Hank|último=Bordowitz|pages=[https://archive.org/details/outlawbibleofame00kauf/page/313 313–316, 333–334]|ano=2006|editora=Thunder's Mouth|isbn=1-56025-935-3|oclc=74175340|url=https://archive.org/details/outlawbibleofame00kauf/page/313}}
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* {{citar periódico|último1=Coplan|primeiro1=David|título=God Rock Africa: Thoughts on Politics in Popular Black Performance in South Africa|periódico=African Studies|mês=julho |ano= 2005|volume=64|volume=1|pagina=9–27|doi=10.1080/00020180500139015 }}
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* {{citar livro|último=Feldstein|primeiro=Ruth|título=How It Feels to Be Free: Black Women Entertainers and the Civil Rights Movement|editor=Oxford University Press|ano=2013|isbn=978-0-19-531403-8}}
* {{citar periódico |primeiro=Tyler |último=Fleming |ano=2016 |título=A Marriage of Inconvenience: Miriam Makeba's Relationship with Stokely Carmichael and her Music Career in the United States |periódico=Safundi: The Journal of South African and American Studies |volume=17 |número=3 |pagina=312–338 |doi=10.1080/17533171.2016.1176720 }}
* {{citar livro|último=Ford|primeiro=Tanisha|título=Liberated Threads: Black Women, Style, and the Global Politics of Soul|editor=University of North Carolina Press|url=https://muse.jhu.edu/book/42136|ano=2015|isbn=978-1-4696-2515-7|via=Project Muse}}
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* {{citar periódico |primeiro=Katy |último=Khan |ano=2008 |título=South-South Cultural Cooperation: Transnational Identities in the Music of Dorothy Masuka and Miriam Makeba |periódico=Muziki: Journal of Music Research in Africa |volume=5 |número=1 |pagina=145–151 |doi=10.1080/18125980802633052 }}
* {{citar periódico |primeiro=Kgomotso Michael |último=Masemola |ano=2011 |título=Between Tinseltown and Sophiatown: The Double Temporality of Popular Culture in the Autobiographical Cultural Memory of Bloke Modisane and Miriam Makeba |periódico=Journal of Literary Studies |volume=27 |number=1 |pages=1–27 |doi=10.1080/02564718.2011.557226 |hdl=10500/18417 }}
* {{citar livro|último=Meredith |primeiro=Martin |título=Mandela: A Biography |url=https://archive.org/details/mandelabiography0000mere |editor=PublicAffairs |ano=2010 |isbn=978-1-58648-832-1 }}
* {{citar periódico |primeiro=Carol A. |último=Muller |ano=2006 |título=The New African Diaspora, the Built Environment and the Past in Jazz |periódico=Ethnomusicology Forum |volume=15 |issue=1 |pages=63–86 |doi=10.1080/17411910600634270 }}
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* {{citar periódico |último=Poet |primeiro=J. |título=Miriam Makeba: Mama Africa Goes Home |data=11/2/2009 |periódico=Crawdaddy!}}
* {{citar livro|último=Redmond|primeiro=Shana L.|título=Anthem: Social Movements and the Sound of Solidarity in the African Diaspora|editor=New York University Press|ano=2013|url=https://muse.jhu.edu/book/27161|via=Project MUSE |isbn=978-0-8147-8932-2}}
* {{citar livro|último=Reed|primeiro=Thomas Vernon|título=The Art Of Protest: Culture And Activism From The Civil Rights Movement To The Streets Of Seattle|ano=2005 |editor=University of Minnesota Press|isbn=978-0-8166-3770-6|url=https://archive.org/details/artofpr_ree_2005_00_8609 }}
* {{citar periódico |último=Roux-Kemp |primeiro=Andra la |ano=2014 |título=Struggle Music: South African Politics in Song |url=https://works.bepress.com/andra-leroux-kemp/20/download/ |periódico=Law and Humanities |volume=8 |issue=2 |pages=247–268 |doi=10.5235/17521483.8.2.247 }}
* {{citar periódico|último=Schumann|primeiro=Anne|título=The Beat that Beat Apartheid: The Role of Music in the Resistance against Apartheid in South Africa|periódico=Wiener Zeitschrift für kritische Afrikastudien |volume=14|issue=8 |ano=2008 |url=https://stichproben.univie.ac.at/fileadmin/user_upload/p_stichproben/Artikel/Nummer14/Nr14_Schumann.pdf |acessodata=24/10/2016}}
* {{citar livro |ref={{harvid|Schwarz-Bart|2003}} |último1=Schwarz-Bart |primeiro1=Simone |último2=Schwarz-Bart |primeiro2=André |último3=Réjous |primeiro3=Rose-Myriam |título=Modern African Women|series=In Praise of Black Women: Volume 3 |ano=2003 |editor=University of Wisconsin|isbn=0-299-17270-8 |oclc=66731111}}
* {{citar periódico|último=Sizemore-Barber|primeiro=April|título=The Voice of (Which?) Africa: Miriam Makeba in America|periódico=Safundi: The Journal of South African and American Studies|volume=13|issue=3–4|ano= 2012|pages=251–276|doi=10.1080/17533171.2012.715416}}
* {{citar livro|último1=Stanton|primeiro1=Andrea L.|último2=Ramsamy|primeiro2=Edward|último3=Seybolt|primeiro3=Peter J.|título=Cultural Sociology of the Middle East, Asia, and Africa: An Encyclopedia|ano=2012|editor=SAGE|isbn=978-1-4129-8176-7|url=https://books.google.com/books?id=GtCL2OYsH6wC}}
* {{citar livro|último = Stewart|primeiro=Gary|título=Rumba on the River: A History of the Popular Music of the Two Congos|editor=Verso|edição=ilustrada|ano=2003|chapter=What goes up...|url=https://books.google.com/books?id=gKEHO1z413EC|isbn=978-1-85984-368-0}}
* {{citar livro|primeiro=John|último=Tobler|ano=1992|título=NME Rock 'N' Roll Years|edição=1ª|editor=Reed International Books|id=CN 5585}}
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==Ligações externas ==
==Ligações externas ==
*{{youtube|3znK08BoKfU|Makeba e Sivuca}} - apresentação em Estocolmo (1966), em que Miriam canta em português [[Chove Chuva]].
*{{youtube|3znK08BoKfU|Makeba e Sivuca}} - apresentação em Estocolmo (1966), em que Miriam canta em português [[Chove Chuva]].

Revisão das 09h44min de 12 de março de 2021

Miriam Makeba
Miriam Makeba
Makeba, retratada por Paul Weinberg, 2009
Informação geral
Nome completo Zenzile Miriam Makeba
Também conhecido(a) como Mama Africa
Nascimento 4 de março de 1932
Local de nascimento Joanesburgo, Gauteng
África do Sul
Morte 10 de novembro de 2008 (76 anos)
Local de morte Castel Volturno, Campânia, Itália
Nacionalidade sul-africana
Gênero(s) jazz, World Music, Afro-Pop
Ocupação(ões) cantora, compositora, atriz, ativista
Período em atividade 1953–2008
Página oficial miriammakeba.co.za

Zenzile Miriam Makeba, também chamada de "Mama Africa" (Joanesburgo, 4 de março de 1932Castel Volturno, 10 de novembro de 2008) foi uma cantora, compositora, atriz, embaixadora da boa vontade da ONU e ativista pelos direitos humanos e contra o apartheid sul-africana. Seus gêneros musicais incluíam o jazz, World Music e Afro-Pop.

Filha de pais suazi e xhosa, Makeba foi forçada a encontrar trabalho ainda criança, após a morte do pai. Ela teve seu primeiro casamento com somente dezessete anos, num relacionamento aparentemente abusivo e do qual deu à luz seu único filho, em 1950. Sobreviveu a um câncer de mama. Seu talento musical foi reconhecido quando ainda era criança e começou a cantar profissionalmente na década de 1950 em conjuntos de seu país natal como os Cuban Brothers, os Manhattan Brothers e um grupo feminino, Skylarks, apresentando uma mistura de jazz, melodias tradicionais africanas e música pop ocidental. Em 1959 Makeba teve uma pequena participação no filme anti-apartheid Come Back, Africa mas que foi bastante para chamar atenção internacional e então apresentar-se em Veneza, Londres e Nova York. Em Londres conheceu o cantor estadunidense Harry Belafonte, que se tornou seu mentor e amigo. Ela então se mudou para Nova York, onde logo se tornou popular e gravou seu primeiro álbum solo em 1960. Sua tentativa de retornar à África do Sul naquele ano para o funeral da mãe foi impedida pelo governo do país.

A carreira de Makeba floresceu nos Estados Unidos. Ali ela teve a direção musical do brasileiro Sivuca a partir de 1964, realizando turnês e lançando vários álbuns e canções, sendo a mais popular "Pata Pata" (1967). Junto com Belafonte, ela recebeu um prêmio Grammy por seu álbum de 1965, An Evening with Belafonte/Makeba. Ela testemunhou contra o governo sul-africano nas Nações Unidas e envolveu-se no movimento pelos direitos civis . Ela se casou com Stokely Carmichael, líder do Partido dos Panteras Negras, em 1968. Como resultado, ela perdeu o apoio entre os americanos brancos. O governo dos EUA cancelou seu visto enquanto ela estava viajando para o exterior, o que forçou o casal a se mudar para a Guiné. Ela continuou a se apresentar, principalmente em países africanos, incluindo em várias celebrações de independência . Ela passou a escrever e executar músicas mais explicitamente críticas do apartheid; a canção "Soweto Blues" de 1977, escrita por seu ex-marido Hugh Masekela, era sobre o levante de Soweto . Depois que o apartheid foi desmantelado em 1990, Makeba voltou para a África do Sul. Ela continuou gravando e se apresentando, incluindo um álbum de 1991 com Nina Simone e Dizzy Gillespie, e apareceu no filme Sarafina!. Ela foi nomeada embaixadora da boa vontade da ONU em 1999 e fez campanha por causas humanitárias. Morreu de ataque cardíaco durante um show em 2008, na Itália.

Makeba foi um dos primeiros músicos africanos a receber reconhecimento mundial. Ela trouxe a música africana para o público ocidental e popularizou a world music e o gênero afro-pop. Ela também popularizou várias canções críticas ao apartheid e se tornou um símbolo de oposição ao sistema, especialmente depois que seu direito de retorno foi revogado. Após sua morte, o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela disse que "sua música inspirou um poderoso sentimento de esperança em todos nós".

Primeiros anos

Zenzile Miriam Makeba nasceu no township negro de Prospect, perto de Joanesburgo. Sua mãe de etnia suazi, Christina Makeba, era uma sangoma (curandeira tradicional) e empregada doméstica. Seu pai Xhosa, Caswell Makeba, era professor, e morreu quando ela tinha seis anos.[1][2] Miriam informou mais tarde que antes de sua concepção sua mãe, que havia se curado de um câncer de mama tratado de forma pouco convencional,[3] tinha sido advertida de que mais uma gravidez poderia ser-lhe fatal, e que ela e o filho poderiam não sobreviver. A sua avó, que assistira ao parto, murmurava durante a recuperação de Christina a palavra xhosa "uzenzile" (que significa "você mesma é a responsável por isso", forma tradicional de dar suporte às dificuldades na vida[3]), o que a teria inspirado a dar à filha o nome de "Zenzile".[4]

Quando Miriam tinha dezoito dias de nascida sua mãe foi presa e sentenciada a seis meses de prisão por vender umqombothi — um tipo de cerveja caseira feita de malte e fubá. A família não tinha como pagar a pequena multa necessária para evitar a pena de prisão, de forma que ela passou os primeiros seis meses de sua vida na cadeia.[nota 1][2][6][7]

Quando criança Miriam frequentou por oito anos uma escola primária metodista para negros, o Kilnerton Training Institute, onde ela cantava no coro.[2][8] Já naquela época seu talento para o canto recebera elogios.[3] Recebeu o batismo como protestante e cantava em coros de igreja em inglês, xhosa, sotho e zulu; ela declarou que havia aprendido a cantar em inglês antes mesmo de falar o idioma.[9] A família se mudou para o Transvaal (norte do país) ainda em sua infância, e Caswell trabalhou para a Shell. [3] Após a morte do pai ela se viu forçada a encontrar um emprego, então passou a fazer serviços domésticos,[3] e trabalhou como babá. Ela se descreveu como uma pessoa tímida, na época.[10] Sua mãe trabalhava para famílias brancas em Joanesburgo e, assim, passou a viver longe dos seis filhos. Miriam morou algum tempo com a avó e muitos primos, em Pretória.[9]

Foi influenciada pelos gostos musicais da família. Sua mãe tocava vários instrumentos tradicionais e seu irmão mais velho colecionava discos, incluindo os de Duke Ellington e Ella Fitzgerald, e ensinava-lhe as canções. Seu pai tocava piano e, assim, sua inclinação para a música foi aceita pela família para uma carreira que era vista como uma escolha arriscada.[9]

Em 1949 ela se casou com James Kubay, um policial em treinamento, com quem teve sua única filha, Bongi Makeba, em 1950. Ela foi então diagnosticada com câncer de mama e seu marido, que a teria espancado, deixou-a pouco tempo depois, num casamento que durou dois anos.[1][3][9][10] Uma década mais tarde ela novamente superaria outro câncer, realizando uma histerectomia.[9]

Começo da carreira

Miriam começou sua carreira na música profissional no conjunto local Cuban Brothers, grupo sul-africano de close harmony, exclusivamente masculino, onde fazia covers de canções populares dos Estados Unidos.[11][12] Pouco depois, aos vinte e um anos, ela se juntou a um grupo de jazz chamado Manhattan Brothers, onde realizava uma mistura de canções sul-africanas e peças da música negra estadunidense.[11] Ela era a única mulher do grupo.[13] Com eles gravou seu primeiro sucesso em 1953 — "Laku Tshoni Ilanga" — e ganhou reputação nacional na música.[14] Em 1956 ela se juntou a um novo grupo feminino, the Skylarks, onde interpretava um misto de jazz e melodias sul-africanas tradicionais. Formado pela produtora local Gallotone Records, o conjunto era também conhecido como the Sunbeams.[12][14] Ela integrou o the Skylarks enquanto os Manhattan Brothers excursionavam no exterior; mais tarde ela iria acompanhá-los em outras viagens. No grupo feminino Miriam interpretou ao lado da cantora rodesiana Dorothy Masuka, cujo trabalho ela seguia assim como o de Dolly Rathebe. Várias peças de the Skylarks deste período se tornaram populares; o historiador musical Rob Allingham mais tarde descreveria o grupo como "verdadeiro criador de tendências, com uma harmonização nunca antes ouvida".[3][9][nota 2] Miriam não recebeu royalties por seu trabalho no the Skylarks.[14]

Em 1955, quando ainda se apresentava com os Manhattan Brothers ela veio a conhecer Nelson Mandela, na época um jovem advogado; ele mais tarde se recordou desse encontro e que sentira então que aquela garota "ia ser alguém".[9] Em 1956 a Gallotone Records lançou Lovely Lies, que foi o primeiro sucesso solo de Miriam: a letra original em xhosa falava sobre um homem que procurava sua amada em prisões e hospitais, e foi então vertida para uma letra em inglês inócua que dizia "você conta mentiras tão amáveis com esses dois amáveis olhos".[nota 3] O disco se tornou o primeiro álbum sul-africano a figurar no Billboard Top 100 dos Estados Unidos.[9] Em 1957 ela foi destaque na capa da revista sul-africana Drum.[15]

O cantor estadunidense Harry Belafonte conheceu Miriam em Londres e adotou-a como sua protegida.

Em 1959 interpretou o papel principal feminino na ópera jazz sul-africana inspirada nos musicais da Broadway, King kong.[2][8] Também estava no elenco o músico Hugh Masekela.[16] O musical foi apresentado a público racialmente integrado, o que aumentou seu reconhecimento entre os brancos do país.[3] Neste mesmo ano ela fez uma pequena aparição no filme Come Back, Africa, película anti-apartheid produzida e dirigida pelo cineasta independente Lionel Rogosin, dos Estados Unidos.[17] Rogosin a escalou após tê-la assistido apresentar-se no show African Jazz and Variety,[18] onde ela se apresentou por dezoito meses.[19] O filme, que misturava elementos de documentário e de ficção, teve que ser filmado em segredo, uma vez que o governo poderia ser hostil à sua realização. Nele Miriam aparece num palco e canta duas músicas, num total de quatro minutos de cena.[20] Esse cameo causou enorme impressão sobre os espectadores e o diretor conseguiu-lhe um visto para que pudesse estar presente na estreia do filme na 24ª edição do Festival de Cinema de Veneza, na Itália, onde veio a se tornar vencedor do prestigiado Prêmio de Escolha da Crítica.[17][21] A participação de Miriam no filme foi considerada crucial, como representante da identidade negra cosmopolita que também se conectava com os negros da classe operária, uma vez que seu diálogo ser em língua zulu.[22]

Sua participação no filme deu-lhe reconhecimento internacional e ela então viajou a Londres e Nova York para se apresentar.[12][19] Em Londres ela conheceu o cantor estadunidense Harry Belafonte, que viria a se tornar seu mentor ajudando-a com as primeiras gravações solo.[23][24] Nesta fase está incluída a canção "Pata Pata"[nota 4] que seria lançada muitos anos depois, e uma versão da tradicional canção em lingua xhosa "Qongqothwane" e que foi executada por ela a primeira vez com as Skylarks.[3] Embora Pata Pata - descrita pela revista Musician como uma "joia inovadora do afropop"[26] - tenha se tornado a sua canção mais famosa, a própria Miriam a descreveu como "uma das minhas canções mais insignificantes".[27] Quando estava na Inglaterra ela se casou com Sonny Pillay, um cantor de baladas sul-africano de ascendência indiana, um relacionamento que terminou em divórcio alguns meses depois. [1] Miriam se mudou para Nova York, fazendo sua estreia norte-americana em 1º de novembro de 1959 no The Steve Allen Show em Los Angeles, para uma audiência estimada de sessenta milhões.[1][28] Já a estreia novaiorquina deu-se no Village Vanguard, pouco depois;[29] ela cantou em xhosa e zulu, e executou uma canção folclórica iídiche.[30] Estavam na plateia desse concerto Miles Davis e Duke Ellington; seu desempenho foi positivamente avaliado pela crítica.[28] Ela inicialmente chamou a atenção de público e crítico por suas apresentações em jazz clubs,[31] após o que sua reputação cresceu rapidamente.[29] Belafonte, que a tinha ajudado na mudança para os Estados Unidos, cuidou da logística de suas primeiras apresentações.[32] Ela então morava no Greenwich Village, junto a outros músicos e atores.[33] Como era comum na sua profissão, ela enfrentou alguma insegurança financeira, e trabalhou como babá por um período.[34]

Exílio

Miriam, em 1968

"Sempre quis sair de casa. Nunca imaginei que eles iriam me impedir de voltar. Talvez, se eu soubesse, nunca teria partido. É meio doloroso estar longe de tudo que você já conheceu. Ninguém saberá a dor do exílio até estar no exílio. Não importa aonde você vá, há momentos em que as pessoas mostram gentileza e amor, e há momentos em que mostram que você está com eles, mas não é um deles. É quando dói."

Miriam Makeba[nota 5]

Logo após o massacre de Sharpeville em 1960 Miriam soube que sua mãe havia morrido. Quando ela tentou voltar para casa para o funeral, descobriu que seu passaporte sul-africano havia sido cancelado.[3][36] Dois membros de sua família haviam morrido no massacre, o que a deixara preocupada com os parentes que deixara no país natal, dentre eles sua própria filha, Bongi, então com nove anos de idade; em agosto daquele ano ela veio a se juntar à mãe, nos Estados Unidos.[19][37] Durante seus primeiros anos no país Miriam raramente cantava músicas de conteúdo explicitamente político, mas sua popularidade levou a uma inevitável conscientização sobre o sistema segregacionista e o movimento anti-apartheid.[38] Após as mortes em Sharpeville, ela sentiu-se com a responsabilidade de participar ativamente, pois ela conseguira deixar o país enquanto outros lá estavam enfrentando a repressão.[39] Assim, ela passou a fazer críticas cada vez mais abertas contra o apartheid e o governo da minoria branca, enquanto antes do massacre ela evitara declarações políticas sobre a África do Sul.[39]

Estados Unidos

Sua carreira musical nos Estados Unidos continuou a florescer. Mal chegara e já se via conhecendo grandes astros como Bing Crosby ou Marlon Brando, e até mesmo Marilyn Monroe em sua performance durante o aniversário do presidente John F. Kennedy.[3]

Ela assinou contrato com a gravadora RCA Victor e lançou seu primeiro álbum de estúdio em 1960 - "Miriam Makeba" - com apoio da banda de Belafonte.[14][36] A RCA Victor optara por adquirir o contrato que ela tinha com a Gallotone Records e, apesar de ela não poder cantar na África do Sul, sua gravadora original recebera 45 mil dólares pelo acordo, de forma que Miriam não ganhou royalties por seu disco de estreia.[14] A gravação incluía um dos seus maiores sucessos nos Estados Unidos, "Qongqothwane" (conhecida naquele país como "The Click Song", pois o público não conseguia pronunciar o titulo em língua xhosa).[19] A revista Time definiu-a, então, como "o mais excitante novo talento para se cantar por muitos anos",[nota 6] e a Newsweek comparou sua voz aos "tons esfumados e frases delicadas" de Ella Fitzgerald e ao "calor intimista" de Frank Sinatra.[40] O disco não obteve sucesso comercial, e Miriam foi então desligada da gravadora logo a seguir. Entretanto, foi recontratada pouco tempo depois quando a RCA Victor vislumbrou as possibilidades comerciais face o crescente interesse pela cultura africana. Sua identidade sul-africana, que havia sido minimizada na primeira contratação então passou a ser exaltada na segunda vez a fim de tirar proveito daquele interesse.[41] Ela então apareceu diversas vezes na televisão, muitas delas na companhia de Belafonte.[42] Em 1962 ambos os artistas cantaram na festa de aniversário de John F. Kennedy no Madison Square Garden; ela não fora ao evento pois estava doente mas, como o presidente insistira em conhecê-la, Belafonte mandara um carro ir buscá-la.[43]

Em 1964 ela lançou seu segundo álbum de estúdio pela RCA Victor, The World of Miriam Makeba. Um dos primeiros casos que foram classificados como world music, o disco alcançou a posição de oitenta e seis no Billboard 200.[36][41] Sua música tinha um apelo inter-racial nos Estados Unidos: os brancos eram atraídos por sua imagem de artista africana "exótica", e os negros uniam suas próprias experiências de segregação racial à luta de Makeba contra o apartheid.[44][45]

Em Nova York ela tinha a companhia de outros exilados e emigrados africanos, dentre os quais Hugh Masekela, com quem foi casada entre 1963 a 1968.[29] Durante esse casamento eles foram vizinhos do músico de jazz Dizzy Gillespie em Englewood (Nova Jérsei), embora passassem a maior parte do tempo no Harlem.[46] Neste período conheceu os atores Marlon Brando e Lauren Bacall, os músicos Louis Armstrong e Ray Charles.[29] Ela se tornou amiga de Nina Simone, cantora e ativista, como ainda do ator Cicely Tyson;[47] Ela e Simone se apresentaram juntas no Carnegie Hall.[48] Ela figurava entre os artistas, intelectuais e ativistas negros que na época acreditavam no fortalecimento da união do movimento pelos direitos civis e a cultura popular, criando "um sentimento de vibração política e cultural entrelaçado"; outros nomes que participavam disto incluíam Maya Angelou e Sidney Poitier.[49] Mais tarde ela registraria as dificuldades face a discriminação nos Estados Unidos, dizendo que: "Não havia muita diferença na América [da África do Sul]; foi um pais que aboliu a escravidão, mas ergueu um apartheid à sua própria maneira".[9][nota 7]

Sivuca e Makeba

Sivuca, na década de 1960
O músico brasileiro Sivuca trabalhou quatro anos com Miriam

Em 1964 o músico brasileiro Sivuca se mudou para Nova York e ali assumiu a direção musical de Makeba, com ela realizando vários shows e turnês internacionais.[50] Sivuca, que fora para os Estados Unidos a convite da cantora Carmen Costa, passou a integrar o conjunto de músicos que excursionavam com Makeba, sobretudo tocando violão.[51]

Na época a cantora fora morar em Nova Jérsei ficando a filha Bongi em Nova York. Sivuca então fez um teste para tocar em sua banda. Como ele falava apenas francês e português, foi Bongi quem serviu de intérprete entre eles, e o músico paraibano apontou as semelhanças entre o ritmo brasileiro "balaio" e o africano "upacaga". Sivuca trabalhou com ela por quatro anos e meio,[52] sendo ele quem fez os arranjos do maior sucesso dela - Pata Pata,[53] e participou da gravação de três de seus discos.[54] Em 1968 ela visitou o Brasil.[55]

Em 2004 Sivuca relembrou que Miriam era muito amiga do Jorge Ben, e na sua audição ambos executaram a canção dele "Mas que nada"; entretanto fora o contrabaixista Don Payne quem o recomendara a realizar o teste; sobre o episódio o músico brasileiro registrou o diálogo em francês com Bongi após tocar para Miriam: «“Sivuca, minha mãe quer saber onde é que o senhor aprendeu o ritmo sul-africano tão bem?" Eu disse: "Diga a ela que foi por assimilação. Estou fazendo um ritmo nordestino chamado balaio que é igual ao que ela chama de upacanga, da África do Sul". Aí fui logo contratado por ela».[56] Sivuca permaneceu no cast de Miriam até que ela teve seu trabalho boicotado no país e ele então passou a tocar com Belafonte.[56]

Viagens e ativismo

Makeba sendo recebida durante uma visita a Israel em 1963

A música de Miriam era popular também na Europa, para onde ela viajava e se apresentava com frequência. Seguindo um conselho de Belafonte, ela acrescentou ao seu repertório canções daquele continente e também da América Latina, de Israel e outras partes da África.[29] Em 1962 ela visitou o Quênia em apoio à independência do país do domínio colonial britânico,[57] e levantou fundos para o líder da causa emancipacionista Jomo Kenyatta.[58] Naquele mesmo ano ela testemunhou perante a Comissão Especial das Nações Unidas para o Apartheid falando sobre os efeitos do sistema segregacionista, e pleiteando a adoção de sanções econômicas contra o governo da África do Sul. Ela pediu ainda um embargo de armas contra o país, com base no fato de que as armas vendidas a este seriam provavelmente usadas contra mulheres e crianças negras.[57] Como resultado, sua música foi proibida no país natal,[19] e sua cidadania e direito de retorno foram revogados.[8][9] Ela então se tornou apátrida, mas logo recebeu passaportes da Argélia,[59] da Guiné, da Bélgica e de Gana.[36] Ao longo de sua vida ela teria nove passaportes,[40] e teve a cidadania honorária concedida por dez países.[43]

Logo após seu depoimento na ONU Haile Selassie, imperador etíope, convidou-a para cantar na cerimônia de inauguração da Organização da Unidade Africana - a única intérprete a ser convidada.[3] A punição do governo sul-africano se tornou bastante conhecida e Miriam se tornou uma "cause célébre" junto aos liberais do Ocidente, bem como sua presença no movimento pelos direitos civis forneceu um elo entre este e a luta anti-apartheid.[60] Em 1964 ela aprendeu com um estudante queniano a canção "Malaika" nos bastidores de uma apresentação em São Francisco; esta música mais tarde se tornaria uma peça chave em suas apresentações.[3]

Guiné

Miriam sentada num camarim
Miriam em 1969

Em março de 1968 ela se casou com Carmichael; isso fez com que sua popularidade nos Estados Unidos caísse acentuadamente. [61] Os conservadores daquele país passaram a considerá-la uma militante extremista, imagem esta que afastou grande parte de sua base de fãs.[62] Suas apresentações foram canceladas e a cobertura da imprensa diminuiu, apesar de seus esforços para retratar seu casamento como apolítico. [63] O público branco estadunidense parou de apoiá-la e o governo se interessou por suas atividades: a Central Intelligence Agency (CIA) começou a segui-la e colocou microfones ocultos em seu apartamento, [64] o Federal Bureau of Investigation (FBI) também a colocou sob vigilância. [9][65] Enquanto ela e o marido realizavam uma viagem às Bahamas, ela foi proibida de retornar aos Estados Unidos e teve seu visto negado. Em razão disto o casal se mudou para a Guiné, onde Carmichael mudou seu nome para Kwame Touré. [19] Miriam não voltou ao território americano até 1987. [66]

A Guiné passou a ser o lar de Miriam pelos quinze anos seguintes, e o casal se tornou próximo do presidente Ahmed Sékou Touré e de sua esposa, Andrée.[10][40] Touré pretendia criar um novo estilo de música africana, e todos os músicos receberiam um salário mínimo se praticassem por várias horas todos os dias. Miriam mais tarde declarou que “nunca vi um país que fizesse o que Sékou Touré fez pelos artistas". [43] Após sua rejeição nos Estados Unidos ela começou a escrever músicas mais diretamente críticas às políticas raciais do governo daquele país, gravando e interpretando canções como “Lumumba” em 1970 (referência a Patrice Lumumba, o primeiro-ministro do Congo), e “Malcolm X”, em 1974. [67]

Já havia vivido no exílio por 10 anos, e o mundo é livre, mesmo que alguns dos países dele não sejam, então fiz minhas malas e fui embora.[nota 8]

—Miriam Makeba[68]

Neste período ela se apresentou com mais frequência em países africanos e, conforme estes se tornavam independentes das potências coloniais europeias, foi convidada a cantar em cerimônias de independência, como ocorreu no Quênia, Angola, Zâmbia, Tanganica e Moçambique. [67][69] Em setembro de 1974 ela se apresentou, ao lado de vários outros artistas africanos e americanos no festival Zaire 74, em Kinshasa.[70] Ela também se tornou diplomata de Gana,[67] e foi nomeada delegada oficial da Guiné junto à ONU, em 1975.[19] Naquele mesmo ano ela discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas.[40] Ela continuou a se apresentar na Europa e na Ásia, além de seus shows em África, mas não nos Estados Unidos onde um boicote “de fato” estava em vigor. [68] Suas apresentações africanas eram bastante populares: ela fora apresentada como destaque do FESTAC 77, um festival de artes pan-africano que ocorreu em 1977 na Nigéria e, durante uma apresentação de “Pata Pata” na Libéria, o estádio fez tanto barulho que ela foi incapaz de concluir a canção.[67] "Pata Pata", tanto como suas outras músicas, foi banida da África do Sul.[67] Outra música sua que foi apresentada com frequência neste período foi "Nkosi Sikelel' iAfrika", embora ela nunca a tenha gravado.[71] Miriam contou mais tarde que foi nessa época que ela aceitou o apelido de “Mama África”.[67]

Em 1976 o governo sul-africano substituiu o inglês pelo africâner como idioma de instrução em todas as escolas, dando início ao levante de Soweto. [72] Entre 15.000 e 20.000 alunos participaram; despreparada, a polícia abriu fogo contra as crianças que protestavam,[73][74] matando centenas e ferindo mais de mil. [74] Hugh Masekela compôs "Soweto Blues" em resposta ao massacre, tendo Miriam como sua intérprete, tornando-se esta canção um marco em suas apresentações ao vivo por muitos anos. [75] Uma crítica da revista Musician declarou que a canção tinha uma “letra extremamente justa” sobre a revolta que “cortou até o osso”.[26]

Em 1973 ela se separou de Carmichael, [3] e em 1978 se divorciaram; em 1981 ela se casou novamente com Bageot Bah, executivo de uma companhia aérea.[1] [3] [76]

Bélgica

Olho para uma formiga e me vejo: uma sul-africana nativa, dotada pela natureza de uma força muito maior do que meu tamanho para enfrentar o peso de um racismo que esmaga meu espírito. Eu olho para um pássaro e me vejo: uma sul-africana nativa, pairando acima das injustiças do apartheid com as asas do orgulho, o orgulho de um povo bonito.[nota 9]

—Miriam Makeba[77]

A filha de Makeba, Bongi, que era cantora por seus próprios méritos e muitas vezes acompanhava sua mãe no palco, morreu no parto em 1985. Makeba ficou responsável por seus dois netos e decidiu se mudar da Guiné.[19] Ela então se estabeleceu em Woluwe-Saint-Lambert, distrito da capital belga, Bruxelas.[19][78] No ano seguinte ela foi apresentada a Paul Simon por Masekela e, alguns meses depois, participou da turnê de Graceland, grande sucesso de Simon.[68][79][80] A turnê terminou com dois shows realizados em Harare, no Zimbábue,[81] que foram filmados para o lançamento em 1987 como "Graceland: The African Concert. Após percorrer o mundo ao lado de Simon, Miriam foi contratada pela Warner Bros. Records e então ela lançou Sangoma ("Healer"), um álbum de cânticos de cura em homenagem a sua mãe, que era uma sangama.[19][68] Sua participação com Simon nos shows finais causou polêmica: Graceland foi gravado na África do Sul, quebrando o boicote cultural imposto ao país e, portanto, a participação de Makeba na turnê foi considerada uma violação ao boicote (algo que a própria Makeba endossara).[3]

Durante a preparação da turnê ela trabalhou com o jornalista James Hall para escrever uma autobiografia intitulada Makeba: My Story. O livro traz descrições de sua experiência com o apartheid e também críticas ao mercantilismo e consumismo que ela vivenciara nos Estados Unidos. [82] O livro foi traduzido para cinco idiomas.[83] Em 11 de junho de 1988 ela participou do Nelson Mandela 70th Birthday Tribute, um concerto de música popular realizado no Estádio de Wembley, em Londres, que foi transmitido para um público de 600 milhões de espectadores de 67 países.[84][85][86] Aspectos políticos do show foram grandemente censurados nos Estados Unidos pela rede de televisão Fox.[87] Apesar disto, o uso da música como meio de aumentar a conscientização mundial sobre o apartheid valeu a pena: uma pesquisa após o show identificou que, entre pessoas com idades entre 16 e 24 anos, três quartos sabiam sobre Mandela e apoiavam a sua libertação.[86]

Impacto cultural

Já em 1973 ela é homenageada no filme Uma Nega Chamada Tereza estrelado pelo cantor Jorge Ben, de quem Miriam gravara duas canções e cujo título se baseia na letra de País Tropical: protagonista da história, Ben acompanha um casal de africanos que visita o Brasil; a mulher se chama "Makeba" e é interpretada por Marina Montini e, na trama, resolve ficar no país e muda seu nome para Tereza.[55] O cantor voltaria a homenagear Miriam na canção de 1993, Mama África.[55]

Notas e referências

Notas

  1. A África do Sul tinha um complexo regulamento de proibição do álcool aos negros do país, tanto para sua produção quanto ao consumo, que não poderia se dar em qualquer lugar exceto nas salas de cerveja gerenciadas pelos governos locais. A fabricação e consumo ilegais de cerveja eram comuns. Embora as restrições ao consumo tenham sido revogadas na maioria na década de 1960, o monopólio estatal da produção permaneceu.[5]
  2. Livre tradução de: "real trendsetters, with harmonisation that had never been heard before".
  3. Livre tradução de:"You tell such lovely lies with your two lovely eyes"
  4. Embora Miriam seja comumente creditada como autora desta música,[19] estudiosos contestam essa atribuição, informando que a autoria seja realmente de Dorothy Masuka.[25]
  5. Livre tradução de: "I always wanted to leave home. I never knew they were going to stop me from coming back. Maybe, if I knew, I never would have left. It is kind of painful to be away from everything that you've ever known. Nobody will know the pain of exile until you are in exile. No matter where you go, there are times when people show you kindness and love, and there are times when they make you know that you are with them but not of them. That's when it hurts."[35]
  6. Livre tradução de "most exciting new singing talent to appear in many years"
  7. Livre tradução de: "There wasn't much difference in America; it was a country that had abolished slavery but there was apartheid in its own way".
  8. Livre tradução de: “’’ I'd already lived in exile for 10 years, and the world is free, even if some of the countries in it aren't, so I packed my bags and left.’’”
  9. Livre tradução de: "I look at an ant and see myself: a native South African, endowed by nature with a strength much greater than my size so I might cope with the weight of a racism that crushes my spirit. I look at a bird and I see myself: a native South African, soaring above the injustices of apartheid on wings of pride, the pride of a beautiful people."

Referências

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Bibliografia

Ligações externas