Bilhetagem eletrônica

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Bilhetagem eletrônica é um conjunto de procedimentos relacionados a cadastramento de usuários, automação de vendas, pagamento e arrecadação de tarifas de passagens de Transportes Públicos. Utiliza dispositivos especiais, como:

- Meios eletrônicos de cadastramento de usuários e venda de créditos de passagens, como Internet e também redes credenciadas no varejo;

- Cartões inteligentes, conhecidos como Smart Cards ou similares, dotados de memória e mecanismos de segurança;

- Validadores, que são aparelhos que debitam créditos dos cartões e que são instalados nos meios de transporte (Ônibus, Trens, Metrô e Barcas);

- Sistemas de comunicação e processamento das informações sobre a arrecadação.

Segundo Celso Campello Neto, professor da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e Diretor da Benefício Certo, as operações de bilhetagem eletrônica substituem os bilhetes de papel, plástico ou fichas por cartões e trazem um dos principais benefícios aos usuários do sistema, que é a integração tarifária e/ou temporal. Com a integração, é possível se fazer várias viagens pela rede de transportes, ou mesmo entre redes distintas, por exemplo linhas de ônibus, metrô e trens com valores reduzidos, garantindo ao cidadão o direito de ir e vir de uma maneira mais facilitada e econômica.[1]

A tecnologia, além da diminuição dos custos com transporte por conta da integração, eliminou por completo, o mercado clandestino de vendas de bilhetes, muito comum em algumas regiões metropolitanas do Brasil, uma vez que com os cartões tornou-se impossível a troca dos vales por dinheiro, bem como eventuais falsificações. Além disso, trouxe mais segurança, já que reduzem consideravelmente a quantidade de valores monetários que circulavam nos veículos e com isso inibiram o número de assaltos.

Sob a ótica dos operadores e ou gestores de transporte público coletivo, os sistemas de bilhetagem geram indicadores para uma melhor administração da rede de transportes, identificando necessidades de otimização das malhas, bem como uma melhor gestão da frota, uma vez que baliza as quantidades de veículos e trens necessárias em linhas e horários específicos, garantindo melhores níveis de serviços e atendimento aos usuários, principalmente em horários de pico e regiões mais afastadas dos centros. Ainda assim, traz considerável rapidez e controle para os processos de emissão, comercialização e arrecadação dos créditos eletrônicos das viagens.

Hoje em dia a Bilhetagem Eletrônica se tornou realidade em praticamente todas as grandes cidades do Brasil, trazendo um considerável avanço nas políticas de gestão do transporte público, bem como na satisfação do público em geral. Podemos citar como divisor de águas neste mercado, o lançamento do maior projeto de bilhetagem eletrônica do país, e um dos maiores do mundo, o Bilhete Único, no município de São Paulo, coordenado pela SPTrans. Este sistema foi colocado em plena operação em meados de 2004 e hoje conta com mais de 12 milhões de cartões emitidos, integrando as redes de ônibus, trens e metrô.[2]

No que tange aos distintos segmentos de produtos, a bilhetagem oferece controles diferenciados, conforme o padrão de usuário ou de utilização, como os cartões de:

- Vale-Transporte (passagens subsidiada pelos empregadores de acordo com lei específica);[3]

- Gratuidades (concessões a idosos, portadores de necessidades especiais, alguns funcionários públicos em serviço, entre outros)

- Passe de Estudante (passagens com descontos);

- Passe Comum (passagens eventuais)

Vantagens da Bilhetagem Eletrônica

Com a bilhetagem eletrônica é possível agregar vários outros benefícios além da vantagem principal de não utilizar dinheiro no pagamento das tarifas, como por exemplo:

  • Criação de redes de integrações que permitem ao usuário do sistema fazer várias viagens pela rede de transportes (ou mesmo entre redes distintas) porém pagando um valor reduzido que o valor de cada uma das passagens durante o seu deslocamento. [4]
  • Melhor gerência da rede de transporte, pois o sistema de bilhetagem gera relatórios onde o gestor do sistema de transporte poderá identificar a necessidade de fazer ajustes, como o incremento do número de veículos circulando numa linha.[5] O rastreamento dos ônibus por GPS, integrado à bilhetagem eletrônica, também pode facilitar a fiscalização do cumprimento de viagens, horários e itinerários.[6]
  • Integração com outros sistemas, como serviços de mapas junto com o GPS, onde pode ser criada uma rede de informações úteis para o usuário, que poderá saber, por exemplo, quanto tempo levará para o ônibus desejado chegar ao ponto de embarque.

Outra possível vantagem da bilhetagem eletrônica é a segurança dos usuários e funcionários do transporte de passageiros — como motoristas e cobradores — pois os ônibus passam a circular com menos dinheiro, diminuindo o interesse de criminosos em praticar assaltos aos veículos.[5]

Desvantagens da Bilhetagem Eletrônica

A bilhetagem traz algumas desvantagens e abusos, sendo motivo de críticas, protestos e ações judiciais;

  • O bilhete é cedido na modalidade comodato
  • O consumidor é onerado pagando taxas de segunda via e, em alguns municípios, a taxa de recarga
  • Não devolução da quantia antecipadamente paga
  • Tratamento diferenciado entre os usuários do cartão e os sem cartão
  • Limite diário de uso do cartão e o tempo de integração muito curto mais erros do sistema causam uma cobrança duplicada ou mais
  • Quem não usa o cartão tem dificuldades de acesso ou é impedido de acessar o serviço público
  • Proibição de uso da moeda nacional
  • Uso de tecnologias não previstas contratualmente ou no decreto municipal

No Mundo

Listagem de alguns sistemas de bilhetagem eletrônica existentes no Mundo.

País Cidade Cartão Provedor / Fornecedor Tecnologia Introdução
Brasil Brasil Aracaju Mais Aracaju Setransp / Prodata 2008[5]
Bagé Cartão Bá! CTC / Prodata 2009 [7]
Belém Passe Fácil Setransbel / Prodata 2008
Belo Horizonte BHBus Transfácil / Tacom 2002[8]
Belo Horizonte (Metropolitano) Ótimo Ótimo Consórcio / Empresa 1 2008
Blumenau Cartão SIGA Consórcio SIGA / Prodata 2006
Brasília Fácil DF Facil DF / Transdata 2008
Campina Grande Vale Mais Card SITRANS/Empresa1(até Maio/2012)/Transdata atual 2007
Campinas Bilhete Único TRANSURC / Prodata N/A
Campo Grande PegFacil Assetur / Digicom N/A
Caruaru Cartão Leva AETPC / Transdata 2013
Curitiba Cartão Transporte / Metrocard URBS / Dataprom N/A
Florianópolis Passe Rápido SETUF / Empresa 1 2003
Fortaleza Vale Transporte Eletrônico VTE Fortaleza / Empresa 1 2008
Foz do Iguaçu Único Unicofoz / Transdata 2010
Grande Florianópolis (Biguaçu, São José e Palhoça) Fácil (Metropolitano) SETUF / Empresa 1 2012
João Pessoa Passe Legal AETC-JP / Transdata 2006
Itajaí SIM Coletivo Itajaí / Prodata 2008
Maceió Vale Eletrônico Transpal / Prodata n/a
Manaus Passa Fácil Sinetram / Dataprom n/a
Natal NatalCard Seturn / Fujitec 2008
R.M. de Natal: Parnamirim, Macaiba, Ielmo Marinho, São Gonçalo do Amarante RN Card, antigo Trampolim Card RN Card/ Transdata 1996[9]
Nova Lima VT Direto Via Ouro / Tacom 2006
Novo Hamburgo Passagem Inteligente Versul 2004
Porto Alegre TRI EPTC / Prodata 2008
Porto Velho SIM Digital SigonPass / Empresa 1 2016
Recife Vale Eletrônico Metropolitano Grande Recife Consórcio / Prodata e Digicon(Jaboatão) 2009[6]
Ribeirão Preto NOSSO TRANSURBRP / Prodata N/A
Rio Branco MEU Cartão Sindcol / Prodata n/a
Rio de Janeiro Riocard Fetranspor / Riocard TI 2005
Salvador Salvadorcard Transalvador / Tacom 2006
São João Del Rei Del Rei Card Presidente / Prodata 2011
São Paulo Bilhete Único SPTrans / Prodata e Digicon 2004
São Paulo (RMSP e São Roque) Cartão BOM EMTU / Prodata 2006
Toledo / PR PasseBem VST / Transdata 2014
Sorocaba ComVocê Urbes / Empresa 1 2011
Portugal Portugal Região do Porto Andante (cartão) SITPASS SETransp / Prodata 1998

Referências

  1. Celso Campello Neto (29 de outubro de 2014). «Bilhetagem Eletrônica e Intermodalidade de Transportes». Celso Campello Neto. Consultado em 29 de outubro de 2014 
  2. Celso Campello Neto (10 de setembro de 2014). «Bilhetagem Eletrônica». Benefício Certo. Consultado em 11 de setembro de 2014 
  3. Celso Campello Neto (10 de março de 2014). «Vale-Transporte». Benefício Certo. Consultado em 29 de outubro de 2014 
  4. «O que é Integração Temporal». Portal da SMTU de Manaus. SMTU - Manaus. Consultado em 07 de maio de 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. a b c «Bilhetagem eletrônica». Portal do Mais Aracaju. Setransp - Aracaju. Consultado em 07 de outubro de 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  6. a b «Serviços - Bilhetagem Eletrônica». Portal do Grande Recife Consórcio de Transportes. Consultado em 07 de outubro de 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  7. http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=35507&busca=1&palavra=bilhetagem%20eletronica
  8. http://www.revistatechnibus.com.br/destaque_princ/index.php?cod=6&edicao=12&revista=2
  9. Trampolim da Vitória: Inovações e Tecnologias da Trampolim da Vitória[1]

Ver também