Canguçu

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Canguçu
  Município do Brasil  
Símbolos
Brasão de armas de Canguçu
Brasão de armas
Hino
Gentílico canguçuense
Localização
Localização de Canguçu no Rio Grande do Sul
Localização de Canguçu no Rio Grande do Sul
Localização de Canguçu no Rio Grande do Sul
Canguçu está localizado em: Brasil
Canguçu
Localização de Canguçu no Brasil
Mapa
Mapa de Canguçu
Coordenadas 31° 23' 42" S 52° 40' 33" O
País Brasil
Unidade federativa Rio Grande do Sul
Municípios limítrofes Encruzilhada do Sul, Amaral Ferrador, Cristal, Cerrito, Morro Redondo, Pelotas, São Lourenço do Sul e Piratini
Distância até a capital 274 km
História
Fundação 27 de junho de 1857 (166 anos)
Administração
Prefeito(a) Gérson Nunes (PT)
Características geográficas
Área total [1] 3 525,068 km²
População total (Censo IBGE/2010[2]) 53 268 hab.
Densidade 15,1 hab./km²
Clima subtropical
Altitude 386 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2000 [3]) 0,743 alto
PIB (IBGE/2008[4]) R$ 484 586,492 mil
PIB per capita (IBGE/2008[4]) R$ 8 703,22

Canguçu é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul, considerado o município com o maior número de minifúndios [5] do Brasil, possui cerca de 14 mil propriedades rurais, sendo reconhecida assim, como a Capital Nacional da Agricultura Familiar [6]. O município tem uma população de 53.390 habitantes segundo o censo de 2012.

Língua regional

Além da língua portuguesa, há muitos habitantes que utilizam a língua pomerana no município[7]. Esta língua minoritária se constitui em um legado cultural que faz parte intrínseca do histórico desta comunidade[8], e de outras comunidades da região de similar perfil, que resultaram de processos migratórios promovidos pelo Estado durante o período imperial.

Religião

Em Canguçu, estima-se que sejam 20.738 luteranos integrantes de cerca de 70 comunidades, o que significa um número próximo aos 40% da população do município.

Significado do nome

A denominação de Canguçu deriva da palavra indígena Caa-guaçu, significando mata grande ou mato grosso, de igual forma que já foi denominada primitivamente a região onde se situa a célebre Avenida Paulista em São Paulo, bem como outros locais, segundo se conclui ou lê-se em descrições mais antigas.

Caa-guaçu era uma alusão à milenar mata grande que encobriu primitivamente a encosta da Serra dos Tapes voltada para a Lagoa dos Patos, e que daria o nome a ilha de Canguçu, mais tarde chamada de ilha da Feitoria como parte da estância Feitoria depois de adquirida por esta. Apesar disso, muitas fontes regionais apontam para a origem do nome do município como a derivação da palavra indigena acaanguaçu, nome dado pelos indios a uma pequena onça que habitava aquela região.

História

Os primitivos habitantes de Canguçu foram os índios tapes, tapuias, guaranizados e subordinados aos guaranis, e que deram seu nome a região onde Canguçu se assenta. Vestígios deles ainda são encontrados nos traços de habitantes do Posto Branco, Canguçu Velho e Herval.

A área urbana de Canguçu, no período de 1780 a 1799, foi denominada Rincão do Tamanduá, fazendo parte da área de mais de doze léguas de sesmarias, situado nas Serras do Sudeste, sendo proprietário o nobre português capitão-mor Dom Paulo Rodrigues Xavier Prates.

De 1762 a 1777 houve violentos choques entre espanhóis e portugueses, visando ambos o domínio de que hoje constitui o Rio Grande do Sul e a República Oriental do Uruguai. Praticamente cessou a instituição de novos povoados, preferindo os que para o sul vinham, estabelecer-se nos núcleos anteriores, e destes, em especial nos mais resguardados de investidas castelhanas.

Após o término dessas lutas, foram concedidas sesmarias para a região onde hoje está constituído o município de Canguçu. Por volta de 1793, os sesmeiros Paulo Rodrigues Xavier de Prates e João Francisco Teixeira de Oliveira, que até então viviam disputando a posse do Rincão do Tamanduá, e visando solucionar o litígio, doaram o sítio para a construção de uma capela. A 26 de dezembro de 1799, cento e quarenta moradores da região dirigiram ao governador Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, uma petição requerendo a concessão do rincão para erigir a capela e fundar a povoação. A 30 do mesmo mês e ano era a permissão concedida, com a ressalva de que enquanto não se formasse uma irmandade legalmente constituída, coubesse ao cura e a dois homens bons do lugar a administração dos ditos terrenos.

Seguindo este critério, seis dias após a petição, ou seja, a 10 de janeiro de 1800, era lançada a pedra fundamental da capela de Nossa Senhora da Conceição, sendo seu primeiro cura o padre Pedro Rodrigues Tourem.

Ergueram-se as casas quase que imediatamente, e logo florescia uma povoação de tamanho considerável e bem organizada. Tais foram os méritos, que a capela curada era em doze anos levada à categoria de freguesia. Tal se deu por carta régia do príncipe regente D. João, assinada a 31 de janeiro de 1812, sendo a décima sétima freguesia da capitania. Havia então, no Rio Grande do Sul, apenas quatro municípios, sendo que a freguesia de Canguçu fazia parte de Rio Grande, passando somente em 1830 ao de Piratini, do que se constituiu distrito.

Canguçu, antes distrito da capital farroupilha Piratini, foi o 22º município gaúcho a ser criado, por desmembramento do município de Piratini, do qual foi o distrito de 1831 a 1857. Em ata da sessão de 1857, assinada pelo líder farrapo Vicente Ferrer de Almeida, deu-se a emancipação. Desde cinco anos antes da criação de Canguçu, seus filhos já eram batizados na pia batismal construída em 1851 pelo francês Marcelino Tolosan (Marcellin Tholozan), seis anos depois da pacificação farroupilha.

Canguçu teve grande participação e projeção, pois as tropas que integraram a Brigada Liberal de Antônio de Sousa Neto, que o apoiaram em 10 de setembro de 1836 no vitorioso combate do Seival e, no outro dia na proclamação da República Rio-Grandense, era constituída por canguçuenses na proporção de cerca de ¼.

Ao ser instalada a República Rio-Grandense em Piratini, em 6 de novembro de 1836, quem carregou o pavilhão tricolor pela primeira vez foi o canguçuense major de lanceiros Joaquim Teixeira Nunes – o Coronel Gavião, considerado pelo general Tasso Fragoso como "a maior lança farrapa", e que se tornou célebre no comando do Corpo de Lanceiros Negros Farroupilhas, personagem abordado com grandeza e simpatia na minissérie A Casa das Sete Mulheres pelo ator Douglas Simon.

Canguçu foi palco de dois combates denominados de Canguçu, respectivamente em 25 e 26 de outubro e 6 de novembro de 1843, nos locais Pedra das Mentiras e Cerro do Ataque, nos fundos do atual Colégio Nossa Senhora Aparecida, em ambas as margens do arroio. E ambos combates foram vitórias imperiais de Chico Pedro.

Foi em Canguçu que o maior cronista farrapo – Manuel Alves da Silva Caldeira, veterano farrapo, escreveu cartas-depoimentos aos historiadores Alfredo Varela, Alfredo Ferreira Rodrigues, Alcides Lima e a Piratinino de Almeida, que lhes permitiram resgatar expressivamente a memória do Decênio Heróico.

A vila de Canguçu, em momentos difíceis da revolução, abrigou por diversas vezes Bento Gonçalves até agosto de 1843, conforme se concluiu de ofício do Barão de Caxias ao ministro da Guerra.

Isto até que Canguçu fosse ocupado pela ala esquerda do Exército ao comando de Caxias, de setembro de 1843 em diante. Comandou a referida ala esquerda o célebre guerrilheiro Francisco Pedro Buarque de Abreu, o futuro Barão de Jacuí.

Canguçu foi criado município junto com Passo Fundo por sugestão do simbolista farrapo major Bernardo Pires, autor do desenho da bandeira da República Rio-Grandense e, desde 1891, adotada como a bandeira do Rio Grande do Sul.

Geografia

Canguçu está incrustado na Serra dos Tapes a qual forma junto com a Serra do Herval a região fisiográfica gaúcha Serras do Sudeste, serras divididas pelo rio Camaquã, que limita ao norte o município e que se constituem dos solos mais antigos do estado, como parte do Escudo Rio-Grandense, de formação no Período Arqueano.

Localiza-se a uma latitude 31º23'42" sul e a uma longitude 52º40'32" oeste, estando a uma altitude de 386 metros. Possui uma área de 3.520,6 km² e sua população segundo o censo de 2011 é de 53,268 habitantes[2].

É em Canguçu que nascem os arroios do Quilombo e das Caneleiras, que no município vizinho, Pelotas, juntam-se e recebem o nome de arroio Pelotas.

Divisões Administrativas

O distrito-sede está dividindo em 5 regiões: 1º, 2º, 3º, 4º e 5º subdistrito. Dentro desses distritos há locais menores denominadas localidades. Pela resolução de El-Rei em 31 de janeiro de 1812 é criado o distrito de Cangussú, elevado à vila em 27 de junho de 1857. Em 1901, por decreto municipal, foram criados os distritos de Iguatemi, Pantanoso, Rincão dos Cravos, Cerrito Velho, Coxilha das Flores e Coxilha do Fogo, anexados à vila de Canguçu [9]. Em 1911 a vila é constituída de 7 distritos: Cangussú, Cerrito do Cangussú (ex-Cerrito Velho), Coxilha das Flores, Coxilha do Fogo, Iguatemi, Pantanoso e Rincão dos Cravos. Em 1939 passa a ter 3 distritos: Canguçu (passando a esta grafia em 31/03/1938), Cerrito e Freire. Os outros distritos foram extintos e anexados à sede [9]. Em 1959 os distritos de Freire e Cerrito foram transferido para o recém-criado municipio de Pedro Osório. A partir de 1960 o município é constituído do distrito-sede até os dias atuais.

Educação

O município conta com inúmeros estabelecimentos de ensino, tanto municipais, quanto estaduais e particulares. O Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida [10], tradicional educandário de orientação católico-romana, é voltado a formação do curso normal Magistério, formando ampla gama de professores desde a década de 1930 do século XX. Pertence as Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã [11], da Ordem Franciscana Secular cuja sede, a Província Imaculado Coração de Maria, situa-se em Santa Maria (Rio Grande do Sul). A Escola Técnica Estadual Canguçu, ETEC, antigo, CONTADOR, é uma instituição estadual que, além do curso médio geral, disponibiliza dos cursos técnicos em Agricultura e Contabilidade. Seguem abaixo [12], o rol de todas as escolas do município que estão sob a jurisdição da 5ª CRE - Coordenadoria Regional de Educação, localizada em Pelotas:

O município conta com uma universidade, a Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, oferecendo inúmeros cursos de educação à distância tanto bacharelado, quanto tecnólogo e licenciatura. Situa-se na Rua General Câmara, próximo à estação rodoviária.

Referências

  1. IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 dez. 2010 
  2. a b «Censo Populacional 2010». Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de novembro de 2010. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  3. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  4. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 dez. 2010 
  5. http://www.jornaltradicao.com.br/site/index.php?conteudo=5&id=431 Audiência em Canguçu discute agroindústrias familiares
  6. http://www.cangucuonline.com.br/?menu=noticia&categoria=34&noticia=2183 O potencial de Canguçu para atrair novos investimentos
  7. Vereadores propõem ensino da língua pomerana nas escolas do município, acessado em 21 de agosto de 2011
  8. Pomeranos agora têm dia para celebrar sua cultura no RS. FORLIBRI: Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração. Website acessado em 25/06/2014.
  9. a b [1]
  10. [2]
  11. [3]
  12. [4]

Ver também

Ligações externas


Predefinição:Mesorregião do Sudeste Rio-Grandense