Livraria do Globo

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Livraria do Globo
Livraria do Globo
Razão social Editora Globo S.A.
Atividade Comunicações
Fundação Dezembro de 1883
Fundador(es) L. P. de Barcellos e S. A. Pinto
Encerramento Agosto de 2007
Sede Brasil Porto Alegre, RS
Proprietário(s) Grupo Globo
Produtos Revistas
Livros
Sucessora(s) Editora Globo (Rio de Janeiro), 1986
Website oficial http://corp.editoraglobo.globo.com/
Símbolo da livraria nos anos 1920.

A Livraria do Globo foi criada em Porto Alegre em 23 de dezembro de 1883[1][2], por Laudelino Pinheiro de Barcellos e Saturnino Alves Pinto.

Inicialmente uma papelaria e livraria, desenvolveu eventuais atividades editoriais de revistas e livros desde o início do século XX e, regularmente, a partir de 1928 ("Edições da Livraria do Globo"). Entre 1929 e 1967, editou a Revista do Globo. Em 1956, dividiu-se formalmente em duas empresas, a Livraria do Globo e a Editora Globo.[3]

Em 1986, a editora foi vendida à carioca Rio Gráfica (RGE), de Roberto Marinho, a qual passou a adotar o nome da empresa adquirida, Editora Globo.[3] Por sua vez, o prédio da antiga Livraria em Porto Alegre se tornou uma unidade das Lojas Renner, com previsão de encerramento das operações em 2023.[4][5] Em 1982 o prédio foi incluído pela Prefeitura Municipal no Inventário dos Bens Imóveis de Valor Histórico e Cultural e de Expressiva Tradição, sendo tombado em 2011.[6][2]

Breve histórico[editar | editar código-fonte]

Os sócios alugaram uma pequena loja à Rua da Praia nº 268, com apenas duas portas e uma vitrine, vendendo bengalas, sombrinhas, livros, tinteiros e cadernos escolares.[2] Nos fundos foram instaladas uma oficina com uma caixa de tipos, duas máquinas de impressão e um oficial tipógrafo. A livraria funcionava de segunda-feira a sábado (inclui datas comemorativas), das 6h30 às 22h e aos domingos, das 13h30 às 20h e fechada nos feriados e datas especiais.

Com o sucesso dos negócios o prédio foi reformado e passou a prestar serviços de encadernação e pautação. Ofereciam-se serviços de gráfica e, em 1909, instalou-se um linotipo, e se tornou a principal gráfica de Porto Alegre. Em 1915 surgiu o Almanaque do Globo, primeira grande publicação da editora. Laudelino faleceu em 1917, deixando a empresa para seus herdeiros e José Bertaso, que era seu sócio na época. Com a aquisição da loja geminada, em 1919, a área da Livraria foi duplicada. As ampliações continuaram. A loja original, de um pavimento, foi ampliada e interligada a um prédio construído nos fundos, a partir de 1924. O edifício da Livraria do Globo, projetado pelo engenheiro e imigrante italiano Armando Boni, ficou enfim pronto em 1928.[2]

Com o passar dos anos, a loja da rua da Praia tornou-se ponto de encontro de intelectuais, poetas, políticos e profissionais liberais. Em 1917, durante a gestão de José Bertaso, foi aberta a primeira filial, em Santa Maria, centro ferroviário do Rio Grande do Sul. Borges de Medeiros, então presidente do estado, sugeriu a criação de uma revista do Sul, nascendo assim a Revista do Globo.

Na década de 1930 ganhou carta-patente para operar como casa bancária. Anos mais tarde, Leonel Brizola, então governador do estado, confiaria à Globo a impressão das letras do Tesouro do Estado, conhecidas como "brizoletas".

Com a transferência de Henrique Bertaso, filho mais velho de José, para a editora, a Globo começou a explorar novos filões, como romances policiais e obras do escritor inglês Somerset Maugham. Em 1937, foram construídos no bairro Menino Deus dois prédios para as oficinas da empresa.[2] Em 1938 a editora lançou Olhai os lírios do campo, sucesso nacional de Érico Veríssimo. Ainda nessa época, foi traduzida a obra de Proust.

A Editora Globo destacou-se pela publicação de autores gaúchos, mas também pela produção de traduções de grandes obras da literatura mundial. Além da tradução de "Em busca do tempo perdido", de Proust, lançou a tradução da monumental "Comédia Humana" de Honoré de Balzac, pelos mais renomados tradutores. Produziu também a pioneira Enciclopédia Globo. As primeiras traduções brasileiras de autores de Filosofia (depois republicados na coleção Os Pensadores, da Editora Abril) também foram feitas pela Editora Globo.

Nos anos 40 a editora viveu seu auge e tinha filiais em três cidades gaúchas, além de escritórios no Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1948 transformou-se em Sociedade Anônima, e em 1956 a empresa se dividiu em Livraria do Globo e Editora Globo.

Nos anos 70, o capital foi aberto, mas os herdeiros continuaram como sócios majoritários. Em 1986 a empresa foi vendida à Rio Gráfica Editora (RGE), de Roberto Marinho. A Rio Gráfica passou a usar somente o nome Editora Globo desde então.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Livros e leitura no Rio Grande do Sul (séculos XIX e XX)». Consultado em 23 de março de 2010. Arquivado do original em 7 de abril de 2010 
  2. a b c d e «Em fotos, veja as transformações do prédio da Livraria do Globo». GZH. 7 de julho de 2023. Consultado em 10 de julho de 2023 
  3. a b HALLEWELL, Laurence (2005). O livro no Brasil: sua história. São Paulo: EdUSP.
  4. http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/economia/noticia/2012/03/renner-inaugura-loja-em-tradicional-predio-do-centro-da-capital-3706859.html
  5. «Renner fechará loja em prédio histórico do centro de Porto Alegre». GZH. 19 de junho de 2023. Consultado em 10 de julho de 2023 
  6. "Lei Municipal nº 5260 de 29 de dezembro de 1982". Prefeitura de Porto Alegre
  7. «História». Editora Globo 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]