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São Paulo Tramway, Light and Power Company

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Light Sesa
São Paulo Tramway, Light and Power Company
Razão social Light – Serviços de Eletricidade S/A
Empresa de capital aberto
Atividade Energia elétrica, Infraestrutura
Gênero Sociedade de economia mista
Fundação Toronto, Canadá
7 de abril de 1899
Fundador(es) William Mackenzie
Frederick Stark Pearson
Destino Estatizada ao estado, ativos transferidos para Eletropaulo
Encerramento 1981 (1981)
Sede São Paulo,  São Paulo
 Brasil
Proprietário(s) Brascan
Controle acionário da Eletrobrás a partir de 1979[1]
Presidente John Henderson Moore (1979)
Produtos Distribuição de energia elétrica
Acionistas Eletrobrás
Antecessora(s) Companhia de Água e Luz do Estado de São Paulo
São Paulo Gás Co. (Iluminação Urbana)
Sucessora(s) Eletropaulo

São Paulo Tramway, Light and Power Company, mais conhecida como Light São Paulo (também referida como São Paulo Light and Power Co., Light Paulistana, Light S.E.S.A), foi uma empresa de capital canadense que atuou em São Paulo, Brasil em atividades de geração, distribuição de energia elétrica e transporte público por bondes.

São Paulo começara seu crescimento no final do século XIX, com a instalação de companhias como São Paulo Railway e San Paulo Gás Company. O fornecimento de energia na cidade tinha como objetivo não só o abastecimento ao parque industrial leve da cidade, como também a iluminação urbana. Esta era feita por lampiões operados principalmente pela San Paulo Gás Co., fundada em 1872[2].

Em concorrência com a San Paulo Gás Co. fundara-se a Companhia de Água e Luz do Estado de São Paulo[3][4], em 1886 pela Marques, Moutte & Companhia, contando com uma pequena usina a vapor descrita por Júlio Henrique Raffard em 1892 da seguinte maneira:

(...) encontrei 2 locomoveis trabalhando e 1 máquina vertical em repouso; 4 dínamos de corrente contínua, sendo 1 Wetson, que não estava em serviço, 2 da casa Ganz & C., de Budapeste (que a empresa paulista representa no Brasil), a saber: um capaz de produzir luz para 20 focos de 20 velas, e outro que é uma modificação do precedente, porém não devendo oferecer as mesmas vantagens para uma boa iluminação; finalmente um dínamo Bréguet podendo alimentar 16 focos de 20 velas, ou 40 lâmpadas com luz de 8 velas, o qual me pareceu o mais prático dos dínamos ali reunidos. São esperadas 1.000 lâmpadas para focos de 10 velas como tipo a generalizar e outras de forças diversas até 50 velas, bem como todo o material correspondente para uma outra instalação geral. Os dínamos novos serão de correntes alternativas e funcionarão com 1.800 revoluções, quando os acima indicados trabalham com 1.050, sendo o Wetson, 750 e 650 os de Ganz & C. e 450 o Bréguet. A princípio a empresa cobrava mensalmente.[3]

A companhia operou até 1901. Sendo, após este período, substituída de vez pela Light no fornecimento de energia elétrica. A Companhia de Água e Luz fornecia energia num período restrito compreendido entre o entardecer e a meia-noite. Após investimentos da Light e da queda no preço do megawatt, a Cia. de Água e Luz cessa suas atividades.[4]

Usina Hidrelétrica Edgard de Souza.

Em 7 de abril de 1899, em Toronto, no Canadá, foi fundada a São Paulo Tramway, Light and Power Company, que em 17 de julho do mesmo ano foi autorizada por decreto do presidente Campos Sales a atuar no Brasil. Sua atuação em São Paulo começou no mesmo ano, através da construção da Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa em Santana de Parnaíba, concluída em 1901[4]. A usina era capaz de gerar, inicialmente, 2 MW, ampliados para 12,8 MW até 1912.

Posteriormente, a Light São Paulo passaria a operar os serviços de geração e distribuição de energia elétrica e os serviços de bondes elétricos do município de São Paulo, uma revolução para a época, quando havia apenas bondes puxados a burro.

No dia 9 de junho de 1904, os mesmos sócios canadenses criam a Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Company. A partir de 1912, as duas empresas passaram a ser controladas pela holding Brazilian Traction Light and Power Co. Ltd., posteriormente denominada Brascan e atualmente subsidiária da Brookfield Asset Management. Também em 1912 adquire o comando acionário da San Paulo Gás Co., que passa a ser denominada San Paulo Gás Co. Ltda., atual Comgás. E em 1916 incorpora entre outras a Companhia Telefônica do Estado de São Paulo, dando origem a Rio de Janeiro and São Paulo Telephone Company, que passa a ser denominada Companhia Telefônica Brasileira em 1923.

Usina Hidrelétrica Henry Borden

Entre 1900 e 1930, a Light São Paulo realizou inúmeras obras de expansão dos serviços de energia elétrica na capital de São Paulo e municípios vizinhos, construindo em 1908 a represa de Guarapiranga e usinas hidrelétricas, como Edgard de Souza e Rasgão, localizadas no Rio Tietê, em Santana do Parnaíba, a 40 quilômetros da capital. Eram obras necessárias para acompanhar o crescimento econômico e populacional da cidade e arredores e consecutivo aumento do consumo de energia elétrica.

Usina Elevatória de Traição

Mais tarde, na década de 1940, a Light São Paulo também foi responsável pela retificação do Rio Tietê, Rio Pinheiros e pela construção da represa Billings e da usina hidrelétrica Henry Borden.A fim de controlar a vazão dos rios alimentadores, a Light construiria duas usinas elevatórias: a Usina Elevatória de Pedreira e a Usina Elevatória de Traição. Além de capacidade de se regular a vazão dos rios, estas duas usinas podiam gerar certo montante de energia, complementando o potencial disponível pela UHE Henry Borden.[4]

Em meados da década de 1940, a Light São Paulo encerra os serviços de transporte público por meio de bondes elétricos, repassando-os à Prefeitura de São Paulo, através da CMTC, que extinguiria o serviço de bondes no fim dos anos 1960.

Em 1956, a holding Brazilian Traction Light and Power Co. Ltd. começa a atuar em inúmeros ramos, dentre os quais o imobiliário, hoteleiro, serviços de engenharia, agropecuária, entre outros, e muda de nome, passando-se a chamar Brascan - Brasil Canadá Ltda. A empresa São Paulo Tramway, Light and Power Company se funde com a Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Company, numa única razão social, agora chamada de Light – Serviços de Eletricidade S/A, vinculada à Brascan Ltda.

Fim das atividades

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Poço de visita da Light SESA na Avenida Paulista.

No final da década de 1970, durante o governo militar, o contrato de concessão da Light – Serviços de Eletricidade S/A com o governo federal, assinado no início do século e com validade de setenta anos, seria encerrado, com a entrega dos ativos investidos pela empresa ao governo brasileiro. Porém, em circunstâncias obscuras, o então ministro das Minas e Energia, Shigeaki Ueki, por meio da Eletrobrás, adquiriu o controle acionário da Light em 1979.

Na sequência, em 1981 o governo do estado de São Paulo adquiriu a Light paulista e criou a sua própria empresa de energia, com o nome de Eletropaulo, que na década de 1990 foi vendida em várias empresas de porte menor, sendo algumas privatizadas pelo governador Mário Covas.

O grupo Brascan - Brasil Canadá Ltda., depois da venda da Light, continua operando no Brasil nos negócios remanescentes, nos ramos imobiliário, hoteleiro, serviços de engenharia, agropecuária, bancos, seguros e de shopping centers. É proprietário dos shoppings Rio Sul, Madureira Shopping, Bay Market, Paço do Ouvidor, Botafogo Praia Shopping e Centro Empresarial Mourisco – no Rio de Janeiro; Brascan Open Mall, Raposo Shopping, Pátio Higienópolis, Shopping Paulista, West Plaza – em São Paulo; Shopping Crystal – no Paraná; Shopping Cidade – em Belo Horizonte. Juntos, eles recebem 90 milhões de pessoas/ano, movimentando anualmente cerca de US$ 100 milhões em locação de lojas.

Memória arquitetônica e cultural

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A marca e empresa Light, apesar de há muito tempo extinta pela sucessora Eletropaulo, deixou alguns legados pela cidade de São Paulo.

As estações de transmissão de energia elétrica mais antigas, como em Santana, Cambuci e Bela Vista, conservam traços do estilo arquitetônico da época e influências de arquitetos canadenses. O antigo edifício-sede da Light São Paulo, batizado de Alexandre Mackenzie, em homenagem a um dos sócios da empresa, localizado na Praça Ramos de Azevedo, ao lado do Teatro Municipal e do Viaduto do Chá, é considerado de relevante valor histórico e foi tombado pelo Condephaat. Construído no final da década de 1920, foi internamente adaptado para ser utilizado como um shopping center (o Shopping Light) na década de 1990, porém externamente conserva as características originais. Outro legado se observa nos postes ornamentais do centro histórico de São Paulo cujas peças foram importadas na primeira metade do século XX para a implantação do luz elétrica na cidade.

Ainda hoje, pais e avós, que viveram na época da Light, reclamam das elevadas contas de energia elétrica atuais e das luzes acesas sem necessidade aos filhos e netos dizendo "vocês acham que eu sou sócio da Light?", numa prova de que o nome da empresa extinta ainda é forte no inconsciente coletivo paulistano.

A Fundação Energia e Saneamento, criada em 1998 para preservar e divulgar o patrimônio histórico-cultural do setor energético, herdou boa parte de documentos e objetos antigos da Light e de outras antigas empresas de energia e saneamento já extintas.

A Light também era jocosamente chamada de "São Paulo Light and Too Much Power", ou seja, "São Paulo Luz e Muito Poder".

Referências

  1. «LIGHT» (PDF). Consultado em 21 de novembro de 2017 
  2. Saes, Alexandre Macchione. «Luz, leis e livre-concorrência: conflitos em torno das concessões de energia elétrica na cidade de São Paulo no início do século XX». História (São Paulo). 28 (2): 173–234. ISSN 0101-9074. doi:10.1590/S0101-90742009000200008 
  3. a b Ricardi, Alexandre (23 de agosto de 2013). «A companhia água e luz do estado de São Paulo e suas relações de conflito na formação do parque elétrico paulistano, 1890-1910». doi:10.11606/d.8.2013.tde-31102013-104643 
  4. a b c d Ayres de Carvalho, Rafael (2014). «Usina Elevatória da Traição: um marco para e expansão urbana em São Paulo» (PDF). Universidade Presbiteriana Mackenzie. Consultado em 22 de novembro de 2017 

Ligações externas

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