Ucranianos

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Ucranianos
(українці/ukrayintsi)
Bandeira da Ucrânia
Mapa da diáspora ucraniana ao redor do mundo.
População total

39 100 000 [1][2][3]

Regiões com população significativa
 Ucrânia 37 541 700
 Rússia 2 942 961
 Canadá 1 209 805
 Estados Unidos 961 113
 Brasil 600 000
 Itália 320 070
 Argentina 305 000
 Bielorrússia 300 000
 Polónia 300 000
 Alemanha 170 000
 Eslovênia 200 000
Línguas
Ucraniano
Religiões

Predominantemente Ortodoxo Oriental;

minoria notável de Católicos Gregos e protestantes
Grupos étnicos relacionados
Há povos Eslavos, especialmente Rutenos, Bielorrussos e Russos

Os ucranianos (ucraniano: українці; transl. ukrayintsi) são um grupo étnico eslavo oriental que vive primariamente na Europa Oriental.

Origem[editar | editar código-fonte]

Os ucranianos são descendentes de vários povos que habitavam a vasta área que se estende do norte do Mar Negro às fronteira de Rússia, Polônia, Moldávia, Bielorrússia e Eslováquia. Esses povos incluíam várias tribos nômades como os citas e os sármatas de línguas persas; os godos e os varangianos de línguas germânicas e os cazares, pechenegues e cumanos de línguas turcas. De qualquer forma, as origens ucranianas são preponderantemente eslavas e as tribos nômades não-eslavas que principalmente que viviam nas estepes do sul da Ucrânia têm pouca influência nos ancestrais dos modernos ucranianos. O ucraniano é uma língua eslava oriental. Os antigos eslavos orientais habitavam as terras da atual Ucrânia desde os tempos antigos e a partir do século VI tornaram-se dominantes e fundaram a cidade de Kiev - antiga capital do poderoso estado conhecido como Rus' quievanos. O cnezo Vladimir I converteu-se ao cristianismo em 988. (cnezo era um antigo título dos governantes da Rus' quievanos).

História[editar | editar código-fonte]

A Ucrânia tem uma história bastante turbulenta, fato explicado pela sua posição geográfica. Os ucranianos fizeram parte do grupo dos russos antigos até o século XIV. De qualquer forma, a longa história de separação e as influências estrangeiras transformaram perceptivelmente sua identidade etnolinguística, separando-os dos demais russos.

A identidade nacional ucraniana se desenvolveu em oposição ao domínio estrangeiro no século XIX. Na Rússia Imperial o uso da língua ucraniana foi desencorajado e em vários períodos suprimida (muitos poetas, escritores, elite política e intelectual ucraniana era exilada da Ucrânia para Sibéria, Cazaquistão, etc.) apesar de algumas vezes haver uma tolerância, algumas províncias que tinham em cargos superiores etnias ucranianas (o que quase nunca acontecia). A política de perseguição contra os ucranianos era também considerável na Polônia e na Áustria-Hungria. Durante o período soviético, a língua ucraniana foi em geral fortemente suprimida, (como todas as outras línguas dos países da ex-União Soviética) mas com a chegada ao poder de alguns chefes de governo de origem ucraniana (ex.: Gorbachov), era tolerada. Muitos ucranianos foram enviados para campos de concentração políticos por tentaram parar o totalitarismo e imperialismo de Stalin, conservar a cultura ucraniana e se defender das tentativas de russificação da Ucrânia.

A Ucrânia originariamente fazia parte do Grão-Ducado da Lituânia e da Comunidade Lituano-Polaca (Rzeczpospolita Obojga Narodów), depois dos impérios russo, otomano e austro-húngaro, Polônia e União Soviética, finalmente tornando-se independente em 24 de agosto de 1991. Ucrânia revoltava-se muitas vezes (e tinha formado em alguns períodos um país organizado), entre muitas tentativas de construção de um Estado destacam-se; país dos cossacos que eram controlados por Hétmans nos séculos XVII e XVII (sendo o país mais democrático da Europa da época e com maior poder militar - 300 mil cossacos muito organizados e louvados por seus nobres feitos pelo povo ucraniano) e também República Popular da Ucrânia (RNU), de 1917 a 1921. Apesar das dificuldades, havia conseguido organizar-se como país, mas não resistiu ao poder da propaganda e das forças armadas soviéticas, ficando sem ajuda dos aliados (Alemanha e Áustria) e sofrendo ataques surpresas (soviéticos desonraram o pacto que fora feito entre eles e a Ucrânia).

População[editar | editar código-fonte]

Torcedores ucranianos no estádio de Riazor, Corunha, Galiza, Espanha.

Os ucranianos são um dos maiores grupos étnicos europeus com uma população de mais de 45 milhões de pessoas em todo o mundo. A maioria dos ucranianos étnicos, cerca de 39 milhões no total, vive na Ucrânia onde constituem cerca de três quartos da população. A maior comunidade ucraniana fora da Ucrânia está na Rússia, onde cerca de 4,4 milhões de cidadãos russos se consideram etnicamente ucranianos, enquanto milhões de outros (principalmente no sul da Rússia e na Sibéria tem alguma ancestralidade ucraniana. Há também cerca de três milhões de ucranianos na América do Norte (1,5 milhão nos Estados Unidos e 1,3 milhões no Canadá). Um grande número de ucranianos vive no Cazaquistão (cerca de 900 mil), Moldávia (600 mil), Brasil (500 mil), Polônia (300 mil), Bielorrússia (290 mil), Uzbequistão (150 mil), Quirguistão (cem mil), Eslováquia (200 mil), Argentina (200 mil) e Portugal (66 048, devido à imigração ilegal este número é bastante inferior à realidade). Há também ucranianos dispersos na Romênia, Alemanha e na Sérvia e Montenegro.

No Brasil[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Imigração ucraniana no Brasil

A comunidade ucraniana do Brasil ronda 500 mil pessoas,[4] incluindo-se os descendentes. A emigração para o Brasil, em grupos mais numerosos, iniciou-se em fins do século XIX (1895). Os imigrantes ucranianos localizaram-se principalmente no estado do Paraná - onde fixou-se quase 90% dos imigrantes desta etnia - e também nos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mais tarde uma corrente apreciável localizou-se no estado de São Paulo.

Em Portugal[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Imigração ucraniana em Portugal

Os ucranianos constituem actualmente a segunda maior comunidade estrangeira residente em Portugal, com 44 074 imigrantes documentados, em 2012, sendo apenas inferior à comunidade brasileira. Este número representa uma quebra relativamente aos 62 448 ucranianos que residiam em Portugal em 2002, ano em que constituíam a maior comunidade imigrante em Portugal. Esta descida deveu-se, nomeadamente, à crise económica em Portugal, ao aumento do controlo da imigração clandestina e ao facto de muitos imigrantes ucranianos terem entretanto obtido a nacionalidade portuguesa. É uma comunidade relativamente jovem em comparação com o resto da população portuguesa e com níveis de qualificação académica e profissional comparativamente elevados. No entanto, a maioria trabalha em profissões de baixa qualificação e baixos salários, nomeadamente em serviços de limpeza, construção civil, indústrias transformadoras, serviços de transportes, hotelaria e restauração. Esta situação tem vindo a ser atenuada, com um crescimento no número de trabalhadores ucranianos em profissões mais qualificadas e mais bem remuneradas.[5]

Religião[editar | editar código-fonte]

Os ucranianos são predominantemente cristãos ortodoxos, mas no sul e no leste da Ucrânia é mais comum a Igreja Ortodoxa Ucraniana sob o Patriarca de Moscou e a Igreja Ortodoxa Russa. Alguns ucranianos especialmente na região ocidental da Galícia são católicos de rito oriental, pertencendo mais especificamente à Igreja Greco-Católica Ucraniana. Várias igrejas protestantes como também a nacionalista não-canônica Igreja Ortodoxa Ucraniana liderada pelo Patriarca de Kiev Filareto (Mykhailo Denysenko) cresceram entre os ucranianos.

Referências

  1. «Ukrainian diaspora abroad makes up over 20 million». Consultado em 15 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 5 de janeiro de 2012 
  2. 20 million Ukrainians live in 46 different countries of the world.
  3. «20 million Ukrainians living outside Ukrainian territory». Consultado em 15 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 4 de junho de 2011 
  4. «Richa destaca contribuição ucraniana no crescimento econômico do Paraná» 
  5. «Portugal tem menos imigrantes». Diário de Notícias. 4 de julho de 2012. Consultado em 13 de setembro de 2014. Arquivado do original em 17 de outubro de 2012 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]