Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta
Atividade | Transporte ferroviário |
Fundação | 1878 |
Destino | Extinta |
Encerramento | 1946 |
Área(s) servida(s) | Portugal |
Locais | Figueira da Foz, Pampilhosa, Guarda, Vilar Formoso |
Sucessora(s) | Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses |
A Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta, mais conhecida como Companhia da Beira Alta, foi uma empresa portuguesa, que construiu e explorou a Linha da Beira Alta, em Portugal. Foi formada em 1878[1], e integrada na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses em 1947.[2]
Índice
História[editar | editar código-fonte]

Formação[editar | editar código-fonte]
Em 23 de Março de 1878, uma lei abriu o concurso para a construção da Linha da Beira Alta; assim, foi assinado um contrato no dia 3 de Agosto desse ano, com a Société Financière de Paris, que fundou a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta para construir e explorar a Linha.[1] O primeiro troço da Linha da Beira Alta entrou ao serviço, de forma provisória, em 1 de Julho de 1882, tendo a linha sido inaugurada na sua totalidade, de Vilar Formoso à Figueira da Foz, no dia 3 de Agosto do mesmo ano.[1][3]
Expansão[editar | editar código-fonte]
Em 1901, esta companhia apresentou ao governo uma proposta para um novo regulamento de circulação ferroviária nas suas linhas.[4] Em 11 de Janeiro de 1911, iniciou-se uma greve na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que no dia seguinte estendeu-se aos Caminhos de Ferro do Estado, Companhia Nacional de Caminhos de Ferro e à Beira Alta; este incidente inseriu-se na vaga de greves dos ferroviários nos primeiros anos da República.[5]
As previsões que inicialmente se fizeram do tráfego internacional para a Linha da Beira Alta, devido ao facto de ser a principal ligação ferroviária com Espanha, revelaram-se demasiado optimistas, uma vez que o movimento dos comboios sempre se revelou diminuto; de igual forma, o trânsito interno também não foi muito intenso, tendo a receita quilométrica atingido, em 1913, apenas o valor de 2.231$00.[6] As dificuldades exacerbaram-se com o início da Primeira Guerra Mundial, pelo que a Companhia teve de exercer uma cuidadosa gestão económica para garantir a exploração da Linha, sem menosprezar as condições das infra-estruturas e do material circulante.[6] Ainda assim, o processo do melhoramento do serviço foi muito limitado devido aos escassos recursos da Companhia e à falta de apoio do Estado, que não permitiam empreendimentos de maior vulto, como as obras no Porto da Figueira da Foz.[7] Em finais de 1914, a Companhia estava a fabricar várias carruagens de terceira classe nas suas instalações oficinais na Figueira da Foz, onde já tinham sido produzidas outras carruagens de primeira e segunda classes, que já estavam em circulação; nessa altura, também tinha procedido à renovação da via entre Nelas e Mangualde.[7] Também nessa altura, a companhia tinha enviado vários automóveis a França para modificar os motores, que no entanto foram apreendidos pelo estado francês devido à Primeira Guerra Mundial.[7] A situação da Companhia agravou-se em 1917, com grandes dificuldades no fornecimento do carvão devido ao bloqueio germânico, tendo sido forçada a suprimir alguns dos comboios.[8]
Declínio e encerramento[editar | editar código-fonte]
Já em 1913, tinha surgido a intenção de resgatar as concessões da CP e da Companhia da Beira Alta, de forma a entregá-las a uma só empresa.[5] No final da Década de 1920, o engenheiro Duarte Pacheco promoveu a aquisição, pelo Fundo de Desemprego, de grandes lotes de acções e obrigações, que se encontravam na posse de financeiros e especuladores, que tinham influência no conselho de administração da Companhia da Beira Alta e noutras empresas ferroviárias; Duarte Pacheco procurou, desta forma, iniciar o processo de nacionalização das principais operadoras ferroviárias em Portugal.[2]
Em 1933, as receitas de exploração líquidas de impostos e reembolsos atingiram o valor de 12.748,671$00, um incremento de 186.582$00 em relação ao ano anterior; no entanto, as receitas também aumentaram, tendo atingido os 10.994,801$00, mais 560.014$00 do que em 1932.[6] As receitas líquidas de passageiros, grande velocidade e de fora do tráfego caíram, mas foram compensadas por um considerável acréscimo nas receitas de pequena velocidade.[6] Em termos de passageiros, os movimentos das primeira e segundas classes caíram de 1932 para 1933, mas houve um grande aumento na terceira classe.[6] Em relação às mercadorias, verificou-se um apreciável crescimento na pequena velocidade.[6]
Em 1935, os caminhos de ferro em Portugal estavam em pleno declínio, devido à crise económica que se fazia sentir, e ao desenvolvimento do transporte rodoviário; no caso da Companhia da Beira Alta, a principal queda no tráfego foi nos comboios internacionais.[9]
Em 1946, foi assinada a escritura para a transferência da concessão da Linha da Beira Alta, para a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses[2]; a exploração iniciou-se no dia 1 de Janeiro do ano seguinte.[2]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 71 (1686): 133-140. Consultado em 3 de Setembro de 2015
- ↑ a b c d REIS et al, p. 62-63
- ↑ MARTINS et al, p. 248
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (337). 11 páginas. 1 de Janeiro de 1902. Consultado em 13 de Março de 2015
- ↑ a b SOUSA, José Fernando de (16 de Março de 1935). «Greves e Caminhos de Ferro 1910-1926» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1134): 119-120. Consultado em 26 de Agosto de 2015
- ↑ a b c d e f SOUSA, José Fernando de (1 de Fevereiro de 1935). «A Crise dos nossos Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1131): 57-58. Consultado em 13 de Março de 2015
- ↑ a b c «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 27 (647). 363 páginas. 1 de Dezembro de 1914. Consultado em 13 de Março de 2015
- ↑ «A Crise do Carvão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 30 (700): 49-50. 16 de Fevereiro de 1917. Consultado em 13 de Março de 2015
- ↑ SOUSA, José Fernando de (16 de Junho de 1934). «A Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta em 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1116): 303-305. Consultado em 13 de Março de 2015
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco Cardoso dos; GOMES, Rosa Maria; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X