Ernesto Geisel
Ernesto Geisel (Bento Gonçalves, 3 de agosto de 1907 — Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1996) foi um militar (general) e político brasileiro, o quarto presidente do regime militar instaurado pelo golpe de 1964.
Nasceu em uma família luterana de imigrantes alemães, seus pais eram August Wilhelm Geisel e Lydia Beckmann. Ernesto Geisel falava e lia o alemão. Dois de seus irmãos também ingressaram na carreira das armas e tornaram-se generais: Henrique Geisel e Orlando Geisel, que chegou a ser ministro do exército durante o governo de Emílio Garrastazu Médici.
Ernesto Geisel iniciou sua carreira militar em 1921 , ingressando no Colégio Militar de Porto Alegre . Participou de ações militares na Revolução de 30 e na Revolução Constitucionalista, de 1932. No início dos anos 30 também desempenhou as funções de secretário de fazenda da Paraíba. Em 1940, Geisel casou-se com sua prima-irmã, Lucy, com quem teve dois filhos: Amália e Orlando, este último falecido num acidente de trem em 1957. Geisel jamais se recuperaria totalmente deste duro golpe.
Nos anos 50, Geisel comandou a guarnição de Quitaúna e gerenciou a refinaria de Cubatão, ambas no estado de São Paulo. Durante este período, ele estreitou suas ligações com o grupo militar que mais tarde seria conhecido como "Sorbonne", ligado à Escola Superior de Guerra.
Ele sempre teve interesse na área de extração petrolífera, tendo dirigido a refinaria de Cubatão em 1956, a Petrobras (1969 a 1973) e, após 1979, a Norquisa. Em sua gestão na presidência da Petrobras, empresa estatal de produção de petróleo, concentrou esforços na exploração da plataforma submarina, tendo obtido resultados positivos. Conseguiu acordos no exterior para a pesquisa e firmou convênios com o Iraque, o Egito e o Equador.
Após o golpe de 1964, em 15 de abril de 1964 foi nomeado chefe da Casa Militar pelo presidente Castello Branco que o encarregou de averiguar denúncias de torturas em unidades militares do Nordeste. Castello o promoveu a general-de-exército em 1966 e o nomeou ainda ministro do Supremo Tribunal Federal em 1967. Foi lançado oficialmente candidato à Presidência pela Arena, em 18 de Julho de 1973 e venceu no Colégio Eleitoral em 15 de Janeiro de 1974 o "anti-candidato" Ulysses Guimarães do MDB.
Em política externa procurou ampliar a presença brasileira na África e na Europa, evitando o alinhamento incondicional à política dos Estados Unidos.
Principais realizações
- o reatamento de relações com a China;
- o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND);
- a busca de novas fontes de energia, realizando o acordo nuclear com a Alemanha, criando os contratos de risco com a Petrobrás e incentivando a utilização do álcool como combustível;
- início do processo de redemocratização do país, embora tal processo tenha sofrido alguns retrocessos durante seu governo, como bem exemplifica o Pacote de Abril, em 1977 .
Após o mandato
Como ex-presidente, manteve grande influência sobre o exército ao longo dos anos 80 e hipotecou, em 1985, seu apoio à candidatura de Tancredo Neves, nas eleições indiretas daquele ano. Também foi presidente da Norquisa, empresa ligada ao setor petroquímico.
Sua trajetória de vida e seu governo são descritos em O Sacerdote e o Feiticeiro, um conjunto de três livros escritos pelo jornalista Elio Gaspari. Seu ministro da justiça, Armando Falcão, também escreveu uma biografia de Ernesto Geisel. Em 1997, a Fundação Getúlio Vargas publicou a transcrição de seu depoimento, no qual narrou sua vida particular, militar e política.
Precedido por Garrastazu Médici |
Presidente do Brasil 1974 — 1979 |
Sucedido por João Figueiredo |