Governo Juscelino Kubitschek
Governo Juscelino Kubitschek | ||||
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Tipo | Governo federal | |||
Vice-presidente | João Goulart | |||
21.º Presidente da República | Juscelino Kubitschek | |||
Eleição | Eleição presidencial no Brasil em 1955 | |||
Mandato | ||||
Período | 1956 - 1961 | |||
Início | 31 de janeiro de 1956 | |||
Fim | 31 de janeiro de 1961 | |||
Duração | 11 meses e 11 dias | |||
Composição | ||||
Partido | PSD | |||
Coligação | PSD, PTB, PR, PTN, PST, PRT | |||
Sítio oficial | ||||
- | ||||
Histórico | ||||
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O Governo Juscelino Kubitschek teve início em 31 de janeiro de 1956, quando tomou posse Juscelino Kubitschek de Oliveira que, após ser Governador de Minas Gerais, venceu as eleições de 1955.[1]
Sua presidência foi marcada pelo Plano de Metas, ação que concentrou-se no desenvolvimento de setores como energia, transporte, alimentação, indústria de base, educação e a meta-síntese, que foi a construção da nova capital Brasília[2], com o slogan de "Cinquenta anos em cinco"[3], marca do desenvolvimentismo, já que o ideal era trazer ao Brasil o desenvolvimento econômico e social. Segundo JK, se com outros governantes este processo levaria cinquenta anos, com ele levaria apenas cinco.[4] Trouxe diversas empresas estrangeiras para o país, entre elas, as automobilísticas Chrysler e Ford através do Grupo Executivo da Indústria Automobilística, já que ele queria incentivar o comércio de carros, além de televisões e outros bens de consumo.
Contexto[editar | editar código-fonte]
República Populista[editar | editar código-fonte]

Após a derrubada da ditadura getulista e a promulgação de uma nova Constituição Federal (1946) até o Golpe Militar de 1964, o país vive uma das fases mais democráticas que já experimentara - o chamado Populismo (1946 - 1964) - embora abalada por fatos como o suicídio do presidente Getúlio Vargas em 1954. Vargas havia assumido em 1951 após ter vencido eleição direta para presidente.
Eleição de 1955[editar | editar código-fonte]

Kubitschek enfrentou problemas para dar legitimidade e prestígio à sua candidatura a presidente, como acusações de ser apoiado por comunistas,[5]JK visitou o já idoso e venerado ex-presidente da república Venceslau Brás em sua residência no sul de Minas. Pediu e conseguiu o apoio do ex-presidente à sua candidatura.
Através de uma aliança política formada por seis partidos, Juscelino foi eleito Presidente da República em 3 de outubro de 1955, com 35,68% dos votos válidos; a UDN protestou alegando que Juscelino não havia obtido a maioria dos votos, a posse só foi garantida graças ao Golpe Preventivo, liderado pelo Marechal Lott, que depôs Carlos Luz. que era acusado de não querer passar o cargo para JK.[4]
Posse[editar | editar código-fonte]

Eleito em um período conturbado, o movimento golpista para impedir a posse de JK contou com o apoio da ala conservadora do Exército e do presidente interino Carlos Luz que tinha tomado posse após o afastamento de Café Filho por motivos de saúde. A posse de Juscelino e de João Goulart só foi assegurada graças a o chamado Golpe Preventivo, em 11 de novembro, do General Teixeira Lott.[6]
Com um forte esquema de segurança, a cerimônia aconteceu no Palácio Tiradentes, então sede da Câmara dos Deputados, a cerimônia começou ás 15h15 e foi presidida pelo presidente da câmara, José Antônio Flores da Cunha, a presidência do Senado estava vaga. Em seguida, ambos foram em carro aberto para o Palácio do Catete para o então presidente Nereu Ramos fazer a transmissão do cargo, quando Ramos fez um discurso falando que JK assumia o país "em hora de grandes transformações e não menor expectativas de toda a nação" e em seguida Juscelino fez seu discurso.[7]
Houve manifestações de Queremistas, que apoiaram Juscelino, mas foram de cunho principalmente a favor de Getúlio Vargas, incluindo orações em volta da estátua do ex-presidente.[8]
Assuntos internos[editar | editar código-fonte]
Economia[editar | editar código-fonte]

Kubitschek iniciou seu governo quando o país contava com aproximadamente 60 milhões de habitantes. Sua gestão foi marcada pelo Plano de Metas, que se traduziu, sobretudo, em crescimento industrial.[9] Entre 1955 e 1961, a produção do setor cresceu 80%, destacando-se as indústrias do aço, mecânicas, elétricas e de comunicações, e de equipamentos de transportes. Entre 1957 e 1961, a taxa de crescimento real foi de 7% ao ano. Esse processo, orientado pelo projeto nacional-desenvolvimentista,[3][10] foi possibilitado pela existência de um amplo mercado interno,[11] pela capacidade de produção de ferro e de aço e pela disposição externa de investimento. Além do incentivo à entrada de capitais externos, o governo voltou-se para as áreas de transporte e de energia, constituindo uma infraestrutura para a expansão do parque industrial.
O governo orientou os investimentos segundo os estudos e projetos formulados pelos representantes da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE).[12]
A política econômica dos anos JK obteve resultados expressivos na área da expansão industrial, mas gerou contradições, como o favorecimento à concentração de capital, com a entrada de empresas multinacionais no país[11]. Do ponto de vista dos trabalhadores, verificou-se que o aumento de produtividade decorrente do aprimoramento tecnológico não foi transferido nem para os preços nem para os salários. As importações, que visavam suprir a escassez interna de insumos, aprofundaram a dependência externa da economia brasileira[13], elevando o desequilíbrio financeiro e o déficit da balança de pagamentos, o que influiu decisivamente para a o retorno do processo inflacionário,[14] um dos maiores problemas enfrentados pelo presidente Kubitschek. Um plano de estabilização anti-inflacionário foi formulado pelo ministro da Fazenda, Lucas Lopes, e pelo diretor do BNDE, Roberto Campos, e submetido ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que deveria avalizar um crédito de 300 milhões de dólares proveniente dos Estados Unidos.[9] Diante das exigências de ajuste da economia brasileira pelo FMI, o governo teve duas opções: levar adiante o Plano de Metas ou conter a economia interna, satisfazendo os credores externos e os defensores brasileiros do programa de estabilização. Foram muitas as pressões internas, gerando um debate que envolveu também os intelectuais nacionalistas e aqueles de tendência liberal, representados no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Em junho de 1959, o presidente Kubitschek rompeu as negociações com o FMI.[14][15]
Infraestrutura[editar | editar código-fonte]
Junto com Brasília, diversas rodovias ajudaram o povoamento e desenvolvimento do Brasil Central e da Amazônia:
- A Rodovia BR-153 (antiga BR-14), também conhecida como Rodovia Belém-Brasília.
- A Rodovia Régis Bittencourt, (antiga BR-2), que liga o Sudeste do Brasil ao Sul do Brasil, inaugurada no início de 1961.
- A rodovia Fernão Dias que liga São Paulo a Belo Horizonte, obra iniciada por Getúlio Vargas, inaugurada por JK em 1960 e concluída em 1961.
- A BR-364 ligando Cuiabá a Porto Velho e Rio Branco, inicialmente uma estrada de terra e que foi asfaltada em 1983. A BR-364 foi a primeira rodovia a ligar o Centro Oeste a Rondônia e ao Acre. A BR-364 viabilizou o povoamento de Rondônia que passou de 70 000 habitantes em 1960 para 500 000 habitantes em 1980.
O início da construção Refinaria de Duque de Caxias, foi fundamental para o aumento da produção do Brasil na época e no futuro.[16]
Construção de Brasília[editar | editar código-fonte]

A construção de Brasília foi um dos fatos mais marcantes da história brasileira, e da política de JK no seu mandato de cinco anos como presidente, sendo uma das maiores obras do século XX. A ideia de construir uma nova capital no centro geográfico do País estava prevista na Constituição de 1891, na Constituição de 1934 e na Constituição de 1946, mas foi adiada sua construção por todos os governos brasileiros desde 1891.
Quando era candidato a presidência da república, em um comício na cidade de Jataí, em 1955, Kubitschek foi questionado por um eleitor se iria respeitar a constituição e a respeito de mudar a capital do país, após sua vitória, Juscelino estabeleceu como "meta-síntese" de suas promessas eleitorais.[17]
O Congresso Nacional, mesmo com descrença, aprovou a lei n° 2 874, sancionada por JK, em 19 de setembro de 1956, determinando a mudança da Capital Federal e criando a Companhia Urbanizadora da Nova Capital — Novacap.
A nova capital federal foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Símbolo do desenvolvimento do país, a cidade foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa, tornando-se um exemplo da arquitetura moderna. Em 7 de dezembro de 1987, foi tombada pela Unesco e registrada como patrimônio histórico e cultural da humanidade.
Relação com o congresso[editar | editar código-fonte]
A aliança entre PSD e PTB garantiu a Juscelino Kubitschek uma grande governabilidade[18]. O acordo entre esses dois partidos permitiu dialogo com vários grupos heterogêneos. Dessa maneira, em 1960, os dois partidos se uniriam para lançar o Marechal Lott para presidente.[19]
Assuntos externos[editar | editar código-fonte]
Operação Pan-Americana[editar | editar código-fonte]
No âmbito das relações internacionais, o governo apresentou aos Estados Unidos a proposta da Operação Pan-Americana,[20] de promoção multilateral do desenvolvimento do continente com apoio norte-americano, que só posteriormente foi adotada, através da Aliança para o Progresso.
Referências
- ↑ Globo, Acervo-Jornal O. «Juscelino assume a Presidência prometendo fazer 50 anos em 5». Acervo. Consultado em 25 de dezembro de 2021
- ↑ «Juscelino Kubitschek - Especial de 100 anos» (PDF). Senado Federal do Brasil. Dez. de 2002. Consultado em 3 de junho de 2012
- ↑ a b «50 anos em 5: o Plano de Metas | CPDOC». cpdoc.fgv.br. Consultado em 30 de outubro de 2015
- ↑ a b «Governo de Juscelino Kubitschek». InfoEscola. Consultado em 25 de dezembro de 2021
- ↑ CHAGAS, Carmo 1994
- ↑ «Há 60 anos, crise fez Brasil ter 3 presidentes numa única semana». Senado Federal. Consultado em 8 de janeiro de 2023
- ↑ «01 de fevereiro de 1956 - pag 3». O Estado de S. Paulo - Acervo Estadão. Consultado em 8 de janeiro de 2023
- ↑ «1 de fevereiro de 1956 - pag. 4». O Estado de S. Paulo - Acervo Estadão. Consultado em 8 de janeiro de 2023
- ↑ a b «Juscelino Kubitschek de Oliveira». presidentes.an.gov.br. Consultado em 25 de dezembro de 2021
- ↑ FONSECA, Pedro Cezar Dutra. Gênese e precursores do desenvolvimentismo no Brasil.Pesquisa & Debate, São Paulo, v. 15, n. 2 (26), p. 225-256, 2004.
- ↑ a b LAFER, Celso. JK e o programa de metas (1956/1961): processo de planejamento e sistema político no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2002a. 256 p
- ↑ FARO, Clovis de; SILVA, Salomão Quadros da. A década de 50 e o Programa de Metas. In:GOMES, Angela de Castro (Org.). O Brasil de JK . Rio de Janeiro: FGV, CPDOC, 1991. p.44-70.
- ↑ NETO, J. A. Freitas; TASINAFO, Celio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2015.
- ↑ a b «Juscelino Kubitschek: quem foi e resumo do governo». Toda Matéria. Consultado em 25 de dezembro de 2021
- ↑ «Juscelino Kubitschek | CPDOC». cpdoc.fgv.br. Consultado em 25 de dezembro de 2021
- ↑ «Cem anos de Juscelino Kubitschek». www.al.sp.gov.br. Consultado em 25 de dezembro de 2021
- ↑ «Museus». Brasília, DF, BR: Secretaria de Estado de Cultura. Consultado em 23 de julho de 2012. Arquivado do original em 21 de novembro de 2008
- ↑ «Governo Juscelino Kubitschek (1956 – 1960)». Mundo Educação. Consultado em 25 de dezembro de 2021
- ↑ FAUSTO, Boris. O Brasil Republicano: economia e cultura (1930-1964). tomo 3, vol.4. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1995. (Col. História da Civilização Brasileira).
- ↑ Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «OPERACAO PAN-AMERICANA (OPA)». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 25 de dezembro de 2021