Mariana Vitória de Bourbon: diferenças entre revisões
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* Armstrong. Edward: ''Elisabeth Farnese: The Termagant of Spain'', 1892 |
* Armstrong. Edward: ''Elisabeth Farnese: The Termagant of Spain'', 1892 |
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* Braga, Paulo Drumond: ''A Rainha Discreta: Mariana Vitória de Bourbon'', Círculo de Leitores, Lisboa, 2014, ISBN 978-972-42-4998-8 |
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* Myrl. Jackson-Laufer. Guida: ''Women rulers throughout the ages: an illustrated guide'', ABC-CLIO, 1999, ISBN 978-1-57607-091-8 |
* Myrl. Jackson-Laufer. Guida: ''Women rulers throughout the ages: an illustrated guide'', ABC-CLIO, 1999, ISBN 978-1-57607-091-8 |
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* Pevitt. Christine : ''The Man Who Would Be King: The Life of Philippe d'Orléans, Regent of France'', Phoenix, London, 1997, ISBN 978-0-7538-0459-9 |
* Pevitt. Christine : ''The Man Who Would Be King: The Life of Philippe d'Orléans, Regent of France'', Phoenix, London, 1997, ISBN 978-0-7538-0459-9 |
Revisão das 15h55min de 9 de fevereiro de 2017
Mariana Vitória | |
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Infanta da Espanha | |
Rainha Consorte de Portugal e Algarves | |
Reinado | 31 de julho de 1750 a 24 de fevereiro de 1777 |
Predecessora | Maria Ana da Áustria |
Sucessora | Carlota Joaquina da Espanha |
Nascimento | 31 de março de 1718 |
Real Alcázar, Madrid, Espanha | |
Morte | 15 de janeiro de 1781 (62 anos) |
Barraca Real da Ajuda, Lisboa, Portugal | |
Sepultado em | 17 de janeiro de 1781, Panteão Real da Dinastia de Bragança, Lisboa, Portugal |
Nome completo | |
Mariana Victoria de Borbón y Farnesio | |
Marido | José I de Portugal |
Descendência | Maria I de Portugal Maria Ana de Portugal Maria Doroteia de Portugal Maria Francisca de Portugal |
Pai | Filipe V da Espanha |
Mãe | Isabel Farnésio |
Mariana Vitória de Bourbon e Farnésio (em espanhol: Mariana Victoria de Borbón y Farnesio; Madrid, 31 de março de 1718 — Lisboa, 15 de janeiro de 1781) foi uma Infanta da Espanha por nascimento e mais tarde Rainha de Portugal como consorte do Rei José I. Era a filha mais velha de Filipe V da Espanha e Isabel Farnésio, ela foi noiva do jovem rei Luís XV de França, mas foi rejeitada devido à sua idade, que impossibilitaria a concisão de um herdeiro para o trono francês.[1] Em 1729 casou-se com o filho de João V de Portugal.[2] Como mãe de Maria I de Portugal, também atuou como regente de Portugal durante os últimos meses da vida de seu marido e atuou como conselheira de sua filha em seu reinado.
Primeiros anos
Mariana Vitória nasceu no Real Alcázar de Madrid e foi lhe dado seu nome em homenagem a sua avó paterna, a princesa Maria Ana Vitória de Baviera. Era infanta espanhola por nascimento e filha mais velha de Filipe V de Espanha e de sua segunda esposa Isabel Farnésio.[3] Seu pai era um neto de Luís XIV de França e tinha herdado o trono espanhol. Na época de seu nascimento, Mariana Vitória foi a quinta na linha de sucessão ao trono da Espanha atrás de seus meio-irmãos.
Noivado francês
Após a Guerra da Quádrupla Aliança, França e Espanha decidiram reconciliar-se concretizando o casamento da infanta Mariana Vitória com seu primo Luís XV de França, que estava sob regência de Filipe II, Duque d'Orleães. Saint-Simon, o embaixador francês, pediu sua mão, no dia 25 de novembro 1721. A troca da jovem infanta teve seu lugar na Ilha dos Faisões, local onde os seus antepassados Luís XIV de França e Maria Teresa da Espanha tinham-se encontrado pela primeira vez antes do matrimônio. Mariana Vitória chegou em Paris no dia 2 de março de 1721, houve celebração e a mesma se dirigiu-se para o Palais du Louvre.
De acordo com a mãe do regente, Isabel Carlota do Palatinado, Mariana Vitória era a "coisa mais doce e mais bonita" e tinha grande inteligência para sua idade. Sua educação foi confiada aos cuidados de Maria Ana de Bourbon, uma filha legitimada de Luís XIV e Louise de La Vallière.
Em 1725, contudo, manifestou seu pai, Filipe V, o desejo de estabelecer uma aliança entre as coroas de Espanha e Portugal, a que estaria ligado o casamento da filha com D. José, herdeiro do trono português. Para tratar do assunto em Madrid, D. João V nomeou José da Cunha Brochado, que também foi incumbido resolver questões pendentes entre os dois países.
Mariana Vitória então deixou Versalhes e seguiu seu retorno para a Espanha.
Luís XV casou-se posteriormente com Maria Leszczyńska, uma princesa polaca filha do rei deposto Estanislau I da Polônia. Sua irmã, a infanta Maria Teresa Rafaela se casou com o filho de Luís XV, Luís, Delfim da França, em 1745 para tranquilizar a corte espanhola insultada.
A Troca das Princesas
Nova crise diplomática
Na sequência da curta, mas para a Espanha desastrada guerra contra as quatro potências em 1718-1720, o rei de Espanha tinha ainda prometido uma filha ― a Infanta Mariana Vitória ― a Luís XV da França, para também tentar melhorar as relações com esse reino. Com menos de quatro anos de idade foi a pequena princesa por isso enviada além-Pirenéus. Mas o rei francês entretanto não quis esperar que a pequena princesa crescesse, e acabou por optar por outra esposa. Em março de 1725, a pequena princesa, agora com sete anos, regressou a Espanha.
Entretanto, novos conflitos tinham surgido entre Portugal e a Espanha, por causa da fundação pelos portugueses de Montevideu, no Rio da Prata, a 22 de novembro de 1723. Isto era uma zona que os portugueses consideravam ser o limite meridional natural do Brasil, enquanto os espanhóis de Buenos Aires queriam controlar todo o estuário do Rio da Prata.[4]
Os portugueses tinham desde 1680 a Colónia do Sacramento na região, que fora ocupada pelos espanhóis durante a Guerra da Sucessão Espanhola, mas devolvida pelo tratado de paz de 1715. No entanto, o tratado nada dizia sobre novas fundações na zona. Exatamente três meses após a fundação de Montevideu, a 22 de Fevereiro de 1724, os espanhóis de Buenos Aires julgaram-se por isso justificados em ocupar a praça. Apenas um ano após o contrato de casamento entre Maria Bárbara e o Príncipe das Astúrias, estes acontecimentos, nesta remota parte dos respetivos impérios, causaram assim novos atritos diplomáticos entre as coroas ibéricas[5]
A Troca das Princesas
Para evitar novas controvérsias e fortalecer ainda mais a aliança que se pretendia, a diplomacia espanhola propôs então um duplo matrimônio: para além do casamento entre o príncipe herdeiro espanhol e Maria Bárbara, o príncipe herdeiro português poderia casar com a regressada Mariana Vitória. João V aceitou a proposta, e dois anos mais tarde, tendo os príncipes e infantas chegado a idade um pouco mais crescida, firmaram-se então os acordos pré-nupciais: o Príncipe do Brasil e Mariana Vitória a 27 de dezembro de 1727, e o Príncipe das Astúrias e Maria Bárbara a 11 de janeiro de 1728.[6]
Por fim, após demorada preparação, a Troca das Princesas realizou-se a 19 de Janeiro de 1729. A troca foi feita no Rio Caia, que faz fronteira entre Elvas no Alentejo, em Portugal, e Badajoz na Extremadura, em Espanha. A cerimônia fez-se literalmente a meio do rio, numa grande ponte-palácio de madeira ricamente decorada construida para a ocasião, com vários pavilhões em ambas as margens também. Praticamente toda a Corte participou, tendo todas as vilas e lugares entre Lisboa e Elvas sido enfeitadas com arte efémera, tal como arcos triunfais, jardins artificiais, fontes, etc., para receber os imensos cortejos na ida e na volta da fronteira. As preparações para a troca das princesas foram de tal modo detalhadas que já em Janeiro de 1727 a Coroa colocava encomendas de berlindas em Paris,[7] e pedia contribuições extraordinárias dos quatro cantos do império para financiar todo o esplendor desejado ― incluindo da Capitania de Minas Gerais no Brasil.[8]
As cerimônias ante-nupciais celebraram-se em 19 de Janeiro de 1729. De Lisboa, seguiu o cortejo por Aldeia Galega, Vendas Novas, Évora, Vila Viçosa, Elvas e Olivença.[9]
Rainha e regente
Vinte anos mais tarde, falecia D. João V, e o marido de D. Mariana Vitória subia ao trono. A rainha tinha então trinta e dois anos e D. José I, trinta e seis anos.
Quando seu marido foi declarado inapto para governar 1774, devido a loucura, Mariana Vitória foi proclamada regente, uma posição que manteve até a morte de seu marido. Após isso, ela tornou-se regente de sua filha mais velha, futura Maria I.
Quando a filha assume o poder, Mariana Vitória tentou melhorar as relações com a Espanha que era governada por seu irmão mais velho, Carlos III. Os dois países estavam em conflito em relação a posses territoriais nas Américas. Deixando Portugal, Mariana Vitória viajou para a Espanha, onde permaneceu por pouco mais de um ano, residindo entre o Palácio Real de Madrid e o Palácio Real de Aranjuez.
Por influência da rainha, assinou-se em 1778 o tratado que estipulou dois casamentos: o do infante Gabriel, filho de Carlos III, com a sua sobrinha Maria Ana Vitória, e o da infanta Carlota Joaquina, neta mais velha de Carlos III, com o Infante João, futuro João VI.
Morte
Enquanto na Espanha, Mariana Vitória teve um ataque de reumatismo e foi confinada a uma cadeira de rodas por algum tempo, em agosto de 1778. Regressou a Portugal em Novembro de 1778. Mariana Vitória morreu em bens Barraca de Ajuda, um edifício onde hoje é o atual Palácio Nacional da Ajuda.
Foi primeiramente sepultada na Igreja de São Francisco de Paula em Lisboa, a qual mandou restaurar. Foi depois trasladada para o Panteão Real da Dinastia de Bragança do Mosteiro de São Vicente de Fora.
Legado
Ela era a madrinha de Maria Antonieta, futura rainha da França, que nasceu no mesmo dia que do Terremoto de Lisboa que devastou a cidade. Mariana Vitória tem descendentes que vão desde o presente Rei de Espanha, Rei da Bélgica, e o Grão-Duque de Luxemburgo. Em 1822, seu bisneto Pedro se tornou o primeiro imperador do Brasil.
Descendência
Nome | Nascimento | Morte | Notas[10] | |
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Maria I de Portugal | 17 de dezembro de 1734 | 20 de março de 1816 | Casou-se com Pedro de Portugal, com descendência. | |
Maria Ana de Portugal | 7 de outubro de 1736 | 5 de janeiro de 1813 | Não se casou. | |
Maria Doroteia de Portugal | 21 de setembro de 1739 | 14 de janeiro de 1771 | Não se casou. | |
Maria Francisca de Portugal | 25 de julho de 1746 | 18 de agosto de 1829 | Casou-se com José, Príncipe do Brasil, sem descendência. |
Ancestrais
Ancestrais de Mariana Vitória[11] |
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Títulos, estilos, honras e armas
Títulos e estilos
- 31 de março de 1718 – 19 de janeiro de 1729: Sua Alteza Real, a Infanta Mariana Vitória da Espanha
- 19 de janeiro de 1729 – 10 de maio de 1750: Sua Alteza Real, a Princesa do Brasil
- 31 de julho de 1750 – 29 de novembro de 1776: Sua Alteza Real, a Rainha Consorte de Portugal e Algarves
- 29 de novembro de 1776 – 24 de fevereiro de 1777: Sua Alteza Real, a Rainha Regente de Portugal e Algarves
- 24 de fevereiro de 1777 – 15 de janeiro de 1781: Sua Alteza Real, a Rainha Mãe de Portugal e Algarves
Armas
As armas de Mariana Vitória são um composto do brasão real da Casa de Bragança e da Casa de Bourbon.
Referências
- ↑ Armstrong, p 243
- ↑ Erro de citação: Etiqueta
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- ↑ van de Pas, Leo. «Infanta Mariana Victoria of Spain». Genealogics .org. Consultado em 21 September 2010 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ SATURNINO MONTEIRO, Armando da Silva: Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, Vol. VII, pp. 54-56.
- ↑ Id., Ibid., Vol. VII, p. 141.
- ↑ ARAÚJO, Jeaneth Xavier de: "Celebrar os Grandes: os casamentos monárquicos portugueses e a mobilização de recursos na capitania de Minas Gerais", p. 8.
- ↑ BESSONE, Silvana: The National Coach Museum - Lisbon, p. 74, 91.
- ↑ ARAÚJO, Jeaneth Xavier de: "Celebrar os Grandes: os casamentos monárquicos portugueses e a mobilização de recursos na capitania de Minas Gerais."
- ↑ FERREIRA-ALVES, Joaquim Jaime B.: “Formas de arte efémera no duplo consórcio Bragança-Bourbon em 1785.”
- ↑ «Louis I, King of Spain > Ancestors». RoyaList. Consultado em 3 de janeiro de 2015.
- ↑ «Louis I, King of Spain > Ancestors». RoyaList. Consultado em 3 de janeiro de 2015
Bibliografia
- Armstrong. Edward: Elisabeth Farnese: The Termagant of Spain, 1892
- Braga, Paulo Drumond: A Rainha Discreta: Mariana Vitória de Bourbon, Círculo de Leitores, Lisboa, 2014, ISBN 978-972-42-4998-8
- Myrl. Jackson-Laufer. Guida: Women rulers throughout the ages: an illustrated guide, ABC-CLIO, 1999, ISBN 978-1-57607-091-8
- Pevitt. Christine : The Man Who Would Be King: The Life of Philippe d'Orléans, Regent of France, Phoenix, London, 1997, ISBN 978-0-7538-0459-9
- Roberts. Jennifer: The Madness of Queen Maria: The Remarkable Life of Maria I of Portugal; Templeton Press, London, 2009, ISBN 978-0-9545589-1-8
Ver também
Precedida por Maria Ana de Áustria |
Rainha de Portugal 31 de julho de 1750 – 24 de fevereiro de 1777 |
Sucedida por Carlota Joaquina da Espanha |