Estação Ferroviária de Torres Vedras

Torres Vedras
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Identificação: | 62471 TVE (Tor.Vedras)[1] | ||||
Denominação: | Estação de Torres Vedras | ||||
Classificação: | E (estação)[1] | ||||
Linha(s): | Linha do Oeste (PK 64,157) | ||||
Coordenadas: | 39°5′32.83″N × 9°15′14.19″W (=+39.09245;−9.25394) | ||||
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Concelho: | ![]() | ||||
Serviços: | ![]() ![]() ![]() | ||||
Conexões: | |||||
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Equipamentos: | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() | ||||
Inauguração: | 21 de maio de 1887 (há 136 anos) | ||||
Website: |
A Estação Ferroviária de Torres Vedras é uma gare da Linha do Oeste, que serve a localidade de Torres Vedras, no Distrito de Lisboa, em Portugal.
Caracterização[editar | editar código-fonte]
Localização e acessos[editar | editar código-fonte]
Esta interface situa-se junto à Rua da Estação, na localidade de Torres Vedras.[2]
Descrição física[editar | editar código-fonte]
Segundo o Directório da Rede 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 de Janeiro de 2011, a estação ferroviária de Torres Vedras possuía três vias de circulação, com 543, 485 e 389 m de comprimento; as gares tinham 149 e 115 m de extensão, tendo todas uma altura de 70 cm.[3]
História[editar | editar código-fonte]
Século XIX[editar | editar código-fonte]
Antes da chegada do comboio, os transportes terrestres na região do Oeste eram muito deficientes, com vias na sua maioria em mau estado, excepto as estradas reais.[4] Durante os primeiros anos dos caminhos de ferro em Portugal, os concelhos do litoral Oeste pugnaram pela instalação deste meio de transporte, tendo defendido que a futura Linha do Norte devia ter um traçado que servisse várias localidades na região, incluindo Torres Novas.[5] Este esforço falhou, mas os seus argumentos foram posteriormente aproveitados pelo Duque de Saldanha, que recebeu em 25 de Outubro de 1869 a concessão para um caminho de ferro Larmanjat de Lisboa a Alcobaça, tendo sido construído o troço até Torres Vedras,[6][7] que foi inaugurado em 4 de Setembro de 1873.[8] No entanto, este sistema fracassou devido à sua reduzida fiabilidade, tendo sido encerrado em 1877.[8]
Em Janeiro de 1880, foi apresentado no parlamento um contrato com a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, para a construção de uma linha de Lisboa a Alfarelos e Figueira da Foz pela região Oeste, tendo a secção até Torres Vedras sido originalmente entregue à empresa Henry Burnay & Companhia, enquanto que a Companhia Real construiria os troços seguintes.[9] Em 31 de Janeiro de 1882, foi apresentada uma proposta para um caminho de ferro entre a zona de Alcântara, em Lisboa, e a Figueira da Foz, tendo o concurso para esta linha sido dividido em duas partes, com a divisão em Torres Vedras.[10] A construção da primeira parte foi adjudicada à empresa Henry Burnay & C.ª, enquanto que a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses ficou responsável pelo troço até à Figueira da Foz[10] e Alfarelos, por contrato de 23 de Novembro de 1883.[11]

Em 1885, a Companhia Real ganhou os direitos para a construção de toda a linha, tendo concluído o troço entre Cacém e Torres Vedras a 21 de Maio de 1887.[10] O troço seguinte, até Leiria, entrou ao serviço no dia 1 de Agosto do mesmo ano.[12]
Século XX[editar | editar código-fonte]
Em 1913, a estação de Torres Vedras era servida por carreiras de diligências até Carrasqueira, Pai Correia, Vale da Borra, Marteleira e Lourinhã.[13]
Em finais de 1922, foi concluído um programa de renovação da via no troço entre Cacém e Torres Vedras.[14]
No ano de 1933, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses realizou obras de reparação e melhoramento no edifício de passageiros desta estação.[15] Em 1934, a Companhia construiu um dormitório e um bairro para o pessoal, e realizou obras de reparação total no edifício da estação.[16]
Em 1940, existia um serviço de autocarros entre a estação de Torres Vedras e a Praia da Areia Branca, em serviço combinado com os caminhos de ferro.[17]
No XI Concurso das Estações Floridas, organizado em 1952 pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e pela Repartição de Turismo do Secretariado Nacional de Informação, a estação de Torres Vedras recebeu uma menção honrosa simples.[18] Nessa altura, o chefe da estação era João Baptista Comprido.[19] No XIII Concurso, em 1954, foi premiada com um diploma de menção honrosa simples e um prémio de persistência.[20]
Em 1961, entre os comboios na Linha do Oeste, existiam dois serviços entre Torres Vedras e Amieira, um em cada sentido.[21]
No período entre 1989 e 1993, esteve em vigor o Programa Operacional de Desenvolvimento das Acessibilidades (PRODAC), que financiou a realização de várias obras de desenvolvimento nas redes rodoviárias e ferroviárias, incluindo na Linha do Oeste além de Torres Vedras.[22]
Século XXI[editar | editar código-fonte]
Em outubro de 2014 a central de camionagem situada contígua à estação (na Av. Gen. Humberto Delgado e R. Dr. Gomes Leal) foi encerrada, sendo criada uma nova infraestrutura a poente da cidade, anexa à Expotorres,[23] distante 1130 m da estação[24] e dotada de edifícios de apoio provisórios em estilo prefabricado.[25] Com esta mudança foram alterados os percursos e paragens das carreiras suburbanas e de longa distância, deixando a estação de ser servida como até então, e passando o estacionamento automóvel junto a esta a ser pago:[26] a esta perda de intermodalidade a autarquia contrapôs as vantagens do descongestionamento do tráfego automóvel e melhorias no estacionamento do mesmo.[25] (Em março de 2020 a Câmara Municipal e a Barraqueiro Oeste negaram em comunicado conjunto que estivesse iminente o encerramento deste terminal rodoviário.[27])
Nos finais da década de 2010 foi finalmente aprovada a modernização e eletrificação da Linha do Oeste; no âmbito do projeto de 2018 para o troço a sul das Caldas da Rainha, a Estação de Torres Vedras irá ser alvo de remodelação a nível das plataformas e respetivo equipamento, prevendo-se também a substituição do sistema ATV — sinalização para atravessamento de via seguro (passando do PK 64+053 para o PK 63+915, e do PK 64+176 para o PK 64+101).[28] Na imediações da estação serão ainda alvo de intervenções os três túneis ferroviários a sudeste da estação (Certã, Cabaço, e Boiaca) que incluirão o rebaixamento do leito da via, necessário para dar vão vertical à catenária.[28]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ «Torres Vedras - Linha do Oeste». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 8 de Novembro de 2015
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- ↑ RODRIGUES et al, 1993:353
- ↑ RODRIGUES et al, p. 294
- ↑ RODRIGUES et al, 1993:295
- ↑ MARTINS et al, 1996:244
- ↑ a b «Uma estação de comboios em Vila Franca do Rosário?». Junta de Freguesia de Vila Franca do Rosário. 9 de Dezembro de 2002. Consultado em 8 de Novembro de 2015. Arquivado do original em 7 de Fevereiro de 2016
- ↑ RODRIGUES et al, 1993:297
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 17 de Maio de 2014
- ↑ SOUSA, José Fernando de (16 de Junho de 1940). «Coimbra e os Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 52 (1260). p. 371-373. Consultado em 21 de Maio de 2014
- ↑ NONO, Carlos (1 de Agosto de 1950). «Efemérides ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 63 (1503). p. 219-220. Consultado em 8 de Novembro de 2015
- ↑ «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1234). 16 de Maio de 1939. p. 259-261. Consultado em 21 de Maio de 2014
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1106). 16 de Janeiro de 1934. p. 49-52. Consultado em 4 de Junho de 2013
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro Portugueses, durante o ano de 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. p. 50-51. Consultado em 21 de Maio de 2014
- ↑ SILVA, Fernando Lopes da (1 de Novembro de 1940). «A Práia da Areia Branca é um paraíso desconhecido» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 52 (1269). p. 748. Consultado em 16 de Janeiro de 2018
- ↑ «Ao XI Concurso das Estações Floridas apresentaram-se 78 estações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 65 (1558). 16 de Novembro de 1952. p. 338. Consultado em 8 de Novembro de 2015
- ↑ «XI Concurso das Estações Floridas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 66 (1570). 16 de Maio de 1953. p. 112. Consultado em 16 de Janeiro de 2018
- ↑ «XIII Concurso das Estações Floridas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 67 (1608). 16 de Dezembro de 1954. p. 365. Consultado em 25 de Fevereiro de 2016
- ↑ SILVA et al, 1961:198
- ↑ REIS e AMARAL, 1991:137
- ↑ (C.M.TVD) (2019). «Transportes Inter-Urbanos». Consultado em 11 de julho de 2020
- ↑ (C.M.TVD) (2019). «Caminhando pela cidade: distâncias e tempos». Consultado em 11 de julho de 2020
- ↑ a b (C.M.TVD) (1 de setembro de 2014). «Terminal Rodoviário provisório de Torres Vedras»
- ↑ (C.M.TVD) (3 de outubro de 2014). «Novo Terminal Rodoviário prestes a entrar em funcionamento». Consultado em 11 de julho de 2020
- ↑ “Barraqueiro Oeste nega encerramento do Terminal Rodoviário de Torres Vedras ” Alvorada (12/03/2020 18:15)
- ↑ a b ELABORAÇÃO DO PROJETO DE MODERNIZAÇÃO DA LINHA DO OESTE – TROÇO MIRA SINTRA / MELEÇAS – CALDAS DA RAINHA, ENTRE OS KM 20+320 E 107+740 (PDF). Volume 00 – Projeto Geral. [S.l.: s.n.]
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Sérgio; AMARAL, João (1991). Portugal Moderno: Economia. Col: Enciclopédia Temática Portugal Moderno 1.ª ed. Lisboa: Pomo - Edições Portugal Moderno, Lda. 211 páginas
- RODRIGUES, Luís; TAVARES, Mário; SERRA, João (1993). Terra de Águas. Caldas da Rainha História e Cultura 1.ª ed. Caldas da Rainha: Câmara Municipal de Caldas da Rainha. 527 páginas
- SILVA, Carlos; ALARCÃO, Alberto; CARDOSO, António Poppe Lopes (1961). A Região a Oeste da Serra dos Candeeiros. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 767 páginas
Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]
- ABRAGÃO, Frederico de Quadros (1956). Caminhos de ferro portugueses – esboço da sua história. Lisboa: Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses
- ANTUNES, J. A. Aranha; et al. (2010). 1910-2010: o caminho de ferro em Portugal. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e REFER - Rede Ferroviária Nacional. 233 páginas. ISBN 978-989-97035-0-6
- CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. Volume 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4
- MATOS, Venerando Aspra de (2007). O caminho de ferro em Torres Vedras: impacto da sua chegada. Torres Vedras e Lisboa: Câmara Municipal de Torres Vedras e Colibri. 81 páginas. ISBN 978-972-772-732-2
- VILLAS-BOAS, Alfredo Vieira Peixoto de (2010) [1905]. Caminhos de Ferro Portuguezes. Lisboa e Valladollid: Livraria Clássica Editora e Editorial Maxtor. 583 páginas. ISBN 8497618556
- SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- “Diagramas Linha do Oeste” O Guarda Freio: diagrama desta estação em 1974
- «Página com fotografias da Estação de Torres Vedras, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página sobre a Estação de Torres Vedras, no sítio electrónico da operadora Comboios de Portugal»
- «Página sobre a Estação de Torres Vedras, no sítio electrónico Wikimapia»