Estação Ferroviária de Torres Vedras

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Torres Vedras
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Vista geral da Estação de Torres Vedras, em 2011
Identificação: 62471 TVE (Tor.Vedras)[1]
Denominação: Estação de Torres Vedras
Classificação: E (estação)[1]
Linha(s): Linha do Oeste (PK 64,157)
Coordenadas: 39°5′32.83″N × 9°15′14.19″W

(=+39.09245;−9.25394)

Map

(mais mapas: 39° 05′ 32,83″ N, 9° 15′ 14,19″ O; IGeoE)
Concelho: bandeiraTorres Vedras
Serviços: Logo CP 2.svgBSicon LSTR orange.svgRBSicon LSTR red.svgIR
Conexões:
Ligação a autocarros28 32 50 708 711 797
Serviço de táxis
Equipamentos: Bilheteiras e/ou máquinas de venda de bilhetes Telefones públicos Sala de espera Acesso para pessoas de mobilidade reduzida Lavabos
Inauguração: 21 de maio de 1887 (há 136 anos)
Website:
Gare da estação à noite, em 2004

A Estação Ferroviária de Torres Vedras é uma gare da Linha do Oeste, que serve a localidade de Torres Vedras, no Distrito de Lisboa, em Portugal.

Vista geral da estação, em 2011

Caracterização[editar | editar código-fonte]

Localização e acessos[editar | editar código-fonte]

Esta interface situa-se junto à Rua da Estação, na localidade de Torres Vedras.[2]

Descrição física[editar | editar código-fonte]

Segundo o Directório da Rede 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 de Janeiro de 2011, a estação ferroviária de Torres Vedras possuía três vias de circulação, com 543, 485 e 389 m de comprimento; as gares tinham 149 e 115 m de extensão, tendo todas uma altura de 70 cm.[3]

Gravura alusiva à cerimónia de inauguração, com base em esquiço feito no local

História[editar | editar código-fonte]

Século XIX[editar | editar código-fonte]

Antes da chegada do comboio, os transportes terrestres na região do Oeste eram muito deficientes, com vias na sua maioria em mau estado, excepto as estradas reais.[4] Durante os primeiros anos dos caminhos de ferro em Portugal, os concelhos do litoral Oeste pugnaram pela instalação deste meio de transporte, tendo defendido que a futura Linha do Norte devia ter um traçado que servisse várias localidades na região, incluindo Torres Novas.[5] Este esforço falhou, mas os seus argumentos foram posteriormente aproveitados pelo Duque de Saldanha, que recebeu em 25 de Outubro de 1869 a concessão para um caminho de ferro Larmanjat de Lisboa a Alcobaça, tendo sido construído o troço até Torres Vedras,[6][7] que foi inaugurado em 4 de Setembro de 1873.[8] No entanto, este sistema fracassou devido à sua reduzida fiabilidade, tendo sido encerrado em 1877.[8]

Em Janeiro de 1880, foi apresentado no parlamento um contrato com a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, para a construção de uma linha de Lisboa a Alfarelos e Figueira da Foz pela região Oeste, tendo a secção até Torres Vedras sido originalmente entregue à empresa Henry Burnay & Companhia, enquanto que a Companhia Real construiria os troços seguintes.[9] Em 31 de Janeiro de 1882, foi apresentada uma proposta para um caminho de ferro entre a zona de Alcântara, em Lisboa, e a Figueira da Foz, tendo o concurso para esta linha sido dividido em duas partes, com a divisão em Torres Vedras.[10] A construção da primeira parte foi adjudicada à empresa Henry Burnay & C.ª, enquanto que a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses ficou responsável pelo troço até à Figueira da Foz[10] e Alfarelos, por contrato de 23 de Novembro de 1883.[11]

Composição de carga (clínquer), em 2011, circulando perto da estação de Torres Vedras.

Em 1885, a Companhia Real ganhou os direitos para a construção de toda a linha, tendo concluído o troço entre Cacém e Torres Vedras a 21 de Maio de 1887.[10] O troço seguinte, até Leiria, entrou ao serviço no dia 1 de Agosto do mesmo ano.[12]

Século XX[editar | editar código-fonte]

Em 1913, a estação de Torres Vedras era servida por carreiras de diligências até Carrasqueira, Pai Correia, Vale da Borra, Marteleira e Lourinhã.[13]

Em finais de 1922, foi concluído um programa de renovação da via no troço entre Cacém e Torres Vedras.[14]

Estação de Torres Vedras, em 2004

No ano de 1933, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses realizou obras de reparação e melhoramento no edifício de passageiros desta estação.[15] Em 1934, a Companhia construiu um dormitório e um bairro para o pessoal, e realizou obras de reparação total no edifício da estação.[16]

Em 1940, existia um serviço de autocarros entre a estação de Torres Vedras e a Praia da Areia Branca, em serviço combinado com os caminhos de ferro.[17]

No XI Concurso das Estações Floridas, organizado em 1952 pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e pela Repartição de Turismo do Secretariado Nacional de Informação, a estação de Torres Vedras recebeu uma menção honrosa simples.[18] Nessa altura, o chefe da estação era João Baptista Comprido.[19] No XIII Concurso, em 1954, foi premiada com um diploma de menção honrosa simples e um prémio de persistência.[20]

Em 1961, entre os comboios na Linha do Oeste, existiam dois serviços entre Torres Vedras e Amieira, um em cada sentido.[21]

Acesso exterior da estação de Torres Vedras, em 2011

No período entre 1989 e 1993, esteve em vigor o Programa Operacional de Desenvolvimento das Acessibilidades (PRODAC), que financiou a realização de várias obras de desenvolvimento nas redes rodoviárias e ferroviárias, incluindo na Linha do Oeste além de Torres Vedras.[22]

Século XXI[editar | editar código-fonte]

Em outubro de 2014 a central de camionagem situada contígua à estação (na Av. Gen. Humberto Delgado e R. Dr. Gomes Leal) foi encerrada, sendo criada uma nova infraestrutura a poente da cidade, anexa à Expotorres,[23] distante 1130 m da estação[24] e dotada de edifícios de apoio provisórios em estilo prefabricado.[25] Com esta mudança foram alterados os percursos e paragens das carreiras suburbanas e de longa distância, deixando a estação de ser servida como até então, e passando o estacionamento automóvel junto a esta a ser pago:[26] a esta perda de intermodalidade a autarquia contrapôs as vantagens do descongestionamento do tráfego automóvel e melhorias no estacionamento do mesmo.[25] (Em março de 2020 a Câmara Municipal e a Barraqueiro Oeste negaram em comunicado conjunto que estivesse iminente o encerramento deste terminal rodoviário.[27])

Saída sudeste da estação de Torres Vedras, vendo-se a sequência dos três túneis

Nos finais da década de 2010 foi finalmente aprovada a modernização e eletrificação da Linha do Oeste; no âmbito do projeto de 2018 para o troço a sul das Caldas da Rainha, a Estação de Torres Vedras irá ser alvo de remodelação a nível das plataformas e respetivo equipamento, prevendo-se também a substituição do sistema ATV — sinalização para atravessamento de via seguro (passando do PK 64+053 para o PK 63+915, e do PK 64+176 para o PK 64+101).[28] Na imediações da estação serão ainda alvo de intervenções os três túneis ferroviários a sudeste da estação (Certã, Cabaço, e Boiaca) que incluirão o rebaixamento do leito da via, necessário para dar vão vertical à catenária.[28]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. «Torres Vedras - Linha do Oeste». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 8 de Novembro de 2015 
  3. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  4. RODRIGUES et al, 1993:353
  5. RODRIGUES et al, p. 294
  6. RODRIGUES et al, 1993:295
  7. MARTINS et al, 1996:244
  8. a b «Uma estação de comboios em Vila Franca do Rosário?». Junta de Freguesia de Vila Franca do Rosário. 9 de Dezembro de 2002. Consultado em 8 de Novembro de 2015. Arquivado do original em 7 de Fevereiro de 2016 
  9. RODRIGUES et al, 1993:297
  10. a b c TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 17 de Maio de 2014 
  11. SOUSA, José Fernando de (16 de Junho de 1940). «Coimbra e os Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 52 (1260). p. 371-373. Consultado em 21 de Maio de 2014 
  12. NONO, Carlos (1 de Agosto de 1950). «Efemérides ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 63 (1503). p. 219-220. Consultado em 8 de Novembro de 2015 
  13. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018 
  14. «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1234). 16 de Maio de 1939. p. 259-261. Consultado em 21 de Maio de 2014 
  15. «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1106). 16 de Janeiro de 1934. p. 49-52. Consultado em 4 de Junho de 2013 
  16. «O que se fez nos Caminhos de Ferro Portugueses, durante o ano de 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. p. 50-51. Consultado em 21 de Maio de 2014 
  17. SILVA, Fernando Lopes da (1 de Novembro de 1940). «A Práia da Areia Branca é um paraíso desconhecido» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 52 (1269). p. 748. Consultado em 16 de Janeiro de 2018 
  18. «Ao XI Concurso das Estações Floridas apresentaram-se 78 estações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 65 (1558). 16 de Novembro de 1952. p. 338. Consultado em 8 de Novembro de 2015 
  19. «XI Concurso das Estações Floridas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 66 (1570). 16 de Maio de 1953. p. 112. Consultado em 16 de Janeiro de 2018 
  20. «XIII Concurso das Estações Floridas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 67 (1608). 16 de Dezembro de 1954. p. 365. Consultado em 25 de Fevereiro de 2016 
  21. SILVA et al, 1961:198
  22. REIS e AMARAL, 1991:137
  23. (C.M.TVD) (2019). «Transportes Inter-Urbanos». Consultado em 11 de julho de 2020 
  24. (C.M.TVD) (2019). «Caminhando pela cidade: distâncias e tempos». Consultado em 11 de julho de 2020 
  25. a b (C.M.TVD) (1 de setembro de 2014). «Terminal Rodoviário provisório de Torres Vedras» 
  26. (C.M.TVD) (3 de outubro de 2014). «Novo Terminal Rodoviário prestes a entrar em funcionamento». Consultado em 11 de julho de 2020 
  27. Barraqueiro Oeste nega encerramento do Terminal Rodoviário de Torres Vedras Alvorada (12/03/2020 18:15)
  28. a b ELABORAÇÃO DO PROJETO DE MODERNIZAÇÃO DA LINHA DO OESTE – TROÇO MIRA SINTRA / MELEÇAS – CALDAS DA RAINHA, ENTRE OS KM 20+320 E 107+740 (PDF). Volume 00 – Projeto Geral. [S.l.: s.n.] 
Marco do PK 64+000, na área de implantação da estação de Torres Vedras

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Sérgio; AMARAL, João (1991). Portugal Moderno: Economia. Col: Enciclopédia Temática Portugal Moderno 1.ª ed. Lisboa: Pomo - Edições Portugal Moderno, Lda. 211 páginas 
  • RODRIGUES, Luís; TAVARES, Mário; SERRA, João (1993). Terra de Águas. Caldas da Rainha História e Cultura 1.ª ed. Caldas da Rainha: Câmara Municipal de Caldas da Rainha. 527 páginas 
  • SILVA, Carlos; ALARCÃO, Alberto; CARDOSO, António Poppe Lopes (1961). A Região a Oeste da Serra dos Candeeiros. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 767 páginas 

Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]

  • ABRAGÃO, Frederico de Quadros (1956). Caminhos de ferro portugueses – esboço da sua história. Lisboa: Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses 
  • ANTUNES, J. A. Aranha; et al. (2010). 1910-2010: o caminho de ferro em Portugal. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e REFER - Rede Ferroviária Nacional. 233 páginas. ISBN 978-989-97035-0-6 
  • CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. Volume 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4 
  • MATOS, Venerando Aspra de (2007). O caminho de ferro em Torres Vedras: impacto da sua chegada. Torres Vedras e Lisboa: Câmara Municipal de Torres Vedras e Colibri. 81 páginas. ISBN 978-972-772-732-2 
  • VILLAS-BOAS, Alfredo Vieira Peixoto de (2010) [1905]. Caminhos de Ferro Portuguezes. Lisboa e Valladollid: Livraria Clássica Editora e Editorial Maxtor. 583 páginas. ISBN 8497618556 
  • SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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