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Objeto magnetosférico em colapso eterno

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 Nota: "MECO" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Meco.

Um objeto magnetosférico em colapso eterno ou MECO (do inglês Magnetospheric Eternally Collapsing Object) é um modelo alternativo aos buracos negros propostos por Darryl Leiter e Stanley Robertson.[1] Eles constituem uma variante dos ECOs (Eternally Collapsing Objects) propostos por Abhas Mitra em 1998.[2] Mitra expôs de maneira ostensiva que buracos negros não podem ser formados a partir do colapso gravitacional de uma estrela esféricamente simétrica. Baseando-se nesta observação, o pesquisador argumentou que o colapso pode ser desacelerado até uma interrupção quase total deste processo em função da pressão de radiação. Uma diferença observável proposta entre os MECOs e os buracos negros é que os primeiros podem produzir um campo magnético. Um buraco negro não-carregado não pode gerar seu próprio campo magnético, mas seu disco de acreção pode. O astrônomo Rudolph Schild afirma ter encontrado evidências de um campo magnético num candidato a buraco negro, o quasar Q0957+561.[3]

Nem os ECOs nem os MECOs ganharam apoio significativo da comunidade científica; Gerry Gilmore do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge declarou que estes conceitos são "com certeza quase absoluta errôneos",[4] enquanto o matemático Chris Hillman descreveu a teoria como "totalmente equivocada".[5] A prova de Mitra de que os buracos negros não podem se formar se baseia no argumento de que para que um buraco negro se forme, a matéria em colapso deve viajar a velocidades superiores à da luz em relação a um observador fixo.[6] Paulo Crawford e Ismael Tereno citaram essa afirmação como sendo "um ponto de vista generalista e equivocado", e explicaram que para que um referencial seja válido, o observador deve estar se movendo em sincronia com o intervalo temporal na linha de universo. Dentro do horizonte de eventos de um buraco negro, é impossível que um observador se mantenha em posição fixa; todos os observadores são atraídos para o buraco negro.[7]

  1. D. Leiter, S. Robertson (2003). «Does the Principle of Equivalence Prevent Trapped Surfaces From being Formed in the General Relativistic Collapse Process?». Foundations of Physics Letters. 16 (2). 143 páginas. arXiv:astro-ph/0111421Acessível livremente. doi:10.1023/A:1024170711427 
  2. A. Mitra (1998). «Final State of Spherical Gravitational Collapse and Likely Sources of Gamma Ray Bursts». arXiv:astro-ph/9803014Acessível livremente [astro-ph] 
  3. R.E. Schild, D.J. Leiter, S.L. Robertson (2006). «Observations Supporting the Existence of an Intrinsic Magnetic Moment inside the Central Compact Object within the Quasar Q0957+561». Astronomical Journal. 132 (1): 420–432. Bibcode:2006AJ....132..420S. arXiv:astro-ph/0505518Acessível livremente. doi:10.1086/504898 
  4. I. Sample (30 de julho de 2006). «US team's quasar probe sinks black hole theory». The Age.com 
  5. C. Hillman, J. Baez (17 de agosto de 2004). «Indian physicist vindicated in black hole controversy: Reply by John Baez». sci.physics.relativity 
  6. A. Mitra (2000). «Non-occurrence of Trapped Surfaces and Black Holes in Spherical Gravitational Collapse: An Abridged Version». Foundations of Physics Letters. 13 (6). 543 páginas. arXiv:astro-ph/9910408Acessível livremente. doi:10.1023/A:1007810414531 
  7. P. Crawford, I. Terano (2002). «Generalized observers and velocity measurements in General Relativity». General Relativity and Gravitation. 34 (12): 2075–2088. Bibcode:2002GReGr..34.2075C. arXiv:gr-qc/0111073Acessível livremente. doi:10.1023/A:1021131401034