Operação Nascente de Paz
Operação Nascente de Paz | |||
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Conflito no Curdistão sírio e Intervenção turca na Guerra Civil Síria | |||
Data | Fase dos principais combates: 9 de outubro de 2019 – 17 de outubro de 2019[1] (1 semana e 2 dias) Operações pós-cessar-fogo:[2] 18 de outubro – 25 de novembro de 2019 (1 mês e 1 semana) | ||
Local | Partes do norte das províncias de Alepo, Al-Hasakah e Raca, na Síria | ||
Desfecho | Vitória turca e de grupos aliados;[3] Vitória parcial do regime Assad;[4] | ||
Situação | Cessar-fogo firmado | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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146 civis mortos por forças turcas, centenas de feridos[9] 300 000 civis deslocados de suas casas[10] |
A Ofensiva no Curdistão sírio de 2019, mais conhecida como Operação Nascente de Paz (em turco: Barış Pınarı Harekâtı; em árabe: عملية نبع السلام), foi uma operação militar conduzida pelas Forças Armadas da Turquia e pelo Exército Nacional Sírio (SNA) contra a Administração Autônoma do Norte e Leste da Síria (NES) e as Forças Democráticas Sírias (SDF), a ala armada da NES, no Curdistão Sírio. A operação começou em 9 de outubro de 2019, quando a Força Aérea Turca lançou ataques aéreos em cidades fronteiriças, incluindo Ras al-Ayn.[11]
Segundo um porta-voz do presidente Erdoğan, a operação visava "corrigir os dados demográficos" do norte da Síria.[12][13] A ação turca foi condenada internacionalmente, com muitos países descrevendo-a como uma violação do direito internacional, uma violação da soberania, uma violação da paz e que é uma grande preocupação de segurança e de direitos humanos.
Após violentos combates, um cessar-fogo foi firmado, embora escaramuças ainda persistissem na região de fronteira turco-síria.[14] Ao final de novembro, boa parte dos combates já havia cessado.
Contexto
[editar | editar código-fonte]Após meses de ameaças turcas de invadir unilateralmente o norte da Síria, um acordo foi fechado em agosto de 2019 entre a Turquia e os Estados Unidos, que consideravam as Forças Democráticas Sírias como um de seus principais aliados na intervenção militar contra o ISIL na Síria. O acordo estabeleceu a Zona Tampão do Norte da Síria, que visava dissipar as tensões, abordando as "preocupações de segurança" da Turquia por meio de monitoramento e patrulhas conjuntas, enquanto ainda permitia ao NES manter o controle sobre as áreas que tinha sob seu controle naquele momento.[15][16] O acordo foi recebido favoravelmente pelos Estados Unidos e SDF/NES, mas a Turquia estava geralmente insatisfeita com o acordo. A insatisfação da Turquia levou a numerosos esforços turcos para expandir a área coberta pela zona-tampão, garantir o controle turco sobre partes dela ou transferir milhões de refugiados para a zona, com todos esses esforços fracassando diante da firme resistência dos SDF e da ambivalência estadunidense.[17]
Apesar do início oficial das patrulhas terrestres dos EUA e da Turquia, do desmantelamento das fortificações do FDS e da retirada de unidades YPG de partes da zona-tampão, as tensões continuaram a aumentar à medida que a Turquia impunha ainda mais demandas ao SDF, todas negadas pelo este último, que se considerava já aceitou um compromisso severo ao permitir que as tropas turcas participassem de patrulhas conjuntas com seus colegas estadunidenses no norte da Síria.[18] A insatisfação da Turquia com o status quo do acordo tornou-se hostilidade aberta, com o presidente turco fazendo abertamente um ultimato contra o SDF.[19] O ultimato foi ignorado e a Turquia declarou que seu "prazo" expirou no início de outubro daquele mesmo ano.[20]
Cessar-fogo
[editar | editar código-fonte]Em 17 de outubro de 2019, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, anunciou que os Estados Unidos e a Turquia chegaram a um acordo, no qual a Turquia concordaria com um cessar-fogo na Síria em troca de uma retirada completa pelo SDF de uma "zona segura", como diz a Turquia, que se estende 32 km ao sul da fronteira Síria-Turquia.[21][22] Contudo, logo emergiram acusações de que o cessar-fogo estaria sendo violado, com os curdos afirmando que os turcos mantiveram-se na ofensiva.[23] Em 22 de outubro, o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, firmaram um novo acordo para estender o cessar-fogo por mais 150 horas para deixar o FDS recuar mais 30 km da fronteira turca, além de abandonar suas posições em Tal Rifaat e Manbij, no norte da província de Alepo. O acordo também estabeleceu patrulhas conjuntas entre tropas russas e turcas num região de 10 km da fronteira até a cidade de Qamishli (Al-Hasakah). O novo cessar-fogo entrou em vigor a 23 de outubro.[24][14]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Son dakika! Fuat Oktay'dan Barış Pınarı Harekatı açıklaması». Mynet Haber
- ↑ [1]
- ↑ [2] Putin and Erdogan Announce Plan for Northeast Syria, Bolstering Russian Influence, text: "Erdogan also got most of what he wanted"
- ↑ [3] Russia, Turkey and Syrian government on the same page - but for how long?
- ↑ «Russia patrolling between Turkish and Syrian forces after US withdrawal». Washington Post. 15 de outubro de 2019
- ↑ «Пентагон заявил об отсутствии у США обязательств воевать за курдов :: Политика :: РБК». web.archive.org. 13 de outubro de 2019
- ↑ a b c d «قوات سوريا الديمقراطية تواصل تمشيط القرى والمواقع التي تقدمت إليها الفصائل الموالية لتركيا بأطراف عين عيسى». 24 de novembro de 2019
- ↑ «President Erdoğan urges US to ensure YPG withdrawal». DailySabah. 23 de outubro de 2019
- ↑ «11 days of Operation "Peace Spring": 120 civilian casualties, SDF withdraws from "Ras al-Ain" and the international coalition withdraws from 2 military bases. The death toll among the "SDF", the regime, Turkish forces and factions loyal to it rises to 470». 20 de outubro de 2019
- ↑ «Turkey Syria offensive: Tens of thousands flee homes». BBC. Consultado em 17 de outubro de 2019
- ↑ Bethan McKernan (9 de outubro de 2019). «Turkey launches military operation in northern Syria» (em inglês). The Guardian. Consultado em 9 de outubro de 2019
- ↑ «After US green light, Turkey prepares military operation in Syria» (em inglês). Arab News. 7 de outubro de 2019. Consultado em 9 de outubro de 2019
- ↑ «Turkey to Launch Military Operation in Syria Ahead of US Withdrawal» (em inglês). Al Bawaba. Consultado em 9 de outubro de 2019
- ↑ a b «FULL TEXT: Memorandum of Understanding between Turkey and Russia on northern Syria». The Defense Post. 22 de outubro de 2019
- ↑ «Safe Zone: Existing Project But Deferred Details» (em inglês). Enab Baladi. 29 de agosto de 2019. Consultado em 9 de outubro de 2019
- ↑ «SDF command reveals details about buffer zone in northeast Syria» (em inglês). Kurdistan24. Consultado em 9 de outubro de 2019
- ↑ «Turkey says U.S. stalling on Syria 'safe zone', will act alone if needed». Reuters (em inglês). 10 de setembro de 2019. Consultado em 9 de outubro de 2019
- ↑ «Erdoğan cites U.S.-Turkey disagreement over safe zone as joint patrols begin in Syria» (em inglês). Ahval. Consultado em 9 de outubro de 2019
- ↑ «Turkey to initiate own plans if safe zone deal fails» (em inglês). TRT World. 18 de setembro de 2019
- ↑ «Turkey's Syria 'safe zone' deadline expires» (em inglês). Gulf News. Consultado em 9 de outubro de 2019
- ↑ «US and Turkey reach agreement to suspend military operation in Syria». Middle East Eye (em inglês). 17 de outubro de 2019. Consultado em 17 de outubro de 2019
- ↑ «Turkey to suspend Syria offensive, US says» (em inglês). 17 de outubro de 2019. Consultado em 17 de outubro de 2019
- ↑ CNN, Kareem Khadder, Mohammed Tawfeeq and Eliza Mackintosh. «Kurds say Turkey is violating hours-old 'ceasefire' in northern Syria». CNN
- ↑ «The Latest: Pence says 5-day cease-fire in Syria has held». Associated Press. 22 de outubro de 2019