Romy Schneider

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Romy Schneider
Romy Schneider
Romy Schneider em 1973
Nascimento Rosemarie Magdalena Albach
23 de setembro de 1938
Viena, Áustria
Morte 29 de maio de 1982 (43 anos)
Paris, França
Residência quai Malaquais, avenue de Messine, rue Barbet-de-Jouy, Grunewald, Ramatuelle, Schönau am Königssee, Schloss Goldenstein, Colônia, rue Berlioz, Hamburgo, avenue Foch, rue Bonaparte
Sepultamento Cemetery of Boissy-sans-Avoir, France
Nacionalidade Alemanha
França
Cidadania França, Alemanha, Áustria
Progenitores
  • Wolf Albach-Retty
  • Magda Schneider
Cônjuge Alain Delon (1959–1963),
Harry Meyen (c.1966–d.1975),
Daniel Biasini (c.1975–d.1981)
Filho(a)(s) David Haubenstock (1966–1981),
Sarah Biasini (1977)
Ocupação atriz
Principais trabalhos
Prêmios
Obras destacadas Sissi, La piscine, L'important c'est d'aimer, Le vieux fusil, Uma História Simples
Causa da morte enfarte agudo do miocárdio

Romy Schneider, nome artístico de Rosemarie Magdalena Albach (Viena, 23 de setembro de 1938Paris, 29 de maio de 1982) foi uma atriz franco-alemã.

Schneider começou sua carreira de atriz aos 15 anos de idade. Ao lado de sua mãe, Magsa Schneider, ela atuou nos filmes do gênero Heimatfilm alemão “Quando voltam a florescer os lilases” (1953), “O Imperador e a Padeira” (1955). Entre 1955 e 1957, interpretou a imperatriz Isabel da Áustria, "Sissi", em três filmes - Sissi (1955), Sissi: A Imperatriz (1956) e Sissi e Seu Desejo (1957) - com os quais obteve sucesso e reconhecimento internacional.

Em busca de papéis mais desafiadores, ela foi até Paris em 1958, onde ocorreu a sua estreia no teatro, na tragédia de John Ford, 'Tis Pity She's a Whore (em português Pena que ela é uma prostituta). Em 1963, ela atuou no filme O Cardeal nos Estados Unidos, pelo qual ela recebeu uma indicação ao Globo de Ouro, e em 1969, teve bastante sucesso ao lado de Alain Delon com o filme A Piscina.

Na década de 70, Schneider esteve no auge de sua carreira. Sob a direção de ilustres cineastas como Claude Sautet, Andrzej Żuławski e Luchino Visconti, ela interpretou inúmeros personagens fortes, e se tornou a atriz mais bem sucedida do cinema francês da época. Pela sua performance nos filmes O Importante é Amar (1975) e Uma história simples (1978) ela recebeu o prêmio César de melhor atriz.

Seu último filme La Passante du Sans-Souci (em português O bar da última esperança), estreou poucas semanas antes de sua morte. Na cerimônia do César de 2008, lhe foi atribuído postumamente o prêmio de honra.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Os primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Castelo de Goldenstein, internato frequentado por Romy Schneider entre 1949 e 1953

Romy Schneider, filha do casal de atores austro-alemão Wolf Albach-Retty e Magda Schneider, nasceu no hospital Billroth (hoje Rudolfinerhaus), em Viena. Seus antepassados, por parte de pai, pertenciam à famosa dinastia de atores austríacos Albach-Retty. O trisavô de Romy, Adolf Retty, foi ator na Áustria, e seus bisavós eram o diretor artístico e ator Rudolf Retty e a cantora Maria Katharina “Käthe” Retty, cujo nome de solteira era Schäfer. Sua filha, a avó de Romy, era a atriz Rosa Albach-Retty, que atuava na corte austro-húngara.

Quatro semanas após o seu nascimento, seus pais a levaram até Schönau, às margens do lago König, onde ela, e depois o seu irmão Wolf-Dieter (*1941) foram criados pelos avós Franz Xaver e Maria Schneider em Mariengrund, sua propriedade rural.

No seu primeiro ano de vida, Romy Schneider foi entregue aos cuidados de uma governanta já que, por conta do trabalho, seus pais raramente estavam presentes. Em 1943, seu pai conheceu a atriz Trude Marlen e deixou sua mãe. Romy, de quatro anos e meio, bastante triste, se apega mais à mãe, a quem admira profundamente, assim como ao irmão. Ela idealiza o pai ausente e, posteriormente, projetará, no encontro com seus futuros diretores, a imagem do próprio pai. Em 1943, eles oficializam o divórcio.

Schneider ingressou na escola pública de Schönau em setembro de 1944 e frequentou até julho de 1949 o internato de meninas no castelo de Goldenstein, uma escola de ensino fundamental privada da Congregação de Nossa Senhora em Elsbethen, perto de Salzburgo. Ela descobriu a paixão pela atuação durante sua vida escolar, e por isso, participava com frequencia das encenações teatrais do internato.

Ela escreveu em seu diário, no dia 10 de junho de 1952: “Se dependesse de mim, eu me tornaria uma atriz imediatamente.[...] Toda vez que eu vejo um bom filme, após a sessão, meus primeiros pensamentos são: “Eu preciso me tornar uma atriz de qualquer maneira. Sim! Eu preciso!”.

Com o fim do ensino médio, em 12 de julho de 1953, e a sua saída do Internato Goldenstein, ela se inscreveu, em setembro em um curso gratuito de pintura aplicada na Escola Técnica de Colônia. Romy foi morar em Colônia (Trajanstraße Nr. 1, ao lado do Instituto Superior de Artes), onde sua mãe Magda também vivia e em 11 de dezembro de 1953, se casara com o gastrônomo de Colônia, Hans Herbert Blatzheim, que ela conhecia desde 1934. Hans já era pai de três filhos e Romy, adolescente, não se dava bem com o padrasto que ela chama de “segundo marido da minha mãe”.[1] Várias vezes terá que se esconder nos banheiros para escapar dos ataques quase incestuosos[2] desse quinquagenário que sua mãe permite, como a lei permite, ser seu agente.[3]

No entanto, ela não começou o curso de pintura no qual havia se inscrito. Quando o produtor cinematográfico Kurt Ulrich disse para a sua mãe Magda, em julho de 1953, que procurava uma jovem para interpretar sua filha no filme Quando voltam a florescer os lilases, ela sugeriu sua própria filha Romy Schneider, que aceitou o papel com entusiasmo.

Início da carreira na década de 50[editar | editar código-fonte]

Schneider no cartaz do filme Um Anjo sobre a Terra (1959)


Neste mesmo filme, que estreou no dia 24 de novembro de 1953, Magda Schneider iria interpretar o papel principal. Ela afirmou que sugeriu a sua filha, embora não suspeitasse de seus planos profissionais e de seu talento. A primeira conversa com Ulrich e o diretor Hans Deppe no dia 15 de julho de 1953 em Munique foi bastante promissora.

Depois de a jovem Romy Schneider, então com quatorze anos, ter sido aprovada nos testes de gravações do Estúdio Ufa em Berlim, no início de setembro de 1953, ela foi escolhida para o papel.

As filmagens ao lado do famoso Willy Fritsch e Götz George -da mesma idade que ela, e que também teve a sua estreia no cinema- começaram em Wiesbaden e terminaram em 9 de novembro de 1953. Duas semanas depois, o filme estreou em Stuttgart.

Em maio de 1954, Schneider começou as filmagens de seu segundo filme A Rainha do Circo, ao lado de Lilli Palmer, no qual ela interpreta uma jovem chamada Anna Oberholzer, que foge de casa e se junta a um circo itinerante como artista. Enquanto trabalhava no filme, ela escreveu em seu diário: “Eu sei que eu posso crescer como atriz. É algo inebriante, que se bebe, se acostuma e se quer cada vez mais”.

Em A Rainha do Circo, a atriz, na época com apenas quinze anos, teve a sua primeira cena de beijo com o ator Claus Biederstaedt e, como disse posteriormente, graças ao seu jeito compreensivo, ela foi capaz de superar o seu constrangimento durante a cena. A Rainha do Circo foi concluído em julho, e chegou aos cinemas alemães em setembro de 1954. Ainda durante as filmagens de A Rainha do Circo, em junho de 1954 se deu o primeiro encontro entre Schneider e Ernst Marischka.

Apesar de o diretor já ter escolhido uma atriz para o seu novo filme Os jovens anos de uma rainha (1954), sobre a rainha Vitória, depois de conhecer Romy Schneider, ele decidiu espontaneamente dar o papel a ela.

Posteriormente, a atriz disse em entrevista para o documentário Romy- Retrato de um Rosto (1967) a respeito de Marischka e de sua confiança nela: “ Marischka foi um verdadeiro amigo, e sabia exatamente o que queria quando me contratou. Eu não era uma atriz experiente [...] Eu sei que devo a ele. Muito. Tudo. Foi assim que tudo começou”.

Em 1955, Schneider atuou novamente sob a direção de Marischka e trabalhou pela terceira vez junto de sua mãe em O Imperador e a Padeira, um remake do filme Frühjahrsparade (1934) (em português parada da primavera), no qual o seu pai havia interpretado o papel principal. O filme e os atores receberam críticas entusiasmadas e a música cantada por Schneider no filme Wenn die Vöglein musizieren (em português Quando os pássaros fazem música), saiu logo em disco.

Em pouco tempo, Romy Schneider se tornou uma das estrelas mais bem sucedidas nos países de língua alemã e ainda ajudou a sua mãe a ter um novo reconhecimento na Alemanha pós-guerra, já que, por conta de suas conexões com o regime nazista, o fim da guerra havia marcado o início de uma longa pausa na sua carreira. Em 1955, ela recebeu da revista Der Neue Film, junto com Karlheinz Böhm, o seu primeiro prêmio como a atriz mais popular da nova geração.

No mesmo ano, Romy trabalhou ao lado de Joachim Fuchsberger e Hans Albers no filme O último homem, um remake do filme de mesmo nome de 1924. Albers, que foi o protagonista na versão em preto-e-branco, disse um tempo depois: “Aquele não era o meu filme, era o filme dela ”. No entanto, O último homem (1955) teve menos público que os seus primeiros filmes.

Os altos e baixos da trilogia Sissi[editar | editar código-fonte]

Karlheinz Böhm (Imperador Francisco José) e Romy Schneider (Sissi) em Sissi (1955)

Em agosto de 1955, tiveram início as filmagens de Sissi. O diretor Ernst Marischka, que já havia tentado popularizar a imperatriz em 1932, em uma opereta na qual Paula Wessely interpretou o papel principal[4], havia escalado a jovem Romy, então com dezesseis anos, como protagonista do filme histórico sobre a imperatriz Elisabeth. Ao lado de sua filha, Magda Schneider assumiu o papel da duquesa bávara Ludovika, mãe de Elisabeth.

Karlheinz Böhm ficou com o papel do imperador austríaco Franz Joseph I. A interação do casal  protagonista correu harmoniosamente, contudo a relação entre ambos permaneceu estritamente profissional.

As filmagens duraram até o fim do ano e tiveram enormes custos de produção. Por meio do filme, Schneider se tornou mundialmente conhecida e sua popularidade aumentou nitidamente também na sua terra natal.

Devido a sua rápida ascensão, Schneider logo recebeu o apelido de “Shirley Tempelhof”, por causa da atriz-mirim americana de mesmo nome, e em referência aos Estúdios de Cinema Tempelhof de Berlim.

Nos dois anos seguintes, apenas na Alemanha, cerca de seis milhões de pessoas viram cada um dos três filmes de Sissi. O sucesso na Alemanha e na Áustria foi tanto que as receitas excederam as de E o Vento Levou.[4] Na Europa, o filme obtém a menção de “obra cultural”.[5] Na Suíça e na França, o filme teve um lançamento notável e, posteriormente, foi transmitido gratuitamente nas escolas. Folhetos de Romy Schneider foram distribuídos e seu rosto foi encontrado até em caixas de fósforos e isqueiros. Em Nice, Lille, Amsterdam, Antuérpia, Ghent, Madrid e Helsinque, os recordes de frequência ao cinema foram em grande parte quebrados.[5] Neste período, o padrasto de Romy, Hans Herbert Blatzheim, se encarregou de sua carreira. Ele administrava os seus rendimentos e sondava detalhadamente os papéis que lhe eram oferecidos. Com isso, uma proposta de um filme do diretor hispano-mexicano Luis Buñuel foi recusada, assim como possíveis participações nos remakes Der Kongreß tanzt (ou O congresso que dança) (1955) e Die Drei von der Tankstelle (ou O caminho do paraíso) (1955).

Enquanto isso, uma versão hollywoodiana de Os jovens anos de uma rainha fracassou por conta das condições que o agente de Schneider impôs, dentre elas, que as filmagens não deveriam durar mais de três meses. Em vez disso, ela assumiu o papel de protagonista no filme romântico Kitty (1956), o que reiterou mais uma vez a química do par Schneider e Karlheinz Böhn.

Apesar do grande sucesso do primeiro filme, primeiramente Schneider recusou veementemente uma continuação de Sissi, mas no fim Blatzheim e os produtores de Sissi- A imperatriz (1956) conseguiram convencê-la a encarnar mais uma vez a personagem. Em contrapartida, ela conseguiu negociar a participação no filme A Lenda de Robinson Crusoé (1957), uma de suas histórias favoritas.

Ao lado de Horst Buchholz, Romy interpreta a filha de uma tecelã de classe baixa, distinguindo-se assim de seus papéis anteriores. No início, havia um receio de que o público não fosse aceitar Schneider neste papel, o que no fim das contas, acabou sendo provado como algo sem fundamento.

Tanto Kitty quanto A Lenda de Robinson Crusoé tiveram grandes públicos nos cinemas, mas não chegaram a ter o mesmo sucesso da segunda parte de Sissi.

Pela sua interpretação da imperatriz austríaca, Romy Schneider foi indicada ao prêmio Bambi em 1957, o qual acabou indo para Gina Lollobrigida.

Em 1957,a atriz aceitou o papel de narradora no conto de fadas musical Pedro e o Lobo, que foi lançado como LP por Herbert von Karajan e fez três filmes: Monpti, um amor em Paris (1957) -que a levou pela primeira vez à Paris- Scampolo (1958) sob a direção de Alfred Weidenmann e por fim -com uma certa relutância- o terceiro e último filme da trilogia Sissi: Sissi e seu destino (1957).

Schneider não queria mais se fixar em um único papel e por isso recusou-se a filmar um quarto filme de Sissi. Isso não significou um prejuízo apenas para ela, que recusou um cachê de 1 milhão de marcos, mas também trouxe problemas para Magda Schneider -que a partir de 1959, acabou perdendo o seu prestígio- e levou a uma perceptível deterioração da relação com o seu padrasto.

“Daddy” Blatzheim, para quem os lucros com os contratos dos filmes e com a publicidade ficavam em primeiro plano, dava pouca atenção às pretensões artísticas de sua enteada. Além disso, vieram as cenas de ciúmes, que ele fazia caso ela flertasse com algum colega de elenco.

Schneider logo se sentiu muito superprotegida e começou a se rebelar, primeiro secretamente em seu diário, e depois através da escolha própria de seus filmes e parceiros.

Romy Schneider em 1955 no papel de Sissi

A Rebelião[editar | editar código-fonte]

De 11 de fevereiro a 5 de março de 1957, Romy Schneider percorreu a Índia e o Ceilão (atual Sri Lanka) com a sua mãe, seu padrasto e mais nove pessoas. Já em 1958, de 13 de janeiro a 5 de fevereiro, a atriz dirigiu-se para uma viagem de três semanas a Nova York e Hollywood junto de sua mãe. Na ocasião estreou em Nova York o filme Os jovens anos de uma rainha, que Walt Disney levou aos cinemas americanos com o título The Story of Vicky. Schneider deu inúmeras entrevistas para estações de rádio e canais de televisão, foi recebida pelos grandes estúdios de Hollywood e fez contato com colegas como Helmut Käutner, Curd Jürgens e Sophia Loren.

De volta à Alemanha, Schneider rodou Senhoritas de Uniforme (1958) ao lado de Lilli Palmer, Therese Giehse e Christine Kaufmann. O filme do diretor Géza von Radványi se passa no ano de 1910 na Prússia e conta a história da interna Manuela von Meinhardis (Schneider), que se apaixona pela sua professora (Palmer). Para Schneider, que criticava muito a si mesma, este foi o primeiro filme no qual ela se levou a sério como atriz e se aproximou com autoconfiança de um personagem.

A imprensa também elogiou a sua atuação. O Neue Berliner Woche, por exemplo, escreveu em 10 de outubro de 1958: “a encantadora e forte Romy Schneider e a autoconfiante Lilli Palmer não decepcionaram o público exigente: as cenas lésbicas foram absolutamente decentes e de bom gosto.

Em resumo, um trabalho bem-feito, o que não podia deixar de ser reconhecido. O Der Tag de 16 de outubro de 1958, considerou: “Romy Schneider surpreendeu (depois de vários personagens, nos quais ela teve de mostrar um encanto infantil e ingenuidade), com uma interpretação imponente. Ela convence em sua timidez inicial, suas inibições psicológicas e também seus rompantes emotivos”.

Em junho de 1958, tiveram início as filmagens de Cristina, um remake de Redenção, a primeira adaptação falada da peça Liebelei (em português namorico) de Arthur Schnitzler, na qual Romy Schneider assumiu o papel que sua mãe havia interpretado em 1933.

O seu cachê chegou a 500 mil marcos, tornando-a a atriz mais bem paga da Alemanha em 1958.

O seu parceiro foi o ator francês Alain Delon, ainda desconhecido na época. Os dois não eram um casal apenas na tela, mas também na vida real, e após o fim das filmagens no outono de 1958, a jovem - que tinha apenas 20 anos na época - foi com Delon até Paris.

Sua família o rejeitou e, já que não conseguiam impedir o relacionamento, pressionaram para que ao menos o mesmo fosse oficializado, e em 22 de março de 1959, Schneider e Delon celebraram o seu noivado no Lago de Lugano.

Ficheiro:Romy Schneider in Max et les Ferrailleurs.jpg
Romy Schneider em Sublime Renúncia (1971)

Mas a atriz não havia ido para a França apenas por amor. Isso representou para ela o corte do cordão umbilical e a saída definitiva da casa dos pais, além da esperança de uma reviravolta na carreira.

Como ela virou as costas para a indústria cinematográfica alemã, a imprensa local se ressentiu por um bom tempo e muitos jornalistas despejaram comentários maldosos e insultos.

Ainda em Paris, Schneider cumpriu os contratos dos filmes Um anjo sobre a Terra, A bela e sua majestade, e Katia (todos lançados em 1959), e interpretou o papel principal no filme para a televisão Die Sendung der Lysistrata (1961) (em português A missão de Lisístrata) de Fritz Kortner. Mas logo ela se concentrou na sua nova vida na França: “Há um mundo, o qual eu quero conquistar: Paris, o teatro, os filmes de arte, grandes cineastas com planos fantásticos[...].”

No entanto, os primeiros meses em Paris não foram fáceis para a atriz. Schneider, habituada ao sucesso, não conseguia mais nenhum papel, enquanto Alain Delon rumava ao estrelato mundial.

“Na Alemanha, eu fui rejeitada, e na França ainda não fui ‘aceita’. [...] Alain pula de um grande filme a outro. Eu ficava irritada com cada nova notícia de êxito, e a cada aviso de que Alain conseguiu um papel”.

A reviravolta profissional veio finalmente, quando Delon a apresentou ao diretor Luchino Visconti, que ofereceu o papel principal na sua encenação da peça Tis Pity She’s a Whore (ou Pena que ela é uma prostituta), de John Ford.

Para o drama renascentista, no qual atuou, junto com Delon nos palcos do Théâtre de Paris, ela recebeu aulas de francês com o colega Raymond Gérôme e aulas particulares com uma professora de fonética.

Schneider, que não havia completado sua formação teatral, disse posteriormente sobre a colaboração com Visconti: “Eu tenho quatro mestres: Visconti, Welles, Sautet e Żuławski. O maior é Visconti. Ele me ensinou o que ele ensina a todos que trabalham com ele, isto é, seu modo de tirar o máximo das coisas e sua disciplina”.

A estreia da peça, que contou com Ingrid Bergman, Shirley MacLaine e Jean Cocteau, dentre outros na plateia, aconteceu em 29 de março de 1961 e se tornou para Schneider um grande sucesso. Sua performance rendeu muitas críticas enaltecedoras e o reconhecimento do setor, de modo que não precisou esperar muito por novas propostas de trabalho.

No mesmo ano, ela filmou, novamente sob a direção de Visconti, Boccaccio 70 (1962), e partiu em uma temporada de alguns meses com Sacha Pitoëffs, encenando A Gaivota de Tchekhov, seu segundo e último papel no teatro.

Depois, ela atuou ao lado de Anthony Perkins no filme O Processo (1962) de Orson Welles no papel de Leni. A própria atriz descreveu a adaptação de Kafka como um de seus filmes mais importantes, pelo qual ela foi reconhecida com a Étoile de Cristal de melhor atriz estrangeira.

Sob a direção de Carl Foreman, no filme Os Vitoriosos (1963), ela deu vida a uma jovem violinista, que durante a Segunda Guerra é forçada por um soldado a se prostituir. E para ser convincente no papel de musicista, Romy teve aulas de violino com o escocês David McCallum Sr. (pai do ator David McCallum).A respeito disso, seu colega George Hamilton disse que ela provavelmente atravessaria o Canal da Mancha se isso fosse exigido para um papel.

No filme O Cardeal (1963), de Otto Preminger, ela interpretou a baronesa Annemarie von Hartmann. Além disso, também conseguiu para o seu pai Wolf o papel coadjuvante do Barão de Hartmann. Esta foi a única vez em que pai e filha estiveram juntos diante das câmeras.

Romy Schneider foi indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz em filme dramático pela sua atuação. No entanto, na premiação de 1964, o troféu foi para Leslie Caron pelo seu papel em A mulher que pecou.

No outono de 1963, Romy Schneider foi para Los Angeles, para as gravações de seu primeiro filme em Hollywood: Um amor de vizinho, ao lado de Jack Lemmon. Contudo, enquanto a sua carreira se desenvolvia de maneira positiva, ao mesmo tempo teve início o que foi até aquele momento o “pior ano” da sua vida pessoal, com o rompimento do relacionamento com Delon. Romy ficou sabendo do seu affair com a atriz Nathalie Barthélemy por meio dos jornais.

Quando a atriz retornou das filmagens nos Estados Unidos para Paris, Delon já havia deixado a casa onde moravam juntos e logo em seguida se casou com Barthélemy. Com isso, ela tentou cometer suicídio e em seguida deu uma longa pausa na carreira. Apesar de tudo, Um Amor de Vizinho teve a sua estreia mundial em 22 de julho de 1964 e se tornou um blockbuster.

Nesse meio tempo, Romy foi parar mais uma vez na frente das câmeras: ela gravou, sob a direção de Henri-Georges Clouzot o filme Inferno. Contudo, desde o início o projeto estava destinado a não dar certo. O seu colega de elenco Serge Reggiani adoeceu seriamente, o que acabou com todos os planos e três semanas após o início das filmagens o diretor sofreu um infarto. Por estes motivos, o filme nunca foi concluído.

No ano seguinte, Romy filmou ao lado de Peter Sellers e Peter O’Toole em Paris a comédia O que é que há gatinha? (1965) escrito por Woody Allen.

Regresso à Alemanha

Em abril de 1965, Romy Schneider viajou para a inauguração do segundo restaurante do seu padrasto na Alemanha, onde conheceu o diretor e ator Harry Meyen. Os dois se tornaram um casal e foram logo morar em uma casa na rua Winkler, no bairro Grunenwald em Berlim.

Romy Schneider pretendia fazer teatro em Berlim, e embora ela tenha se encontrado várias vezes com Boleslaw Barlog e Fritz Kortner, para encontrar uma peça de teatro adequada, este desejo acabou não se realizando.

O seu trabalho seguinte foi o drama franco-alemão A Ladra (1966), que foi filmado grande parte em Oberhausen e Romy apareceu pela primeira vez ao lado de Michel Piccoli.

Em 15 de julho, durante as filmagens de Espionagem Internacional (1966), Meyen e Romy Schneider se casaram,logo após o seu divórcio da atriz Anneliese Römer. O filho do casal, David Christopher Haubenstock, nasceu em 3 de dezembro do mesmo ano em Berlim e nos dois anos seguintes, Romy se dedicou quase exclusivamente a sua vida de mãe e esposa.

Em fevereiro de 1967, Wolf Albach-Retty teve um infarto que o levou a morte aos 60 anos e, apenas um ano depois, o padrasto de Romy morreu pelo mesmo motivo.

O seu primeiro filme após o nascimento do seu filho foi Otley, herói sem vocação, produzido na primavera de 1968 em Londres. No verão do mesmo ano, Romy trabalhou mais uma vez com Alain Delon.

Com A Piscina (1969), as revistas de fofoca esperavam novas manchetes de um possível revival do antigo romance, contudo Romy escreveu em seu diário: “Se todos os atores que alguma vez já se relacionaram não atuassem mais juntos, logo não haveria filmes. Eu não sinto mais nada, é como se eu abraçasse um muro. Absolutamente!”. A estreia de A Piscina ocorreu em 31 de janeiro de 1969 em Paris e o filme se tornou um grande sucesso, tanto de crítica quanto comercial.

Após Não chore meu amor (1970), Romy Schneider atuou ainda em As coisas da vida (1970) sob a direção de Claude Sautet. Nisso, ela atuou novamente ao lado de Michel Piccoli. Para a trilha sonora do filme, ela cantou o dueto La Chanson d’Hélène (ou em português A canção de Helène), composta por Philippe Sarde e Jean-Loup Dabadie.

A grande dama da década de 1970[editar | editar código-fonte]

Nos anos 70, Romy Schneider fez filmes principalmente na França, onde se tornou a grande dama do cinema francês. No começo da nova década, foram lançados vários filmes com ela no papel principal: depois de Quem é você? (1970), foram distribuídos em 1971 os filmes Crepúsculo de um ídolo, A Rebelde, e Sublime Renúncia.

Além disso, ela encarou as câmeras pela terceira vez com Alain Delon, para o filme histórico O assassinato de Trotsky, que na Alemanha recebeu o título Das Mädchen und der Mörder (ou A moça e o assassino em português).

Um ano depois, Romy Schneider reassumiu o papel com o qual foi tão abençoada e amaldiçoada nos anos 50. Em Ludwig-O último rei da Bavária, ela encarnou mais uma vez a imperatriz Elisabeth da Áustria. Entretanto, dessa vez Visconti representou “Sissi” genuinamente e Romy se dedicou intensamente à verdadeira personalidade da personagem histórica durante a sua preparação. As filmagens tiveram início em 1972 em Bad Ischl, e Helmut Berger encarnou o “Rei de conto de fadas” Ludwig II.

O filme foi rodado em inglês, e ela colocou o seu marido Harry Meyen como diretor de dublagem. Do mesmo modo, em 1972 estreou o filme César e Rosalie, no qual ela atuou ao lado de Yves Montand e sob o comando do seu “diretor favorito” Claude Sautet.

Em 1973, Schneider e Meyen -que viviam em Hamburgo por conta de seus compromissos profissionais- decidiram se separar e Romy mudou-se novamente para Paris com o seu filho. Ela estava no auge de sua carreira artística.

Romy pôde escolher os seus papéis livremente (“Eu seleciono apenas as uva-passas para mim”),e trabalhou junto com famosos diretores e atores como Richard Burton,Jean-Louis Trintignant, Klaus Kinski e Jane Birkin.

Entre 1973 e 1974,a atriz rodou 5 filmes no espaço de tempo de 10 meses. Em O último trem (1973) ela interpretou Anna Kupfer, uma alemã judia em fuga.

Ao voluptuoso-melancólico romance Os indiscretos pingos da chuva (1974) se seguiu Escalada ao poder (1974), onde ela encarna uma esposa negligenciada, que se envolve em uma aventura, e a extravagante comédia Trio Infernal (1974), onde ela brilhou ao lado de Michel Piccoli e Mascha Gonska como uma cúmplice de assassinato espirituosa e sem escrúpulos. Em novembro de 1974, Romy Schneider fez Os inocentes de mãos sujas (1975) e em abril de 1975 começou a rodar o longa-metragem O velho fuzil (1975), baseado no massacre de Oradour-sur-Glane ocorrido em 1944. Romy Schneider interpretou a francesa Clara, que é violentada por soldados alemães e assassinada.

Em abril de 1976, ela ganhou o seu primeiro César de melhor atriz pela sua performance em O importante é amar (1975) e em seu discurso agradeceu o seu “mestre e amigo” Luchino Visconti, que havia falecido poucas semanas antes.

O casamento com Harry Meyen terminou em 8 de julho de 1975. Nesta altura, Romy já estava em um relacionamento com o seu assistente Daniel Biasini, e em setembro, ela descobriu a sua segunda gravidez.

Em 18 de dezembro de 1975, ela disse sim a Biasini, onze anos mais jovem, em Berlim. No dia 31 de dezembro, por volta das 18 horas, a atriz sentiu fortes dores no ventre e acabou sofrendo um aborto. Ela tirou forças do seu trabalho para tentar superar essa perda.

Ela ainda rodou um amor impossível (1976) com Sautet Mado, e interpretou Leni Gruyten na adaptação cinematográfica do romance Gruppenbild mit Dame, de Heinrich Böll.

Durante as filmagens ela notou que estava novamente grávida e em 21 de julho de 1977, sua filha Sarah Magdalena Biasini veio ao mundo em Gassin.

No mesmo ano, foi agraciada com o prêmio Filmband in Gold na categoria de melhor atuação pela sua performance em Gruppenbild mit Dame (1977).

Após o nascimento da sua filha, Romy trabalhou pela quinta e última vez junto com Claude Sautet.

Em 3 de fevereiro de 1979, ela foi novamente premiada com o César de melhor atriz por Uma história simples (1978) e extremamente elogiada.

Sautet disse a respeito de sua atriz principal “ela é a síntese de todas as mulheres. Sua personagem em Uma história simples é inspirada na verdadeira personalidade de Romy. Com essa fragilidade, […], esse jeito orgulhoso no dia a dia, essa dignidade, que ela mostra de uma maneira bastante particular. Ela é sensível, enérgica, receosa e alegre, tudo ao mesmo tempo! Mas acima de tudo, ela também possui força. Ela tem uma certa decência, que irradia de dentro dela e a torna independente. Romy é um desafio".

No fim dos anos 70, Rainer Werner Fassbinder queria a atriz para o papel principal em O casamento de Maria Braun (1979), mas a parceria fracassou devido às exigências de cachê exorbitantes e ao seu comportamento inconstante. Por fim, o papel acabou indo para Hanna Schygulla. Em vez disso, Schneider esteve diante das câmeras em novembro de 1978 com Audrey Hepburn, Omar Sharif, Ben Gazzara, James Mason e Gert Fröbe para as filmagens de A herdeira (1979), uma adaptação do livro Bloodline de Sidney Sheldon.

Apesar de seu grandioso elenco, o thriller policial teve uma chuva de críticas ruins.

O Der Tagesspiegel por exemplo, escreveu em 23 de dezembro de 1979: “Nomes como Romy são vendidos abaixo de seu preço. Se é possível que todos juntos sejam ofuscados? A […] produção o deixa presumido.

Harry Meyen se enforcou em 14 de abril de 1979 em Hamburgo e Romy se sentiu culpada por não ter dado atenção o suficiente a ele.

No fim do verão de 1979, Um Homem, uma Mulher, uma Noite chegou aos cinemas e Romy foi indicada ao César de melhor atriz por sua atuação.

Na ficção-científica-policial A morte ao vivo, que chegou às distribuidoras um ano depois, ela interpretou, ao lado de Harvey Keitel, Harry Dean Stanton e Max von Sydow uma mulher com uma doença terminal, que vende os direitos de transmissão de sua morte a um canal de televisão.

Os últimos anos

Na primavera de 1980, Romy Schneider atuou no filme A banqueira, situado na Paris dos anos 20 e baseado na biografia da fraudadora fiscal Marthe Hanau. De acordo com Biasini, o início das filmagens do seu filme seguinte, o drama Fantasma de Amor (1981), foi atrasado por alguns dias, porque a atriz havia desmoronado por conta do alcoolismo e do abuso de medicamentos.

Em uma entrevista concedida ao Stern, em 23 de abril de 1981, Schneider se encontrava no fim de suas forças: "Eu preciso de uma pausa, eu preciso de, finalmente, encontrar-me a mim mesma. [...] Neste momento, estou destruída". O casamento com Biasini também estava passando por uma crise, que não estava se resolvendo, e em maio de 1981, Romy pediu o divórcio. Além disso, no mesmo mês, a atriz se submeteu a uma arriscada operação: ela precisou retirar o rim direito por conta de um tumor benigno,.

No entanto, o maior golpe do destino aconteceu no verão de 1981: no dia 5 de julho, o seu filho de 14 anos morreu, tentando chegar à propriedade do pais de Biasini por cima da cerca. Ele perdeu o equilíbrio durante a escalada, caiu em cima de uma ponta de metal da cerca e ficou empalado, perfurando a artéria femoral.

O seu penúltimo filme Cidadão sob Custódia (1981), chegou em 23 de setembro de 1981, no 43º aniversário de Romy Schneider aos cinemas franceses. E embora após a morte do filho David, parecesse que ela não conseguiria superar a sua perda, a atriz compareceu em outubro de 1981 em Berlim para as filmagens do seu último filme La Passante du Sans-Souci (em Portugal O bar da última esperança). No filme, ela interpreta Elsa Wiener, que tem o garoto judeu Max Baumstein (interpretado pelo jovem de apenas treze anos Wendelin Werner) sob sua proteção.

Quando questionada, de onde ela teria tirado forças para estar frente às câmeras com um menino de idade tão próxima do seu filho, tão pouco tempo depois de perdê-lo, ela respondeu: "Eu sabia que passaria por momentos dolorosos, não por conta de umas cenas, mas porque a minha profissão é muito difícil. (...O diretor) Jacques Rouffio mostrou ter uma compreensão extraordinária. Ele adivinhava quando estava muito doloroso para mim, e sabia as palavras certas para me dizer", e ainda completou: "você pode pensar, refletir por um momento, mas depois é preciso seguir adiante. Ficar parada é impossível para mim. A pessoa se atira ao trabalho porque precisa, e isso acaba ajudando a esquecer um pouco". Após as gravações, Schneider foi procurar uma casa de campo com o seu novo namorado -o produtor francês Laurent Pétin- onde ela poderia ficar em paz e onde fixou residência definitivamente.

Em março de 1982, encontraram uma casa em Boissy-sans-Avoir, no departamento de Yveline, a 50 quilômetros de distância de Paris. Em abril de 1982, ocorreu a estreia do filme La Passante du Sans-Souci. Romy foi bastante elogiada por sua atuação, e recebeu uma indicação ao César de melhor atriz.

Em 9 de maio de 1982 ela foi com Pétin para Zurique ver um gestor de ativos, pois estavam tendo dificuldades com o financiamento da casa de campo. Embora Schneider tivesse ganho uma fortuna com seus filmes, ela se deparou com uma montanha de dívidas no final de sua vida: Hans Herbert Blatzheim, que administrou os honorários de sua enteada até sua morte em maio de 1968, havia desviado todos os seus ganhos. Harry Meyen havia recebido um acordo de mais de um milhão de marcos após o divórcio. Daniel Biasini também levava uma vida luxuosa às custas da atriz, e por fim a Receita Federal francesa exigiu um montante de milhões em pagamentos adicionais.

Em 10 de maio de 1982, ela redigiu o seu testamento em Zurique, no qual ela deixou tudo para Pétin e sua filha Sarah.

Falecimento[editar | editar código-fonte]

Túmulo de Romy Schneider, em Boissy-sans-Avoir (Yvelines)

Na noite de 28 de maio de 1982, Romy e o seu namorado foram convidados pelo irmão dele para jantar. Depois, no caminho de volta para o apartamento que dividiam na rua Barbet de Jouy nº 11, conversaram sobre os seus planos para o fim de semana e, ao chegar em casa, a atriz quis ficar mais tempo acordada, ouvindo música. No dia 29, de manhã cedo, Pétin encontrou a atriz caída em sua escrivaninha, já sem vida. Em entrevistas, o fotógrafo do corpo e o seu agente descartaram a hipótese de suicídio e mencionaram os planos de fazer um filme com Alain Delon e de se mudar para o campo. Mas na imprensa, por outro lado, a morte de Romy Schneider foi primeiramente interpretada como suicídio, e na certidão de óbito a causa da morte declarada foi apenas insuficiência cardíaca. Mais tarde,foi dito ainda que a causa da morte seria “morte por coração partido”, mas nunca se chegou a uma conclusão sobre as reais circunstâncias.

O fato de a atriz deitar tarde, não ter largado o consumo de álcool e o uso de estimulantes pela manhã, contrariando as ordens médicas após a operação se tornou público, e segundo o promotor responsável Laurent Davenas, não foi feita uma autópsia. Segundo o médico legista, a dívida foi claramente excluída e o promotor deu prioridade à autópsia com um aguardado resultado, em consideração à diva e seus familiares.

Romy Schneider foi enterrada no cemitério de Boissy-sans-Avoir e, por iniciativa de Alain Delon, que organizou o funeral, o filho da atriz foi retirado do cemitério de Saint-Germain-en-Laye e colocado no túmulo da sua mãe.

Seus escritos se encontram no Arquivo da Academia das Artes em Berlim e sua lápide em Boissy-sans-Avoir, Yvelines, leva seu nome de nascimento, Rosemarie Albach. Os convidados do funeral foram seu irmão Wolf-Dieter, Gérard Depardieu, Jean-Claude Brialy, Michel Piccoli, Claude Sautet, Claude Lelouch, Jean Rochefort,o ex-marido Daniel Biasini e Laurent Pétin. Pouco depois, Delon providenciou para que David fosse enterrado na mesma sepultura.[6]

Imagem, encenação e escolha de papéis[editar | editar código-fonte]

Mesmo décadas após a sua morte, Romy Schneider ainda desperta o fascínio da mídia e do público. Com relação à sua pessoa, frequentemente se fala em uma espécie de “mito”.

As razões dadas para esse fascínio são a sua contínua beleza atemporal, sua atuação extraordinária e a sua obstinada busca pelo reconhecimento profissional. Sua busca desesperada pela felicidade pessoal e sua morte precoce também contribuíram para a formação de uma lenda.

A carreira de atriz durou cerca de 30 anos, e com o decorrer do tempo, sua imagem foi se transformando, de acordo com suas escolhas de personagens, da moça austríaca, à parisiense chique e da femme fatale à mulher cosmopolita e madura.

Nos seus filmes da década de 50, ela sempre interpretou a mocinha apaixonada, doce e incorporou “Sissi” no imaginário de milhões de espectadores.

Para escapar da imagem de “princesa de contos de fadas” Romy Schneider foi para Paris, onde ela mudou a sua aparência no famoso ateliê de Coco Chanel na rua Cambon. “Eu quero ser francesa no jeito que eu vivo, amo, durmo e me visto” provocou ela. A estilista criou uma mulher de estilo moderno, sofisticado e sensual, e a imprensa francesa logo observou: “de alemã, essa jovem parisiense não tem mais nada: nenhum sotaque, ou muito pouco, nenhum apetite, nenhum mau gosto… A metamorfose é completa". Nos anos 60, ela exibia seu corpo na tela e incorporou personagens misteriosos, provocantes ou infames. Em entrevistas, e para fotos de revistas, ela se mostrava sedutora e começou a atuar com uma experiência cada vez maior.

Em 1964 -poucos meses após a separação de Alain Delon- ela posou para o fotógrafo Will McBride em um quarto de hotel parisiense. Nessa sessão de fotos, nas imagens em preto e banco, que saíram na revista juvenil Twen, surgiram várias facetas da artista: em uma parecia ferida, pensativa e triste, e em outra se mostrava auto-confiante, irradiando uma energia vital.

Nos seus filmes dos anos 70, ela interpretava quase sempre o mesmo tipo de mulher: vulnerável, humilhada, uma vítima, perto de um colapso mental.

Certa vez, Hildergard Knef descreveu sua colega da seguinte maneira: “Cada vez mais, ela se despe de um maço de nervos adormecidos, emoções descontroladas. A auto-ironia parece causar medo e estar distante de seu vocabulário, pensamentos e sentimentos. Ela lembra a Marilyn Monroe. Mais rebelde e pronta para atacar do que os outros, mas igualmente vulnerável e inconstante".

A teatralidade de seus papéis se refletiu também na sua aparência: maquiagem escura, olhos fortemente pintados e penteados rentes ao rosto. O penteado marcante com a raiz realçada se tornaram sua marca registrada.

Meios de expressão artística[editar | editar código-fonte]

Como Romy Schneider provinha de uma dinastia de atores e não havia frequentado uma escola de teatro, parecia que o seu talento era hereditário. Esse talento, junto com seu belo e impecável rosto, que parecia feito para close-ups e lhe dava uma área de projeção perfeita, conferia a Romy Schneider uma forte presença na tela. “A câmera a amava, e ela amava a câmera” e por isso ela não se acanhava em aparecer totalmente ao natural -sem maquiagem- quase feia, para conferir mais drama às suas personagens. Além disso, Schneider conseguia expressar uma variedade significativa de sentimentos.

Certa vez, Claude Sautet disse o seguinte sobre a sua musa: “o seu semblante se transformava abruptamente, de viril e agressivo, a suave e meigo. Romy não é uma atriz comum […] Ela tem essa complexidade, que somente as grandes estrelas possuem. Eu a vi detrás das câmeras, concentrada, nervosa, com uma elegância, uma impulsividade, e uma postura interior, que fazia com que os homens se sentissem acossados e perturbados. Romy não suporta nem a mediocridade nem a decadência dos sentimentos, pois tem muitos sentimentos. E sempre irá trabalhar como atriz, pois ela tem um rosto que o tempo não pode tocar. Ao tempo só resta deixá-lo desabrochar".

Especialmente nos seus filmes da década de 70, atuou muitas vezes chegando aos seus limites físicos e psicológicos, dando a impressão de que preenchia as suas personagens com a sua própria vida e suas próprias experiências.

"Eu escolhi Romy Schneider (para o papel de Nadine Chevalier em O importante é amar) não apenas pelo seu talento, mas também pela afinidade entre a atriz e a personagem a ser incorporada, já que, entre ela e a pessoa que ela encarnava, predominava uma completa harmonia”, declarou o diretor Andrzej Żuławsk.

No entanto, a própria Romy Schneider frisou: “Todos que pensam que eu sou como nos meus filmes são idiotas”.

Premiações[editar | editar código-fonte]

Prêmio César[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Prêmio César
Indicações

Prêmio David di Donatello[editar | editar código-fonte]

German Film Awards[editar | editar código-fonte]

Globo de Ouro[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Globo de Ouro
Indicação

Prêmio Sant Jordi[editar | editar código-fonte]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Ano Título Papel Diretor
1953 Quando voltam a florescer os lilases Evchen Forster Hans Deppe
1954 A Rainha do Circo (Feuerwerk) Anna Oberholzer Kurt Hoffmann
1954 Os Jovens Anos de uma Rainha Princess Victoria / Queen Victoria Ernst Marischka
1955 O Imperador e a Padeira Constanze ("Stanzi") Hübner Ernst Marischka
1955 Der Letzte Mann Niddy Hoevelmann Harald Braun
1955 Sissi Sissi Ernst Marischka
1956 Kitty und die große Welt Kitty Dupont Alfred Weidenmann
1956 Sissi, a imperatriz Sissi Ernst Marischka
1957 A lenda de Robinson Crusoé Maud Josef von Báky
1957 Monpti - Um Amor em Paris Anne-Claire Jouvain Helmut Käutner
1957 Sissi e seu destino Sissi Ernst Marischka
1958 Die Halbzarte Nicole Rolf Thiele
1958 Scampolo Scampolo Alfred Weidenmann
1958 Senhoritas de uniforme Manuela von Meinhardis Géza von Radványi
1958 Christine (1958) Christine Weiring Pierre Gaspard-Huit
1959 Ein Engel auf Erden Line Géza von Radványi
1959 Die Schöne Lügnerin Fanny Emmetsrieder Axel von Ambesser
1959 Katia Robert Siodmak
1960 O sol por testemunha Freddy's companion René Clément
1961 Die Sendung der Lysistrata Myrrhine/Uschi Fritz Kortner
1962 Boccaccio '70 Pupe (segmento "Il lavoro") Luchino Visconti
1962 Forever My Love Princesa Elisabeth Ernst Marischka
1962 Le Combat dans l'île Anne Alain Cavalier
1962 O processo Leni Orson Welles
1963 L'Amour à la mer La vedette Guy Gilles
1963 Os Vitoriosos Regine Carl Foreman
1963 O Cardeal Annemarie von Hartman Otto Preminger
1964 L'Enfer Odette Henri-Georges Clouzot
1964 Good Neighbor Sam Janet Lagerlof David Swift
1965 O que é que há, gatinha Carole Clive Donner e Richard Talmadge
1966 La Voleuse Julia Kreuz Jean Chapot
1966 10:30 P.M. Summer Claire Jules Dassin
1966 Triple Cross Countess Terence Young
1968 Otley - Herói Sem Vocação Imogen Dick Clement
1969 A Piscina Marianne Jacques Deray
1970 A Califfa Irene Corsini, La Califfa Alberto Bevilacqua
1970 As Coisas da Vida Hélène Claude Sautet
1970 Meu Filho, Meu Amor Francesca Anderson John Newland
1970 Qui? Marina Léonard Keigel
1971 Max et les ferrailleurs Julia Anna Ackermann aka 'Lily' Claude Sautet
1971 Bloomfield[desambiguação necessária] Nira Richard Harris e Uri Zohar
1972 O Assassinato de Trotsky Gita Samuels Joseph Losey
1972 César e Rosalie Rosalie Claude Sautet
1972 Ludwig Elisabeth of Austria Luchino Visconti
1973 O Trem Anna Kupfer Pierre Granier-Deferre
1974 Le Mouton enragé Roberte Groult Michel Deville
1974 Un amour de pluie Elizabeth Jean-Claude Brialy
1974 O Trio Infernal Philomena Schmidt Francis Girod
1975 O Importante é Amar Nadine Chevalier Andrzej Zulawski
1975 Assassinato por Amor Julie Wormser Claude Chabrol
1975 O Velho Fusil Clara Dandieu Robert Enrico
1976 Mado... Um Amor Impossível Hélène Claude Sautet
1976 Une femme à sa fenêtre Margot (Santorini) Pierre Granier-Deferre
1977 Tausend Lieder ohne Ton Die Geliebte Claudia Holldack
1977 Gruppenbild mit Dame (filme) Leni Gruyten Aleksandar Petrovic
1978 Uma História Simples Marie Claude Sautet
1979 A Herdeira Hélène Martin Terence Young
1979 Um Homem, uma Mulher, uma Noite Lydia Costa-Gavras
1980 Morte ao vivo Katherine Mortenhoe Bertrand Tavernier
1980 A Banqueira Emma Eckhert Francis Girod
1981 Fantasma de Amor Anna Brigatti Zighi Dino Risi
1981 Cidadão sob custódia Chantal Martinaud Claude Miller
1982 La passante du Sans-Souci Elsa Wiener/Lina Baumstein Jacques Rouffio

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em alemão cujo título é «Romy Schneider».

Referências

  1. Emmanuel Bonini, opus cit. p. 17.
  2. Andrea Surkus, « Auch das noch – Alice Schwarzer entdeckt Romy Schneider als Frauensymbol », in Süddeutsche Zeitung, 28 octobre 2007.
  3. Alice Schwarzer; Renaud Machart. «Les confessions nocturnes de Romy Schneider : des bandes-son restées privées pendant plus de 40 ans». Le Monde. Consultado em 22 de dezembro de 2019 .
  4. a b S. Pommier et P.JB. Benichou, Romy Schneider, PAC, 1976, Coll. « Têtes d'Affiche », p. 30
  5. a b S. Pommier et P.JB. Benichou, Romy Schneider, PAC, 1976, Coll. « Têtes d'Affiche », p. 32
  6. Delon, Alain (11 de junho de 1982). «Adieu ma puppelé». Paris Match (em francês) (#1724). Consultado em 24 de setembro de 2009. Arquivado do original em 16 de junho de 2010 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Hans-Jürgen Tast: Romy Schneider - Ein Leben auf Titelseiten Schellerten 2008, ISBN 978-3-88842-036-8.
  • Emmanuel Bonini, La véritable Romy Schneider, Pygmalion, 2001.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Romy Schneider