Carro elétrico
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Carro elétrico é um veículo a motor para transporte de carga e de pessoas propulsionado por motor elétrico.
O termo descreve carros de passeio em geral, mas pode, contudo, também ser entendido para toda a gama de veículos de várias faixas. A abreviatura usual e internacional é BEV do inglês Battery Electric Vehicle.[1] Usualmente, o termo "carro elétrico" refere-se em específico ao BEV, mas inclui também o PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle - automóvel híbrido plug-in), o REEV (Range Extender - extensor de alcance) e o FCEV (Fuel Cell Electric Vehicle - veículo com célula de combustível).[1]
No início do desenvolvimento do automóvel em 1900 e nas décadas seguintes, veículos de propulsão elétrica desempenharam um papel importante no trânsito urbano. No entanto, mediante o avanço na construção de veículos a combustão e a expansão da rede de postos de combustíveis, eles foram substituídos. A produção de veículos elétricos voltou a aumentar apenas nos anos 1990. Nos anos 2000, baterias de lítio de alto desempenho foram adaptadas para veículos.
Em dezembro de 2018, 5,3 milhões de carros de passeio elétricos estavam em uso mundialmente sejam plenamente elétricos ou carros híbridos plug-in.[2]
Vantagens e desvantagens do carro elétrico
[editar | editar código-fonte]Vantagens
[editar | editar código-fonte]- Diminuição da poluição ambiental: É sabido que, por exemplo, o monóxido de carbono, que surge da combustão num veículo convencional e que é emitido pelo escapamento desse veículo, é altamente nocivo para a saúde humana, provocando diversas patologias, entre as quais do sistema respiratório e do sistema cardiovascular. Os gases com efeito de estufa, nos quais o dióxido de carbono se inclui, são também responsáveis pelo aquecimento global e pela desregulação climatérica do planeta, sendo que o transporte individual na atualidade tem um grande contributo nocivo para a poluição atmosférica global. Os veículos elétricos não emitem quaisquer gases com efeito de estufa na sua locomoção, sendo assim denominados zero emissões. Existem, no entanto, emissões desses gases no ato de fabricação dos veículos e das respectivas baterias.
- Diminuição da poluição sonora: O ruído ou poluição sonora, que é frequente nas metrópoles, é também causador de diversos danos para a saúde humana, mais precisamente no sistema auditivo e no sistema endócrino, provocando estresse, hipertensão arterial e problemas circulatórios. Os veículos elétricos praticamente não emitem ruído, sendo extremamente silenciosos quando comparados com os veículos convencionais com motor de combustão.
- Poupança nos combustíveis: Tendo o crude nos mercados internacionais um preço deveras instável e normalmente sempre crescente, e considerando que num estudo recente, as famílias portuguesas despendem cerca de 15% dos seus orçamentos para a aquisição de derivados do petróleo, o veículo elétrico torna-se deveras vantajoso pois tem um gasto em locomoção, ou seja, número de euros gastos por quilómetro percorrido, inferior em comparação com o veículo de combustão interna. O veículo elétrico é também energeticamente mais eficiente que o veículo de combustão, tendo um gasto de energia por espaço percorrido menor que um veículo convencional.
Desvantagens
[editar | editar código-fonte]- Preço: Os carros eléctricos na atualidade ainda têm um preço elevado quando comparados com os equivalentes de combustão interna, mesmo considerando os enormes benefícios fiscais atribuídos por alguns Estados europeus. O incentivo aos veículos elétricos não contribui assim para a equidade social nos acessos aos meios de transporte. Parte desse aumento em relação aos tradicionais é devido ao preço das matérias-primas usadas (motor de cobre e baterias de lítio). Outra parte do aumento é atribuída a implantação e logística de uma nova infraestrutura, que requer investimentos adicionais em tecnologia.
- Autonomia: A autonomia dos carros eléctricos situa-se normalmente entre os 100 km e os 200 km, o que em certas situações é diminuto. Tal está muito dependente do desenvolvimento químico em torno das tecnologias associadas às baterias. Com o passar dos anos a autonomia tem vindo a melhorar drasticamente como é com o Chevrolet Volt, um automóvel híbrido plug-in com autonomia para mais de 600KM.[3] Veículos com célula de combustível apresentam uma autonomia sensivelmente maior.[4]
- Espaço: O carro elétrico não resolve uma das questões fundamentais da qualidade do espaço público em meios urbanos, pois o espaço por si ocupado é igual ao de um carro convencional. Só em Lisboa, entram 700 mil carros por dia,[5] mesmo que todos fossem elétricos, a uma área de 12 m2 por lugar de estacionamento, teríamos uma área de cerca de 8,4 km2 só para estacionamento, praticamente a área da maior freguesia de Lisboa, os Olivais.
- Outras formas de poluição ambiental: Quando se fala que o carro elétrico não polui, só um terço da afirmação está correto. Só se encontra correto no ponto de vista do utilizador. Polui tanto como um saco de plástico, não polui nada. Quando um utilizador utiliza um saco de plástico, este não polui o ambiente, só polui o ambiente no processo de destruição. Quanto à poluição do carro elétrico não é referido ao utilizador a poluição do seu fabricador, incluindo a fabricação das baterias, a poluição que se produz para com o consumo de petróleo para produzir a eletricidade para carregar as baterias e por fim não se informa o grau de poluição para a destruição das suas baterias quando estas atingem o seu tempo de vida útil. Há também a questão da origem da energia elétrica usada nos veículos. Em muitos casos, a matriz energética pode vir de formas poluentes tradicionais. Portanto, não se pode falar de 100% ecológico. O uso desses veículos deve vir acompanhada com fontes renováveis, que sejam sustentáveis e menos poluentes.
História do carro elétrico
[editar | editar código-fonte]A história do carro elétrico se inicia em 1828 com a invenção do primeiro motor elétrico do mundo, criado pelo engenheiro Húngaro Ányos Jedlik,[9] que mais tarde foi aplicado a um pequeno protótipo de carro por ele mesmo. Entre os anos de 1834 e 1835 temos temos listados dois principais inventores do carro elétrico, o americano chamado Thomas Davenport que criou um dispositivo semelhante que era aplicado em uma pista circular eletrificada, semelhante a uma pista de autorama em maior escala,[10] e temos também Robert Anderson, empresário e químico escocês que apresentou um protótipo que era a evolução de um carro, uma carroça com propulsão elétrica, ambas invenções funcionavam com baterias de pilhas não recarregáveis.[11] A invenção de Robert foi vista com bons olhos em comparação ao carro com motor a vapor existente, mas como as baterias utilizadas na época eram não recarregáveis, o uso dos modelo ficava pouco prático e caro, restringindo a invenção a classe alta da época, o que não contribuiu com a popularização do modelo.[12] Em 1859, o francês Gaston Planté realizou a demonstração da primeira bateria chumbo-ácido, que posteriormente em 1881 foi melhorada pelo cientista também francês Émile Alphonse Faure. O mesmo fez modificações consideráveis no design das baterias, o que facilitou sua produção em escala industrial, favorecendo o mercado dos carros elétricos, sendo implantadas em modelos novos.
Paralelo aos carros elétricos era criado o carro a combustão interna pelo casal alemão Karl Benz e Bertha Benz, apresentado em 1885, que possuía uma vantagem em relação ao carro elétrico, pois este dotava de uma autonomia de aproximadamente 60 Km e após este percurso deveria esperar horas para o carro voltar a funcionar, enquanto o carro a combustão apenas dependia do reabastecimento para voltar a funcionar imediatamente.[13]
O primeiro automóvel a superar a velocidade de 100 km/h foi o La Jamais Contente, carro elétrico equipado com dois motores e projetado por Camille Jenatzy (1868-1913).[6] A marca foi alcançada em Paris, a 29 de abril de 1899.[6]
O Lohner-Porsche foi o primeiro automóvel híbrido elétrico (gasolina-elétrico) da história, fabricado de 1900 a 1905.[14] Foi também primeiro a ter freios nas quatro rodas, e tração 4x4 (uma vez que era equipado com quatro motores elétricos, um para cada roda).[14]
Durante o final do século XIX a briga entre os carros elétricos e o modelo do casal Benz competiam pelo mercado de automóveis, mas no início do século XX com a chegada de Henry Ford e seu modelo de produção que reduziu drasticamente o preço dos carros a combustão, favorecidos também pela descoberta de reservas de petróleo que baratearam o combustível, o carro elétrico teve seu primeiro declínio, mesmo sendo mais ecológico, leve e silencioso.[15] Contudo atualmente as circunstâncias mudaram, e a quantidade de danos produzidos ao meio ambiente ao longo do tempo, fez com que grandes empresas dessem mais atenção a alternativas sustentáveis, gerando um maior investimento em carros elétricos.[10]
O primeiro automóvel ("astromóvel") a circular fora do planeta Terra, o Lunokhod 1, não-tripulado e controlado remotamente a partir de sua base terrestre, era alimentado pela energia elétrica fornecida por poinéis solares.[16][17] LRV (Lunar Roving Vehicle) um carro elétrico de quatro motores (um para cada roda e alimentados por baterias não-recarregáveis) usado na Lua pela tripulação da Apollo 15 em 31 de Julho de 1971, foi primeiro astromóvel tripulado a circular fora da Terra.[7]
Durante muito tempo, as investidas para a disseminação dos carros elétricos encontraram muita dificuldade no que diz respeito ao recarregamento da bateria. Que além de demorar muito para recarregar, dependia de tomadas especiais que não eram encontradas com facilidade. Porém atualmente o empresário americano Elon Musk, chegou a marca de 1 milhão de carros elétricos vendidos em 6 meses, durante o ano de 2018, entretanto este carro ainda é caro para países subdesenvolvidos, como no Brasil, em que o Tesla Model 3 custa em torno de R$300.000,00.[10] Os modelos atuais de carros elétricos ainda encontram alguns empecilhos para a perfeita atuação, primeiramente, em relação a recarga, que já evoluiu bastante em países desenvolvidos, onde se encontra eletropostos de recarga capazes de recarregar em torno de uma hora. Em tomadas 220V os carros da Tesla levam em média 8 horas para carregar, é possível instalar em casa um ponto de recarregamento que custa em torno de 4 mil reais, o que diminuiria este tempo. Além disso as baterias usadas nestes carros, apesar de possuirem uma vida útil maior do que de carros convencionais, apresentam um valor muito elevado, que variam de 10 a 200 mil reais.
Em 1838, William Robert Grove inventou a célula de combustível que, por meio de uma reação eletroquímica, gera eletricidade combinando O2 e H2.[18][19] Por meio de eletrólise reversa,[20] processo inverso da eletrólise, as células de combustível geram eletricidade[21] Em Junho de 1991, Roger Billings apresentou o primeiro automóvel com célula de combustível.[22] A célula de combustível automotiva, quando comparada com a bateria, apresenta vantagens como menor tempo de recarga/reabastecimento e maior autonomia.[4]
Um pouco da história do carro elétrico no Brasil
[editar | editar código-fonte]O Gurgel Itaipu foi um carro elétrico desenvolvido no Brasil pelo empresário João Gurgel, que era um pioneiro na engenharia, e criou uma marca de automóveis cem por cento brasileira.[23] Em 1974, o primeiro protótipo do Itaipu foi apresentado, ele tinha capacidade para apenas duas pessoas. Seu peso era de 460Kg, sendo 320Kg concentrado em baterias de 3,2KW entregando um equivalente a 4,2 CV.[24]
Porém um problema sofrido por carros elétricos desde os primeiros modelos até os atuais também afetou o desenvolvimento do Itaipu, ele precisava de tomadas especiais para recarga, o que dificultava a popularização, além do que demorava em torno de 6 a 8 horas para carregar. Esses inconvenientes foram determinantes para o insucesso do modelo de carro elétrico brasileiro.[25]
Em 1942, durante a Era Vargas, foi criada a FNM (Fábrica Nacional de Motores) conhecida popularmente como "FeNeMê".[26] Inicialmente dedicada a fabricação de motores aeronáuticos, passou a fabricar também caminhões e automóveis em 1949.[27] Em 2018, a FNM voltou a atividade como Fábrica Nacional de Mobilidade, agora focada na fabricação de caminhões elétricos.[26] Nos anos 2020, pesquisadores brasileiros desenvolvem células de combustível "movidas" a etanol, capazes de converterem em energia elétrica o hidrogênio contido no álcool combustível.[1][28] Veículos com célula de combustível a etanol, são rapidamente reabastecidos e tem maior autonomia.[29]
Em 2023, com o aumento no número de vendas e a expectativa de crescimento no setor impulsionada pelos chineses,[30][31][32][33][34] o país já tem 51 modelos elétricos à venda, com preços variando entre R$ 119.990 (Chery iCar) e R$ 1.399.000 (Mercedes-Benz EQS Sedan).[35][36] Apesar de um possível crescimento no setor, a volta do imposto de importação,[37][38] a falta de infraestrutura, investimento, legislação e de uma indústria nacional são um grande agravante e podem acabar freando o desenvolvimento do segmento no país.[36][39][40][41][42][43][44][45] Entre 2017 e 2022, foram comercializados cerca de 13 mil veículos elétricos no Brasil.[46][47][48][49] Atualmente, o país conta com cerca de 4 mil eletropostos de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE),[50] ou 0,00058 carregador por km².[36][49]
Fabricados atualmente
[editar | editar código-fonte]Fora de fabricação
[editar | editar código-fonte]Protótipos
[editar | editar código-fonte]- Pratyko
- Fiat Palio Elétrico
- Eliica
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Aeronave híbrida elétrica/Avião elétrico
- Automóvel híbrido elétrico
- Carro a vapor
- Diesel-elétrico
- Transferência de energia sem fio
- Veículo com motor de combustão interna a hidrogênio
- Veículo movido a hidrogênio
Referências
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