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[[Imagem:Redenção.jpg|thumb|direita|250px|''[[A Redenção de Cam]]'' ([[1895]]): avó negra, mãe mulata, esposo e filho brancos. O quadro sintetiza o ideal de [[Branqueamento racial|branqueamento]] da população brasileira. Pintura de ''[[Modesto Brocos|Modesto Brocos y Gomes]].]]
[[Imagem:Redenção.jpg|miniatura|direita|250px|''[[A Redenção de Cam]]'' ([[1895]]): avó negra, mãe mulata, esposo e filho brancos. O quadro sintetiza o ideal de [[Branqueamento racial|branqueamento]] da população brasileira. Pintura de ''[[Modesto Brocos|Modesto Brocos y Gomes]].]]

A '''miscigenação''' consiste na mistura de [[raça]]s, de [[povo]]s e de diferentes [[Grupo étnico|etnias]].
A '''miscigenação''' consiste na mistura de [[raça]]s, de [[povo]]s e de diferentes [[Grupo étnico|etnias]].


== Brasil ==
Poucos lugares no mundo passaram por uma miscigenação tão intensa quanto o [[Brasil]].<ref>[http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2603200001.htm Retrato molecular do Brasil]. ''Folha de S.Paulo'', 26 de março de 2000.</ref>.Os portugueses já trouxeram para o Brasil séculos de integração genética e cultural de povos europeus, como os [[celtas|povos celta]], [[Roma Antiga|romano]], [[Germanos|germânico]] e [[lusitano]]. Embora os portugueses sejam basicamente uma população europeia, sete séculos de convivência com [[mouro]]s do [[norte da África]] e com [[judeu]]s deixaram um importante legado a este povo. No Brasil, uma parte substancial dos colonizadores portugueses se miscigenou com índios e africanos, em um processo muito importante para a formação do País. A esse e a outros processos somou-se o processo de imigração de muitos mais europeus. Da metade do século XIX à metade do século XX, a nação recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes europeus, em sua maioria portugueses, italianos, espanhóis,alemães . Um dos resultados da soma desses processos é a atual composição da população brasileira. Em 2008, 48% da população brasileira se considera [[branca]], 44% se identifica como [[parda]] e 7% se considera [[Negros|negra]].<ref>[[IBGE]]. [http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=262&i=P&nome=on&notarodape=on&tab=262&unit=0&pov=3&opc1=1&poc2=1&OpcTipoNivt=1&opn1=2&nivt=0&orc86=3&poc1=1&orp=6&qtu3=27&opv=1&poc86=2&sec1=0&opc2=1&pop=1&opn2=0&orv=2&orc2=5&qtu2=5&sev=93&sev=1000093&opc86=1&sec2=0&opp=1&opn3=0&sec86=0&sec86=2776&sec86=2777&sec86=2779&sec86=2778&sec86=2780&sec86=2781&ascendente=on&sep=43344&orn=1&qtu7=9&orc1=4&qtu1=1&cabec=on&pon=1&OpcCara=44&proc=1&opn7=0&decm=99 População residente, por cor ou raça, situação e sexo, 2008].</ref>
{{Artigo principal|Composição étnica do Brasil|Multiculturalismo no Brasil}}
Poucos lugares no mundo passaram por uma miscigenação tão intensa quanto o [[Brasil]].<ref>{{Citar periódico|url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2603200001.htm|titulo=Retrato molecular do Brasil|data=26 de março de 2000|acessodata=2017-08-31|jornal=Folha de S.Paulo}}</ref> Os portugueses já trouxeram para o Brasil séculos de integração genética e cultural de povos europeus, como os [[celtas|povos celta]], [[Roma Antiga|romano]], [[Germanos|germânico]] e [[lusitano]]. Embora os portugueses sejam basicamente uma população europeia, sete séculos de convivência com [[mouro]]s do [[norte da África]] e com [[judeu]]s deixaram um importante legado a este povo. No Brasil, uma parte substancial dos colonizadores portugueses se miscigenou com índios e africanos, em um processo muito importante para a formação do País. A esse e a outros processos somou-se o processo de imigração de muitos mais europeus. Da metade do século XIX à metade do século XX, a nação recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes europeus, em sua maioria portugueses, italianos, espanhóis,alemães . Um dos resultados da soma desses processos é a atual composição da população brasileira. Em 2008, 48% da população brasileira se considera [[branca]], 44% se identifica como [[parda]] e 7% se considera [[Negros|negra]].<ref>{{Citar web|url=http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=262&i=P&nome=on&notarodape=on&tab=262&unit=0&pov=3&opc1=1&poc2=1&OpcTipoNivt=1&opn1=2&nivt=0&orc86=3&poc1=1&orp=6&qtu3=27&opv=1&poc86=2&sec1=0&opc2=1&pop=1&opn2=0&orv=2&orc2=5&qtu2=5&sev=93&sev=1000093&opc86=1&sec2=0&opp=1&opn3=0&sec86=0&sec86=2776&sec86=2777&sec86=2779&sec86=2778&sec86=2780&sec86=2781&ascendente=on&sep=43344&orn=1&qtu7=9&orc1=4&qtu1=1&cabec=on&pon=1&OpcCara=44&proc=1&opn7=0&decm=99|titulo=Tabela 262: População residente, por cor ou raça, situação e sexo|acessodata=2017-08-31|obra=www.sidra.ibge.gov.br}}</ref>


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Os índios brasileiros não apresentavam relevantes diferenças genéticas entre si: seriam todos descendentes do primeiro grupo de [[caçador]]es [[ásia|asiático]]s que chegaram às [[Américas]], há 60 mil anos.<ref>{{Citar web|titulo=Povos Nativos do Brasil|obra=Algo Sobre|doi=|url=http://www.algosobre.com.br/historia/povos-nativos-do-brasil.html}}</ref> Porém, culturalmente falando, os aborígenes brasileiros estavam inseridos numa diversidade de [[nação|nações]] com línguas e costumes distintos. A chegada dos primeiros colonos portugueses, [[homem|homens]] na maioria, culminou em relações com as índias. Em [[4 de abril]] de [[1755]], [[José I de Portugal|D. José]], [[rei de Portugal]], assinou decreto autorizando a miscigenação de portugueses com [[índio]]s.<ref>{{Citar web|url=http://www.italiaoggi.com.br/not08/ital_not20010809c.htm|titulo=Cavalcanti é a maior família brasileira|acessodata=2017-08-31|obra=ItaliaOggi.com.br|publicado=Notizie d'Italia |ultimo=Pinto|primeiro=Romildo Gouveia}}</ref>


Os africanos trazidos e escravizados no Brasil pertenciam a um leque enorme de etnias e nações. A maior parte eram [[banto]]s, originários de [[Angola]], [[República Democrática do Congo|Congo]] e [[Moçambique]]. Porém, em lugares como a [[Bahia]], predominaram os escravizados da região da [[Nigéria]], [[Benim]] e [[Costa da Mina]] em alguns momentos, principalmente no [[século XVIII]]. Alguns escravizados [[islamismo|islâmicos]] eram [[Alfabetização|alfabetizados]] em [[língua árabe|árabe]] e já traziam para o Brasil uma rica e variada bagagem cultural. A [[Lei Áurea]] libertou os escravizados no final do século XIX, [[Pedro II do Brasil|D. Pedro II]] e a [[Princesa Isabel]] tinham planos de indenizá-los e fazer uma [[reforma agrária]] para incluí-los na sociedade, mas isto foi interrompido pela [[Proclamação da República do Brasil|Proclamação da República]] feita pela elite [[Latifúndio|latifundiária]] e ex-donos de escravos que não lhes deram assistência social, e, por vários motivos, incluindo a necessidade de mão-de-obra e a ambição de "branquear" a população nacional, estimularam a vinda de imigrantes [[europeus]]. Havia entre os governantes do País a ideia de que se os imigrantes se casassem com pardos e negros, iriam "esbranquecer" a população brasileira. A famosa pintura ''A Redenção de Cam''<ref>[http://www.scielo.br/pdf/mana/v10n1/a03v10n1.pdf Qual o "retrato do Brasil"? Raça, biologia, identidades e política na era [[genoma|genõmica]]], por Ricardo Ventura Santos e Marcos Chor Maio. ''Mana'', 10(1):61-95, 2004</ref>, feita em [[1895]] por [[Modesto Brocos|Modesto Brocos y Gómez]], sintetiza a ideia pairante na época: através da miscigenação, os brasileiros ficariam a cada geração mais brancos.
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== Ver também ==
== Ver também ==
{{Wikcionário|miscigenado|miscigenação}}
* [[Crisol de raças]]
* [[Crisol de raças]]
* [[Assimilação cultural]]
* [[Assimilação cultural]]
* [[Multirracial]]
* [[Multiculturalismo]]


{{Referências}}
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{{Fenótipos humanos}}
{{esboço-sociologia}}
{{Portal3|Sociologia}}
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[[Categoria:Povos|Miscigenação]]
[[Categoria:Povos]]

Revisão das 14h51min de 31 de agosto de 2017

A Redenção de Cam (1895): avó negra, mãe mulata, esposo e filho brancos. O quadro sintetiza o ideal de branqueamento da população brasileira. Pintura de Modesto Brocos y Gomes.

A miscigenação consiste na mistura de raças, de povos e de diferentes etnias.

Brasil

Poucos lugares no mundo passaram por uma miscigenação tão intensa quanto o Brasil.[1] Os portugueses já trouxeram para o Brasil séculos de integração genética e cultural de povos europeus, como os povos celta, romano, germânico e lusitano. Embora os portugueses sejam basicamente uma população europeia, sete séculos de convivência com mouros do norte da África e com judeus deixaram um importante legado a este povo. No Brasil, uma parte substancial dos colonizadores portugueses se miscigenou com índios e africanos, em um processo muito importante para a formação do País. A esse e a outros processos somou-se o processo de imigração de muitos mais europeus. Da metade do século XIX à metade do século XX, a nação recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes europeus, em sua maioria portugueses, italianos, espanhóis,alemães . Um dos resultados da soma desses processos é a atual composição da população brasileira. Em 2008, 48% da população brasileira se considera branca, 44% se identifica como parda e 7% se considera negra.[2]

Os índios brasileiros não apresentavam relevantes diferenças genéticas entre si: seriam todos descendentes do primeiro grupo de caçadores asiáticos que chegaram às Américas, há 60 mil anos.[3] Porém, culturalmente falando, os aborígenes brasileiros estavam inseridos numa diversidade de nações com línguas e costumes distintos. A chegada dos primeiros colonos portugueses, homens na maioria, culminou em relações com as índias. Em 4 de abril de 1755, D. José, rei de Portugal, assinou decreto autorizando a miscigenação de portugueses com índios.[4]

Os africanos trazidos e escravizados no Brasil pertenciam a um leque enorme de etnias e nações. A maior parte eram bantos, originários de Angola, Congo e Moçambique. Porém, em lugares como a Bahia, predominaram os escravizados da região da Nigéria, Benim e Costa da Mina em alguns momentos, principalmente no século XVIII. Alguns escravizados islâmicos eram alfabetizados em árabe e já traziam para o Brasil uma rica e variada bagagem cultural. A Lei Áurea libertou os escravizados no final do século XIX, D. Pedro II e a Princesa Isabel tinham planos de indenizá-los e fazer uma reforma agrária para incluí-los na sociedade, mas isto foi interrompido pela Proclamação da República feita pela elite latifundiária e ex-donos de escravos que não lhes deram assistência social, e, por vários motivos, incluindo a necessidade de mão-de-obra e a ambição de "branquear" a população nacional, estimularam a vinda de imigrantes europeus. Havia entre os governantes do País a ideia de que se os imigrantes se casassem com pardos e negros, iriam "enbranquecer" a população brasileira. A famosa pintura A Redenção de Cam,[5] feita em 1895 por Modesto Brocos y Gómez, sintetiza a ideia pairante na época: através da miscigenação, os brasileiros ficariam a cada geração mais brancos.

Ver também

Wikcionário
Wikcionário

Referências

  1. «Retrato molecular do Brasil». Folha de S.Paulo. 26 de março de 2000. Consultado em 31 de agosto de 2017 
  2. «Tabela 262: População residente, por cor ou raça, situação e sexo». www.sidra.ibge.gov.br. Consultado em 31 de agosto de 2017 
  3. «Povos Nativos do Brasil». Algo Sobre 
  4. Pinto, Romildo Gouveia. «Cavalcanti é a maior família brasileira». ItaliaOggi.com.br. Notizie d'Italia. Consultado em 31 de agosto de 2017 
  5. Santos, Ricardo Ventura; Maio, Marcos Chor (Abril de 2004). «Qual "retrato do Brasil"? Raça, biologia, identidades e política na era da genômica». Mana. 10 (1): 61–95. ISSN 0104-9313. doi:10.1590/S0104-93132004000100003