Capitalismo democrático: diferenças entre revisões

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'''O capitalismo democrático ou''' '''democracia de mercado''' é um [[Sistema económico|sistema]] [[Política|político]] e econômico. Integra a alocação de recursos por [[Produção marginal|produtividade marginal]] (sinônimo de capitalismo de mercado livre), com políticas de alocação de recursos por direitos sociais. <ref name=":0">{{Citar web|url=https://newleftreview.org/issues/II71/articles/wolfgang-streeck-the-crises-of-democratic-capitalism|titulo=Wolfgang Streeck, The Crises of Democratic Capitalism, NLR 71, September–October 2011|acessodata=2020-05-20|website=New Left Review|lingua=en}}</ref> As políticas que caracterizam o sistema são promulgadas por governos [[Democracia|democráticos]]. <ref name=":0" />
'''O capitalismo democrático ou''' '''democracia de mercado''' é um [[Sistema económico|sistema]] [[Política|político]] e econômico. Integra a alocação de recursos por [[Produção marginal|produtividade marginal]] (sinônimo de capitalismo de mercado livre), com políticas de alocação de recursos por direitos sociais. <ref name=":0">{{Citar web|url=https://newleftreview.org/issues/II71/articles/wolfgang-streeck-the-crises-of-democratic-capitalism|titulo=Wolfgang Streeck, The Crises of Democratic Capitalism, NLR 71, September–October 2011|acessodata=2020-05-20|website=New Left Review|lingua=en}}</ref> As políticas que caracterizam o sistema são promulgadas por governos [[Democracia|democráticos]]. <ref name=":0" />


O capitalismo democrático foi amplamente implementado no século XX, particularmente na [[Europa]] e no [[mundo ocidental]] após a [[Segunda Guerra Mundial]]. A coexistência do capitalismo e da democracia, particularmente na Europa, foi apoiada pela criação do moderno [[estado de bem-estar social]] no [[Pós-guerra|período pós-guerra]] . <ref name="Capitalism and Inequality, 2013">Muller, Jerry Z. (March 2013). "[https://www.researchgate.net/profile/Jerry_Muller2/publication/296918516_Capitalism_and_Inequality_What_the_Right_and_the_Left_Get_Wrong/links/5d31141b92851cf4409013b7/Capitalism-and-Inequality-What-the-Right-and-the-Left-Get-Wrong.pdf Capitalism and Inequality]". ''Foreign Affairs''.</ref> A implementação do capitalismo democrático envolve normalmente a promulgação de políticas que expandem o Estado-providência, fortalecendo os direitos [[Acordo coletivo de trabalho|de negociação coletiva]] dos trabalhadores ou fortalecendo [[Direito da concorrência|as leis da concorrência]]. Estas políticas são implementadas numa economia capitalista caracterizada pelo direito à [[Propriedade (direito)|propriedade]] [[Propriedade privada|privada]].
O capitalismo democrático foi amplamente implementado no século XX, particularmente na [[Europa]] e no [[mundo ocidental]] após a [[Segunda Guerra Mundial]]. A coexistência do capitalismo e da democracia, particularmente na Europa, foi apoiada pela criação do moderno [[estado de bem-estar social]] no [[Pós-guerra|período pós-guerra]]. <ref name="Capitalism and Inequality, 2013">Muller, Jerry Z. (March 2013). "[https://www.researchgate.net/profile/Jerry_Muller2/publication/296918516_Capitalism_and_Inequality_What_the_Right_and_the_Left_Get_Wrong/links/5d31141b92851cf4409013b7/Capitalism-and-Inequality-What-the-Right-and-the-Left-Get-Wrong.pdf Capitalism and Inequality]". ''Foreign Affairs''.</ref> A implementação do capitalismo democrático envolve normalmente a promulgação de políticas que expandem o Estado-providência, fortalecendo os direitos [[Acordo coletivo de trabalho|de negociação coletiva]] dos trabalhadores ou fortalecendo [[Direito da concorrência|as leis da concorrência]]. Estas políticas são implementadas numa economia capitalista caracterizada pelo direito à [[Propriedade (direito)|propriedade]] [[Propriedade privada|privada]]. <ref name=":0" />


[[Doutrina Social da Igreja|A doutrina social católica]] oferece apoio a uma forma [[Comunitarismo|comunitária]] de capitalismo democrático com ênfase na preservação da [[dignidade]] da pessoa humana.
[[Doutrina Social da Igreja|A doutrina social católica]] oferece apoio a uma forma [[Comunitarismo|comunitária]] de capitalismo democrático com ênfase na preservação da [[dignidade]] da pessoa humana. <ref>Williams, Oliver F. (1993-12-01). "Catholic Social Teaching: A communitarian democratic capitalism for the new world order". ''Journal of Business Ethics''. '''12''' (12): 919–932. doi:10.1007/BF00871711. ISSN 1573-0697. S2CID 143113898.</ref>


== Veja também ==
== Definição ==
O capitalismo democrático é um tipo de sistema político e económico<ref>Wilde, Keith; Schulte, R. G. (2001). "Democratic capitalism vs. binary economics". ''Journal of Behavioral and Experimental Economics''. '''30''' (2): 99–118.</ref>  caracterizado pela [[alocação de recursos]] de acordo com a [[produtividade marginal]] e as necessidades sociais, conforme determinado pelas decisões tomadas através da [[Democracia|política democrática]].<ref>{{Citar periódico |url=https://newleftreview.org/issues/ii71/articles/wolfgang-streeck-the-crises-of-democratic-capitalism |título=The Crises of Democratic Capitalism |data=2011-10-01 |acessodata=2023-10-30 |periódico=New Left Review |número=71 |ultimo=Streeck |primeiro=Wolfgang |paginas=5–29}}</ref>  É marcado por eleições democráticas, liberdade e Estado de direito, características tipicamente associadas à democracia.<ref>Parakkal, Raju; Bartz-Marvez, Sherry (2013-12-01). "Capitalism, Democratic Capitalism, and the Pursuit of Antitrust Laws". ''The Antitrust Bulletin''. '''58''' (4): 693–729. doi:10.1177/0003603X1305800409. ISSN 0003-603X. S2CID 153333622.</ref> <ref>Leffler, Melvyn P. (2017-08-02). ''Safeguarding Democratic Capitalism''. ISBN 978-0-691-17258-3</ref> Mantém um sistema econômico de livre mercado com ênfase na [[Setor privado|iniciativa privada]]. O Professor de Empreendedorismo Elias G. Carayannis e Arisitidis Kaloudis, Professor de Economia na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), descrevem o capitalismo democrático como um [[sistema económico]] que combina [[competitividade]] robusta com empreendedorismo sustentável, com o objetivo de inovação e proporcionando oportunidades de desenvolvimento económico. prosperidade para todos os cidadãos. <ref>Carayannis, Elias G.; Kaloudis, Aris (2010-03-01). "A Time for Action and a Time to Lead: Democratic Capitalism and a New "New Deal" for the US and the World in the Twenty-first Century". ''Journal of the Knowledge Economy''. '''1''' (1): 4–17. doi:10.1007/s13132-009-0002-y. ISSN 1868-7873. S2CID 154700666</ref>

O Dr. [[Edward Younkins]], professor da Universidade Jesuíta Wheeling descreveu o capitalismo democrático como um “complexo dinâmico de forças económicas, políticas, morais-culturais, ideológicas e institucionais”, que serve para maximizar o bem-estar social numa economia de mercado livre.  Youkins afirma que o sistema de [[liberdade individual]] inerente ao capitalismo democrático apoia a criação de associações voluntárias, como sindicatos. O filósofo e escritor [[Michael Novak]] caracterizou o capitalismo democrático como uma mistura de uma economia de [[Mercado livre|livre mercado,]] um governo democrático limitado e um sistema moral-cultural com ênfase na liberdade pessoal.<ref>{{Citar web|url=http://www.quebecoislibre.org/younkins16.htm|titulo=The Conceptual Foundations of Democratic Capitalism|acessodata=2023-10-30|website=www.quebecoislibre.org}}</ref>  Novak comenta que o capitalismo é uma condição necessária, mas não suficiente, da democracia.  Ele também propõe que a proeminência do capitalismo democrático numa sociedade é fortemente determinada pelos conceitos religiosos que orientam os seus costumes, instituições e líderes. <ref>{{Citar web|url=https://www.nationalreview.com/2013/09/democratic-capitalism-michael-novak/|titulo=Democratic Capitalism|data=2013-09-24|acessodata=2023-10-30|website=National Review|lingua=en-US}}</ref> <ref>Thode, Edward F. (1983-07-01). "The Spirit of Democratic Capitalism". ''Academy of Management Review''. '''8''' (3): 514–515. doi:10.5465/amr.1983.4284623. ISSN 0363-7425.</ref>

== Críticas ==
O conceito de "capitalismo democrático" ou "democracia de mercado" pode parecer atraente à primeira vista, com sua proposta de combinar os benefícios da [[Democracia|democracia política]] com a eficiência do [[mercado livre]]. No entanto, existem críticas importantes a serem feitas a esse modelo, que muitas vezes mascara desigualdades econômicas e sociais profundas e perpetua problemas sistêmicos. <ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/sssoc/a/jK8Jvp8DJFPsS6FHGcBXSnt/ |título=Desigualdades e privação de direitos na sociabilidade capitalista e suas expressões no Brasil |data=2021-06-04 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Serviço Social & Sociedade |ultimo=Chaves |primeiro=Helena Lúcia Augusto |ultimo2=Arcoverde |primeiro2=Ana Cristina Brito |paginas=164–182 |lingua=pt |doi=10.1590/0101-6628.244 |issn=0101-6628}}</ref> <ref name=":2">{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/ea/a/6rdn6gfNjWGcwjBVcFszSWh/ |título=Capitalismo: civilização e poder |data=2011-08 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Estudos Avançados |ultimo=Comparato |primeiro=Fábio Konder |paginas=251–276 |lingua=pt |doi=10.1590/S0103-40142011000200020 |issn=0103-4014}}</ref> <ref name=":3">{{Citar periódico |url=https://periodicos.unipe.br/index.php/direitoedesenvolvimento/article/view/578 |título=Desenvolvimento econômico sustentável e as externalidades ambientais |data=2018-12-03 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Direito e Desenvolvimento |número=2 |ultimo=Martins |primeiro=Regina Célia Carvalho de |ultimo2=Rossignoli |primeiro2=Marisa |paginas=137–154 |lingua=pt |doi=10.25246/direitoedesenvolvimento.v9i2.578 |issn=2236-0859}}</ref> <ref name=":4">{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/rk/a/97cm4Ztf5pfLMmy6cNtyYHk/?lang=en |título=Social protection in contemporary capitalism: counter-reforms and regression of social rights |data=2019-05-09 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Revista Katálysis |ultimo=Silva |primeiro=Maria Lucia Lopes da |paginas=9–14 |lingua=en |doi=10.1590/1982-02592019v22n1p09 |issn=1982-0259}}</ref> <ref name=":5">{{Citar periódico |url=http://ve.scielo.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1315-00062022000300106&lng=es&nrm=iso&tlng=pt |título=A concepção de movimentos cíclicos em tempos de crise pandêmica: implicações socioeconômicas da Covid-19 no Brasil |data=2022-09 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Espacio Abierto. Cuaderno Venezolano de Sociología |número=3 |ultimo=Carvalho |primeiro=André Cutrim |ultimo2=Carvalho |primeiro2=David Ferreira |paginas=106–135 |lingua=pt |issn=1315-0006 |ultimo3=Correa Castro |primeiro3=Auristela |ultimo4=Carvalho |primeiro4=André Cutrim |ultimo5=Carvalho |primeiro5=David Ferreira |ultimo6=Correa Castro |primeiro6=Auristela}}</ref>

* '''[[Desigualdade social|Desigualdade social:]]''' O capitalismo democrático muitas vezes não consegue abordar efetivamente a desigualdade de renda e riqueza. As políticas de mercado livre podem levar à acumulação de riqueza nas mãos de poucos, enquanto as políticas de bem-estar social podem ser insuficientes para combater essa desigualdade crescente. Isso cria uma divisão significativa entre os ricos e os pobres na sociedade. Os países ricos geralmente têm uma distribuição de renda mais equitativa em comparação aos países pobres, onde a desigualdade de renda é frequentemente muito alta. Isso resulta em um acesso desigual a oportunidades, educação, cuidados de saúde e outros recursos essenciais. <ref name=":1" />
* '''Concentração de poder''': Embora o sistema promova a democracia política, ele não impede necessariamente a concentração de poder econômico. Grandes corporações podem influenciar o processo político por meio de ''[[Lobismo|lobby]]'' e financiamento de campanhas, minando a verdadeira representação democrática. <ref name=":2" />
* '''Externalidades negativas:''' O capitalismo democrático nem sempre lida adequadamente com as externalidades negativas, como a [[degradação ambiental]] e a [[exploração de recursos naturais]]. O lucro muitas vezes prevalece sobre a proteção do meio ambiente e o bem-estar a longo prazo. <ref name=":3" />
* '''Comercialização de direitos sociais:''' Às vezes, a inclusão de direitos sociais em um sistema de mercado pode levar à comercialização de serviços essenciais, como [[saúde]] e [[educação]]. Isso pode resultar em desigualdade de acesso a esses direitos com base na capacidade de pagamento, em vez de necessidade. <ref name=":4" />
* '''Ciclos econômicos e crises:''' O capitalismo democrático não é imune a ciclos econômicos, bolhas financeiras e crises. Esses eventos podem causar sofrimento significativo para a população, e as políticas adotadas para combatê-los podem muitas vezes beneficiar os ricos em detrimento dos pobres. <ref name=":5" />
* '''Disparidades entre ricos e pobres:''' As disparidades socioeconômicas entre países ricos e pobres estão frequentemente relacionadas ao sistema econômico predominante, o capitalismo. Embora o capitalismo tenha contribuído para o crescimento econômico global, ele também é frequentemente apontado como um fator que pode criar e perpetuar a [[pobreza]]. o capitalismo, o [[lucro]] é uma prioridade fundamental. Isso pode levar à acumulação de riqueza nas mãos de uma pequena parcela da população, enquanto outros lutam para atender às necessidades básicas. O sistema muitas vezes recompensa o capital e o investimento mais do que o trabalho, o que pode aprofundar a desigualdade de renda. Em um sistema capitalista, a [[competição]] é incentivada, mas a capacidade de competir não é uniformemente distribuída. Países ricos muitas vezes têm vantagens significativas em termos de recursos, acesso a mercados, tecnologia e capital, tornando difícil para países pobres competir de maneira justa. O capitalismo muitas vezes valoriza a desregulamentação dos mercados, o que pode levar à exploração de recursos naturais e de mão de obra, especialmente em países pobres. Isso pode resultar em condições de trabalho precárias, salários baixos e degradação ambiental. Em busca de melhores oportunidades econômicas, as pessoas em países pobres muitas vezes são forçadas a migrar para países ricos. Isso pode levar a problemas sociais, incluindo [[discriminação]] e exploração de mão de obra. Muitos países pobres estão sobrecarregados com dívidas externas, muitas vezes devido a empréstimos de instituições financeiras internacionais. O pagamento dessa dívida pode consumir recursos que poderiam ser usados para combater a pobreza e investir no desenvolvimento. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.elsevier.es/es-revista-economia-informa-114-articulo-the-persistence-poverty-in-capitalist-S0185084916300330 |título=The persistence of Poverty in Capitalist Countries |data=2016-09-01 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Economía Informa |ultimo=Isidro Luna |primeiro=Victor Manuel |paginas=67–82 |lingua=es |doi=10.1016/j.ecin.2016.09.005 |issn=0185-0849}}</ref> <ref>{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/se/a/FYwnxBbrHjYhKHSgsFkZbDC/?lang=en |título=Capitalism and inequality |data=2020-11-27 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Sociedade e Estado |ultimo=Rehbein |primeiro=Boike |paginas=695–722 |lingua=en |doi=10.1590/s0102-6992-202035030002 |issn=0102-6992}}</ref>


== Referências ==
== Referências ==

Revisão das 22h18min de 30 de outubro de 2023

O capitalismo democrático ou democracia de mercado é um sistema político e econômico. Integra a alocação de recursos por produtividade marginal (sinônimo de capitalismo de mercado livre), com políticas de alocação de recursos por direitos sociais. [1] As políticas que caracterizam o sistema são promulgadas por governos democráticos. [1]

O capitalismo democrático foi amplamente implementado no século XX, particularmente na Europa e no mundo ocidental após a Segunda Guerra Mundial. A coexistência do capitalismo e da democracia, particularmente na Europa, foi apoiada pela criação do moderno estado de bem-estar social no período pós-guerra. [2] A implementação do capitalismo democrático envolve normalmente a promulgação de políticas que expandem o Estado-providência, fortalecendo os direitos de negociação coletiva dos trabalhadores ou fortalecendo as leis da concorrência. Estas políticas são implementadas numa economia capitalista caracterizada pelo direito à propriedade privada. [1]

A doutrina social católica oferece apoio a uma forma comunitária de capitalismo democrático com ênfase na preservação da dignidade da pessoa humana. [3]

Definição

O capitalismo democrático é um tipo de sistema político e económico[4]  caracterizado pela alocação de recursos de acordo com a produtividade marginal e as necessidades sociais, conforme determinado pelas decisões tomadas através da política democrática.[5]  É marcado por eleições democráticas, liberdade e Estado de direito, características tipicamente associadas à democracia.[6] [7] Mantém um sistema econômico de livre mercado com ênfase na iniciativa privada. O Professor de Empreendedorismo Elias G. Carayannis e Arisitidis Kaloudis, Professor de Economia na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), descrevem o capitalismo democrático como um sistema económico que combina competitividade robusta com empreendedorismo sustentável, com o objetivo de inovação e proporcionando oportunidades de desenvolvimento económico. prosperidade para todos os cidadãos. [8]

O Dr. Edward Younkins, professor da Universidade Jesuíta Wheeling descreveu o capitalismo democrático como um “complexo dinâmico de forças económicas, políticas, morais-culturais, ideológicas e institucionais”, que serve para maximizar o bem-estar social numa economia de mercado livre.  Youkins afirma que o sistema de liberdade individual inerente ao capitalismo democrático apoia a criação de associações voluntárias, como sindicatos. O filósofo e escritor Michael Novak caracterizou o capitalismo democrático como uma mistura de uma economia de livre mercado, um governo democrático limitado e um sistema moral-cultural com ênfase na liberdade pessoal.[9]  Novak comenta que o capitalismo é uma condição necessária, mas não suficiente, da democracia.  Ele também propõe que a proeminência do capitalismo democrático numa sociedade é fortemente determinada pelos conceitos religiosos que orientam os seus costumes, instituições e líderes. [10] [11]

Críticas

O conceito de "capitalismo democrático" ou "democracia de mercado" pode parecer atraente à primeira vista, com sua proposta de combinar os benefícios da democracia política com a eficiência do mercado livre. No entanto, existem críticas importantes a serem feitas a esse modelo, que muitas vezes mascara desigualdades econômicas e sociais profundas e perpetua problemas sistêmicos. [12] [13] [14] [15] [16]

  • Desigualdade social: O capitalismo democrático muitas vezes não consegue abordar efetivamente a desigualdade de renda e riqueza. As políticas de mercado livre podem levar à acumulação de riqueza nas mãos de poucos, enquanto as políticas de bem-estar social podem ser insuficientes para combater essa desigualdade crescente. Isso cria uma divisão significativa entre os ricos e os pobres na sociedade. Os países ricos geralmente têm uma distribuição de renda mais equitativa em comparação aos países pobres, onde a desigualdade de renda é frequentemente muito alta. Isso resulta em um acesso desigual a oportunidades, educação, cuidados de saúde e outros recursos essenciais. [12]
  • Concentração de poder: Embora o sistema promova a democracia política, ele não impede necessariamente a concentração de poder econômico. Grandes corporações podem influenciar o processo político por meio de lobby e financiamento de campanhas, minando a verdadeira representação democrática. [13]
  • Externalidades negativas: O capitalismo democrático nem sempre lida adequadamente com as externalidades negativas, como a degradação ambiental e a exploração de recursos naturais. O lucro muitas vezes prevalece sobre a proteção do meio ambiente e o bem-estar a longo prazo. [14]
  • Comercialização de direitos sociais: Às vezes, a inclusão de direitos sociais em um sistema de mercado pode levar à comercialização de serviços essenciais, como saúde e educação. Isso pode resultar em desigualdade de acesso a esses direitos com base na capacidade de pagamento, em vez de necessidade. [15]
  • Ciclos econômicos e crises: O capitalismo democrático não é imune a ciclos econômicos, bolhas financeiras e crises. Esses eventos podem causar sofrimento significativo para a população, e as políticas adotadas para combatê-los podem muitas vezes beneficiar os ricos em detrimento dos pobres. [16]
  • Disparidades entre ricos e pobres: As disparidades socioeconômicas entre países ricos e pobres estão frequentemente relacionadas ao sistema econômico predominante, o capitalismo. Embora o capitalismo tenha contribuído para o crescimento econômico global, ele também é frequentemente apontado como um fator que pode criar e perpetuar a pobreza. o capitalismo, o lucro é uma prioridade fundamental. Isso pode levar à acumulação de riqueza nas mãos de uma pequena parcela da população, enquanto outros lutam para atender às necessidades básicas. O sistema muitas vezes recompensa o capital e o investimento mais do que o trabalho, o que pode aprofundar a desigualdade de renda. Em um sistema capitalista, a competição é incentivada, mas a capacidade de competir não é uniformemente distribuída. Países ricos muitas vezes têm vantagens significativas em termos de recursos, acesso a mercados, tecnologia e capital, tornando difícil para países pobres competir de maneira justa. O capitalismo muitas vezes valoriza a desregulamentação dos mercados, o que pode levar à exploração de recursos naturais e de mão de obra, especialmente em países pobres. Isso pode resultar em condições de trabalho precárias, salários baixos e degradação ambiental. Em busca de melhores oportunidades econômicas, as pessoas em países pobres muitas vezes são forçadas a migrar para países ricos. Isso pode levar a problemas sociais, incluindo discriminação e exploração de mão de obra. Muitos países pobres estão sobrecarregados com dívidas externas, muitas vezes devido a empréstimos de instituições financeiras internacionais. O pagamento dessa dívida pode consumir recursos que poderiam ser usados para combater a pobreza e investir no desenvolvimento. [17] [18]

Referências

  1. a b c «Wolfgang Streeck, The Crises of Democratic Capitalism, NLR 71, September–October 2011». New Left Review (em inglês). Consultado em 20 de maio de 2020 
  2. Muller, Jerry Z. (March 2013). "Capitalism and Inequality". Foreign Affairs.
  3. Williams, Oliver F. (1993-12-01). "Catholic Social Teaching: A communitarian democratic capitalism for the new world order". Journal of Business Ethics. 12 (12): 919–932. doi:10.1007/BF00871711. ISSN 1573-0697. S2CID 143113898.
  4. Wilde, Keith; Schulte, R. G. (2001). "Democratic capitalism vs. binary economics". Journal of Behavioral and Experimental Economics. 30 (2): 99–118.
  5. Streeck, Wolfgang (1 de outubro de 2011). «The Crises of Democratic Capitalism». New Left Review (71): 5–29. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  6. Parakkal, Raju; Bartz-Marvez, Sherry (2013-12-01). "Capitalism, Democratic Capitalism, and the Pursuit of Antitrust Laws". The Antitrust Bulletin. 58 (4): 693–729. doi:10.1177/0003603X1305800409. ISSN 0003-603X. S2CID 153333622.
  7. Leffler, Melvyn P. (2017-08-02). Safeguarding Democratic Capitalism. ISBN 978-0-691-17258-3
  8. Carayannis, Elias G.; Kaloudis, Aris (2010-03-01). "A Time for Action and a Time to Lead: Democratic Capitalism and a New "New Deal" for the US and the World in the Twenty-first Century". Journal of the Knowledge Economy. 1 (1): 4–17. doi:10.1007/s13132-009-0002-y. ISSN 1868-7873. S2CID 154700666
  9. «The Conceptual Foundations of Democratic Capitalism». www.quebecoislibre.org. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  10. «Democratic Capitalism». National Review (em inglês). 24 de setembro de 2013. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  11. Thode, Edward F. (1983-07-01). "The Spirit of Democratic Capitalism". Academy of Management Review. 8 (3): 514–515. doi:10.5465/amr.1983.4284623. ISSN 0363-7425.
  12. a b Chaves, Helena Lúcia Augusto; Arcoverde, Ana Cristina Brito (4 de junho de 2021). «Desigualdades e privação de direitos na sociabilidade capitalista e suas expressões no Brasil». Serviço Social & Sociedade: 164–182. ISSN 0101-6628. doi:10.1590/0101-6628.244. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  13. a b Comparato, Fábio Konder (agosto de 2011). «Capitalismo: civilização e poder». Estudos Avançados: 251–276. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40142011000200020. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  14. a b Martins, Regina Célia Carvalho de; Rossignoli, Marisa (3 de dezembro de 2018). «Desenvolvimento econômico sustentável e as externalidades ambientais». Direito e Desenvolvimento (2): 137–154. ISSN 2236-0859. doi:10.25246/direitoedesenvolvimento.v9i2.578. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  15. a b Silva, Maria Lucia Lopes da (9 de maio de 2019). «Social protection in contemporary capitalism: counter-reforms and regression of social rights». Revista Katálysis (em inglês): 9–14. ISSN 1982-0259. doi:10.1590/1982-02592019v22n1p09. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  16. a b Carvalho, André Cutrim; Carvalho, David Ferreira; Correa Castro, Auristela; Carvalho, André Cutrim; Carvalho, David Ferreira; Correa Castro, Auristela (setembro de 2022). «A concepção de movimentos cíclicos em tempos de crise pandêmica: implicações socioeconômicas da Covid-19 no Brasil». Espacio Abierto. Cuaderno Venezolano de Sociología (3): 106–135. ISSN 1315-0006. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  17. Isidro Luna, Victor Manuel (1 de setembro de 2016). «The persistence of Poverty in Capitalist Countries». Economía Informa (em espanhol): 67–82. ISSN 0185-0849. doi:10.1016/j.ecin.2016.09.005. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  18. Rehbein, Boike (27 de novembro de 2020). «Capitalism and inequality». Sociedade e Estado (em inglês): 695–722. ISSN 0102-6992. doi:10.1590/s0102-6992-202035030002. Consultado em 30 de outubro de 2023