Capitalismo democrático: diferenças entre revisões
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'''O capitalismo democrático ou''' '''democracia de mercado''' é um [[Sistema económico|sistema]] [[Política|político]] e econômico. Integra a alocação de recursos por [[Produção marginal|produtividade marginal]] (sinônimo de capitalismo de mercado livre), com políticas de alocação de recursos por direitos sociais. <ref name=":0">{{Citar web|url=https://newleftreview.org/issues/II71/articles/wolfgang-streeck-the-crises-of-democratic-capitalism|titulo=Wolfgang Streeck, The Crises of Democratic Capitalism, NLR 71, September–October 2011|acessodata=2020-05-20|website=New Left Review|lingua=en}}</ref> As políticas que caracterizam o sistema são promulgadas por governos [[Democracia|democráticos]]. <ref name=":0" /> |
'''O capitalismo democrático ou''' '''democracia de mercado''' é um [[Sistema económico|sistema]] [[Política|político]] e econômico. Integra a alocação de recursos por [[Produção marginal|produtividade marginal]] (sinônimo de capitalismo de mercado livre), com políticas de alocação de recursos por direitos sociais. <ref name=":0">{{Citar web|url=https://newleftreview.org/issues/II71/articles/wolfgang-streeck-the-crises-of-democratic-capitalism|titulo=Wolfgang Streeck, The Crises of Democratic Capitalism, NLR 71, September–October 2011|acessodata=2020-05-20|website=New Left Review|lingua=en}}</ref> As políticas que caracterizam o sistema são promulgadas por governos [[Democracia|democráticos]]. <ref name=":0" /> |
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O capitalismo democrático foi amplamente implementado no século XX, particularmente na [[Europa]] e no [[mundo ocidental]] após a [[Segunda Guerra Mundial]]. A coexistência do capitalismo e da democracia, particularmente na Europa, foi apoiada pela criação do moderno [[estado de bem-estar social]] no [[Pós-guerra|período pós-guerra]] |
O capitalismo democrático foi amplamente implementado no século XX, particularmente na [[Europa]] e no [[mundo ocidental]] após a [[Segunda Guerra Mundial]]. A coexistência do capitalismo e da democracia, particularmente na Europa, foi apoiada pela criação do moderno [[estado de bem-estar social]] no [[Pós-guerra|período pós-guerra]]. <ref name="Capitalism and Inequality, 2013">Muller, Jerry Z. (March 2013). "[https://www.researchgate.net/profile/Jerry_Muller2/publication/296918516_Capitalism_and_Inequality_What_the_Right_and_the_Left_Get_Wrong/links/5d31141b92851cf4409013b7/Capitalism-and-Inequality-What-the-Right-and-the-Left-Get-Wrong.pdf Capitalism and Inequality]". ''Foreign Affairs''.</ref> A implementação do capitalismo democrático envolve normalmente a promulgação de políticas que expandem o Estado-providência, fortalecendo os direitos [[Acordo coletivo de trabalho|de negociação coletiva]] dos trabalhadores ou fortalecendo [[Direito da concorrência|as leis da concorrência]]. Estas políticas são implementadas numa economia capitalista caracterizada pelo direito à [[Propriedade (direito)|propriedade]] [[Propriedade privada|privada]]. <ref name=":0" /> |
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[[Doutrina Social da Igreja|A doutrina social católica]] oferece apoio a uma forma [[Comunitarismo|comunitária]] de capitalismo democrático com ênfase na preservação da [[dignidade]] da pessoa humana. |
[[Doutrina Social da Igreja|A doutrina social católica]] oferece apoio a uma forma [[Comunitarismo|comunitária]] de capitalismo democrático com ênfase na preservação da [[dignidade]] da pessoa humana. <ref>Williams, Oliver F. (1993-12-01). "Catholic Social Teaching: A communitarian democratic capitalism for the new world order". ''Journal of Business Ethics''. '''12''' (12): 919–932. doi:10.1007/BF00871711. ISSN 1573-0697. S2CID 143113898.</ref> |
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O capitalismo democrático é um tipo de sistema político e económico<ref>Wilde, Keith; Schulte, R. G. (2001). "Democratic capitalism vs. binary economics". ''Journal of Behavioral and Experimental Economics''. '''30''' (2): 99–118.</ref> caracterizado pela [[alocação de recursos]] de acordo com a [[produtividade marginal]] e as necessidades sociais, conforme determinado pelas decisões tomadas através da [[Democracia|política democrática]].<ref>{{Citar periódico |url=https://newleftreview.org/issues/ii71/articles/wolfgang-streeck-the-crises-of-democratic-capitalism |título=The Crises of Democratic Capitalism |data=2011-10-01 |acessodata=2023-10-30 |periódico=New Left Review |número=71 |ultimo=Streeck |primeiro=Wolfgang |paginas=5–29}}</ref> É marcado por eleições democráticas, liberdade e Estado de direito, características tipicamente associadas à democracia.<ref>Parakkal, Raju; Bartz-Marvez, Sherry (2013-12-01). "Capitalism, Democratic Capitalism, and the Pursuit of Antitrust Laws". ''The Antitrust Bulletin''. '''58''' (4): 693–729. doi:10.1177/0003603X1305800409. ISSN 0003-603X. S2CID 153333622.</ref> <ref>Leffler, Melvyn P. (2017-08-02). ''Safeguarding Democratic Capitalism''. ISBN 978-0-691-17258-3</ref> Mantém um sistema econômico de livre mercado com ênfase na [[Setor privado|iniciativa privada]]. O Professor de Empreendedorismo Elias G. Carayannis e Arisitidis Kaloudis, Professor de Economia na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), descrevem o capitalismo democrático como um [[sistema económico]] que combina [[competitividade]] robusta com empreendedorismo sustentável, com o objetivo de inovação e proporcionando oportunidades de desenvolvimento económico. prosperidade para todos os cidadãos. <ref>Carayannis, Elias G.; Kaloudis, Aris (2010-03-01). "A Time for Action and a Time to Lead: Democratic Capitalism and a New "New Deal" for the US and the World in the Twenty-first Century". ''Journal of the Knowledge Economy''. '''1''' (1): 4–17. doi:10.1007/s13132-009-0002-y. ISSN 1868-7873. S2CID 154700666</ref> |
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O Dr. [[Edward Younkins]], professor da Universidade Jesuíta Wheeling descreveu o capitalismo democrático como um “complexo dinâmico de forças económicas, políticas, morais-culturais, ideológicas e institucionais”, que serve para maximizar o bem-estar social numa economia de mercado livre. Youkins afirma que o sistema de [[liberdade individual]] inerente ao capitalismo democrático apoia a criação de associações voluntárias, como sindicatos. O filósofo e escritor [[Michael Novak]] caracterizou o capitalismo democrático como uma mistura de uma economia de [[Mercado livre|livre mercado,]] um governo democrático limitado e um sistema moral-cultural com ênfase na liberdade pessoal.<ref>{{Citar web|url=http://www.quebecoislibre.org/younkins16.htm|titulo=The Conceptual Foundations of Democratic Capitalism|acessodata=2023-10-30|website=www.quebecoislibre.org}}</ref> Novak comenta que o capitalismo é uma condição necessária, mas não suficiente, da democracia. Ele também propõe que a proeminência do capitalismo democrático numa sociedade é fortemente determinada pelos conceitos religiosos que orientam os seus costumes, instituições e líderes. <ref>{{Citar web|url=https://www.nationalreview.com/2013/09/democratic-capitalism-michael-novak/|titulo=Democratic Capitalism|data=2013-09-24|acessodata=2023-10-30|website=National Review|lingua=en-US}}</ref> <ref>Thode, Edward F. (1983-07-01). "The Spirit of Democratic Capitalism". ''Academy of Management Review''. '''8''' (3): 514–515. doi:10.5465/amr.1983.4284623. ISSN 0363-7425.</ref> |
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== Críticas == |
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O conceito de "capitalismo democrático" ou "democracia de mercado" pode parecer atraente à primeira vista, com sua proposta de combinar os benefícios da [[Democracia|democracia política]] com a eficiência do [[mercado livre]]. No entanto, existem críticas importantes a serem feitas a esse modelo, que muitas vezes mascara desigualdades econômicas e sociais profundas e perpetua problemas sistêmicos. <ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/sssoc/a/jK8Jvp8DJFPsS6FHGcBXSnt/ |título=Desigualdades e privação de direitos na sociabilidade capitalista e suas expressões no Brasil |data=2021-06-04 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Serviço Social & Sociedade |ultimo=Chaves |primeiro=Helena Lúcia Augusto |ultimo2=Arcoverde |primeiro2=Ana Cristina Brito |paginas=164–182 |lingua=pt |doi=10.1590/0101-6628.244 |issn=0101-6628}}</ref> <ref name=":2">{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/ea/a/6rdn6gfNjWGcwjBVcFszSWh/ |título=Capitalismo: civilização e poder |data=2011-08 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Estudos Avançados |ultimo=Comparato |primeiro=Fábio Konder |paginas=251–276 |lingua=pt |doi=10.1590/S0103-40142011000200020 |issn=0103-4014}}</ref> <ref name=":3">{{Citar periódico |url=https://periodicos.unipe.br/index.php/direitoedesenvolvimento/article/view/578 |título=Desenvolvimento econômico sustentável e as externalidades ambientais |data=2018-12-03 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Direito e Desenvolvimento |número=2 |ultimo=Martins |primeiro=Regina Célia Carvalho de |ultimo2=Rossignoli |primeiro2=Marisa |paginas=137–154 |lingua=pt |doi=10.25246/direitoedesenvolvimento.v9i2.578 |issn=2236-0859}}</ref> <ref name=":4">{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/rk/a/97cm4Ztf5pfLMmy6cNtyYHk/?lang=en |título=Social protection in contemporary capitalism: counter-reforms and regression of social rights |data=2019-05-09 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Revista Katálysis |ultimo=Silva |primeiro=Maria Lucia Lopes da |paginas=9–14 |lingua=en |doi=10.1590/1982-02592019v22n1p09 |issn=1982-0259}}</ref> <ref name=":5">{{Citar periódico |url=http://ve.scielo.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1315-00062022000300106&lng=es&nrm=iso&tlng=pt |título=A concepção de movimentos cíclicos em tempos de crise pandêmica: implicações socioeconômicas da Covid-19 no Brasil |data=2022-09 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Espacio Abierto. Cuaderno Venezolano de Sociología |número=3 |ultimo=Carvalho |primeiro=André Cutrim |ultimo2=Carvalho |primeiro2=David Ferreira |paginas=106–135 |lingua=pt |issn=1315-0006 |ultimo3=Correa Castro |primeiro3=Auristela |ultimo4=Carvalho |primeiro4=André Cutrim |ultimo5=Carvalho |primeiro5=David Ferreira |ultimo6=Correa Castro |primeiro6=Auristela}}</ref> |
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* '''[[Desigualdade social|Desigualdade social:]]''' O capitalismo democrático muitas vezes não consegue abordar efetivamente a desigualdade de renda e riqueza. As políticas de mercado livre podem levar à acumulação de riqueza nas mãos de poucos, enquanto as políticas de bem-estar social podem ser insuficientes para combater essa desigualdade crescente. Isso cria uma divisão significativa entre os ricos e os pobres na sociedade. Os países ricos geralmente têm uma distribuição de renda mais equitativa em comparação aos países pobres, onde a desigualdade de renda é frequentemente muito alta. Isso resulta em um acesso desigual a oportunidades, educação, cuidados de saúde e outros recursos essenciais. <ref name=":1" /> |
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* '''Concentração de poder''': Embora o sistema promova a democracia política, ele não impede necessariamente a concentração de poder econômico. Grandes corporações podem influenciar o processo político por meio de ''[[Lobismo|lobby]]'' e financiamento de campanhas, minando a verdadeira representação democrática. <ref name=":2" /> |
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* '''Externalidades negativas:''' O capitalismo democrático nem sempre lida adequadamente com as externalidades negativas, como a [[degradação ambiental]] e a [[exploração de recursos naturais]]. O lucro muitas vezes prevalece sobre a proteção do meio ambiente e o bem-estar a longo prazo. <ref name=":3" /> |
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* '''Comercialização de direitos sociais:''' Às vezes, a inclusão de direitos sociais em um sistema de mercado pode levar à comercialização de serviços essenciais, como [[saúde]] e [[educação]]. Isso pode resultar em desigualdade de acesso a esses direitos com base na capacidade de pagamento, em vez de necessidade. <ref name=":4" /> |
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* '''Ciclos econômicos e crises:''' O capitalismo democrático não é imune a ciclos econômicos, bolhas financeiras e crises. Esses eventos podem causar sofrimento significativo para a população, e as políticas adotadas para combatê-los podem muitas vezes beneficiar os ricos em detrimento dos pobres. <ref name=":5" /> |
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* '''Disparidades entre ricos e pobres:''' As disparidades socioeconômicas entre países ricos e pobres estão frequentemente relacionadas ao sistema econômico predominante, o capitalismo. Embora o capitalismo tenha contribuído para o crescimento econômico global, ele também é frequentemente apontado como um fator que pode criar e perpetuar a [[pobreza]]. o capitalismo, o [[lucro]] é uma prioridade fundamental. Isso pode levar à acumulação de riqueza nas mãos de uma pequena parcela da população, enquanto outros lutam para atender às necessidades básicas. O sistema muitas vezes recompensa o capital e o investimento mais do que o trabalho, o que pode aprofundar a desigualdade de renda. Em um sistema capitalista, a [[competição]] é incentivada, mas a capacidade de competir não é uniformemente distribuída. Países ricos muitas vezes têm vantagens significativas em termos de recursos, acesso a mercados, tecnologia e capital, tornando difícil para países pobres competir de maneira justa. O capitalismo muitas vezes valoriza a desregulamentação dos mercados, o que pode levar à exploração de recursos naturais e de mão de obra, especialmente em países pobres. Isso pode resultar em condições de trabalho precárias, salários baixos e degradação ambiental. Em busca de melhores oportunidades econômicas, as pessoas em países pobres muitas vezes são forçadas a migrar para países ricos. Isso pode levar a problemas sociais, incluindo [[discriminação]] e exploração de mão de obra. Muitos países pobres estão sobrecarregados com dívidas externas, muitas vezes devido a empréstimos de instituições financeiras internacionais. O pagamento dessa dívida pode consumir recursos que poderiam ser usados para combater a pobreza e investir no desenvolvimento. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.elsevier.es/es-revista-economia-informa-114-articulo-the-persistence-poverty-in-capitalist-S0185084916300330 |título=The persistence of Poverty in Capitalist Countries |data=2016-09-01 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Economía Informa |ultimo=Isidro Luna |primeiro=Victor Manuel |paginas=67–82 |lingua=es |doi=10.1016/j.ecin.2016.09.005 |issn=0185-0849}}</ref> <ref>{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/se/a/FYwnxBbrHjYhKHSgsFkZbDC/?lang=en |título=Capitalism and inequality |data=2020-11-27 |acessodata=2023-10-30 |periódico=Sociedade e Estado |ultimo=Rehbein |primeiro=Boike |paginas=695–722 |lingua=en |doi=10.1590/s0102-6992-202035030002 |issn=0102-6992}}</ref> |
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== Referências == |
== Referências == |
Revisão das 22h18min de 30 de outubro de 2023
O capitalismo democrático ou democracia de mercado é um sistema político e econômico. Integra a alocação de recursos por produtividade marginal (sinônimo de capitalismo de mercado livre), com políticas de alocação de recursos por direitos sociais. [1] As políticas que caracterizam o sistema são promulgadas por governos democráticos. [1]
O capitalismo democrático foi amplamente implementado no século XX, particularmente na Europa e no mundo ocidental após a Segunda Guerra Mundial. A coexistência do capitalismo e da democracia, particularmente na Europa, foi apoiada pela criação do moderno estado de bem-estar social no período pós-guerra. [2] A implementação do capitalismo democrático envolve normalmente a promulgação de políticas que expandem o Estado-providência, fortalecendo os direitos de negociação coletiva dos trabalhadores ou fortalecendo as leis da concorrência. Estas políticas são implementadas numa economia capitalista caracterizada pelo direito à propriedade privada. [1]
A doutrina social católica oferece apoio a uma forma comunitária de capitalismo democrático com ênfase na preservação da dignidade da pessoa humana. [3]
Definição
O capitalismo democrático é um tipo de sistema político e económico[4] caracterizado pela alocação de recursos de acordo com a produtividade marginal e as necessidades sociais, conforme determinado pelas decisões tomadas através da política democrática.[5] É marcado por eleições democráticas, liberdade e Estado de direito, características tipicamente associadas à democracia.[6] [7] Mantém um sistema econômico de livre mercado com ênfase na iniciativa privada. O Professor de Empreendedorismo Elias G. Carayannis e Arisitidis Kaloudis, Professor de Economia na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), descrevem o capitalismo democrático como um sistema económico que combina competitividade robusta com empreendedorismo sustentável, com o objetivo de inovação e proporcionando oportunidades de desenvolvimento económico. prosperidade para todos os cidadãos. [8]
O Dr. Edward Younkins, professor da Universidade Jesuíta Wheeling descreveu o capitalismo democrático como um “complexo dinâmico de forças económicas, políticas, morais-culturais, ideológicas e institucionais”, que serve para maximizar o bem-estar social numa economia de mercado livre. Youkins afirma que o sistema de liberdade individual inerente ao capitalismo democrático apoia a criação de associações voluntárias, como sindicatos. O filósofo e escritor Michael Novak caracterizou o capitalismo democrático como uma mistura de uma economia de livre mercado, um governo democrático limitado e um sistema moral-cultural com ênfase na liberdade pessoal.[9] Novak comenta que o capitalismo é uma condição necessária, mas não suficiente, da democracia. Ele também propõe que a proeminência do capitalismo democrático numa sociedade é fortemente determinada pelos conceitos religiosos que orientam os seus costumes, instituições e líderes. [10] [11]
Críticas
O conceito de "capitalismo democrático" ou "democracia de mercado" pode parecer atraente à primeira vista, com sua proposta de combinar os benefícios da democracia política com a eficiência do mercado livre. No entanto, existem críticas importantes a serem feitas a esse modelo, que muitas vezes mascara desigualdades econômicas e sociais profundas e perpetua problemas sistêmicos. [12] [13] [14] [15] [16]
- Desigualdade social: O capitalismo democrático muitas vezes não consegue abordar efetivamente a desigualdade de renda e riqueza. As políticas de mercado livre podem levar à acumulação de riqueza nas mãos de poucos, enquanto as políticas de bem-estar social podem ser insuficientes para combater essa desigualdade crescente. Isso cria uma divisão significativa entre os ricos e os pobres na sociedade. Os países ricos geralmente têm uma distribuição de renda mais equitativa em comparação aos países pobres, onde a desigualdade de renda é frequentemente muito alta. Isso resulta em um acesso desigual a oportunidades, educação, cuidados de saúde e outros recursos essenciais. [12]
- Concentração de poder: Embora o sistema promova a democracia política, ele não impede necessariamente a concentração de poder econômico. Grandes corporações podem influenciar o processo político por meio de lobby e financiamento de campanhas, minando a verdadeira representação democrática. [13]
- Externalidades negativas: O capitalismo democrático nem sempre lida adequadamente com as externalidades negativas, como a degradação ambiental e a exploração de recursos naturais. O lucro muitas vezes prevalece sobre a proteção do meio ambiente e o bem-estar a longo prazo. [14]
- Comercialização de direitos sociais: Às vezes, a inclusão de direitos sociais em um sistema de mercado pode levar à comercialização de serviços essenciais, como saúde e educação. Isso pode resultar em desigualdade de acesso a esses direitos com base na capacidade de pagamento, em vez de necessidade. [15]
- Ciclos econômicos e crises: O capitalismo democrático não é imune a ciclos econômicos, bolhas financeiras e crises. Esses eventos podem causar sofrimento significativo para a população, e as políticas adotadas para combatê-los podem muitas vezes beneficiar os ricos em detrimento dos pobres. [16]
- Disparidades entre ricos e pobres: As disparidades socioeconômicas entre países ricos e pobres estão frequentemente relacionadas ao sistema econômico predominante, o capitalismo. Embora o capitalismo tenha contribuído para o crescimento econômico global, ele também é frequentemente apontado como um fator que pode criar e perpetuar a pobreza. o capitalismo, o lucro é uma prioridade fundamental. Isso pode levar à acumulação de riqueza nas mãos de uma pequena parcela da população, enquanto outros lutam para atender às necessidades básicas. O sistema muitas vezes recompensa o capital e o investimento mais do que o trabalho, o que pode aprofundar a desigualdade de renda. Em um sistema capitalista, a competição é incentivada, mas a capacidade de competir não é uniformemente distribuída. Países ricos muitas vezes têm vantagens significativas em termos de recursos, acesso a mercados, tecnologia e capital, tornando difícil para países pobres competir de maneira justa. O capitalismo muitas vezes valoriza a desregulamentação dos mercados, o que pode levar à exploração de recursos naturais e de mão de obra, especialmente em países pobres. Isso pode resultar em condições de trabalho precárias, salários baixos e degradação ambiental. Em busca de melhores oportunidades econômicas, as pessoas em países pobres muitas vezes são forçadas a migrar para países ricos. Isso pode levar a problemas sociais, incluindo discriminação e exploração de mão de obra. Muitos países pobres estão sobrecarregados com dívidas externas, muitas vezes devido a empréstimos de instituições financeiras internacionais. O pagamento dessa dívida pode consumir recursos que poderiam ser usados para combater a pobreza e investir no desenvolvimento. [17] [18]
Referências
- ↑ a b c «Wolfgang Streeck, The Crises of Democratic Capitalism, NLR 71, September–October 2011». New Left Review (em inglês). Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ Muller, Jerry Z. (March 2013). "Capitalism and Inequality". Foreign Affairs.
- ↑ Williams, Oliver F. (1993-12-01). "Catholic Social Teaching: A communitarian democratic capitalism for the new world order". Journal of Business Ethics. 12 (12): 919–932. doi:10.1007/BF00871711. ISSN 1573-0697. S2CID 143113898.
- ↑ Wilde, Keith; Schulte, R. G. (2001). "Democratic capitalism vs. binary economics". Journal of Behavioral and Experimental Economics. 30 (2): 99–118.
- ↑ Streeck, Wolfgang (1 de outubro de 2011). «The Crises of Democratic Capitalism». New Left Review (71): 5–29. Consultado em 30 de outubro de 2023
- ↑ Parakkal, Raju; Bartz-Marvez, Sherry (2013-12-01). "Capitalism, Democratic Capitalism, and the Pursuit of Antitrust Laws". The Antitrust Bulletin. 58 (4): 693–729. doi:10.1177/0003603X1305800409. ISSN 0003-603X. S2CID 153333622.
- ↑ Leffler, Melvyn P. (2017-08-02). Safeguarding Democratic Capitalism. ISBN 978-0-691-17258-3
- ↑ Carayannis, Elias G.; Kaloudis, Aris (2010-03-01). "A Time for Action and a Time to Lead: Democratic Capitalism and a New "New Deal" for the US and the World in the Twenty-first Century". Journal of the Knowledge Economy. 1 (1): 4–17. doi:10.1007/s13132-009-0002-y. ISSN 1868-7873. S2CID 154700666
- ↑ «The Conceptual Foundations of Democratic Capitalism». www.quebecoislibre.org. Consultado em 30 de outubro de 2023
- ↑ «Democratic Capitalism». National Review (em inglês). 24 de setembro de 2013. Consultado em 30 de outubro de 2023
- ↑ Thode, Edward F. (1983-07-01). "The Spirit of Democratic Capitalism". Academy of Management Review. 8 (3): 514–515. doi:10.5465/amr.1983.4284623. ISSN 0363-7425.
- ↑ a b Chaves, Helena Lúcia Augusto; Arcoverde, Ana Cristina Brito (4 de junho de 2021). «Desigualdades e privação de direitos na sociabilidade capitalista e suas expressões no Brasil». Serviço Social & Sociedade: 164–182. ISSN 0101-6628. doi:10.1590/0101-6628.244. Consultado em 30 de outubro de 2023
- ↑ a b Comparato, Fábio Konder (agosto de 2011). «Capitalismo: civilização e poder». Estudos Avançados: 251–276. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40142011000200020. Consultado em 30 de outubro de 2023
- ↑ a b Martins, Regina Célia Carvalho de; Rossignoli, Marisa (3 de dezembro de 2018). «Desenvolvimento econômico sustentável e as externalidades ambientais». Direito e Desenvolvimento (2): 137–154. ISSN 2236-0859. doi:10.25246/direitoedesenvolvimento.v9i2.578. Consultado em 30 de outubro de 2023
- ↑ a b Silva, Maria Lucia Lopes da (9 de maio de 2019). «Social protection in contemporary capitalism: counter-reforms and regression of social rights». Revista Katálysis (em inglês): 9–14. ISSN 1982-0259. doi:10.1590/1982-02592019v22n1p09. Consultado em 30 de outubro de 2023
- ↑ a b Carvalho, André Cutrim; Carvalho, David Ferreira; Correa Castro, Auristela; Carvalho, André Cutrim; Carvalho, David Ferreira; Correa Castro, Auristela (setembro de 2022). «A concepção de movimentos cíclicos em tempos de crise pandêmica: implicações socioeconômicas da Covid-19 no Brasil». Espacio Abierto. Cuaderno Venezolano de Sociología (3): 106–135. ISSN 1315-0006. Consultado em 30 de outubro de 2023
- ↑ Isidro Luna, Victor Manuel (1 de setembro de 2016). «The persistence of Poverty in Capitalist Countries». Economía Informa (em espanhol): 67–82. ISSN 0185-0849. doi:10.1016/j.ecin.2016.09.005. Consultado em 30 de outubro de 2023
- ↑ Rehbein, Boike (27 de novembro de 2020). «Capitalism and inequality». Sociedade e Estado (em inglês): 695–722. ISSN 0102-6992. doi:10.1590/s0102-6992-202035030002. Consultado em 30 de outubro de 2023