Avenida Almirante Barroso

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Avenida Almirante Barroso
Belém (PA),  Brasil
Avenida Almirante Barroso
Avenida Almirante Barroso, no trecho do Bosque Rodrigues Alves
Nomes anteriores Avenida Tito Franco (Estrada do Marco)
Inauguração 1929
Extensão 6km
Início Avenida Magalhães Barata
Bairro(s) Entroncamento, Souza, Marco e São Brás
Fim Complexo Viário do Entroncamento

A Avenida Almirante Barroso (inicialmente chamada Estrada de Bragança ou Estrada do Marco da Légua) é uma via urbana de trânsito do tipo avenida na cidade brasileira de Belém (capital do estado do Pará), criada em 1929 no bairro do Marco, junto à antiga Estrada de Ferro de Bragança.[1] Considerada umas das principais vias, servindo como entrada e saída da cidade, que começa na Avenida Magalhães Barata e termina no Complexo Viário do Entroncamento.[2]

Nela se encontram alguns locais em destaque, como a Rodoviária de Belém, o Estádio da Curuzú do clube esportivo Paysandu Sport Club, o Estádio Baenão do clube esportivo Clube do Remo, o Estádio Francisco Vasques (também conhecido como Souza) do clube esportivo Tuna Luso Brasileira, a sede do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, o Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, o Colégio Militar de Belém, entre outros.

A avenida é via de mão dupla com canaletas exclusivas do sistema de tráfego do BRT Belém (para veículos governamentais, hospitalares, ônibus expressos e articulados), além de contar com uma ciclovia no canteiro central da pista.

Esta avenida ligada-se à rodovia BR-316, através do Complexo Viário do Entroncamento.[3]

História[editar | editar código-fonte]

O bairro do Marco da Légua[editar | editar código-fonte]

Em 1625, devido a posição estratégica do município "Santa Maria de Belém do Grão-Pará" na foz do Amazonas os portugueses instalaram um entreposto fiscal comercial, a Casa de Haver-o-Peso (atual Mercado Ver-o-Peso),[4][5] para arrecadação de impostos dos produtos europeus importados à Belém,[5] e dos extraídos da Amazônia exportados, como as drogas do sertão e a carne bovina do Marajó.[6]

Em 1627, a importância do entreposto elevou-se com a criação da primeira légua patrimonial pelo governador Francisco Coelho; porção de terra de 41 mil (iniciando as margens do rios Pará e Guamá) doada pela Coroa Portuguesa à Câmara de Belém, para impulsionar o crescimento do município em direção ao interior,[4][7][8] região do rio Caeté habitada desde 1613 (atual município de Bragança),[9][10] originando assim o bairro de São Brás e o bairro Marco da Légua (na época ponto de entrada da cidade),[11] alavancando um aumento populacional.[12] O crescente aumento da importância da capitania do Grão-Pará acarretou que, em 1654, o Estado do Maranhão foi renomeado para "Estado do Maranhão e Grão-Pará".[12][13]

O parque municipal (bosque)[editar | editar código-fonte]

Em agosto de 1883, no contexto da Belle Èpoque (época da Província do Grão-Pará, 1821–1889) foi inaugurado em Belém o Bosque Municipal do Marco da Légua[14] (atual Bosque Rodrigues Alves) na então estrada de Bragança/estrada do Marco da Légua, onde ocorria também a construção da Estrada de Ferro que ligava Belém à Bragança,[15] durante o governo de Antônio Lemos marcando o limite da primeira légua patrimonial da cidade e consolidando a ocupação do bairro.[16] Este parque municipal foi idealizado pelo presidente da Província do Grão-Pará José Coelho da Gama Abreu, o Barão de Marajó, inspirado no amplo boulervard parisiense Bois de Bolongne, projetou em Belém como uma réplica tropical, que tornou-se na época símbolo do embelezamento da Capital da Borracha (1879-1912).[17][16]

A ferrovia e a avenida[editar | editar código-fonte]

A origem da avenida Almirante Barroso é ligada diretamente com a história da Estrada de Ferro de Bragança (1884–1965); inicialmente chamada avenida Tito Franco e Estrada do Marco da Légua, construída paralelamente aos trilhos da ferrovia a partir da praça Floriano Peixoto (no bairro de São Brás) e inaugurada em 18 de novembro de 1929, após o advento do Ciclo da Borracha, pelo senador e intendente da capital Antônio de Almeida Facióla (nomeado pelo governador Eurico de Freitas Vale) no dia de seu aniversário.[18][19] Foi pavimentada pelo sistema de macadame (macadamizada) e impermeabilizada com o asfalto do tipo Road Oil.[18] Na década de 1950 a avenida ganhou pavimento de concreto em duas pistas, algo considerado raro no Brasil na época.

Em 1956, o Plano Nacional da Indústria Automobilística, durante o governo do Juscelino Kubitschek, comprometeu-se a trazer desenvolvimento, realizando 50 anos de progresso em 5 anos de governo: valorizando as rodovias em detrimento das ferrovias; privilegiando o setor de bens de consumo sofisticado (automóvel, geladeira, televisão); criando infraestrutura adequada para o aumento do engajamento do setor privado em setores mais avançados de industrialização como a formação de polos automobilísticos, reforçando assim o papel da urbanização como base para a industrialização.[20]

Em 1965, com o fechamento em definitivo da ferrovia (devido à queda no faturamento), o então Ministro da Viação Juarez Távora, através do interventor Alacid Nunes, substituiu a Estação Ferroviária de São Brás por uma Estação Rodoviária, alguns anos depois,[21] quando a avenida ganhou mais duas pistas de pavimento em concreto, com isso passou a contar com um total de quatro pistas (duas pistas sentido Centro e duas sentido saída da cidade). Ainda na década de 1960, a avenida ganhou urbanização e canteiro central com plantio de árvores. Durante o mandato do governador Aurélio Correia do Carmo, a avenida ganharia nova e moderna iluminação em toda sua extensão.[18][22][23][24][25]

Obras e requalificações[editar | editar código-fonte]

Em 1982 a avenida teve sua primeira revitalização, as pistas ganharam pavimento asfáltico com pontos de drenagem e arborização.[26]

Avenida Almirante barroso pista sentido centro da cidade, com o elevado da Avenida Doutor Freitas em destaque.

Durante o mandato do Prefeito Edmilson Rodrigues entre 1997 a 2004, a avenida foi requalificada com a retirada dos antigos divisores das pistas, foi revitalizada e construída uma ciclovia no canteiro central em toda sua extensão. Também nesse período foram construídos o Elevado da Avenida Doutor Freitas e o Complexo Viário do Entroncamento onde a avenida termina.[27][28][29][30]

canaleta do BRT Belém na Avenida Almirante Barroso em 2016.

Em 16 de Janeiro de 2012, no mandato do Prefeito Duciomar Costa, foi iniciado obras de requalificação para implantação do BRT Belém começando pela Avenida Almirante Barroso, foram construídas duas canaletas do tipo pavimento de concreto sendo uma em cada sentido para os ônibus articulados segregadas com Barreira New Jersey, e estações tubos semelhantes ao BRT de Curtiba. Porém devido a polêmicas e irregularidades tanto na execução, quanto com relação ao processo licitatório as obras foram paralisadas naquele mesmo ano.[31][32][33]

Estação Antônio Baena do BRT Belém em 2019

Durante o mandato do Prefeito Zenaldo Coutinho em 13 de Julho de 2013, as obras na Almirante Barroso foram retomadas, foram concluídas primeiro as canaletas de concreto substituídas as barreiras de concreto por segregadores, além das retiradas das estações tubo. No ano seguinte em 31 de Janeiro de 2014 as pistas exclusivas foram abertas para que ônibus de linhas convencionais de forma a utilizarem como pista expressa. Nos anos que se seguiram, a avenida ganhou estações BRT adequadas ao clima da cidade e os ônibus articulados do BRT Belém passaram a circular também na pista expressa a partir de 2016.[34][35][36][37]

Características[editar | editar código-fonte]

A avenida é conhecida por possuir uma grande quantidade de instituições de ensino público e privado, possui várias farmácias, repartições públicas, consultórios médicos, laboratórios,hospitais, agências bancárias, etc;

Referências

  1. Railways of Brazil in Postcards and Souvenir Albums (em inglês). [S.l.]: Solaris Editorial. 2005 
  2. Carlos Sodré (19 de outubro de 2012). «Histórico Avenida Almirante Barroso». Consultado em 6 de fevereiro de 2018 
  3. «Em Belém, túnel da BR-316 será interditado a partir de segunda-feira». Jornal G1 Pará. 18 de agosto de 2013. Consultado em 25 de outubro de 2022 
  4. a b Celma Chaves e Ana Paula Claudino Gonçalves (28 de março de 2013). «O mercado público em Belém: arquitetura e inserção urbanística» (PDF). IV Colóquio Internacional sobre o comércio e cidade. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Consultado em 8 de março de 2018 
  5. a b Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. «Ver-o-Peso (PA)». Complexo arquitetônico e paisagístico Ver-o-Peso 
  6. «Mercado de carne vai sair em duas etapas». Diário do Pará. Consultado em 27 de fevereiro de 2018 
  7. Andrea de Cássia Lopes Pinheiro (2015). «Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: arranjos institucionais de gestão metropolitana» (PDF). Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo do Brasil. Consultado em 9 de março de 2018 
  8. Duarte, Ana Cláudia Cardoso; Neto, Raul da Silva Ventura. A evolução urbana de Belém: trajetória de ambiguidades e conflitos socioambientais. Col: Cadernos Metrópole. [S.l.]: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). ISSN 2236-9996 
  9. Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2016). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Col: Ciências da comunicação. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo 
  10. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. «História de Bragança, Pará». Consultado em 19 de outubro de 2022 
  11. João Marcio Palheta da Silva e Christian Nunes da Silva. «O traçado da primeira légua patrimonial (LPLP) e da linha de preamar média (LPM) de 1831 da cidade de Belém». Consultado em 9 de março de 2018 
  12. a b Célia Cristina da Silva Tavares (2006). "A escrita jesuítica da história das missões no Estado do Maranhão e GrãoPará (século XVII)" (pdf) . Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). XII Encontro Regional de História. Acessado em 21/09/2020.
  13. José Manuel Azevedo e Silva. "O modelo pombalino de colonização da amazónia" (pdf) . Universidade de Coimbra. Acessado em 21/09/2020.
  14. Correa, Homero Vilar (10 de agosto de 2014). «A representação social de áreas verdes em cidades: o caso bosque rodrigues alves - jardim botânico da amazônia». Revista Margens Interdisciplinar (11): 70–88. ISSN 1982-5374. doi:10.18542/rmi.v8i11.3243. Consultado em 17 de setembro de 2020 
  15. «Belem-Bragança, detalhes do produto». Pará Turismo -- Visit Pará. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  16. a b Belém.com.br; Belém.com.br (12 de janeiro de 2022). «Bosque Municipal: um espaço verde inscrito na história da construção de Belém». Belém.com.br. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  17. Correa, Homero Vilar (10 de agosto de 2014). «A representação social de áreas verdes em cidades: o caso bosque rodrigues alves - jardim botânico da amazônia». Revista Margens Interdisciplinar (11): 70–88. ISSN 1982-5374. doi:10.18542/rmi.v8i11.3243. Consultado em 17 de setembro de 2020 
  18. a b c «O Intendente Senador Antonio Facióla». Universidade Federal do Pará. Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU UFPA). 24 de setembro de 2011. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  19. «O Cadillac 1929 presenteado a Antonio Faciola em seu aniversário». Universidade Federal do Pará. Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU UFPA). 24 de novembro de 2022. Consultado em 30 de maio de 2023 
  20. «A estratégia brasileira de privilegiar as rodovias ao invés das ferrovias». Brasil Escola. Consultado em 3 de novembro de 2022 
  21. «Informações para gestão territorial, diagnóstico do potencial turístico» (PDF). Programa de integração mineral em municípios da Amazônia. Ministério de Minas e Energia do Brasil. 1998. Consultado em 5 de novembro de 2016 
  22. Unknown (25 de junho de 2013). «Nostalgia Belém: Imagem antiga da Av. Almirante Barroso». Nostalgia Belém. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  23. «Belém das Antigas. Avenida Tito Franco 1929.». Consultado em 4 de agosto de 2019 
  24. fauitec (30 de abril de 2012). «Avenida Almirante Barroso entre as décadas de 1960 e 70». F A U ─ Laboratório Virtual ─ I T E C / U F P A. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  25. «Fragmentos de Belém: uma antologia da cidade». Fragmentos de Belém: uma antologia da cidade (em inglês). Consultado em 4 de agosto de 2019 
  26. «Nostalgia Belém». pt-br.facebook.com. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  27. «o autorama da Doutor freitas – Zé Carlos do PV». Consultado em 4 de agosto de 2019 
  28. «Obras custam anos para sair em Belém». noticias.orm.com.br. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  29. «Espinha dorsal de Belém, a Av. Almirante Barroso e o início da BR-316 ontem, no final da tarde». Consultado em 4 de agosto de 2019 
  30. «Nostalgia Belém». www.facebook.com. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  31. PA, Do G1 (24 de setembro de 2012). «Juiz decreta imediata paralisação das obras do BRT, em Belém». Pará. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  32. Filho, Por Zilton Fioravante. «BELÉM-PA: COMEÇAM HOJE OBRAS DOS BRTS». AMAZÔNIA ACONTECE. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  33. PA, Do G1 (18 de junho de 2012). «Prefeito de Belém é notificado por desvios de verba nas obras do BRT». Pará. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  34. PA, Do G1 (10 de dezembro de 2013). «Primeira etapa do BRT em Belém deve ser inaugurada em janeiro». Pará. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  35. PA, Do G1 (31 de janeiro de 2014). «Em Belém, movimento é tranquilo no 1° dia de liberação de faixas do BRT». Pará. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  36. Ercio (28 de fevereiro de 2013). «O Mocorongo: BRT: Zenaldo coutinho anuncia fim de contrato com empresa Andrade Gutierrez e retoma obras de elevados até junho». O Mocorongo. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  37. «BRT em Belém deve ser inaugurado no início de 2016, diz prefeito». www.mobilize.org.br. Consultado em 4 de agosto de 2019 
  38. «São Braz, o Complexo da História». Radio Web UFPA. 26 de maio de 2018. Consultado em 26 de outubro de 2022