Cabo Daciolo

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Cabo Daciolo
Cabo Daciolo
Deputado federal pelo Rio de Janeiro
Período 1º de fevereiro de 2015
até 1⁰ de fevereiro de 2019
Dados pessoais
Nome completo Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos
Nascimento 30 de março de 1976 (48 anos)
Florianópolis, Santa Catarina
Nacionalidade brasileiro
Partido
Religião evangélico
Profissão Bombeiro militar
Serviço militar
Lealdade Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro
Graduação 3º Sargento

Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos,[1] mais conhecido como Cabo Daciolo (Florianópolis, 30 de março de 1976) é um bombeiro militar, pastor evangélico[2] e político brasileiro filiado ao Partido da Mulher Brasileira (PMB).[3]

Em 2014, foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro. Expulso do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em 2015,[4] foi filiado ao Avante, Patriota, Podemos (PODE), Partido Liberal (PL) e Partido da Mulher Brasileira (PMB).[5][6][7] Ficou nacionalmente conhecido por ter participado da eleição presidencial brasileira de 2018. Com 1 348 323 votos (1.26%), alcançou o sexto lugar nas eleições.[8] Apesar de ser conhecido amplamente, até os dias atuais, como Cabo Daciolo, em 2014 foi promovido pelo CBMERJ à graduação de 3º Sargento,[9] sendo transferido para a reserva remunerada ainda ao final do mesmo ano.[10]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos nasceu em Florianópolis, sendo casado com a jornalista Cristiane Daciolo, falecida em 29 de agosto de 2023 devido a complicações decorrente de leucemia diagnosticada em 2018, e pai de três filhos.[11] Formado em turismo,[12][13][14] Daciolo ganhou notoriedade em 2011, quando foi uma das lideranças da greve dos bombeiros no Rio de Janeiro. Na ocasião, os grevistas ocuparam o quartel-general da corporação e acamparam nas escadarias da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Daciolo chegou a ser preso por nove dias no presídio de Bangu I.[15] Daciolo frequentou a igreja Bola de Neve e posteriormente tornou-se membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus.[16]

Carreira política[editar | editar código-fonte]

Filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro nas eleições estaduais de 2014.[17] Em março de 2015, Daciolo gerou atrito dentro do PSOL ao defender a libertação dos doze policiais acusados de participar da tortura e morte do pedreiro Amarildo Dias de Souza em 2013.[4] Em maio do mesmo ano, o diretório nacional do PSOL decidiu, por 53 votos a 1, expulsar Daciolo do partido depois que ele propôs uma emenda constitucional para alterar o parágrafo primeiro da Constituição Brasileira de "todo poder emana do povo" para "todo poder emana de Deus", o que, segundo o PSOL, fere o estado laico. Na mesma reunião do diretório nacional, o PSOL decidiu, por 31 votos a 24, não reivindicar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o mandato de Daciolo.[4]

Durante a votação do impeachment de Dilma Roussef, Daciolo defendeu não somente a saída de Dilma Rousseff, mas também a saída do vice-presidente, Michel Temer; fez críticas ao presidente da câmara dos deputados, Eduardo Cunha, à Rede Globo, e ao governador e vice-governador de seu estado, Luiz Fernando Pezão e Francisco Dornelles respectivamente.[18]

Em dezembro de 2017, foi noticiada a absolvição de Daciolo pelo Supremo Tribunal Federal com base numa lei por ele mesmo proposta quando já era alvo de ação judicial. Daciolo era réu em ação criminal por associação criminosa (artigo 288, parágrafo único, Código Penal) e por diversos dispositivos da Lei de Segurança Nacional, porém foi beneficiado por lei de sua autoria que anistiou bombeiros e policiais militares de diversos estados que participaram de movimentos grevistas entre 2011 e 2015.[19] Em 28 de março de 2018, foi lançado pelo Patriota como candidato a Presidente da República.[20][21]

Em julho de 2018, em sessão na câmara dos deputados, "profetizou" a cura da colega, também deputada, Mara Gabrilli, deficiente física.[22] Daciolo passou boa parte da campanha eleitoral no Monte das Oliveiras, um monte situado no bairro carioca de Campo Grande.[23]

Para as eleições presidenciais de 2022, declarou apoio a Ciro Gomes e chegou a agendar sua filiação ao PDT.[24][25] Em 15 de março de 2022, anunciou sua pré-candidatura ao governo do Rio de Janeiro pelo PROS,[26] mas posteriormente a Executiva Nacional do PROS rejeitou sua pré-candidatura.[27][28] No dia 2 de abril de 2022, filiou-se ao PDT para concorrer nas eleições de 2022 a uma vaga de senador pelo Rio de Janeiro.[29][30]

Candidatura à presidência da República[editar | editar código-fonte]

Nas eleições presidenciais de 2018, Daciolo foi candidato pelo partido Patriota, finalizando como o sexto candidato mais votado, com 1 348 323 votos (1.26%), à frente de candidatos como Henrique Meirelles e Marina Silva.[31] Assim que foram divulgados os resultados do primeiro turno, Daciolo contestou os números, criticando o sistema de votação por urnas eletrônicas. Em representação apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral, pediu a anulação da votação, alegando fraude. O TSE afirmou que a suspeita do candidato não tinha fundamento, e que nunca houve confirmação de qualquer fraude relacionada às urnas eletrônicas, que foram implantadas nas eleições brasileiras em 1996.[32]

Durante a campanha, dava declarações polêmicas e irreverentes, como a "profecia" de que seria eleito o próximo presidente.[33][34]

Suas declarações fizeram com que se tornasse alvo de memes na internet e uma figura popular na época,[35][36] devido aos seus pronunciamentos marcados por citações religiosas e que misturam messianismo, teocracia, fundamentalismo cristão e teorias da conspiração.[37][38][39][40] Seu jeito de se declarar gerou muito reconhecimento do povo brasileiro em geral e principalmente evangélico, que votaram nele ou se identificaram.[16][41][2]

Durante o debate entre os candidatos, promovido pela Rede Bandeirantes, Daciolo afirmou que o candidato pelo PDT, Ciro Gomes, era um dos fundadores do Foro de São Paulo, e o questionou sobre sua participação da criação de uma suposta União das Repúblicas Socialistas da América Latina, a URSAL. Ciro Gomes, por sua vez, respondeu que não é fundador do Foro de São Paulo e que desconhecia o assunto, provocando risos na plateia. O fato gerou no dia seguinte uma avalanche de memes nas redes sociais, que tratavam o tema com humor.[42]

Referências

  1. «Cabo Daciolo 5020». Eleições 2014. Consultado em 15 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 8 de outubro de 2014 
  2. a b «Conheça Cabo Daciolo, o pastor que promete expulsar o demônio do Planalto». Gazeta Online. 9 de agosto de 2018. Consultado em 25 de março de 2019 
  3. «Painel: Cabo Daciolo se filia ao PDT e disputará Câmara ou Senado pelo RJ». Folha de S.Paulo. 1 de abril de 2022. Consultado em 2 de abril de 2022 
  4. a b c Franco, Bernardo Mello (16 de maio de 2015). «PSOL expulsa deputado que tenta trocar o povo por Deus na Constituição». Folha de S.Paulo. Consultado em 15 de dezembro de 2017 
  5. Rezende, Constança (11 de agosto de 2018). «De 'Fruto de um Deus vivo' a líder de greve: quem é Cabo Daciolo». UOL. Consultado em 11 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 11 de agosto de 2018 
  6. BRUNO, CÁSSIO. «Cabo Daciolo embarca no Podemos para concorrer à Prefeitura do Rio | Informe do Dia | O Dia». odia.ig.com.br. Consultado em 2 de dezembro de 2021 
  7. Salles, Stéfano (8 de setembro de 2020). «Sem apoio do PL para concorrer à prefeitura do Rio, Cabo Daciolo deixa o partido». CNN Brasil. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  8. «"Candidato meme", Daciolo fica em 6º, à frente de Meirelles e Marina». UOL. Consultado em 25 de março de 2019 
  9. Impressa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (ed.). «D.O. do Estado do Rio de Janeiro». 04 de junho de 2014, pág 26. Consultado em 14 de outubro de 2021 
  10. Impressa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (ed.). «D.O. do Estado do Rio de Janeiro». 04 de maio de 2015, pág 23. Consultado em 14 de outubro de 2021 
  11. Alves, Francisco Edson (8 de outubro de 2014). «Cabo Daciolo, o 'Psol de Cristo', quer ser governador do Rio - Eleições 2014 - O Dia». O Dia. Consultado em 15 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 2 de janeiro de 2015 
  12. Koller, Felipe Sérgio (14 de agosto de 2018). «O que o Cabo Daciolo pensa sobre religião, aborto e casamento gay». Sempre Família. Gazeta do Povo. Consultado em 25 de dezembro de 2020 
  13. «Eleições 2018: conheça a formação dos candidatos a presidente». Flacso. 24 de setembro de 2018. Consultado em 25 de dezembro de 2020 
  14. «Cabo Daciolo, do Patriota, declara ao TSE não ter bens». Folha de Pernambuco. 14 de agosto de 2018. Consultado em 25 de dezembro de 2020 
  15. «Líder da greve dos bombeiros é expulso com mais 12». Veja. 12 de março de 2012. Consultado em 15 de dezembro de 2017 
  16. a b «Quem é Cabo Daciolo, o candidato que confia sua campanha a Deus». EXAME. 18 de setembro de 2018. Consultado em 25 de março de 2019 
  17. Campos, Mateus (21 de outubro de 2014). «Com tom religioso e sem apoio do PSOL-RJ, Daciolo comemora eleição e promete ir a pé até Brasília». O Globo. Consultado em 15 de dezembro de 2017 
  18. Juliano Camargo (18 de abril de 2016), Cabo Daciolo vota pelo Impeachment em nome de Jesus, consultado em 14 de agosto de 2018 
  19. Vasconcellos, Marcos de (14 de dezembro de 2017). «STF anistia deputado federal com base em lei que ele mesmo criou enquanto era réu». Consultor Jurídico. Consultado em 15 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 15 de dezembro de 2017 
  20. «Preterido por Bolsonaro, Patriota lança bombeiro evangélico à Presidência - Notícias - UOL Eleições 2018». UOL Eleições 2018 
  21. «Cabo Daciolo se lança à Presidência de olho nos debates da TV». Coluna do Estadão 
  22. «Em sessão da Câmara, deputado profetiza que Deus irá 'curar' Mara Gabrilli - Política - Estadão». Estadão 
  23. Cipriani, Juliana (23 de agosto de 2018). «No monte à espera de milagre, Daciolo pode ter ponto cortado na Câmara». Estado de Minas. Consultado em 9 de outubro de 2018 
  24. «Cabo Daciolo desiste de candidatura à Presidência e declara voto em Ciro Gomes». O Globo. 16 de dezembro de 2021. Consultado em 16 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 16 de dezembro de 2021 
  25. «Cabo Daciolo se filia ao PDT para apoiar Ciro Gomes - Disparada». 19 de janeiro de 2022. Consultado em 19 de janeiro de 2022 
  26. Macedo, Aline (15 de março de 2022). «Cabo Daciolo sela união com PROS | Informe do Dia». O Dia. Consultado em 15 de março de 2022 
  27. «Cabo Daciolo lança pré-candidatura ao governo do RJ, pelo PROS». CNN Brasil. Consultado em 22 de maio de 2022 
  28. «PROS Nacional nega ter concordado com pré-candidatura de Daciolo no RJ». www.uol.com.br. Consultado em 22 de maio de 2022 
  29. «Cabo Daciolo se filia ao PDT podendo disputar uma vaga no Senado ou Câmara». CNN Brasil. Consultado em 22 de maio de 2022 
  30. Machado, Joildo. «PDT filia Cabo Daciolo, pré-candidato ao Senado no Rio de Janeiro – PDT». Consultado em 22 de maio de 2022 
  31. «Cabo Daciolo 51 - Eleições 2018». Eleições 2018. Consultado em 12 de outubro de 2018 
  32. «Cabo Daciolo pede ao TSE anulação do 1º turno das eleições por fraude». UOL Eleições 2018. Consultado em 30 de outubro de 2020 
  33. imperiovivo (27 de setembro de 2018), Daciolo profetiza "serei o próximo presidente do brasil", consultado em 25 de março de 2019 
  34. «'Serei presidente, não sei como', diz cabo Daciolo após encerrar 21 dias de retiro». G1. Consultado em 25 de março de 2019 
  35. «Internet vai à loucura com Cabo Daciolo; veja memes». Notícias ao Minuto Brasil. 27 de setembro de 2018. Consultado em 25 de março de 2019 
  36. «Participação de Cabo Daciolo em debate gera memes na web». Diário Online - Viral. Consultado em 25 de março de 2019 
  37. Guerini, Cristina (17 de agosto de 2018). «Quem é e o que significa Cabo Daciolo?». Instituto Humanitas Unisinos. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  38. Rezende, Constança (11 de agosto de 2018). «De 'fruto de um Deus vivo' a líder de greve: quem é Cabo Daciolo». UOL Eleições 2018. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  39. Tolotti, Rodrigo (9 de agosto de 2018). «Quem é Cabo Daciolo, o candidato nacionalista que quer transformar o Brasil em uma teocracia». InfoMoney. Consultado em 21 de setembro de 2021 
  40. Novo ativismo político no Brasil: os evangélicos do século XXI (PDF). José Luis Pérez Guadalupe, Brenda Carranza. Rio de Janeiro: Konrad Adenauer Stiftung. 2020. OCLC 1232514685 
  41. «Conheça Cabo Daciolo, o pastor presidenciável que promete expulsar o demônio do Planalto». O Globo. 9 de agosto de 2018. Consultado em 25 de março de 2019 
  42. «Ciro Gomes: O que Foro de São Paulo e Ursal têm a ver com o candidato». HuffPost. 10 de agosto de 2018. Consultado em 13 de agosto de 2018. Arquivado do original em 13 de agosto de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]