Castelo de Portel

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Castelo de Portel
Castelo de Portel, Portugal.
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Construção Afonso III de Portugal (1262)
Estilo gótico
Conservação bom
Homologação
(IGESPAR)
MN
Aberto ao público
Site IHRU, SIPA6510
Site IGESPAR71148

O Castelo de Portel, no Alentejo, localiza-se na vila, freguesia e município homónimo, distrito de Évora, em Portugal.[1] Ergue-se em posição dominante sobre a vila medieval, num dos contrafortes da serra de Portel. Nas vizinhanças merecem visita, além do castelo, a Igreja Matriz da Vera Cruz, as grutas de Algar e a barragem do Alqueva.

No início do século XX, o conjunto foi classificado como Monumento Nacional por Decreto, publicado em 23 de Junho de 1910.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Embora a região seja rica em testemunhos arqueológicos, a primitiva ocupação humana do sítio do castelo é obscura. A toponímia Portel Mafomede, referida à época de D. Afonso III (1248-1279), transparece uma presença Muçulmana.

O castelo medieval[editar | editar código-fonte]

À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, os domínios de Portel Mafomede estavam compreendidos no primitivo termo de Évora, na doação feita por Afonso III de Portugal a João de Aboim, anteriormente a 1257. Este nobre, letrado, que chegou a desempenhar as funções de Mordomo-mor do reino, era tão somente um valido do soberano quando, após o conflito que opôs D. Afonso III a seu irmão, Sancho II de Portugal (1223-1248), foi agraciado com essa honra entre os termos de Évora e Beja, grosso modo coincidente com a serra de Portel. Em 1257, o monarca dirigiu cartas aos homens-bons de Évora para que aceitassem João de Aboim como seu vizinho. Tendo havido contestação acerca dos limites desta doação, somente após a demarcação de sua jurisdição, em 1261, o soberano autorizou a construção de um castelo onde melhor servisse aos interesses daquele nobre (1261). Desse modo, a 1 de Dezembro de 1262, João de Aboim, acompanhado por sua esposa e filho, passou Carta de Foral aos povoadores do castelo de Portel, em termos semelhantes aos de Évora.

Os trabalhos de construção então iniciados, terão prosseguido sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), quando, após falecido o nobre, tendo surgido contenda entre os herdeiros pela posse da honra, o castelo reverteu para a posse da Coroa, por escambo entre o soberano e D. Marinha, viúva de João de Aboim, datado de 9 de Janeiro de 1289.[3] A este soberano é atribuída ainda, a ereção da cerca da vila.

No contexto da crise de 1383-1385, Fernão Gonçalves de Sousa, alcaide de Portel, tomou o partido de Castela, e com receio dos moradores, tomou-lhes as armas a todos e pô-las no castelo. Em Novembro de 1384, no desenvolvimento da campanha alentejana pelas forças do Condestável, D. Nuno Álvares Pereira, um clérigo de Portel, de nome João Mateus, abriu-lhes as portas da vila, facilitando a conquista da povoação e a rendição do castelo.[4] Os seus domínios, após a batalha de Aljubarrota estariam compreendidos na ampla doação de terras e direitos que o soberano fez aquele Condestável, passando, por sucessão, para os domínios da Casa de Bragança.

Posteriormente, sob o reinado de D. Manuel I, a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). Nessa época a estrutura do castelo foi remodelada dando lugar ao paço dos duques de Bragança e a uma barbacã (1510), ficando as obras a cargo do arquitecto-régio Francisco de Arruda, por instância de D. Jaime, duque de Bragança.

Do século XX aos nossos dias[editar | editar código-fonte]

Perdida a sua função defensiva, afastado da linha lindeira e das principais vias de acesso ao território alentejano, o castelo foi progressivamente abandonado até se converter em ruínas no século XIX.

A intervenção do poder público fez-se sentir pontualmente, em 1938, por iniciativa da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Propriedade da Fundação Casa de Bragança, a degradação do conjunto continuou progredindo até à derrocada de um torreão cilíndrico do paço e, mais recentemente, em Fevereiro de 1998, de um troço de muralha adjacente à torre de menagem, elemento que já havia sido objeto de intervenção na década de 1980. A nova intervenção teve lugar em 1999, a cargo da DGEMN, através da sua Direcção Regional Sul, com base em técnicas tradicionais de construção. O conjunto aguarda, entretanto, um plano abrangente de investigação e de musealização.

Características[editar | editar código-fonte]

O castelo, em estilo gótico, apresenta planta heptagonal reforçada por torres de planta circular nos vértices. A sua forma, novidade na arquitectura militar portuguesa à época, parece ter sido inspirada no Castelo de Angers, na França. É dominado pos uma imponente torre de menagem, de planta quadrangular, que se ergue a cerca de vinte e cinco metros de altura, dividida internamente em dois pavimentos acima da linha do adarve, ambos cobertos por abóbada em cruzaria de ogiva. O pavimento inferior serviu de cárcere. Foi utilizada a pedra mármore nos cunhais e nas janelas góticas. A porta de acesso à torre é em ogiva.

Esta torre protege o portão de acesso, a Norte, em arco apontado. Pelo lado Sul, a Porta de Beja determina um eixo viário interno em linha reta, ligando as duas portas. O conjunto conta com mais três portas, entre as quais a Porta do Relógio e a Porta do Outeiro. Na praça de armas abre-se uma cisterna e pode-se identificar os vestígios da Capela de São Vicente e as ruínas do paço ducal.

A cerca medieval da vila, não sobreviveu até nós. A defesa do castelo era complementada por uma barbacã, de que se conservam ainda importantes troços a Sul, Norte e Oeste, compostos por cortina reforçada por cubelos de planta quadrangular. É a essa barbacã reedificada por D. Manuel I, que corresponde a porta gótica encimada por brasões reais sobrepostos.

Referências

  1. Ficha na base de dados SIPA
  2. Ficha na base de dados da DGPC
  3. Gavetas da Torre do Tombo, Gavª 1, Maço 1, Docº 11 - Datado de 1327 da Era hispânica
  4. Fernão Lopes, Crónica de el-rei D. João I, capítulos CLVII e CLVIII
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